quarta-feira, 23 de junho de 2010

GURPS 4ed. em Julho!?



A Devir anunciou que vai lançar o GURPS Módulo básico: personagens em julho. O segundo o GURPS módulo Básico: campanhas ainda não tem previsão de lançamento.
Será que finalmente o livro sai depois de uns quatro anos de promessas?

terça-feira, 22 de junho de 2010

A Lua do Lobisomem


Rio de Janeiro, final da tarde.
Fim do expediente para a maioria das pessoas, elas voltam para suas casas. Mas para o Rubro Negro, é o começo de seu trabalho. Ser um vigilante mascarado é um trabalho que ele considera importante a se fazer. Desde que foi forçado a adquirir seus poderes, decidiu que deveria fazer duas coisas com eles: procurar o traficante responsável por sua transformação e leva-lo à justiça e proteger as pessoas dos problemas que elas não podem lidar. Ele era um herói sob uma máscara.
Sentado no terraço do prédio da Embratel, observava a avenida Presidente Vargas cheia de carros indo e vindo.

No metrô, dois mecânicos consertavam algum problema em um dos túneis atrasando um pouco o fluxo das pessoas. De repente, eles ouviram um uivo muito alto, seguido de um rugido de uma fera. Ficaram assustados, decidiram investigar com suas lanternas na escuridão do túnel. Foram surpreendidos por uma fera de quase dois metros, corpanzil peludo, definido por muitos músculos, calças rasgadas. Sua cabeça era de lobo. Os dois correram desesperados, gritando por ajuda. Um deles foi pego pela perna e caiu. O outro fugiu sob o som dos gritos e de carne rasgando de seu colega de trabalho.
Desesperado, subiu as escadas de um bueiro que era ligado ao metrô e ganhou a avenida Marechal Floriano, muito perto da Presidente Vargas. O pânico era tão grande que ele não conseguia falar nada que prestasse. Entrou no furgão da empresa e deu partida, correndo aleatoriamente pelas ruas, até chegar na principal via de carros, a Presidente Vargas. Muitos carros desviaram em última hora. O mecânico seguia alucinado, trombando com outros carros. O Rubro Negro terminava de comer um sanduíche ainda no alto do prédio. Ao ver aquele carro desgovernado, pôs-se a correr. Pulou para um prédio ao lado, o da Linux Solutions Informática. Para sua sorte, o carro ainda estava longe de onde ele estava. Esperou o momento certo e pulou sobre o carro. Segurou-se firme como pôde e, com sua super força, fez uma abertura na lataria do carro, em cima do banco de passageiro. Desceu, sentou-se ao lado do desesperado mecânico. No susto, ele virou violentamente o volante. O furgão virou e capotou. Bateu num poste e explodiu em chamas.

No dia seguinte, o Rubro Negro estava sem máscara. Agora era Arthur de Castro Ribeiro, estudante universitário que fazia História na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ficou lembrando na aula de História Medieval o acidente de ontem. Salvou a vida daquele mecânico puxando pra fora do carro. Caiu e rolou no chão dilacerando um pouco suas costas, mas protegendo a vida daquele trabalhador. Seus ferimentos foram mínimos e, como o Rubro Negro contava com seu poder de regeneração de ferimentos, não se preocupou com seu bem estar. Entretanto, o que mais lhe intrigava eram as palavras balbuciadas pelo homem traumatizado. Falava sobre um homem lobo ter pegado seu colega.
O professor, então, chamou a atenção de Arthur por estar com a cabeça nas nuvens. Em seguida disse que queria falar com ele depois da aula. Arthur ficava imaginando se havia ido mal na última prova. Ao término da aula, foi ter com o professor Gilberto.
- Você tem ido muito bem nas últimas provas de história medieval, Arthur.
- Obrigado, professor. – meio sem jeito.
- O professor Cardoso abriu uma bolsa no CNPQ sobre mitologia medieval. Talvez devesse falar com ele sobre isso.
Arthur arregalou os olhos e pensou na possibilidade de ganhar um bom dinheiro. Ficou pensando que poderia viajar com aquele dinheiro, se divertir nas férias.
Ao pegar o metrô para ir para casa, no bairro de Botafogo, encontrou Larissa, sua colega de classe. Uma irmã mais velha que ele nunca teve e que nunca quis ter. Ela lhe contou que já tinha uma bolsa garantida sobre mitologia e disse que poderia ajudá-lo na prova para conseguir a bolsa.
- O professor Cardoso voltou da França com essa ideia fixa na cabeça. Conseguiu a bolsa e quer dois estudantes com ele. Eu já consegui a minha vaga. Posso te ajudar para conseguir a outra.
- Obrigado, Larissa. Vai ser muito bom ter esses trezentos reais.

Chegando em casa, Arthur foi direto tomar banho. Geralmente ele só voltava para estudar por uma hora e depois saia vestindo o uniforme do Rubro Negro para fazer sua patrulha diária. Mas dessa vez ele achou melhor estudar em casa. Seu pai Luiz e sua mãe Bianca ficaram felizes por seu filho estar buscando seu dinheiro. Antes, eles eram contra Arthur fazer uma faculdade de história, pois ser professor era o único caminho conhecido. E não dava muito dinheiro. Arthur nunca se sentiu apto para dar aulas, por isso buscava seguir no meio acadêmico, estudar e ganhar dinheiro com pesquisas. Essa era sua chance de começar.
Porém, ao ver a conta muito alta da casa, pensou que estava sendo muito egoísta em usar o dinheiro da bolsa para viajar e se divertir. Ele achou melhor usar o dinheiro para diminuir suas próprias despesas aos pais, para que eles pudessem pagar suas dividas. Arthur decidiu se empenhar no estudo. Por isso decidiu ir até a Biblioteca Nacional.

