segunda-feira, 30 de junho de 2008

O que jogar antes do EIRPG


Agora pouco, Dudu e eu confirmamos nossa presença no XVI EIRPG e, por conta da condição de Dudu - que só poderia ir se fosse ficar mais de um dia- não haverá jogo domingo depois do Encontro.

Tendo esse fato em mente, com a chegada de Daniel, prevista para terça (?), a folga proeminente de R-E-N-A-T-O na quarta e a não-aula de Dudu no mesmo dia (além, claro, de minhas férias de 37 dias), poderíamos jogar alguma cousa dia 2. Como Marins envolvo em seu retiro espiritual acadêmico com provas, elimina-se os seguintes jogos: Tormenta de Marins (dã), Tormenta de R-E-N-A-T-O, Crônicas Artonianas 1403, Mundo das Trevas. Acredito, porém não confirmo, que X-Men também seja inviável com a falta de Pietro, personagem quase que central nesta nova trama (que aliás, achei fantástica com a troca dos corpos). O Mundo Épico de Tormenta também está incluso nesta lista, porque infelizmente não tenho saco para mestrar o dia inteiro essa condenda que está muito fora do meu gosto ou capacidade...

Eis que então, R-E-N-A-T-O me diz que Daniel havia sugerido de usarmos a quarta para conversarmos sobre o Mundo Novo e ir vendo fichas, criando personagens, dando seqüência no projeto e jogar durante a tarde, talvez. Acho bem válida a idéia.

O que acham, amiguinhos? :D

sexta-feira, 27 de junho de 2008

X-Men Chronicles - Episódio IX


Ajuda.
Em algum lugar a anos-luz da Terra, ele acorda. O pedido de ajuda tão desesperado, tão forte, ainda ecoa em seus ouvidos, em sua mente. Olhando um ambiente tão alienígena ao seu redor ele se pergunta o que faz aqui. Por que está tão longe de casa, da família, de seus filhos, os X-Men? Sentando-se na cama ele se lembra. Olhando para aquela mulher linda, vem a sua mente o motivo das maiores burrices, acertos e erros da civilização. Amor. Seu amor estava ali, longe de tudo e todos em um lugar alienígena, em uma cultura alienígena. Concentrou-se e o universo coube em sua mente. Todos os seres vivos ao alcance de seu sussurro, todas as mentes abertas como um livro. Seus filhos precisavam de ajuda.
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Com o mundo desvanecendo ao seu redor, eles se entreolham. Os três. Juntos até no fim. O desespero invade a face dos outros, o sentimento de perda aumenta a cada instante, perda da vida, dos sonhos, de tudo. Ao mesmo tempo eles olham para Pietro. Mudados, mutados, regressos à antiga forma, sua forma. “Como?” escapa da boca de Sean.
Rápido, William explica o que todos sentem: “Ela cortou nossos fios prateados, nossas ligações com o mundo físico. A paisagem está desaparecendo por que sua criadora já foi embora. A cada instante, nossas consciências se perdem, rumo ao limbo. Podemos viver nesse estado, ao menos alguns de nós. Dificilmente alguém sem poderes psíquicos pode resistir à viagem. Sinto muito.”
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“Acalme-se Pietro”. A voz de Xavier soa como o hino dos anjos aos ouvidos de Pietro. Seu mundo se distorce, clareia, embranquece. À sua frente, Xavier, sentado em uma cadeira idêntica à do seu escritório. Ele próprio, sentado.
“O que houve Pietro?” antes mesmo de abrir a boca, Xavier diz: “Entendi, uma situação inusitada, porém não totalmente inescapável. É possível revertê-la. Um homem só irá te salvar” Os olhos de Pietro encheram-se de lágrimas, mesmo sabendo que não estava mesmo ali, nem sequer eram lágrimas que chorava. Nem mesmo chorava.
“Quem? Como?” esbafore-se Pietro.
“Esse homem é você.” Dispara Xavier.
Atônito, ele se pergunta se o homem perdeu a sanidade. Como poderia ser ele capaz de realizar algo assim? Nunca foi de grande utilidade para a equipe, seus poderes nunca foram vantajosos ou promissores. Não era capaz. Nunca foi.
“Não é nada de divino, nem sobrenatural. È dar um passo à frente, confiar. Fazer diferente, enfrentar a escuridão. Não vai ser fácil” afirma um sério Xavier, olhando no fundo da alma de Pietro.
“Quantos mais vão morrer Pietro? Seus amigos dependem de você, a equipe depende de você. A resposta está mais próxima do que você imagina. Destrua essas barreiras, apenas você limita seus feitos. O poder que foi feito pra destruir também pode consertar. Você pode ser o que quiser. Não vai ser fácil.”
Afinal, ele entende. Sua vida passa diante de seus olhos, em sua mente. Tudo que foi feito, tudo que foi conseguido, decidido, sem sua opinião, sem sua contribuição. Sua vida antes de entrar para a equipe, antes de lutar com eles e por eles, por algo maior. Nada. Apenas humano, fraco, débil e impotente, um nada, até evoluir. Esqueceu-se e agora lembrou. Lembrou-se de que não é mais só um homem, não mais um homem só. Não é mais apenas ele. Tudo está conectado a ele e por ele, tudo será feito com ele e para ele.
“Não vai ser fácil” sussurra Xavier.
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“Mas nunca foi” responde Pietro, se dando conta de que nunca saíra da presença de seus amigos.
“Todos juntos, à minha volta. Vamos embora para casa, pro lar. Hora do troco.” diz Pietro.
Todos se juntam em volta dele, um círculo de seis em volta de um. Confiante Pietro se concentra. Concentra-se em coisas e pessoas, lugares e maneiras, poderes e personalidades. “Vamos voltar. Posso fazer. Por eles, por mim, por nós.” pensa Pietro. “Concentrem-se em si mesmos, lembrem-se de tudo, desejem tudo”
Um clarão prateado encheu a débil paisagem. Seis raios de pura prata saíram em diferentes direções, um raio espiralado subiu aos céus. Todos sentiram, quase ao mesmo tempo, os sons, os cheiros, as luzes. Voltavam a seus corpos graças a ele. Ao elo fraco mutado em aro forte. Aro que os une, os salva, os dá outra chance de voltar para casa.
De novo.
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Ao abrir os olhos Brian espera que o sol da Califórnia brilhe iluminando sua visão, aquecendo seu rosto. O que vê o paralisa. Westchester, chuva, Sean e James parados a sua frente. “Como vim parar aqui?” pensa ele. Olhando em volta se atém olhando para uma poça d’água. Mesmo antes de ver, ele sente. No reflexo, um rosto que não é o seu. Um rosto astuto, sagaz. Aproxima-se. Seu amigo William. Ele não acredita, mas os movimentos comprovam. Mãos que não são suas, braços diferentes dos seus.
“O que houve comigooooo?” brada em desespero.
Um trovão estremece a terra e incendeia o céu.
Muito longe dali, outros gritam a mesma frase.

