domingo, 28 de junho de 2009

Lot of things...


Senhores Omissos com poder,


Venho por meio desta elucidar o motivo da enquete ao lado:

Andei notando que os muitos jogos do nosso grupo andam "atrapalhando" ou pelo menos retardando o avanço dos bons jogos. Sei que todos querem jogar bons jogos e ver seus personagens crescendo. Também sei que dentre todos os jogos que estão rolando alguns não estão agradando muito também (o que é o caso do jogo Artoniano que eu mestro que atualmente tenho achado bem ruim). Por isso proponho que alguns jogos sejam assassinados para que possamos investir mais nos que mais estão nos agradando.

Essa enquete dá oportunidade de votar em um ou mais jogos para levá-lo rumo ao corredor da morte ou quem sabe pelo menos a geladeira. Também está aberto ao voto de não matar nenhum caso não concordem com minha opinião e queiram continuar com a fartura e o excesso (que na minha opinião que já expressei nos levou a uma "obesidade" nociva ao andamento das campanhas).

Abraços.

PS1: Storryteller não entrou pois não é jogo regular e não usa domingos, logo não "atrapalha".

PS2: Extinction não entrou pois já foi assassinada pelo seu criador ainda no berçário.

Ps3: Peço que votem lá e comentem aqui alguma justificativa ou opinião válida.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Últimos Dias


15 de Luvitas, 1402 CE

"A Tormenta desfere mais um golpe no mundo civilizado. Uma nova Área de Tormenta acaba de surgir em Zakharov e nas Montanhas Uivantes. Os reinos começam a se fechar cada vez mais buscando, inutilmente, um lampejo de segurança contra o inimigo do mundo. Arton passa por momentos difíceis e de pessimismo em todos os níveis sociais, políticos e econômicos. Dessa vez os aventureiros conseguirão proteger Arton novamente com seus feitos heróicos? Em tempos de crise, os profetas do mundo anunciam os Últimos Dias..."

***

Está definido praticamente tudo sobre a campanha. Vou liberar qualquer reino para que seus personagens nasçam e tal. Mas exigirei um histórico mínimo com a escolha de um dos Arquétipos (visto numa DS ou no Guia do Viajante) ou algum outro bom motivo para ser herói aventureiro. Ser um motivo simples ajuda, vide o Esquadrão do Inferno. Seria bom ter no horizonte um aspecto melancólico ou desesperançoso, lembrando que estamos em "tempos difíceis". No histórico também deverá haver um motivo para que esteja em Luvian, Fortuna, onde será o início da aventura número 1.
Escolhi usar o sistema 4 de rolagem de dados, jogadas flutuantes: 4d6 seis vezes, re-rolando o menor número. Ex: numa rolagem tira-se 4, 5, 2 e 1. O jogador re-rola o 1 e tira 6. Seu número então será 15 e não 11 como foi no início.
Vocês serão personagens de nível 1 e permitirei o uso dos livros básicos, dos completos e os de Tormenta. Evitem apelações, para que eu evite aumentar o nível de desafio... Qualquer dúvida, falar nos coments.

sábado, 13 de junho de 2009

Contra-arsenal




Fala ae galera!

Pra alguns faz muito tempo... outros nem tanto... saudades de todos!
=)

Parem de me xingar suas bichas! Eu também quero voltar mas tá foda! E roubei o livro sim tá sendo usado como prancheta! =p hauhauhauhuahua

Mas o post não é para isso, é discutir um coisa séria: Com o lançamento de contra-arsenal, quem vai mestrar? E quem vai comprar, além de mim (rola dividir frete pela moonshadows) ?

bjs

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Crônicas Artonianas #36 - Uma masmorra de cada vez