Saindo do metrô na Cinelândia, Arthur foi até a Biblioteca. Encontrou Larissa esperando do lado de fora.
- Demorou bastante, rapazinho.
- Congestionamento no metrô, sabe como é. – ele sorriu com sua própria piada. Ela, ao contrário, ergueu uma sobrancelha.
Ele havia ligado para ela para ajudá-lo naquele momento na Biblioteca Nacional, guia-lo no que tinha que ler. Depois de pegar alguns livros, foram sentar para ler. Arthur mal abriu um livro quando Larissa gritou. Ela estava noutro lugar, escondida por enormes estantes. Correndo, Arthur a encontrou no chão, com um arranhão no braço. Em sua frente, perto a uma janela, um homem muito alto. Peludo, tinha cara de lobo. Seus dentes estavam todos à amostra e salivava um pouco. Arthur arregalou os olhos quando viu aquilo. Por instinto, segurou as duas mãos juntas e concentrou para criar sua energia que converteria em uma rajada de plasma. Porém, Larissa pediu por socorro, estava ferida. Titubeando, Arthur voltou-se para ela. O homem fera mostrou um sorriso maligno e falou com grande dificuldade e maldade em sua voz:
- Hoje os deixarei vivos, Arthur e Larissa. Na próxima vez, o Lobisomem não será misericordioso!
E saiu.
Arthur ficou imaginando como aquela criatura sabia seus nomes e por que estaria na Biblioteca. Será que ele tinha alguma coisa a ver com professor Cardoso?

Depois de levar Larissa para casa, Arthur decidiu que era hora do Rubro Negro entrar em ação. Vestiu seu uniforme e foi para a casa do professor Cardoso. Achou melhor ir como Rubro Negro que como Arthur porque o que iria conversar era assunto perigoso demais para o estudante universitário.
O Lobisomem corria pelas ruas escuras do Rio de Janeiro uivando para a lua que era cheia. Estava em êxtase. Suas memórias, seus pensamentos estavam confusos e conflitantes. Decidiu ir para a casa onde lembrava, quando era um homem, ter uma família. Subiu o prédio e olhou pela janela a sala de estar. Viu uma mulher e seu filho.
O Rubro Negro aguardou o portão da garagem abrir para entrar sorrateiro. Subiu para o andar do apartamento do professor Cardoso pelas escadas onde não tinha câmeras de vigilância. Ao chegar, tocou a campainha.
Uma mulher abriu e gritou imediatamente ao ver o vigilante mascarado. Naquele momento, começou a chover na cidade.
- Não se preocupe, dona Cardoso. Quero falar com o professor Cardoso. Um assunto muito sério. Ele está?
- Não vou deixar que machuque o meu marido! Ele não tem culpa – ela começou a derramar lágrimas.
- Machucá-lo? Por que eu faria isso? O que está acontecendo, dona Cardoso?
Então, ela explicou que seu marido, o renomado professor doutor em história medieval, havia se transformado em uma fera peluda e cheia de dentes. Ele próprio era o Lobisomem. Ela também contou que desde que ele voltou da França, ele estava diferente, obcecado pela lenda do lobisomem que datava o século XVI na França. E, na primeira noite de lua cheia, há dois dias, ele se transformou e fugiu com medo de machucar sua família.
- Não se preocupe, dona Cardoso. Vou trazer o professor são e salvo para sua casa. Promessa é dívida.
O Rubro Negro acariciou o cabelo do pequeno filho do professor e começou a sair, quando ouviram um uivo muito alto.
Pela pequena varanda da sala, encoberto pela penumbra da noite e pela chuva torrencial, estava o Lobisomem. Corpanzil massivo, curvado com os braços longos e mãos cheias de garras. Era uma fera perigosa que mal se lembrava de como falar.
- Não. Se. Meta. Onde. Não. Chamado.
- Professor, acalme-se, eu vou te ajudar – antes de terminar a frase, o Lobisomem estava sobre o Rubro Negro. Aquele não era o professor. Sua mente estava controlada por aquela fera.

O Rubro Negro foi jogado na parede, deslizando sobre a mesa, com uma força descomunal. Levantou-se o viu que a família do professor havia saído da sala, indo pra cozinha. Ele saltou sobre o Lobisomem erguendo a perna num chute visando a cabeça do Lobisomem. Entretanto, a fera desviou saltando para trás. Avançou com suas garras em amostra e arranhou o braço do Rubro Negro. Sangue escorreu em dor dilacerante. Aproveitando a proximidade de seu adversário, deu um soco bem dado no estômago. O Lobisomem rugiu em dor. O Rubro Negro ainda teve tempo de desviar dos dentes super afiados. Tentando mobiliza-lo, o vigilante mascarado abaixou seu corpo e desferiu um chute na lateral do joelho do homem-fera. A essa altura, o arranhão do braço do Rubro Negro havia desaparecido.
O Lobisomem abaixou-se e viu o Rubro Negro erguer suas mãos juntas. Seria um grande golpe em sua cabeça. Antevendo o movimento, o Lobisomem cruzou suas mãos com garras afiadas no peito e na barriga do herói, rasgando-lhe o uniforme e a carne. Atordoado, o Rubro Negro cambaleou. Foi o suficiente para o Lobisomem saltar com seus dentes igualmente afiados sobre a jugular. Cravando-lhe os dentes, o Rubro Negro gritou de dor, sentindo sua consciência esvair-se aos poucos.
Nesse momento, um grito de criança. O filho do professor abriu a porta da cozinha e gritou para que o Lobisomem parasse. E deu certo.
Saltando pela janela, ele foi embora. O Rubro Negro pôde agarrar-se à consciência.
- Não se preocupem, vou atrás dele em alguns minutos. – Fez um sorriso cansado, mostrando o polegar em sinal de positivo. Naquele momento, os ferimentos estavam se fechando rapidamente.
- Já volto. – Assim, ele saiu correndo do apartamento, descendo as escadas.