Oração do RPGista


"Mestre nosso que estais no escudo
Santificado sejam vossos dados
Venha a nós a vossa aventura
E seja feita a vossa campanha.
Assim em Arton como em Greyhawk
Os XP de cada dia nos dai hoje
Perdoai as nossas idiotices
Assim como nós perdoamos a quem nos inflige dano
E não nos deixei morrer o personagem,
mas livrai-nos da falha crítica.
Amém."

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Diário de Campanha - Parte 10

Momento de reflexão. Por que fugir? Vamos ficar e lutar. E assim foi feito. Lutaram e venceram o grupo do mal. Venceram um, e foi suficiente. Os demais fugiram antes que fosse tarde.
Depois a negociação. Almas poderosas pela informação do bastão. Vale a pena? Resolvido que não, porém iriam buscar as almas. Pelo que deram a entender fariam duas ações boas de uma vez. Salvariam o Protetorado e ainda não cederiam às chantagens do demônio. Logo ficariam sem a informação. (Será?) Passaram pelo portal e o horror vermelho estava lá. A Tormenta. Protegidos por magia teriam pouco tempo. Portais dimensionais ajudaram a minimizar distâncias. Névoas enlouquecedoras, florestas maculadas. Natureza morta. Rios caudalosos de matéria vermelha líquida. Cidade da tormenta. Na verdade uma vila. Uma paródia da realidade. Postes com cabeças protetoras. Tudo estava perdido. A última luta com as criaturas da Tormenta tinham minado o poderio do grupo. Valkaria ajudou. Tanna-toh também. Almas resgatadas após uma série de batalhas e ajuda dos deuses e de um bárbaro solitário que foi trazido de volta a sanidade.
Todos estão voltando a Azkaban. Que resultados tudo isso dará?

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Enquanto isso em Arton...


Arton, ano 950, Lamnor, Planície de Yughart.

O verde da grama estava tingido de vermelho. Corpos e mais corpos de soldados anônimos estavam estirados ao chão. Renngard caminhou sobre os corpos não se preocupando de desviar deles. A guerra tinha chegado ao fim e estava ganha. Em certo momento ele parou e olhou para um cadáver em particular, um que por anos tinha sido o objeto de seu desejo de vingança. Lá estava ele, Corullan VI, caído de bruços. Sua outrora impecável armadura estava perfurada em vários pontos e cortada pela lâmina de espadas em outras. Sua grande espada bastarda cravejada com esmeraldas e magificada pelos mais poderosos magos do reino jazia ao seu lado. Renngard abaixou-se e pegou a espada – ele vencera. Corullan o traidor estava morto, ele fora vencido.
No horizonte Renngard observou um cavalariço trazer seu cavalo, um corcel negro de porte imponente. Ele montou no majestoso animal e seguiu em direção aos seus novos reinos que a vitória na guerra lhe presenteara.


***



Renngard adentrou o grande palácio de Cobar. O povo da capital estava apreensivo. Sabia que o novo governante faria um anúncio. O que seria? Qual seriam as notícias? Seriam elas boas ou ruins?
Eram ruins.
- Povo de Cobar. Eu Renngard, estou aqui para anunciar a pena que seu reino receberá pela traição de seus governantes. Todos vocês, sem exceção, estão condenados ao exílio. Serão encaminhados pelo exército de Solavar até o istmo de Hangpharstytha em Arton-Norte e abandonados à própria sorte e jamais poderão voltar.
O povo reagiu. Gritou, protestou, porém eram só camponeses e comerciantes. Em poucas horas os soldados fizeram com que todos pegassem os pertences que podiam carregar e abandonassem a cidade. Como sentenciado pelo novo imperador, o povo evacuou, sobre a escolta dos soldados, o reino.
Renngard marchou em direção à sala do trono. Vassalos abriram as imensas portas do cômodo onde encontrava-se o trono de Wynallan I. Renngard caminhou em direção ao trono.
“Aqui começo meu império.” Disse ele após sentar-se. “Ninguém, em qualquer época, tomará estas terras de mim. Nunca mais.”
Preparou-se durante meses até que todo o ritual estivesse completo. Guardou o resultado na mesma sala que um dia pertencera ao Rei de Cobar. E por ali ficou, até os dias de hoje.