Ilendar, Kuala-Lampur, sir Lothar, Edward e Tildror receberiam suas liberdades caso resolvessem um misterioso caso, um assunto de Estado de Tapista. Felizmente, após a descoberta que eram homens livres do Reinado escravizados ilegalmente, a missão agora valeria recompensas generosas. Um assunto de vergonha para Tapista, sendo delegado a aventureiros estrangeiros de raças inferiores...
Havia relatos de um culto à Tenebra (proibido em Tapista) em um templo, nos remotos Charcos de Possun. Havia, o que era mais grave, a possibilidade de haver um Senador envolvido nessa questão, o que seria muito catastrófico. Moreas, o líder da Guarda Pretoriana (responsável pela segurança do Princeps) pediu que se fosse confirmado o envolvimento do Senador, que ele fosse morto.
O grupo, então, atravessou de barco até a chegada ao charco e ao templo. Logo encontraram problemas com mortos-vivos e demoraram bastante para conseguir descer ao porão onde encontraram um portal sendo guardado por um Arbusto-Errante.
No segundo cenário, encontraram em meio a formações rochosas, um caminho bastante difícil de se atravessar, com um rio gelado embaixo para quem caísse. Os Desafiadores do Destino tiveram alguma dificuldade, ainda mais por conta de uma Bruxa Verde e seus skuns. Edward e Kuala-Lampur quase morreram, inclusive. Ao final, encontraram uma arca submersa alterada magicamente para não molhar. Havia muito ouro e frascos que pareciam ser poções. Depois encontraram uma caixa que, ao ser tocada, teleportou todos para o próximo cenário...
No terceiro cenário, os Desafiadores do Destino se depararam com situações inusitadas: vozes de conhecidos atraindo a todos para fora da caverna, ventos muito poderosos que atrapalhavam em algum grau a comunicação e um grupo de harpias prontas para hipnotizá-los com seus cantos. Era um desfiladeiro e o grupo deveria subir em pontes de pedras que eram tortuosas e pouco espaçosas. Sir Lothar Orselen quase morreu neste combate, juntamente com Kuala-Lampur que possuia sua força totalmente reduzida devido ao último encontro com a Bruxa Verde. Ilendar como apoio foi decisivo na cura e em suas magias. Tildror agiu como um bom combatente esguio. Edward utilizou mais seus poderes mágicos dessa forma, apesar de que seu Raio Ardente fracassou novamente... Após uma difícil batalha, os Desafiadores do Destino venceram e chegaram à caverna no final, no topo do desfiladeiro. Uma vez lá, viram uma mesa de mármore e uma corda presa ao teto que descia até a mesa. Ilendar puxou a corda pra baixo e todos foram teleportados para a última parte, o cenário final...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Aurora Carmesim - Prólogos, parte 12


Ano 633
- Quem for favorável à condenação dos três por seus atos hediondos e às punições propostas, por favor, cálices para baixo.
Khalmyr estava ressabiado, mesmo tentando transparecer calma e certeza, com alguma coisa além de sua compreensão. Conhecia o peso do que havia feito mas tudo fora apenas reação às atitudes dos três. Não havia crime algum nisso, era apenas justiça. Ou não?
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Antes