Quando ganhou as ruas, o Rubro Negro foi descuidado. Encontrou um valentão da faculdade. Era Ronaldo, um membro de uma gangue rival da gangue em que Arthur havia sido membro antes de ser cobaia para o geneticista do traficante que lhe concedeu seus poderes. Apesar disso, com a máscara, Ronaldo não reconhecia Arthur. Ainda assim, o Rubro Negro não deixava de ser um ícone para a gangue rival de Ronaldo, pelas cores que portava, pelo nome que possuía.
- Sai daqui, seu monte de merda.
Ronaldo puxou seu bastão, querendo pegar o Rubro Negro. O vigilante mascarado apenas sorriu e deixou receber a pancada. O bastão se quebrou e ele não se moveu um centímetro.
- Satisfeito? Agora não tenho tempo a perder com um playboyzinho ralé como você.
Saiu correndo em direção às sombras.

O Rubro Negro foi até o metrô, onde o Lobisomem teria sido visto pela primeira vez, quando atacou o colega daquele mecânico que salvara a vida de um acidente de trânsito. Descendo pelo bueiro que ligava ao metrô, ele chegou ao túnel. Andou sorrateiro pela escuridão guiado pelas luzes que ficavam no teto. Não demorou muito para encontrar o corpo dilacerado do mecânico. Fedia como carniça.
Continuando sua caminhada, pensava em como poderia livrar o professor Cardoso daquela fera que ele havia se tornado. Pela lenda que todo mundo conhecia, bastaria o amanhecer. Mas será que era assim mesmo?
Subitamente, ouviu um uivo. Apressando o passo, o Rubro Negro encontrou escadas e um bueiro aberto logo acima. Subiu rapidamente e, quando saiu do túnel, estava na Praça da República. Pessoas corriam desesperadas dali. O Lobisomem não as atacava, mas uivava e rugia, amedrontava as pessoas, como se quisesse somente afastá-las dali.
- Professor, pare!
O Rubro Negro correu em sua direção pulando com os dois pés juntos, acertando o peito do Lobisomem. A criatura rugiu e deu alguns passos pra trás. Sem querer dar tempo da criatura se recuperar, ele avançou desferindo uma série de socos e pontapés. Até que o Lobisomem sangrou.
Tomado por uma fúria insana, ele segurou uma das mãos do Rubro Negro em sua seqüência de golpes e, com a outra mão, desferiu um poderoso corte no rosto. O Rubro Negro caiu com as mãos no rosto. Sentia o sangue escorrer violentamente, seu rosto estava desfigurado com grandes talhos. Antes de se desesperar, o Rubro Negro não ficar em uma posição vulnerável. Mas não foi o suficiente. O Lobisomem o segurou e mordeu a jugular novamente, arrancando um grande naco de carne. Sangue esguichou por todos os lados. O Rubro Negro gritava e lutava contra a inconsciência. Era hora de dar tudo de si.
Chutou o Lobisomem em cima dele que se afastou. Ergueu-se com uma mão tapando o ferimento do pescoço e apontou o punho da outra para a criatura.
- Desculpe professor, mas isso tem que acabar antes que tu me mate.
Sua mão foi envolta de uma energia vermelha brilhante. Era um circulo quase perfeito que englobava todo o punho. O Lobisomem não entendia o que via. Então, uma rajada de plasma foi disparada. Um feixe de luz cobriu a distância do punho do Rubro Negro e atingiu o peito do Lobisomem. Ele sentiu a carne queimar em abundância e a consciência se foi. Dobrou o joelho e tombou no chão.
Muitas pessoas estavam ao redor daquela luta, olhavam atônitos. Muitos filmavam com o celular. Os ferimentos do Rubro Negro foram sumindo aos poucos. O do pescoço, entretanto, demoraria um pouco mais.
O Lobisomem começou a se transformar no professor Cardoso novamente, sem explicação aparente. O Rubro Negro o segurou sobre os ombros e correu dali, gritando para abri espaço. Agora ouvia o barulho de sirenes.
- Perfeito, só porque eu já tinha resolvido a questão, esses policiais vão me encher o saco agora.
Correu e desceu num bueiro.

Dias depois, Arthur mostrava o contrato da bolsa de estudos para seus pais. Ele havia conseguido passar na prova depois que o professor Cardoso havia aplicado depois de se recuperar. Sua mãe Bianca falou que agora ele era um rapaz crescido, um adulto, e que teria outras responsabilidades únicas.
“Ah, minha mãe. Se soubesse que eu já tenho uma responsabilidade única há tanto tempo...”

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Aurora Carmesim #1 - Travessia, parte 10


Planície do Desespero, Werra - Antes


- Sim, mestre da guerra - grunhiu um resfolegado Ostherwulf.