Arton, ano 1402, Lamnor, Interior da Floresta da Claricea Vermelha.


O último evento atrasara em pelo menos dois dias a viagem dos aventureiros. O dragão que se fez passar por guia, levou-os a uma área distante do real caminho que deveriam seguir, fazendo com que tivessem que retornar praticamente todo o caminho que fizeram.
Retornar tudo não era o pior. O sentimento de culpa que todos tinham em si pelo fato de terem sido enganados isso sim era ruim, e a perda de Elina doía a cada vez que paravam para descansar e olhavam para o corpo enrolado em panos brancos providenciados por Patrick.
Cinco dias se passaram com poucos contratempos na floresta até que se visualizassem os primeiros sinais do reino abandonado de Cobar. Lylê seguia guiando o grupo e tinha se mostrado melhor do que ele próprio imaginara. Pequenas casas de pedra surgiam aos poucos na paisagem hoje tomadas pela floresta, mas o objetivo principal era o palácio real.
O palácio real de Cobar era conhecido pelas suas majestosas torres e suas lindas janelas de vidro. Hoje, Allihanna ficaria envaidecida do que a natureza fizera com o reino de Cobar. Azgher estava quase se pondo quando os heróis cruzaram os muros da cidade. Árvores tomavam conta de tudo. Musgo cobriam as paredes, as altas torres não resistiram à guerra e ao tempo. Todas estavam caídas e em ruínas. Os fracos raios de luz que Azgher produzia àquela hora do final de tarde, tornavam a visão de todos mais magnífica. Tudo o que poderiam encontrar ali deixou os corações dos aventureiros mais aquecidos. A história do lugar, o passado que ali continha e as possibilidades de novas descobertas fez com que todos parassem antes de uma bela ponte que resistira ao passar dos anos. Todos estavam bestificados com a visão e pararam um pouco para admirar a vista. Os panos brancos começaram a se mover. E Elina disse: “Perdi alguma coisa?”
Todos sorriram.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

X-Men Chronicles - Episódio VIII


Mãos.
Em outras mãos, poder. O poder divino sobre a vida, ou morte. Sua morte. Parada ali, na sala em sua frente sua captora – corruptora? – Isabelle. Longos minutos atrás – horas? – ela começara uma tortura que jamais havia passado pela cabeça de Pietro. Separado de seu corpo (podia mesmo fazer isso?) via projeção astral via tudo transcorrer ali, na sua frente.
Mas isso vai mudar, e mudar agora. Fechara um elo mental com todos os seus companheiros, X-Men. Mostrara tudo o que acontecia, onde acontecia, mas faltava algo crucial. Por quê? Por que ele? Porque agora? Não mais interessava. Alguém viria, alguém chegaria até ele e o salvaria. Alguém sempre o ajudava.
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Calmamente, Isabelle chega a mesa mais pra perto da casca de Pietro. Estava excitada, definitivamente. Finalmente tinha a chance de usar tudo que sabia, toda extensão de seu poder. O primeiro golpe finalmente começara. Ouvira Eliazar neste instante, as suaves palavras saindo de sua boca. Estranho, ele sempre usava o mesmo tom, o mesmo italiano sem sotaque algum, a mesma falta de emoção. Nunca se perguntara quantos idiomas ele falava, mas sabia que eram muitos. Mesmo. Mais de vinte. E fluentemente. Mas agora não era hora de pensar nisso, sua cena acabara de começar. Seu ato derradeiro. Destroçar a Equipe Azul através de seu elo mais fraco.
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Pietro se perguntara o que ela iria fazer. Porque chegar mais perto. Esta é umas das respostas que ele estremece até hoje ao lembrar. Tocando seu crânio ensangüentado com ambas as mãos, ela aproxima a fronte da sua. Seus olhos se fecham e a mágica acontece. Abrem-se as portas do pesadelo.
Escuridão. Fosca e fria.
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Em todos os lugares corpos caem no chão. Westchester, Central Park, Califórnia. Os X-Men caem por terra.