Ahenobarbo foi o primeiro a chegar.
"Escolha curiosa de local" pensou ele. Estava em uma planície amarela, com capim pela altura do joelho, árvores retorcidas e castigadas por um Azgher escaldante, insistente, coroando o céu. Após poucos minutos de contemplação uma palavra escapou de seus lábios: "Savana". Encontrara um nome que definia bem a paisagem. Bonita porém desoladora, viva e mortal. Esse era um dos seus principais talentos, nomear coisas, torná-las palpáveis e críveis. "Palavras tem poder" repetia Ahenobarbo.
Uma brisa marcou a chegada do segundo convidado. Throliansoleiyr Kashianharual, uma figura imponente e intrigante. Um elfo de idade algo avançada, de cabelos azuis longos e talhados de branco, trajando mantos esvoaçantes. Sua expressão era séria, mas remetia a algo jovial, curioso, quase infantil. "Olá velho amigo." cumprimentou o elfo com alegria genuína na voz. Possuía um forte sotaque élfico, denunciando sua pouca utilização do valar nos últimos anos.
Com algumas palavras, Ahenobarbo faz surgir quatro cadeiras no meio da paisagem. Quatro cadeiras, uma mesa redonda, uma cobertura rústica e comida e bebida geladas. "Tem coisas que nunca mudam" pensou Throliansoleiyr.
- Quanto mais esperaremos? - pergunta o elfo com seu sotaque fluido
- Acho que um pouco mais meu caro amigo. Se bem que a espera ficou bem mais agradável, você deve admitir. Suco? - estendendo um cálice simples e belo cheio ao elfo.
- Olá rapazes! - fez-se ouvir duas vozes ao longe.
Uma mulher alegre, alta e bela, trajando roupas leves adequadas ao clima. Ao seu lado caminhava apressadamente um halfling de expressão soturna metido trajes escuros. Uma dupla improvável.
- Giles! Eliza! - gritou Ahenobarbo animado - Enfim! Aproximem-se, temos bebidas refrescantes e boa comida.
- E muitas histórias! - devolveu Eliza
E eles se acomodaram e conversaram, alheios ao mundo, durante dias.
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Agora
Anoitecia na savana.
Sob a cobertura uma luz amarela tremeluzia. Centenas de velas dispostas ao redor da mesa, do pedestal, do carrinho de comida e bebida, flutuando. Os rostos já não mostravam a mesma luminosidade de antes. Sombras dançavam sobre as faces denunciando o momento derradeiro, a conclusão dos dias e dias de discussão.
- Já analisamos todas as variáveis e cenários possíveis - falou Giles - Todos os prós e contras de nossa associação. Já não podemos mais depender do populacho para ditar os rumos da história. Os acontecimentos recentes denunciam essa realidade. Nesse exato momente, o deus da justiça julga os envolvidos na revolta e suas punições prometem ser ainda mais severas que da última vez. Se eles podem manipular as mentes dos mortais através dos seus bastiões, podemos nos infiltrar nas redes de poder e ditar nossas regras. Decidir o que será, quando e como. Mortais ditando o rumo de mortais, trabalhando por uma Arton melhor.
- Mas nós não vivemos pra sempre Giles - disse Eliza - Não podemos ditar todas a regras. Como manteremos o sonho aceso? À exceção de Throlian, todos nós vivemos apenas uma centena de anos, talvez um pouco mais .
- Por isso Ahenobarbo está aqui pessoalmente - interviu Throlian - Ele tem algo pra compartilhar conosco.
- Descobri algo muito interessante senhores. Por isso compareci a essa pequena reunião, para avaliar suas propostas e julgar suas vontades. Entendo todas as posições e reconheço que o plano de Giles é útil e totalmente justificável. Por isso resolvi contribuir com minha pequena descoberta, tornando viável nossos anseios. Posso nos tornar eternos senhores. Realizar o desejo máximo de qualquer mortal, burlar a morte, rejeitá-la. Descobri algumas palavras de poder que podem fazer de qualquer ser vivente imortal.
- Maldição Barbo, por que não disse antes? - chiou Eliza
- Precisava julgar antes de oferecer Eliza. Mesmo sendo meus amigos e companheiros, é uma bênção e uma maldição de igual calibre. Precisava saber se eram dignos, se possuíam o que é necessário para existir para sempre. É um passo sem retorno. Ponderem e torno possível. A recusa não me ofenderá e manterei a mesma estima por vocês depois da resposta.
- Eu aceito - sibilou Giles
- Eu aceito - falou Throlian, decidido
- Eu aceito - disse Eliza
- Então que assim seja. A partir desse momento, esqueçam seus nomes e suas histórias. Existiremos além do tempo, intocados por sua mácula. Conduziremos a história como deve ser feito. Juntos.
E ergueram as taças num brinde infame, olhando cada um dos companheiros fundo nos olhos. Inspiraram e falaram ao mesmo tempo:
- Movemos a história- um gole
- Mudamos conceitos - um gole
- Moldamos verdades - um gole
- Melhor, maior, eterno - um gole
- Somos quatro, vindo de quatro direções distintas, com quatro caminhos diferentes. Interligados por algo maior, unidos através do infinito. Quatro pás nos moinhos, quatro estações do ano, quatro fases de Luna, quatro membros em um corpo, quatro direções primordiais. Somos quatro, uma cruz. Por Arton.
- À Cruz. - esvaziaram as taças.
E Ahenobarbo começou seu ritual, rumo à eternidade.
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Ao mesmo tempo
A extensa mesa vazia trazia certa desolação ao ambiente. Todas as dezessete taças viradas para baixo. Era unânime. Todo o Panteão concordara em punir os revoltosos, da maneira que fora proposta. Valkaria transformada em pedra, Tillian sem poderes, Kallyadranoch destruído.
Khalmyr tocou o cabo de Rhumann e sopesou seu fardo. Justiça. Única, imutável, implacável.
Afiou o olhar e caminhou, rumo ao futuro.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Aurora Carmesim - Prólogos, parte 11