Fora trazido à presença de Keen praticamente sob tortura. Sua viagem até ali não durara mais que míseros minutos porém, dado o humor da guarda de honra, parecia ter lhe custado horas.

O deus da guerra caminhava de um lado para o outro, feito um predador tomado pela fome. Seus olhos ardiam em brasas vivas e toda a planície, todo o campo de batalha ao seu redor, queimava intensamente.

- Maldito seja, Mardoc! - gritou a besta de guerra, e no horizonte rubro uma espessa coluna de fumaça negra subiu.

Ao se virar e encarar o débil xamã, este sentiu o ar a sua volta aquecer-se rapidamente.

- Diga-me Ostherwulf, me diz o que planeja aquele filho da puta! Desembuche ou mil anos no reino de Ragnar parecerão um pique-nique em família ante o que farei com você!

Ostherwulf avaliou suas opções com a sabedoria de quem sobreviveu a séculos em Werra. Trair Mardoc, contando a Keen todo o plano? Não seria necessariamente uma traição, visto que cedo ou tarde ele se daria conta que Mardoc fugira. Manter sua palavra e sofrer mil anos de tortura pelas mãos do próprio deus da guerra? Não acreditava que sobreviveria todo esse tempo expiando a raiva de Keen. Se contasse os fatos do jeito certo, omitindo e mascarando alguns eventos, poderia até sair incólume dali.

Tomara sua decisão. Era hora de mover a roda do destino.

Tocando a tez no chão calcinado, o xamã começou a falar.

- Ele me procurou a muitas décadas atrás meu lorde, querendo saber dos limites de vosso reino. Me perguntou sobre fronteiras e interligações, sobre conjunções e brechas. E o que faria eu, ante tão poderoso algoz? Desfiei-lhe teorias e conjecturas, verbalizei tudo que vi em minhas andanças por aqui e além. Ele sorveu de meu conhecimento com o apetite de um infante, e assim também o fez sua corte - torcia para que o cão engolisse toda a história, se tivesse sorte o estado de espírito dele o auxiliaria.

- Que corte? Quem o desgraçado filho de uma cadela sarnenta levou com ele nessa "visita"?

"Xingamentos, perfeito. A raiva ainda nubla sua percepção"

- A bruxa J'agga e o xamã Kerem, além de Eeluk, aquele monstro.

- Compreendo. Voltarei pra fortaleza. Tome, Ostherwulf, por sua presteza - e então estendeu a mão para o xamã. Em sua palma jazia um anel de metal escuro, trançado em um padrão intricado.

Erguendo o rosto da poeira, a figura miserável do xamã vislumbrou o presente na palma da mão do deus. "Saiu tudo melhor que o esperado."
Com toda deferência que conseguiu reunir, Ostherwulf apanhou o anel e o colocou em seu dedo. Uma cálida sensação o percorreu.

- Com isso te faço imortal em Werra, xamã. Não quero correr o risco de perdê-lo para qualquer infortúnio vindouro. Serás ainda muito útil.

E Keen sorriu seu sorriso mais doentio e então o xamã soube que estava condenado. Num sopetão a guarda o imobilizou e no espaço de um suspiro o olhos de Keen estavam a centímetros dos seus.

"Achou que me enganaria seu verme pútrido? Sou onisciente em meu reino. Nada me é negado e tudo me pertence, a não ser que eu decida de outro modo. Você e seus pensamentos mesquinhos não são uma excessão."

Com o olhar de Ostherwulf externando seu terror, Keen gargalhou quando este começou a mastigar a própria língua. Lágrimas confundiam-se com sangue na máscara infernal que era o rosto do xamã, montando um belo quadro do poder da selvageria.

- Levem-no para o campo, estripem-no e empalem os restos sobre uma das fogueiras. Façam-no aproveitar meu presente da melhor forma possível. Tenho que cuidar de um fujão. - e então, num estampido, chamas e fumaça ocre tomaram o lugar onde a besta de guerra estava.

Gritos e lamúrias medonhas escaparam da garganta de Ostherwulf fazendo coro com os parcos sobreviventes do massacre anterior. E por todo o restante daquela tarde ele teve companhia.
Mas logo seu tormento se mostrou eterno e ele desistiu de morrer.

E mais uma vez a planície calcinada fez juz ao seu nome.
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Montanhas de Kor-kovith, norte de Yuden

Tudo estava pintado de vermelho e o cheiro pútrido de sangue coagulado maculava o ar. No meio da confusão de corpos mutilados, membros esparços e vísceras, um humano sorria de orgulho. Trajava um manto negro apenas, que pesava sobre seus ombros, úmido de sangue. Sua face estava borrada de sangue seco, assim como o peito e todo o resto de seu corpo.

Pôs-se a caminhar languidamente, em direção a uma grande porta dupla do assim chamado templo. De lá ecoavam gritos e choro, crianças e inocentes antevendo um destino similar ao enfrentado pelos ocupantes da sala morta. O humano não conseguiu esconder seu escárnio quando chutou escancarando a porta, espalhando restos de uma barricada por todo o salão.

Amontoados ao pé de um grande altar estavam quase uma centena de pessoas, com as faces talhadas de pânico, aguardando o abate. Sobre o altar uma roda imensa com vinte símbolos delicadamente trabalhados em ouro sobre o metal escuro.

- Obrigado aos deuses, por me proporcionar tão inebriante banquete após a farta diversão - o deboche e a ironia carregavam a voz ácida do invasor, provocando uma nova onda de berros e medo.