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Um campo verde. Verde e cinza. Uma forte neblina permeava todo o ambiente. Uma árvore muito viva completava o quadro. A única coisa que destoava deste ambiente plácido era a presença deles. Os Sete. A equipe azul.
Um homem, trajando vestes negras e com longas lâminas mescladas a suas mãos foi o primeiro a se levantar. William olhou em volta estranhando a paisagem, estranhando a viagem. Onde estava? Olhando em volta via seis indivíduos que desconhecia. A sua única semelhança estava no fato de terem cordames prateados saindo de seus corpos em direção à neblina. Olhou pra si e percebeu que o mesmo acontecia com ele. Onde estava?
Culpa. Sonhos ruins. Remorso. A mente de John martelava tudo isso pouco antes dele acordar. Abriu os olhos e percebeu não estar mais em Hell’s Kitchen. Trouxe o mundo pra dentro de si e assustou-se, nenhum cheiro, nenhum som, nada. Estar em um campo devia trazer-lhe cheiro de mato, de bicho. Sons da grama, insetos, pássaros. Mas nada. Nem sequer sua respiração. Onde estava? Levantou-se e viu uma figura estranha. Trajando preto dos pés à cabeça com longas lâminas nos antebraços. Outras cinco figuras circundavam uma árvore a muito morta. Olhou-se e viu algo ainda mais estranho. Braços escamosos, rubros. Garras, patas. Passou uma delas pela face e sentiu algo não apenas humano. Meio dragão meio gente. Moveu as asas, farfalhando. O homem se virou, outros se mexeram. Mas havia algo mais, brilhante, atraente, chamativo. Extensos cordões de prata.
Um a um as figuras se levantam. Uma criança com uma bola. Um homem de fogo. Um homem pequeno e incompleto com um escudo muito grande, apenas algumas partes visíveis. Uma marionete, um homem marionete. Uma criança de vidro.
Olhando em volta todos percebem. Lugar nenhum. Nada ou ninguém está por perto. Apenas eles e a árvore. Diferentes sim, mas ainda eles. Os X-Men.
Receosos eles se aproximam da árvore quase em um movimento único, coreografado. De súbito algo emerge. Grande, blindado, poderoso. Um rosto de mulher visível por trás de toda aquela blindagem. Isabelle.
Três dos homens recuam, quatro permanecem. O homem de fogo. O homem do escudo. O homem de negro. O homem-marionete.
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Pietro força os olhos. Ela está lá. “Por quê? Como ela conseguiu aquela armadura? O que estavam fazendo ali todas aquelas pessoas? Quem eram?” Numa fração de momento ele entende. Aqueles eram os X-Men. Seus amigos.
De súbito, ele recebe o impacto. Memórias. O homem de fogo o olhara. Mil visões o invadem, cheiros, sensações. Netuno. Lutando, ferindo, matando, morrendo. Mas algo o tira da viagem. Alguém.
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Em vantagem de terreno e condições a mulher blindada ataca. Primeiro o homem-marionete.
Sean não tem chance sequer de reagir. A mulher se move rápido apesar de seu tamanho e ataca algo além de seu corpo frágil. Ele tenta, mas é por demais lento pra impedir. Um golpe certeiro rompe seu cordão prateado. Imediata e lentamente ele começa a desvanecer. Sem proferir uma palavra ela avança sobre os outros. Uma luta desigual irrompe. Os ataques seriam de mais valia caso a armadura fosse mais frágil ou a sua linha prateada fosse de fato uma linha. Corrente. Grossa e rija.
O ninja e o meio-homem são os que melhor lutam. Pietro os identifica finalmente. William e James. Por isso lutam melhor, seus poderes são de origem mental. Logo o menino com a bola ataca. Displicentemente, sem qualquer estratégia. “Kevin” ele pensa.
Apesar da origem mental, seus ataques não surtem efeito. E logo ele é derrotado, assim como os outros. Por último, a mulher parte pra cima dele. O homem de vidro. Frágil, quebradiço, inofensivo. E o liquida.
Calmamente ela volta para a árvore. Ele e seus amigos desvanecem rumo ao limbo. Existências em perigo. Futuro lentamente negado.
“Alguém me ajude!” É o grito ouvido em uníssono, de lugar nenhum.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Enquanto isso em Arton...