Ano 633

Martelando, seu coração o acorda e sua respiração sai em grandes austos. Ele sua, por mais improvável que isso pareça. Isso lhe nunca ocorrera em seus 3200 anos de vida.
Caminhou por seu covil com a mente trabalhando a mil. O que era esse chamado que ainda reverberava fundo em sua alma? Quem o fizera? Havia uma guerra lá fora e ele não estava interessado em participar. Ele já havia recusado o chamado de seu deus, quem ousaria convocá-lo novamente?
Reverteu à forma humanóide com uma pensamento e atravessou uma porta esculpida numa das paredes. Runas povoavam toda a superfície da entrada e emitiram um brilho torpe assim que a porta se fechou por completo.

Gaasyendiethabrasax sempre maravilhava-se ao entrar, esse era um lugar de poder que existia muito antes de seu pai caminhar por Arton. Todo o local rescendia a algo antigo, muito mais atingo do que ele próprio puderia imaginar. Caminhou até o centro da caverna fitando o chão coberto de inscrições arcanas, formando os mais diversos desenhos. Um círculo maior, logo após um quadrado, um triângulo e no centro exato da sala - e dos desenhos - um outro círculo, com um trono, um altar e uma pequena tina sobre ele. Instintivamente sabia o que fazer antes mesmo de lembrar o que seria feito. A magia ancestral pulsava em seu sangue e conduzia seus passos, desenhando nos recôndidos de sua mente as palavras e gestos que abririam a porta.

Ao sentar-se foi arrebatado por um sentimento pesado, intenso, malévolo. A dor da derrota, a fúria de ser enganado, a frustração pelo fim do jogo. "Ele perdeu." - escapou de seus lábios antes mesmo que pudesse atentar. Não sabia que tipo de punição seu deus e os outros incorreriam mas seu pai contava histórias de morte e chacina, desolação e medo por transgredir a lei divina. Era hora de apressar-se e saber o que clamava seu nome tão intensamente, quem necessitava tanto de sua presença.
Sentou-se no trono e esticou o punho sobre a tina, rasgando a frágil pele com sua unha afiada. O líquido vermelho fluiu espesso, carregando o peso de anos para dentro daquele receptáculo. Guturalmente, sons fluiam de sua boca enquanto o sangue era derramado e a cada momento, em cada respiração, uma runa se acendia concedendo à sala um brilho rubro, fantasmagórico, medonho.

O sangramento cessara com a mesma facilidade de um arranhão e seus dedos já passeavam pela superfície do líquido precioso. Traçando desenhos, letras, runas, calmamente liberando o poder dentro de si. Os olhos chamejaram de ira e seu pecado o conduziu até o fim do ritual. Gritou em desafio, pintou-se para guerra, rugiu ameaças, liberou seu demônio mais detestável e vociferou as palavras finais: "Ejas rebaot o rtoaop, euq emu guneas nopserda oa achmaod!".
E seu sangue respondeu.
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Eram nove.
Cada um representando seu clã, sua linhagem sangüínea, aguardando o último convocado. Estavam reunidos em um local além do tempo, além da realidade, forjado pela vontade deles especialmente para o encontro. Em comum, apenas a rejeição ao chamado de Kallyadranoch para sua guerra patética. Numa reunão infame, azul, verde, negro, branco, marinho, dourado, prateado, cúprico e oricalco punham de lado vontades conflitantes para, enfim, negociar.

Gaast atendera por último e sua chegada marcava o início dos debates. O vermelho caminhou até o círculo incompleto e ocupou seu lugar instintivamente. Todos empoleirados no mesmo nível e à mesma distância, indicando que eram iguais naquele lugar. Não eram os mais poderosos de suas linhagens porém foram os mais antigos a rejeitar o chamado de deus. Toda a raça marchara para a guerra ao lado dos revoltosos e apenas uns poucos mantiveram seu rancor antigo contra os deuses de lado. Esses sobreviveriam. Esses erigiriam novas regras e leis. Esses não estavam aqui.