- Erguerei nesse lugar um templo à tempestade. Erigirei com suas almas a catedral que maculará essas terras para sempre - andando em direção a turba o humano gargalhava - É hora de conhecerem o terror...
E naquele momento foi negado o perdão e a punição. Naquela sala, o destino de muitas almas fora roubado e nada nem niguém sequer se importava com isso. Naquele dia mais uma pequena parte de Arton fora maculada.
E nada, nunca mais, foi o mesmo.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

É possivel morrer - Parte II


Voltando a si, nada pôde ver: seus olhos estavam cegos, apagados, imersos na escuridão. Uma pressão esmagava-lhe o esterno e algo invisível agrilhoava-lhe o pescoço - sufocava. Tentou gritar, sem conseguir articular palavra contudo; seus braços e pernas se debatiam, incapazes de retirar seu corpo da frigidez do chão. Parecia que alguém a estrangulava... Repentinamente, mergulhou na semiconsciência entorpecente, sopitando os movimentos gradualmente - entregava-se. Diminuto ponto apareceu, aumentando em seguida, clareando todos os cômodos como se a alvorada houvesse chegado. Seu espírito pairava dando-lhe onisciência, alargando sua visão, diluída no ar, liberta da matéria. Não entendia o significado daquilo: saíra do corpo? Morrera enfim? Nada podia sentir. O intenso clarão diminuiu, mostrando uma sala de janelas grandes, muitas estantes repletas de livros e a mesa de cedro. Uma luminária jogava seu brilho mortiço sobre um jornal que trazia, logo abaixo do nome, a data de Junho de 1947. Os detalhes lhe vinham sem que precisassem dizer, como se realmente conhecesse tudo - era a sala do diretor do hospício. Um distinto senhor, sentado na poltrona de couro, fumava charuto e fazia anotações em pequeno caderno - ele não a via. A fumaça evolava languidamente. O relógio cortou o silêncio com o soar das onze horas no carrilhão. Um burburinho, transformado assim em bulha, fez-se em algum outro recinto. O senhor levantou-se apressadamente e correu. Daisy, conduzida involuntariamente, foi atrás. Passou pelos corredores e escada até o refeitório. Lá, um homem alto e louro era contido por outros três, vestidos de branco.

- O que está acontecendo aqui? - Perguntou o diretor.

- Doutor, John teve mais um de seus surtos e atacou Gonzales - respondeu um negro também vestido de branco, ajoelhado ao lado do enfermeiro ensangüentado - pegou a faca e cortou-lhe a carótida. Precisamos chamar um médico porque não temos...

- Não! Não vamos chamar ninguém! Não podemos atrair a atenção sobre esse fato! Esse homem tem que ser atendido aqui mesmo. Se a imprensa descobre, transforma em mais um escândalo e... - nesse ínterim, Gonzales expirou.

-Agora não adianta mais.

-Dêem um sedativo a este louco e o amarrem dentro da cela dele. Quanto ao corpo, enterrem no bosque. Não joguem no rio, ele não pode ser encontrado de maneira nenhuma! A família de Gonzales mora no México, ninguém nem vai dar pela falta dele. Qualquer coisa inventamos uma desculpa... Dizemos que ele pediu as contas, que mudou de estado...

-Mas senhor...

-Enfermeiro Grant, limite-se a fazer o que lhe peço! Já não basta o alarde que alguns jornalistas de Boston fizeram com as denúncias de maus-tratos? Vamos ter que fechar as portas se souberem que um paciente degolou um enfermeiro aqui!

Quando pronunciado o nome 'Grant', Daisy deteve-se na imagem do negro: mediano, aparentando uns trinta anos - Grant! - ela reconheceu imediatamente - era seu pai! Emocionou-se e copiosas lágrimas caíram de seus olhos etéreos. Finalmente percebeu que não estava completamente anestesiada. Outra informação assomava-lhe: John, o paciente, enlouquecera após a experiência de batalha durante a Segunda Grande Guerra e fora internado pela família no hospital de renome na região. Apesar de jovem, tinha profundos ataques, acreditando estar ainda nas trincheiras testemunhando os horrores da guerra. Trancaram-no, naquela noite, em sua cela, vencido pelo sedativo e imobilizado por duras tiras de couro na cama. Inumaram Gonzales por determinação do diretor, embaixo de uma árvore e sem qualquer indício de que ali havia um cadáver. Daisy assistia ao filme editado por sua mente em cenas que transcorriam os acontecimentos principais. O passado se abria a uma lembrança fragmentada que não possuía - mas quem a fazia ver? Seu pai? E por quê? Não havia respostas. Havia somente convulsões de dor psicológica e comiseração, misturadas a uma felicidade por ver novamente o pai, morto quando ela era criança.

Mais uma vez foi levada à revelia a outros fatos, decorridos dias depois: durante o almoço, quinze pacientes do hospital estavam reunidos no refeitório, junto aos enfermeiros quando, escapando da vigília, John entrou na sala do diretor, em sua ausência, abriu um armário com portas de vidro e retirou a submetralhadora carregada - lembrança da participação do diretor na Primeira Guerra - voltou ao refeitório e atirou a esmo. ''Morram, alemães malditos!'' - repetia pensando estar sendo mantido preso pelo exército do Eixo. Um a um tombava com as balas. O refeitório ficou lavado de sangue. Logo após, John suicidou-se. O ''massacre'' virou notícia em toda a Costa Leste. O hospício foi fechado e o sobrevivente Grant mudou-se para Louisiana, onde conheceu a mãe de Daisy.