Arton, ano 1402, Lamnor, Interior da Floresta da Claricea Vermelha.

O calor aumentava à medida que se embrenhavam na floresta. O ar era úmido e quente. Respirar era difícil naquele lugar. O cansaço, mas não esmoreciam em sua busca. Kathleen parecia conhecer bem os caminhos daquela floresta, o que era excelente para todos já que tinham pouca experiência em caminhar em florestas. Para a maioria o verde constante e as árvores muito próximas faziam com o caminho se tornasse um imenso labirinto. Os encontros com animais selvagens também se tornaram mais simples. Eles podiam agora simplesmente ignorar a presença deles usando a experiência de Kathleen que tinha bom manejo com criaturas silvestres.
Dois dias se passaram e a expedição tornara-se mais veloz do que previam. Todos comemoravam a presença de Kathleen.
Todos, exceto Lylê.
Ao amanhecer do terceiro dia, Lylê escreveu com sua letra miúda num retalho de pergaminho “Verifique, por favor, a verdade nas palavras de Kathleen, já fui traído uma vez, e hoje conheço um traidor à distância”, e entregou a Patrick. Ele recebeu e leu. O sorriso costumeiro em seu rosto sumiu e ele retribuiu um olhar de preocupação a Lylê. Patrick retirou de sua bandoleira um pequeno pote e nele adicionou gordura, açafrão e pó de cogumelo, misturando tudo, fez um ungüento. Patrick pediu, “Marah, minha mãe e deusa da paz, revele-me aqueles que desejam a guerra através da traição”. Nisso Lylê viu no rosto de Patrick que ele estava certo. Patrick viu a verdade. Kathleen era na verdade um dragão verde.
Como era cedo e todos estavam terminando seu desjejum, Patrick aproximou-se de Elina, e sussurrou em seu ouvido a verdade. Elina recuou. Assentiu para Patrick. Ele voltou a ficar perto de Lylê. Elina aproximou-se de Thorin tocou em sou ombro e pediu “Glorioso Thyatis, dê-lhe a coragem de um leão”.
Elina deu dois passos para trás e disse “Kathleen, revele sua verdadeira forma para todos e diga suas verdadeiras intenções, assim será poupada”.
O que se viu depois disso, aconteceu em frações de segundos, Kathleen levantou, soltou uma gargalhada e transformou-se em um dragão verde, que parecia muito antigo. Era imenso. O medo tomou conta dos corações de Thomas e Lylê. Aquela criatura era muito poderosa para eles, a simples imagem de tamanho poder, tamanha imponência, os fazia temer por suas vidas. Protegeram-se como puderam, mas o dragão respirou fundo e soprou. Um jato de ácido saiu de sua bocarra. Os aventureiros sentiram sua pele descolar dos ossos. O ácido corroia tudo, pele, cabelos, unhas, armaduras.
Os paladinos não podiam sentir medo. Elina gozava da coragem dada por seu deus. Ela investiu clamando pelo poder de Thyatis. A espada bastarda de Elina rasgou o couro duro e escamoso do dragão. Thorin, protegido pela bênção que Elina previu não sentiu medo, muito pelo contrário, sentiu seu sangue virar fogo. A coragem tomou conta dele e ele correu em direção do dragão golpeando-o com seu martelo que congelou o couro dele ao tocar suas escamas, mas o dragão não deixou barato, durante a corrida de Thorin, suas garras acertaram o anão rasgando sua carne fazendo o sangue jorrar em quantidade abundante. Patrick pediu a Marah por mais bênçãos e Thomas e Lylê pararam de correr desesperados. Nisso Jezz correu e deu um potente chute do dragão acertando seu flanco, mais uma vez o dragão cravou suas garras em quem se aproximou dele, fazendo com que mais sangue tingisse o chão de vermelho. Thomas disse palavras arcanas e uma imensa bola de fogo explodiu no dragão. O dragão rugiu de dor. Lylê acertou uma flecha de besta no olho do dragão deixando-o cego. O dragão parecia furioso, rugia e atacava. Elina recebeu uma mordida no ombro que quase lhe arrancara o braço. Garras acertaram Thorin e Jezz. Elina acertou mais dois golpes, Thorin também mais dois com muita força. Thomas conjurou mais uma vez um cone glacial fazendo com que uma nevasca saísse de suas mãos. Patrick adiantou-se para curar Jezz que sangrava muito devido aos últimos ataques com suas garras. O dragão mordeu Elina. Ela viu tudo ficar preto. Sentiu as chamas de Thyatis levarem-na. Thorin atacou mais uma vez, mais um potente golpe com o martelo congelante. Lylê e Jezz em seguida. Thomas viu o ódio surgir em seu coração quando Elina tombou. Ele queria matar, ele queria o fim daquele dragão. Ele queria vingança. Palavras mágicas foram pronunciadas novamente. Um raio verde saiu da ponta do seu dedo indicador direito. O dragão tentou resistir a magia, mas não conseguiu. Sua carne começou a desaparecer. Tudo começou a desaparecer, ele virara pó. Desintegrado. Um dragão que não pesara menos que oitocentos quilos desapareceu no ar, não deixando mais pó do que caberia num dedal.
Mas Elina não estava mais entre eles. Patrick aproximou-se, estudou o estado dela. Mas não havia nada que ele pudesse fazer naquele momento. Thomas sentou-se numa pedra e chorou. Todos sabiam que ela voltaria. Todos conheciam bem a bênção dos paladinos de Thyatis. Eles eram imortais. Não no sentido literal. Eles podem morrer. Mas retornam da morte sempre, até que encontrem a morte final. Então por quê? Por que isso não tornava as coisas mais fáceis? Por que era tão difícil superar a perda de alguém?
Eles tinham que continuar. Patrick dividiu com Jezz a responsabilidade de carregar o corpo de Elina. Eles seguiriam por alguns dias sem ela até que ela retornasse da morte. Pelos cálculos de Lylê chegariam a Cobar em mais uns três dias de caminhada. Agora eles estavam sem a líder. Lylê tomou a dianteira. Ele lideraria a equipe, e prometeu mais uma vez a si mesmo, nunca mais seria traído.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Crônicas Artonianas #10 - Soberba e Derrotas, Parte 1

- Então, para Selentine? Hoje? Imediatamente? - Disse Tildror como quem tem pressa. Pressa de quem tem fome de vingança. Sua orelha ardia todos os dias. Não estava acostumado à mutilação que sofrera de Bernard Jolk, clérigo de Keenn.
- Sugiro que pesquisemos mais sobre essa tal facção...
- Ordem. A Sétima Lâmina de Keenn é uma Ordem. Este é o temo correto. - Peleannor, o elfo mago, corrigiu seu amigo, Ilendar, clérigo de Azgher. O grupo estava reunido numa mesa com restos de comida que fora o almoço, minutos atrás. Kuala-Lampur jazia sobre sua cadeira como um zumbi. Observava mais do que falava. Tentava aprender tudo que podia. Decidira que, apesar da confiança que tinha para com estes conhecidos do continente, não podia se dar ao luxo de ser um crédulo nestas terras que, para ele, são selvagens.
- Não importa. Consegui informações sobre o paradeiro desse... crápula. Ele deve ser detido. - Tildror havia comido pela primeira vez na casa de Ilendar. Estava agitado e tentava disfarçar seu desejo de vingança. Há poucos dias decidira agir por conta própria, usar de sua lábia e conversa fácil para descobrir mais sobre Bernard Jolk.

Inicialmente começou com mercenários em tavernas nos arredores. Em seguida, visitou academias militares e descobriu que seu carrasco não era nativo de Valkaria. E ninguém o contratara, não era um mercenário. Nenhuma outra conclusão havia chegado e logo uma pequena frustração o incomodou. Entretanto, recebeu uma ajuda inusitada: um goblin.
Com uma furtividade digna da sorte dos loucos ou distraídos, um pequeno pergaminho estava aos pés de Tildror assim que o goblin passou por sua frente e desapareceu segundos depois. Havia um endereço e um convite.