Os dez répteis competiam até mesmo pelo privilégio da primeira palavra. Nenhum deles se daria ao luxo de fraquejar diante dos irmãos, nenhum deles seria fraco de admitir que não sabia o motivo de terem sido chamados aqui.

Se adiantando, um grande azul chamado Xiucoahtl tomou a palavra para escárnio geral e bradou: "Eu os convoquei aqui, meus inglórios irmãos. Tenho um acordo e uma proposta além de uma informação e um pedido. Quem quiser ouvir que fique."
O som das outras nove vozes preencheu o ambiente como uma onda enquanto Xiucoahtl permanecia impassível como uma rocha, ereto no meio do círculo. Lentamente as vozes começaram a morrer e todos continuaram onde estavam - a idade trouxe sabedoria mas a curiosidade ainda era forte naqueles seres.

- Eu vim a vocês como ancião de minha linhagem. Vôo por Arton a mais de cinco mil anos e o que vislumbro agora me deixa perplexo. Existem histórias entre sobre a última rebelião de Kallyadranoch. O que resultou dessa ameaça foi destruição, sangue e infâmia. Os humanóides e seus deuses nos taxaram de monstros e viramos troféus, meros reservatórios de fama, glória, ouro, jóias e itens que colecionamos com tanto apreço. Eles influenciam os bípedes e eles nos tornam caça. Mesmo os que descendem de nós, os que possuem nosso sangue correndo em suas veias, muitas vezes se voltam contra nós apenas por fama e glória.

- Mas agora vai ser diferente. Kallyadranoch vai tomar o panteão e seremos tratados com a velha reverência que merecemos. Subjugaremos novamente Arton - adiantou-se Herensuge, o verde. Ele não possuía um dos olhos e seu torso era entrecortado de cicatrizes do lado direito.

- Para vocês, meu primeiro presente: informação. Nosso deus falhou em seu golpe final. Fora enganado pelo panteão, subjugado em batalha e derrotado. Sua punição ainda me é desconhecida porém, conhecendo o modus operandi do panteão, todos sofreremos.

- Não é possível, Kallyadranoch possui o poder! - esbravejou um exaltado Ehecatladon, o marinho.

- Sim, mas nem tudo é poder. Nem tudo se resolve pela força e pela vontade. - disse o azul, talhando um sorriso na face do negro - Todos vocês são os mais antigos de sua linhagem agora, à excessão dos reis. Seus pais e mães pereceram ou perecerão em breve nas mãos dos deuses e seus devotos. Os que atenderam ao chamado serão exterminados caso não tenham poder para fugir a tempo. Agora deixo aqui meu pedido: Não atendam ao chamado por ajuda. Eles merecem morrer caso se mostrem fracos. O que tenho a lhes oferecer os tornará maiores e melhores. Superiores entre os dragões.

- Não podemos deixar nossos irmãos à mercê dos bípedes e seus guerreiros. Somos uma raça, antes de tudo! - chamejou Jörmungandr, o branco, olhando todos nos olhos ofídios. Ninguém desviou o olhar mas ninguém fez menção de concordar.

- Para sobreviver teremos que nos mostrar superiores até mesmo aos nossos pares. Vocês foram considerados dignos por mim para conhecer o segredo. Não me desapontem.

Caminhando ao redor do círculo ele quase pôde tocar a selvageria, a determinação, a ambição presente ali. Predadores acima de tudo, essa era a realidade. Ofereça uma vantagem e eles farão de tudo para conseguí-la. Assim vamos dominar Arton, ter sucesso onde um deus falhou.
Completando a volta ele retornou a seu lugar na formação, empertigando-se ao máximo.

- Agora vem a proposta senhores, seguida do acordo.

O silêncio era opressor. Apenas as respirações entrecortadas dos grandes predadores se fazia presente. Toda a atenção estava voltada ao azul.

- Em minhas pesquisas esbarrei com partes de um ritual antigo, cuja origem remete a tempos imemoriais e a criaturas divinas. Passei dois mil anos coletando partes e pistas, deduzindo e experimentando, montando o quebra-cabeças colossal que foi colocado em meu caminho pela sorte. Tal ritual permitia a uma criatura, desde que abrisse mão de seu potencial mágico inato, influenciar, controlar, imbuir e rastrear qualquer criatura vivente, nesse plano e em qualquer outro. Permitia ainda estender esse controle às criaturas posteriormente dominadas pelas marionetes inciais, criando uma rede de poder invisísel e gigantesca.