Sua cabeça latejava uma dor aguda e Daisy foi atraída de súbito de volta ao corpo. Despertou como um afogado salvo da maré assassina, arfando, sorvendo o ar em cada milímetro, liberta da compressão no peito e na garganta. Deu um salto, inimaginável em suas condições normais e fugiu dali - as teorias estavam certas: é possível energias bodosas impregnarem um lugar; é possível que almas percam-se de seu destino último - pensava enquanto corria - é possível morrer!

terça-feira, 15 de junho de 2010


"Com a internet tornando os autores do maior cenário de fantasia medieval do Brasil cada vez mais acessíveis não é incomum que algumas informações acabem saltando dos dedos destes para as redes sociais. As duas mais interessantes até agora vieram de Guilherme Dei Svaldi no orkut.

O editor-chefe da Jambô Editora deixou escapar que um Escudo do Mestre para Tormenta RPG pode sair “antes do esperado” ao responder um leitor que divulgava sua própria idéia de escudo. Outro ponto interessante: segundo o Guilherme a cronologia artoniana será levada a 1410 com o Tormenta RPG. É um time-skip de cinco anos da cronologia usada até o momento no cenário. O que dá ao cenário tempo para se adaptar às mudanças drásticas depois da Trilogia da Tormenta, Contra Arsenal e as Guerras Táuricas."


As coisas estão ficando maneiras, heim! E olha, 1410 será a cronologia!!! Uhull!!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

É possível morrer - Parte I


Penetrou a noite densa como quem recebesse um convite para fundir-se ao medo das almas. Os olhos ainda se habituavam à ausência de luz e logo seus ouvidos aguçaram-se na espera de um inimigo. O som das folhas secas e dos galhos se partindo, ficava cada vez mais alto, traindo-lhe, eventualmente, quando pensava estar sendo seguida. Sentia uma presença forte como se alguém a vigiasse. Caminhou por meia hora até soerguer-se a silhueta sinistra diante de si: o imenso casarão perdido na floresta de Scardale. Já o havia visto durante o dia; um prédio de dois pavimentos, em arquitetura georgiana, construído em 1911 para abrigar um hospício. A vegetação cobria os muros altos e a ferrugem carcomia o portão de acesso. A despeito de tantos anos fechada, a construção mantinha-se em bom estado. Tábuas tapavam-lhe as janelas - quatorze ao todo - e parte do telhado desabara; a madeira podre da porta de entrada permitia que se lograsse penetrar com facilidade o interior a quem assim desejasse. Daisy, conhecida sensitiva - não sem certa desconfiança dos moradores da cidade - nada via além da velha pilha de tijolos vermelhos. Contudo, o terrível peso da carga energética parecia comprimir-lhe as têmporas. A intuição a levara ali como um chamado de alguém que precisava lhe falar urgentemente. Seus pés não queriam mais obedecer... Tremendo, porém, prosseguiu.

Daisy nascera na Louisiana e passava dos cinqüenta. Sua pele negra mantinha os traços lisos de mulher jovial. A figura corpulenta, de membros fortes, socada, parecia caricata quando vestia imitações de peles, turbante e cordões de dentes pontiagudos. A indumentária era apenas um chamariz, algo para impressionar, elemento da apresentação anunciada pelo letreiro ''Daisy Sensitiva: tarô, quiromancia e vodu''. O ritual mesmo dispensava roupas, ela bem o sabia. Sofreu todo tipo de perseguições, capitaneadas pelo presbítero da igreja local, da qual muitos habitantes faziam parte. E, naquela noite, uma voz a despertara novamente para seus dons.

-Venha! - ouviu nitidamente. Não podia saber de quem era a voz e, muito embora acostumada com essas manifestações, aquela a amedrontava sobremaneira. Ao passar pelo pórtico de entrada, um vento gélido, como saído de uma garganta morta, devassou-lhe os ossos - treva total. Estacou, mas a voz convocava-lhe novamente: ''venha!'' Não obstante a madrugada nebulosa, um brilho estranho pairava sobre as nuvens e a iluminação tênue penetrava o saguão. Uma fumaça surgiu vagarosamente do chão, densificando-se, compondo uma massa espectral amorfa - ''venha!'' - O ente seguiu para o interior e desapareceu na escuridão. Daisy, aturdida, desmaiou.

Continua...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Tormenta RPG


A capa finalmente lançada! Tchananan!
Eu voto por todos os jogos em andamento serem transformados para as novas regras. Yahuul!!

Maiores informações: http://www.dot20.com.br/2010/06/09/tormenta-rpg-capa-e-novo-preview/

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Unghart, o mago

"Cansei!" - Com esse pensamento Unghart abandonou a taberna "Rum de Valkaria". Novamente se perguntando porque ainda andava com um grupo de pessoas tão estranhas: Garulf, um bárbaro, Ikaro, clérigo de Keenn. E talvez o mais próximo, por mais estranho que pudesse imaginar, Leonar, um elfo bardo.

Nimb rolara dados estranhos para o anão. Sua natureza precisava de mais ordem, e com eles não conseguia nada daquilo que buscava, apenas aborrecimentos e confusões desnecessárias.

Por vários dias, pensava sozinho em abandonar o grupo, mas não queria simplesmente abandonar Leonar e sua busca pelas relíquias. Passou a pesquisar o assunto sozinho, e tempos depois encontrou uma pista.

"Pronto, enfim consegui." - Ungart rumou em direção a taverna local onde Leonar costumava ficar. Encontrou. E depois de uma longa conversa, entregou as informações que possuía sobre as tais relíquias.