"Caro Tildror,
Possuímos algo de seu interesse e você possui algo de nossa avidez. Nos encontre na Taverna do Bico Torto, nos arredores da Favela Goblin.
Atenciosamente, Movimento Revolucionário Olho de Porco."

"Goblins... só pode ser brincadeira". Tildror tinha um sorriso nervoso quando decidiu tentar a sorte. Atravessando as ruas, observando cada canto das construções da cidade de Valkaria, cada buraco, cada esquina suja que pudesse esconder um goblin para lhe emboscar. Mas em vão. Em instantes, já estava na taverna do Bico Torto. Havia um homem que vestia trapos e estava descalso segurando uma espada curta. Jazia dormindo com uma garrafa de hidromel. Parecia ser o "guarda" do lugar. Adentrando, Tildror pode perceber que ainda não tinha conhecido sujeira suficiente em sua vida, mesmo quando era mercenário para Gilban e dormia em quartos imundos. O cheiro desagradável de urina e comida de procedência duvidosa era uma constante.
- Sente-se, Tildror, humano. - Uma voz, misto de guincho, rouquidão. Era um goblin gordo, sentado numa mesa com outros goblins que pareciam seus asseclas. Tildror se permitiu um sorriso, imaginando que esta era uma paródia da sociedade humana. Uma paródia de Gilban. Sentou-se.
- E o que é que eu quero tanto senhor...?
- Sem nomes. Apenas nós o conhecemos e você não nos conhecerá. Somos o Movimento Revolucionário Olho de Porco. E é apenas isso que saberá. - Respondeu o goblin que parecia ser o chefe.
- Certamente. Vamos, o que tem a me oferecer? - Tildror decidiu esquecer a cômica situação e se ater apenas na troca.
- Temos uma informação. Sabemos que está em busca de Bernard Jolk, o clérigo de Keenn que esteve em Valkaria há poucos dias. - Tildror arregalou os olhos. Estava um pouco espantado, mas, para sua própria surpresa, já imaginava que a informação seria útil, de qualquer forma.
- Então ele não está em Valkaria. Onde ele está? E como você sabe disso?
- Não me tome como um tolo, Tildror. Não direi até você nos dar o que queremos. Sabemos dessas informações porque todos deste Movimento Revolucionário são empregados dos humanos à paisana. Enquanto vocês comem da melhor comida, dormem nas melhores camas, nós...
- Está bem. Está bem. Me diga o que querem. - Interrompeu o gordo goblin com tanta aspereza e com uma voz graciosa que impediu a continuação do discurso e ao mesmo tempo que inibiu reações nervosas.
- Queremos o varinha dos mísseis mágicos que você adquiriu na sua aventurazinha na Favela Goblin. Aquele material pertencia a nós e foi roubado por aqueles goblins sujos que se submeteram a um mísero humano...
Tildror estava debruçado sobre a mesa. Ouviu tais palavras e foi mostrando um sorriso de quem tem a situação sob controle. Ajeitou-se melhor na cadeira e recostou suas costas.
- Feito. Trarei aqui hoje pela noite.
E assim, foi feito. Tildror recebeu a informação de que Bernard Jolk estava indo para Selentine. Pela diferença de dias, estava muito perto de lá. Ou já havia chegado, se estivesse a cavalo.

Antes ou durante. Kuala-Lampur e Ilendar estavam caminhando pelas ruas em direção ao templo de Keenn. Haviam recebido, quase que com desdém, uma idéia de Tildror: visitar o templo de Keenn de Valkaria. Ilendar sabia que seria um problema, mas era uma das únicas formas possíveis para se conseguir informação. Chegaram à tarde e o frio não estava incomodando tanto, mas era o suficiente para que Kuala cobrisse seu torso com um cobertor ou casaco de inverno. O templo era discreto, havia um homem armadurado na entrada. Sua cara de poucos amigos já era esperada por Ilendar.
- Queremos conversar com o sacerdote do templo para saber informações sobre alguém. Poderíamos entrar e discutir? - iniciou Ilendar, tentando uma abordagem que não provocasse um combate alí mesmo.
- Posso te dar uma resposta, mas não será sem luta. - Foi a resposta do homem armadurado. Esperado. Menos para Kuala-Lampur. Achando ridículo recusou tal condição. Houve troca de gracejos e enfim, lutaram dentro do templo. Kuala saiu vencedor, com alguns ferimentos leves.
Subito, aplausos. Era outro homem, dessa vez, trajando uma armadura mais leve sem elmo. Trajava o símbolo de Keenn no escudo. Era o sacerdote do local. Um clérigo-guerreiro.
Mais uma luta, mais uma vitória de Kuala-Lampur que dessa vez, quase foi derrotado. Houve respostas e conversa, então. Kuala-Lampur estava indignado com o modo destes clérigos.
Por fim, descobriram que Eric Hobsbawm pertenceu ao exército de Deheon e ambos serviram juntos. Eric desertou certa vez e fundou uma ordem. A Sétima Lâmina de Keenn. Recrutou muitos guerreiros e raptou muitas crianças para serem treinadas em templos de Keenn para se tornarem seus servos. Hoje, ele possui um grupo forte de guerreiros devotos a Keenn, com objetivos escusos. Entretanto, o homem nada sabia sobre Bernad Jolk.

