quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Angus, o flagelo da tormenta - Parte II


Angus cresceu sem mãe. Seu pai, Siegurd, lhe contava histórias sobre as Montanhas, sobre suas aventuras ao proteger as ruínas dos invasores e lhe dizia como estaria destinado a fazer o mesmo.
Angus foi treinado para ser Guardião como todos os primogênitos da familia haviam sido. Mas o que havia para se guardar?
A vida de Angus se deu rodeada em perguntas. O que estava debaixo das ruínas? Porque sentia essa curiosidade que quase ultrapassava seu senso de dever? E porque era diferente?
Angus sempre fora mais alto que o normal... Muito mais alto. Aos 12 já tinha a altura de seu pai, e era um dos maiores homens da vila, e tinha uma força que o equiparava a alguns dos mais habilidosos guerreiros de Hrutgar. Mas ainda era uma criança.
Treinava com seu pai e recebia ensinamentos do Xamã, sendo preparado para cumprir seu destino.
E foi nesse contexto que Angus continuou crescendo...e crescendo...
Angus sempre teve essa vontade de descobrir o que sua familia guardava, mas essa vontade foi diminuindo com o passar dos anos, e Angus envelheceu. Teve uma mulher, Svava, e com ela um filho e uma filha; Gunnar e Brynhild.
Gunnar era o mais novo, e demorara a nascer. Angus envelhecia, mas ainda não podia ser substituído.
Foi em seu aniversário de 32 anos que aconteceu.
A comemoração ocorria de manha, o proprio Angus havia caçado muita carne para o almoço. O fogo estava alto e o cheiro da carne começava a subir deixando todos excitados, com água na boca. Mas algo incomodava o Guardião.
Vagou pensativo pelas ruínas, sem destino, até estacar na frente de uma porta de pedra. Olhou-a por alguns minutos...fechada...chamando...
Lá dentro estava escuro, um cheiro abafado de poeira subia, e uma escada descia convidativa para seus mistérios. Angus acendeu uma tocha e desceu cauteloso, preparado para quaisquer surpresas.
As salas que vieram a seguir estavam vazias, apenas câmaras para afastar mais ainda o mundo do que quer que estivesse sendo guardado, mas nenhum real obstáculo.
Angus chegou em um grande hall com um portão de pedra imenso entreaberto, cheio de estranhas escrituras. Com certa dificuldade abriu a porta e examinou a grande sala que se abriu, tão grande que a luz da tocha não permitia ver o teto. Passou por uma mancha de uma antiga poça de sangue no chão sem percebê-la, encontrou milhares de estilhaços de pedra azul caídos e espalhados, diversas escrituras nas paredes e pilastras, círculos e símbolos desenhados no chão, e nada mais.
Seu desapontamento foi enorme. Havia invadido as ruínas a troco de nada, não havia nada para se guardar! Mas talvez... Talvez houvesse algo nas outras portas, nas outras ruínas! Por algum motivo os fragmentos azuis o atraíam, e se ouvessem mais câmaras como essa, talvez ouvessem mais pedras azuis inteiras! E aí sim, ele saberia... Correu o caminho de volta, subiu as escadarias e... Fogo!
Uma coluna de fumaça subia de onde era Hrutgar, algo havia acontecido!
Correu em direção à vila de armas em punho, o medo crescente, quando viu ao longe. No céu, horrendas criaturas sobrevoavam as casas descendo vez ou outra e indo embora com algo nas garras, criaturas estranhas, abstratas. Angus ficou confuso, com medo, e fugiu.
Angus sentia como se o pânico não fosse embora nunca, um pavor que ultrapassava qualquer sensação que já havia sentido. Como o medo do fim do mundo, o fim de todas as coisas!
Quando ousou se levantar, percebeu que ainda podia ficar de pé, quando ousou caminhar, percebeu que ainda possuía suas pernas, quando ousou correr, percebeu que ainda havia vontade! Correu então, para tentar salvar Hrutgar!
Mas já era tarde, as casas estavam destruídas e queimadas, haviam corpos no chão. Despedaçados, corroídos, amassados. Nada sobrara. Correu desesperado, à procura de sua família, mas não encontrou. Raiva começou a substituir a tristeza, e o ódio, o medo. Começou a procurar algum indício dos invasores, encontrou, virara o caçador.
Seguiu vestígios de um corpo sendo arrastado até uma depressão nas montanhas, e o que encontrou foi desesperador. Uma das criaturas vomitava algo dentro da boca de um velho amigo, um grande guerreiro. Ela parecia ter tido as asas arrancadas, e a visão se tornava ainda mais horrenda, mas o ódio lutou para ser reconhecido, e Angus investiu.
Com uma espada, surpreendeu a aberração e arrancou-lhe um dos braços, uma materia vermelha jorrou e um gorgolejar foi emitido. Angus ainda não entendia totalmente a criatura, mas isso não importava, queria apenas destruí-la, e atingí-la seria fácil!
Mas nem tanto. A criatura se virou para Angus surpresa, sendo atingida em seguida na cabeça recebendo um pequeno corte, e vomitou. Um jato ácido foi de encontro ao seu peito, e Angus caiu ao chão de dor. A criatura se aproximou, o gorgolejar cada vez mais próximo do ouvido de Angus, o pensamento em sua família, em sua vila, a mão apertando o cabo da espada e, em um segundo, a espada através da cabeça da criatura.
A dor era escruciante, nunca havia sentido algo assim, a pele era corroída cada vez mais, e o peso do corpo, agora insetóide, sobre o seu era demais para ele. Com o canto do olho, sem poder fazer nada, viu seu amigo convulsionar, urrar de dor e se transformar em uma daquelas criaturas. A realidade se distorcia na sua frente, e enquanto a nova aberração voava pra longe, Angus se perdia em pesadelos sem sentido até cair na inconsciência.


Foi assim que nosso herói conheceu a Tempestade Rubra. A partir desse dia ele voltou à vila, acreditando ser o único sobrevivente. Viu distante no horizonte as nuvens vermelhas, ficou agitado, podia ver mais longe. Enterrou os poucos corpos que restaram e vagou pelas Uivantes apenas com as armas em punho e a roupa do corpo, caçando seus inimigos jurados, mas sem sucesso.


Desceu das Uivantes, conheceu o mundo, e descobriu o infame nome que agora lhe perseguiria até seus últimos dias. Tormenta.

4 comentários:

Dudu disse...

Essa eu nem revisei, se tiver algum erro podem corrigir!

Cabo! Ufa!

Aldenor disse...

CARAAAAAAAAALHO!!! MT BOM!!!!!

Mané, vc e Marinho me surpreenderam! AHUaUHaHUAHUAHUAHUAUHAUHAHUahu
Em breve, Igan, Tristan e... Serena!

R-E-N-A-T-O disse...

Que triste... vou chorar.

Capuccino disse...

Emo!!


Mt bom dudu!