Sabendo do gosto por joías, o elfo, narra ao amigo uma historia sobre umas estrelas rubis, diz não saber de muita coisa, mas que um tal grupo denominado: laminas de Keenn, e de um aventureiro, Tildror, saberiam de algo mais, este ultimo fazia parte de um grupo, com um guerreiro khubariano, um clérigo de Azgher e um mago, elfo Pelleanor.

"Parecem ser mais o meu tipo de gente." - Pensou o anão, depois de dar mais um trago em seu cachimbo.

Se despediram e por meses não tiveram notícias um do outro, Leonar rumou para o Sul com Ikaro e Garulf. Unghart buscou o tal Tildror e as tais laminas de Keenn, mas infelizmente o primeiro já haviam partido e achou por bem não procurar, naquele momento, informações sobre o segundo. Buscou pela informação que julgou mais fácil para ele, Pelleanor, mago da academia arcana. Seria moleza.

terça-feira, 8 de junho de 2010

RPG CON


Não sei se vcs sabem, ou estão ligados no mundo RPGístico. Dias 3 e 4 de julho acontecerá o RPGCon 2010 com o Trio Tormenta original (Trevisan, Cassaro e Saladino) e outros. Entre várias atrações de RPG e Cardgame.

Entre outras atrações, estão confirmados:
  • II Encontro Nacional de Blogs de RPG
  • Área de Jogo Organizado coordenado pela RPGArautos.
  • Etapa seletiva do World Cosplay Sumit – o WCS – organizado pela editora JBC
  • Stands das associações – mais informações na seção especial sobre os grupos
  • Bazar Medieval com a presença da Taberna de Odin e o Clã Hednir, entre outros.
  • Espaço Cosplay e estúdio fotográfico para o público caracterizado
  • Feira de RPG Independente e espaço do fanzineiro
  • Exposições do Estúdio Melies e Hard Replic Esculturas
  • Palestras sobre o mercado editorial
  • Feira de Jogos Usados
  • Demonstração de jogos de tabuleiro
  • Campeonatos de Legend of the Five Rings, Magic: The Gathering e Pokémon
  • Torneio Nacional de Muchkin
Além, é claro, do incrível lançamento do TORMENTA RPG!!! Pelo módico preço de 79,90. Impressionantemente caro.
O que vcs acham de ir? Formar um grupinho como fizemos em 2008 e ir pra essa terra de paulista? Vai ser no mermo colégio e tal. É isso.

http://www.rpgcon.com.br/

domingo, 6 de junho de 2010

Trocando dados.

- Dudu, por que tu tá usando d6 para magias de cura?
- Ué, porque...
Silêncio geral da mesa por alguns segundos. Caputo solta uma risada, Renato um "caraaaaalho".

Ilendar estava curando muito abaixo de sua competência, o que gerou algumas dificuldades maiores contra um bando de esqueletos nas Bad'Lands...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Guildror Tivanor (conhecido como Tildror Talimor)


Tildror: Humano Ladino 3/Swashbuckler 3; ND 6; DV 3d6+3 + 3d8+3; 39 PV; Inic. +10; Desl. 9m; CA 23 (+3 armadura, +4 destreza, +2 armadura natural, +4 carisma), toque 16, surpreso 16; Atq Base +5; Agr +6; corpo a corpo: sabre obra-prima +10 (dano: 1d6+5, dec. 18-20/x2) ou adaga obra-prima +10 (dano: 1d4+5, dec. 19-20/x2); Atq Ttl corpo a corpo: sabre obra-prima +10 (dano: 1d6+5, dec. 18-20/x2) ou adaga obra-prima +10 (dano: 1d4+5, dec. 19-20/x2); AE ataque furtivo +3d6; QE evasão, sentir armadilhas +1, autoconfiança, presença paralisante; Tend. Neutro e Maligno; TR Fort +3, Refl +10, Vont +5; For 13, Des 18, Cons 13, Int 18, Sab 16, Car 19.

Perícias e Talentos:
Abrir Fechaduras +5, Acrobacia +12, Atuação (dança) +7, Avaliação +10, Blefar +19, Cavalgar +5, Conhecimento (local: Ahlen) +6, Conhecimento (nobreza e realeza) +6, Diplomacia +12, Disfarce +11, Esconder-se +10, Furtividade +10, Falsificação +10, Intimidação +13, Observar +11, Obter Informação +12, Ouvir +10, Prestidigitação +10, Procurar +6, Profissão (jogador) +6, Sentir Motivação +12, Usar Instrumento Mágico +13; Trapaceiro Nato (regional), Esperteza, Persuasivo, Especialização em Combate, Acuidade com Arma (bônus), Ataque Sagaz, Daring Outland (Complete Scoundrel).

Equipamento:
armadura de couro batido, sabre obra-prima, adaga obra-prima, capa do carisma +2, broche da armadura natural +2, pergaminho de transformação momentânea, pergaminho de compreender idiomas, pistola, 7 balas, pólvora, saco de dormir, cantil, tocha, mochila, cantil, poção de curar ferimentos leves; 51 PO, 3 PP e 8 PC, além de 5 gemas estrelas-rubis.