A reunião do grupo fora feita no dia seguinte, informações postas sobre a mesa. Após mais um dia de pesquisas, Peleannor descobriu mais sobre a Sétima Lâmina de Keenn, na Grande Biblioteca de Tanna-Toh, e que Bernard Jolk pertencia a ela. Kuala rangeu os dentes, mostrando, pela primeira vez em muito tempo desde a invasão à Favela Goblin, sua raiva.
O grupo se preparou como pôde e partiu imediatamente em viagem. Uma longa viagem de cinco dias a pé até Selentine.

Crônicas Artonianas #10 Soberba e Derrotas, Parte 2

O inverno estava em seu auge quando decidiram sair de Valkaria. No inverno, poucos se atreviam a viajar, quanto menos se aventurar. Todo aventureiro normal sabia disso. Mas estes quatro não estavam em situações normais. Tildror era só vingança nos olhos. Ilendar precisava urgentemente do símbolo sagrado de Azgher de seu falecido tutor e Bernard Jolk poderia levá-lo a Eric Hobsbawm. Peleannor estava em busca de Kurumada Sano, precisava puní-lo, por razões secretas que Tildror já desconfiava que existiam. Kuala-Lampur estava em busca de sua irmã, raptada por Eric Hobsbawm e Bernard Jolk era o único elo com o raptor.
O primeiro dia de viagem foi tranquilo. Havia um pouco de nevoeiro e o clima era muito frio. Havia, de vez enquando, ameaça de chuva ou geada. Mas o grupo estava com proteções mundanas, suficientes, como cobertores de inverno.
Já o segundo dia, as coisas mudaram. Um bando de quatro goblins liderados por um hobgoblin atacou o grupo pela noite, enquanto revezavam em turnos de vigilância. O combate foi rápido e os goblins mortos. Estavam com fome e um deles fugiu, sob a permissão de Kuala e protestos de Tildror. "Ele pode voltar com mais para nos atacar" argumentava. Mas já estava feito.
No quarto dia, sofreram outro ataque, dessa vez, mais perigoso. Dois ogros, criaturas brutais com quase três metros de altura, com pele rígida e coberta por verrugas escuras e nojentas. Vestiam peles malcheirosas e seus cabelos era longos, desgrenhados e sebosos. Diziam que procuravam o seu almoço, os goblins que haviam atacado o grupo. Após um combate difícil, ambos foram derrotados.
***
A chegada a Selentine foi festejada com ânimos irônicos. A vida de aventureiro estava muito aquém do que qualquer garoto sonhava em ter. Estava se demonstrando ser uma vida de dificuldades e com poucas escolhas. O grupo tinha fome e o cansaço da viagem era muito grande. Os combates que tiveram pelo caminho provaram que não era seguro viajar no inverno. Agora, deveriam se precaver um pouco mais. Tildror saiu da taverna em que se acochegavam, para buscar pistas. Descobriu, no templo de Valkaria, um garoto. Um garoto de uma vila nas Montanhas de Teldiskan. Ele estava ferido e dormia há três dias. O clérigo de Valkaria, trajando roupas que poderiam lembrar a Tildror quando viajava com Gilban, disse que ele falava sobre um ataque, sobre um clérigo de Keenn. O garoto acordou assim que ouviu a possibilidade de que aventureiros estivessem rumando em busca deste clérigo. Disse que este clérigo matou o clérigo de Teldiskan e arruinou a vila. Fora o único que conseguiu escapar. Correu por uma semana sem parar e por um milagre, chegou em Selentine.
- Abençoada seja Valkaria e os humanos! Não sabe como é difícil encontrar aventureiros no inverno! - Dizia o clérigo que, por conta da lábia de Tildror, acabou oferecendo carroça e cavalos, além de rações de viagem, numa "missão de Valkaria". O garoto, é claro, ia junto com o grupo.
***
Estrada. Agora, a neblina era muito maior. Havia dificuldade de se enxergar a um palmo de distância e o frio era aterrorizante. E nem haviam atravessado o rio Nerull. Nem haviam chegado às Montanhas de Teldiskan. Se estivessem loucos o suficiente para ir tão longe, a morte seria certa nas Montanhas Uivantes.
Logo no primeiro dia de viagem, avançaram muito pouco devido a neblina. Talvez demorariam muito para chegar, talvez fosse tarde demais quando chegassem. Mas havia esperança nos olhos do menino. Infelizmente, um pouco antes de Azgher sumir no céu, um bando de gnolls cercou o grupo. Eram quinze deles. Simplesmente, muitos. Bravatas foram proferidas, risadas infinitas, grito de guerra, combate.
E derrota. O grupo se rendeu assim que Kuala, depois de Peleannor, caiu em combate. No lado dos gnolls, apenas três baixas. A rendição fora aceita pelos gnolls que possuem um código de conduta, um vestígio de uma estranha civilidade. Aceitam quando pedem rendição, aceitam se render quando estão sendo derrotados, quando estão em número inferior ao adversário. Mas atacavam sem piedade se fossem traídos, atacados pelas costas. Ao grupo fora imposto a perda de seus alimentos. Os dez dias de rações de viagens de cada um. Um grande banquete para o bando que poderia sobreviver neste rigoroso inverno.
Um misto de orgulho ferido, humilhação e sobrevivência nortearam as decisões de todos. Tildror e Kuala queriam recuperar as provisões. Ilendar sabia que seria muito difícil seguir seus rastros e que não durariam muito sem comida. Peleannor sabia que bastava se prepararem um pouco melhor e conseguiriam derrotar a todos.
Fizeram planos, traçaram rotas com ajuda da magia de Peleannor. A noite veio sob os auspícios de Tenebra e a fome foi longa. No dia seguinte, partiram em busca de sua comida. Acharam um declive de uma colina, viram outros gnolls e viram comida. Eram mais do que quinze. Mas estavam dispersos e um combate alí os deixariam surpresos. O grupo começou o ataque. Os gnolls atacaram enfurecidos, mas desorganizados e confusos. Cinco morreram.
Infelimente, novamente, o grupo não contava com a chance de derrota. Lutaram como sempre fizeram, como haviam aprendido a lutar. Fizeram o que foram preparados para fazer. Peleannor conjurou magia arcana, atirou com sua besta. Ilendar bateu com sua falcione, defendeu com seu escudo, lançou suas magias divinas. Tildror estocou, movimentou-se, atacou de surpresa. Kuala-Lampur estocou com ferocidade, angústia, mas com uma certeza de vitória. Dessa vez, Tildror caiu, incosciente devido aos ferimentos. Peleannor em seguida, fora derrotado com ferimentos mais graves. Bateram em retirada com o rabo entre as pernas. Os gnolls, enfurecidos pelo ataque, correram atrás para liquidá-los. Felizmente, o terreno era muito difícil e não deu tempo para todos atacarem juntos. Ilendar carregando Peleannor e Kuala-Lampur carregando Tildror, chegaram à carroça e fugiram rapidamente pra frente. Os gnolls quase os pegaram. Alguns foram mortos, alvejados pelas flechas de Ilendar. O grupo sofreu uma segunda derrota contra um inimigo que estava claramente superior. Mas eles aprenderam um pouco de sabedoria gnoll.
E o frio e a fome aumentaram...

