domingo, 26 de janeiro de 2014

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 12

Jetag 19, Luvitas, 1410 CE.

Dia 19, o dia do meu nome. Vinte e quatro anos pisando em Arton. Bem, desconsiderando o dia em que estive morto.
Ao abrir os olhos lentamente, notei que já era tarde da noite. Olhei em volta, estranhando aquele cheiro abafado e percebi estar dentro de uma tenda grande, sobre uma maca feita de cipó e pano leve. À minha frente, vi outra maca, uma figura pequena. Ergui meu corpo pesado e notei ser Blasco. Ele estava de olhos fechados e boca semiaberta. Respirava lentamente, sereno. Estranhei a presença dele ali.
Sai pelo buraco entreaberto da tenda para encarar o céu rosado do final da tarde. Estrelas brilhantes iluminaram meu caminho até outra tenda. A esta altura, eu já sabia estar junto do acampamento dos elfos rebeldes. Vi meu grupo reunido, discutindo e traçando planos.
- A morte doeu? – Perguntou Harel. Este foi meu primeiro contato no mundo dos vivos. Depois que renasci.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 11

Aztag 17, Luvitas, 1410 CE.

A lâmina bastante afiada da espada longa do hobgoblin estava umedecida de sangue. Na verdade, encharcada. Aquele homem, ou melhor, aquela criatura, era mais um capitão hobgoblin, líder de tropas, experiente. Um guerreiro formidável. E eu o enfrentei diretamente, sozinho, causando-lhe grande ferimento com um único golpe com minha katana. Cheguei a sentir o gosto da vitória por alguns segundos ao sentir a minha lâmina perfeita abrindo uma enorme fenda na armadura de metal. Senti o cheiro de seu sangue.
E foi por isso que a espada dele mergulhou no meu sangue, após cortar minha carne e meus ossos. A dor dilacerante foi a maior e mais incomparável de toda minha vida. Justamente, porque foi a dor da minha morte.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 10

Morag 7, Luvitas, 1410 CE.

Neste dia, caro leitor, conheci mais uma lenda de Arton. Na época, ele não era muito conhecido fora do “mundo dos aventureiros”, pois não era convidado a bailes, não recebia presentes de reis e sequer era amado pelo povo do Reinado. Muito menos do Império.
Acredito que ele preferia tal discrição na época.
Dias antes, como contei nas páginas anteriores, conhecemos o elfo Castiel e o orc Gulsh. E eles acabaram nos levando para o encontro de tal lenda. Claro que Gulsh apenas estava ali, era um “companheiro” improvável de Castiel. O destino fizera com que ambos fossem feito prisioneiros por ninguém menos que a Aliança Negra. E assim, eles forjaram uma aliança bastante intrigante. Castiel não demonstrava nojo nem arrogância perante a presença de Gulsh e o orc também não era um monstro ensandecido. Era bruto e rude, mas nada muito diferente de uma pessoa comum.
Castiel fora convidado por um elfo em especial para uma missão importante e começou sua viagem até Tyrondir para encontrá-lo. Acabou capturado e feito escravo por hobgoblins. O Reino da Fronteira não é apenas conhecido por fazer divisa com o continente Lamnor. É conhecido, principalmente, por sua guerra contra a Aliança Negra. Nada menos que a união de todas as raças goblinóides, mais orcs, mais ogros e ocasionais trogloditas em prol de um único objetivo: destruir o mundo das outras raças, sob a marca de Thwor Ironfist, o escolhido de Ragnar, o deus da morte.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 9

Kalag 1º, Luvitas, 1410 CE.
A morte de Dorks ainda nos assombraria por muito tempo posteriormente a esta data. Entretanto, os eventos que se sucederam à sua morte foram únicos e extremamente importantes. Podemos dividir a história deste grupelho de aventureiros em um antes e depois à morte do nosso troglodita que não sabia falar o Valkar. Ainda assim, era um dos mais sensatos do grupo, por sua sabedoria instintiva. Ainda que, no final de sua vida, sucumbisse à loucura da fúria bárbara.
Aliás, sua morte causou danos em todos nós. Quando Elinia soube de sua morte, por exemplo, demorou bastante para voltar a ser alguém útil ao grupo. Chorou e lamentou profundamente. Pela primeira vez, via uma menina de dezesseis anos. A druida, sempre tão madura e sábia, estava fragilizada como uma donzela de sua idade apropriada. Não quis confortá-la, pois já havia desencantado romanticamente dela e também não havia possibilidade de entender sua dor. A relação dos druidas frente a outros seres vivos é diferente, é algo que um jovem da cidade como eu jamais entenderia. Acredito que nem o mais inteligente entre nós, Nathaniel, era capaz de compreender aquilo.