Guildror Tivanor, mais conhecido como Tildror, é um nobre larápio, arrogante e com inteligência vil. Sem remorsos, manipulou durante quase dois anos um grupo de aventureiros. Fingiu ser amigo, fingiu ser de bom coração. Apesar de não ter trazido grandes desgraças ao seu grupo, causou muita destruição e mal por onde passou, de forma bem discreta. Membro da Guilda de Ladrões de Gorendill, chefiada pelo Camaleão, Tildror é o principal responsável pelo carregamento de Achbuld de Ahlen para Gorendill e Valkaria. Durante suas andanças, conheceu Margareth Corlindurr, uma trambiqueira de grande calibre. Os dois usaram o grupo de aventureiros conhecidos como os Desafiadores do Destino para seus objetivos. Noutro momento, Tildror foi "morto" e "ressucitado" por um clérigo de Thyatis com a missão de seguir e manter os Desafiadores do Destino unidos. Entretanto, tudo não passava de um engodo de um grupo de pessoas devotas à Hynnin que tinha como missão proteger os Cavaleiros da Luz sem que eles saibam. O tal sacerdote contratou Savanna para fingir que iria matá-lo, para fingir que o ressucitaria para que ele não fizesse mal aos Desafiadores do Destino, que contavam com a presença de sir Lothar de Bedivere.
Juntos, passaram por grandes aventuras. Porém, quando estava amolecendo seu coração, Tildror descobriu que a farsa e abandonou o grupo. Hoje ele pensa em retornar triunfante para Ahlen, matar seu pai e assumir os negócios da família. Não pensa em ver novamente seus antigos companheiros de aventuras. Mas se reencontrarem, fatalmente estarão do lado oposto da disputa...

Background de sir William Blank


William Blank nasceu num dia ensolarado de outono num berço que valia mais que um camponês ganhava durante um ano inteiro. Sua família pertencia à nobreza de Norm, onde todos os primogênitos seguiam a tradição de ingressar na Ordem da Luz, a cavalaria em honra à Khalmyr, o deus as justiça.
O jovem Blank era loiro, olhos azuis cintilantes, pele macia e branca. Sempre foi bonito e rico, sempre teve acesso a todas as facilidades de sua sociedade. Entretanto, ele sentia um tédio profundo. Começou, desde cedo, a perceber como era a vida das pessoas simples e como elas encaravam suas dificuldades. William entendeu que elas eram verdadeiramente felizes porque superavam seus problemas. O garoto, entretanto, jamais teve problemas maiores que um joelho ralado.
No inverno do ano em que havia completado dez anos, ele foi levado à cavalaria para ser testado e treinado como escudeiro de sir Willhelm Faller, para se tornar um cavaleiro da luz um dia. Limpando a cancha, polindo a espada, lança e armadura, cuidando dos cavalos de seu senhor, William começou a entender a vida simples que os camponeses tinham, através do trabalho. Seus dias como escudeiro serviram para que ele entendesse de humildade.
Ao ver seu senhor cavalgar e lutar na justa, William ficou fascinado. Pediu, humildemente, para aprender e sir Willhelm Faller decidiu testá-lo antes que completasse quatorze anos. E ambos se surpreenderam com a facilidade e o talento nato do jovem Blank. Havia nascido para a justa.
No mesmo ano em que William aprendera a justar, Willhelm entrou numa competição em Norm, que celebrariam um casamento entre dois nobres da família Faller e Pentiger. Willhelm era experiente e bastante forte. Não era surpresa que estivesse na final com facilidade. Infelizmente, ele adoeceu e ficou incapacitado na cama. William decidiu que tomaria seu lugar para que sua honra não fosse manchada. Willhelm tentou protestar, mas era em vão. William usou um elmo fechado e, em sua primeira justa pra valer, venceu a final do torneio e ganhou um troféu.
No ano seguinte, o jovem William demonstrou uma grande maturidade alcançada pelas práticas militares e pelos trabalhos humildes que exercia enquanto escudeiro e acabou se sagrando cavaleiro da luz com apenas quinze anos. Orgulho de sua família, William acabou que ficou um pouco distante de seus parentes que eram esnobes e empolados demais. William começou a julgar as pessoas por suas ações e não pelos seus títulos, o que causou um relativo cansaço das cortes aristocráticas.
Entretanto, no torneio das justas, William sempre foi assíduo. Financiado por seu pai e depois por suas próprias conquistas, William viajava por Bielefeld em busca de um torneio para competir. Venceu a maioria que disputou e se tornou uma pequena lenda local como o garoto que derrubava veteranos.
Sua personalidade era extrovertida e galante. Sua lábia e carisma eram bastante desenvolvidos e sempre conquistava donzelas por onde passava para competir. Não fazia distinção de classe – tratava igualmente as camponesas, plebéias e aristocratas – e sempre as tratava de modo carinhoso, educado, honrado. Para depois sumir no dia seguinte deixando-as em suas camas. Algumas vezes um pai nobre enfurecido vinha tomar satisfações no castelo dos Blank, mas seu pai, sir George Blank conseguia contornar a situação e puxar a orelha de seu filho.
Ao longo de sua adolescência, ganhou vários torneios de justa, mas ele queria almejar mais. Entrou no torneio mais importante de Bielefeld, a Justa de Norm e acabou sendo eliminado na primeira fase. Surpreso, foi pedir orientação a sir Willhelm Faller, seu antigo mentor. Ele lhe disse que precisava de experiência além do talento para ganhar torneios mais difíceis. William decidiu que conseguiria essa experiência se tornando um aventureiro. Sairia de Bielefeld, de seu cotidiano de treinos em justa para buscar o algo a mais na vida na estrada. Pediu autorização à Ordem da Luz e ganhou a dispensa para viajar e levar a palavra de Khalmyr por onde passasse.