- O que nos garante que você não está utilizando-se desse "poder" agora mesmo, nos dominando sem que saibamos? - sibilou finalmente Lonagendraweic, o negro.

- Por que, por mais irônico que pareça, eu preciso de vocês para o ritual inicial. Ele vem do poder do sangue e, sendo realizado por criaturas divinas apenas, não possuo o poder necessário para fazê-lo. Mas nós dez, juntos, poderemos.

Novamente a sala é soterrada por ameaças e indagações. "Mentes medíocres" pensa o azul, "Não vislumbram a beleza da situação. Pelo visto, terei de destrinchar todo o plano à minha maneira, para que eles engulam."

- Calem-se! - brada novamente o azul, conseguindo silêncio - Agora trago a vocês a proposta. Realizaremos o ritual, unidos como um, e conseguiremos esse poder. Teremos que abrir mão da magia no sangue, mas não da capacidade mágica real, para termos sucesso. Ensinarei a vocês o segredo e vocês realizarão mais e mais rituais, trazendo outros para a mesma condição, impondo o controle a mais e mais dragões.

Chamas espalharam-se por olhos e sorrisos. Poder. A roda que move a vida, a história. Eles teriam mais e mais, a cada dia.

- Mas antes da resposta à minha proposta, preciso que seja feito o acordo. Desejo que sejam impostas leis imutáveis e inquebráveis que rejam a conduta dos conhecedores do segredo. Proponho a vocês que seja como um jogo. Uma disputa de influências, acordos, barganhas e movimentos. Eu conheço cada um de vocês e vocês conhecem-se uns aos outros. A lei impediria que atraiçoássemos nossos pares e nos manteria vivos para o prêmio final. Arton.

Ele conhecia cada índole presente naquele espaço. Já havia iniciado o ritual e eles nem sequer se davam conta disso. Eles discutiriam, aprovariam e rejeitariam regras, prêmios e punições e no fim, listariam "A Lei". Concordariam até que fosse realizado o ritual em si, e depois trairiam suas próprias palavras, pela chance de matar seu semelhante e concorrente. Mas, ao concordar em uníssono, aceitariam a lei perante o ritual e estariam selando o início do Grande Jogo.
Um sorriso escapou dos lábios do azul e logo ele entrou na discussão que inciara-se e levaria dias.
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- Eu concordo! - reverberaram todas as vozes em uníssono.

- Então temos um acordo irmãos, podemos inciar a transformação, a evolução.

E eles começaram o ritual, seguindo as instruções de Xiucoahtl. Todos reverteram à forma embrionária e todos renasceram, tão velhos quanto antes porém melhores do que nunca.
Ao notar a expressão feroz nos olhos dos irmãos Xiucoahtl sibilou, audível a todos:

- Vocês notaram que o laço que nos une, que a Lei que nos rege é inquebrável. O ritual já havia se inciado nas discussões prévias e quando todos concordaram, a Lei fora estabelecida. Conheço vocês tão bem quanto a mim próprio, não permitiria nunca ser traído. Agora todos fazemos parte de algo maior e sabemos qual é o prêmio final. Adeus a todos, espero tê-los sob meu controle logo. - um sorriso selvagem tomou conta de sua face - Que os jogos começem...

E Xiucoahtl sumiu, seguido por todos um átimo de segundo depois.
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Gaast estava outra vez em seu covil e se sentia diferente, esgotado. Perdera algo precioso, o preço pelos seus recém-adquiridos dons, mas ainda era capaz aprender, de ser melhor. Vasculhou sua extensa biblioteca em busca de uma seção específica e depois de alguns minutos, a encontrou. Lá estavam eles, relíquias de conquistas antigas, tesouros inomináveis que trariam mais algumas ferramentas a seu leque de possibilidades.

Sacou duas dezenas de livros da estante dispondo-os em três pilhas distintas. Apanhou o primeiro livro, grande como uma mesa, grosso feito um cachorro, e o abriu. No escuro, as letras douradas de caligrafia rebuscada ficaram visíveis apenas por um instante, revelando o título do livro: "Fundamentos da Magia Élfica".

E Gaast leu e aprendeu. Por décadas.