X-Men Chronicles - Episódio VII

Uma sala.
Sua sala.
“O que houve?” Olhando em volta percebe que a mulher ainda está lá. Ele ainda está lá. Visto por ele mesmo. Confuso cambaleia pra longe do casal. Uma fina linha prateada acompanha seu deslocamento.
Virando a cabeça sem deslocá-la, como se o espírito olhasse pra ele sem mover a carne que o encerra, a mulher diz friamente: “O que houve meu caro Pietro? Estás assustado?”
Ela se levanta, deixando seu corpo inerte, uma casca vazia fitando um invólucro oco. Andando até ele, ele nota uma fina corrente prateada movendo-se do corpo dela seu espírito.
“O que está acontecendo? Nunca fui capaz disso, nunca pude projetar-me...” pensa Pietro. “As coisas mudam e mutam, vós deveis saber melhor do que ninguém” responde a mulher a seu pensamento. A conversa súbita acaba com a linha de pensamento de Pietro. Desnorteado, pergunta: “O que quer aqui, quem é você?”.
Sentiu-se idiota perguntando. A nítida impressão de que já sabia rondava sua mente. Isso. Mente. É o que comanda tudo nesse estado. Precisava concentrar-se.
A mulher o rodeia, lânguida, letal, como um predador apreciando o momento do bote, o desespero da presa. “Vim aqui com um propósito Pietro, que logo lhe será revelado. Enquanto isso, relaxe e aproveite o show.” Um puxão, como se algo recolhesse a corrente de súbito, arrasta a mulher de volta à sua casca.
Olhando na direção dele, ela sorri. Atravessa o balcão da cozinha lentamente. Procurando. Maquinando. Ainda atordoado ele só pensa em como voltar, como acabar com aquela impotência. Dali nada podia fazer ao mundo físico. Disso ele sabia. Disso ele lembrava.
Uma torrente varreu seus pensamentos. Aulas, muito tempo atrás.
“Controle meus pupilos. Em nosso território não há explosões, não há golpes devastadores ou defesas pétreas. O que determina quem vence a batalha é o controle.” Xavier movia-se pela sala emitindo apenas um zumbido leve. Quase hipnótico. “A única força que conta é a força de vontade. Mover uma moeda é mais difícil que destruir uma montanha.”
Dor.
Estranha, alienígena. Não devia senti-la. Olhou sua casca, seu corpo inerte. Calmamente a mulher fazia-lhe um corte na fronte esquerda. O sangue escorria, sujando toda a camisa. Com uma expressão de pura perversidade, ela fala em sua direção: “Vou começar por aqui. Acabar com seu rosto. Depois descer e arrancar alguns dedos. Mutilar. Será que um legista se sente assim?”
O corte continua da testa ao queixo. Em desespero, ele grita, debate-se, urra ameaças vazias e juras impróprias. Movendo a faca ela continua. Bochecha direita, têmpora couro cabeludo.
“Preciso de ajuda. Ela vai destruir meu corpo! Preciso de ajuda! Alguém! Socorro! Socoooorrooo!”
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Atônito Sean apenas observava. Poderia ele fazer algo mais? Tingido de vermelho, James desce do céu em fúria. A chuva açoita ambos. “Como ele pode? Sujar-se assim? Ele era o melhor de nós...” pensa a cabeça confusa do gigante de aço.
Lentamente se aproximando, Sean pode ver a expressão de James. Nada. Um vazio completo. Sem sentimento, sem angústia, sem ressentimento. Nada.
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Saindo da piscina, recebendo a chuva em seu rosto, William tem a melhor das sensações. Estar vivo. Safar-se. Escapar mais uma vez.
O tempo estava infernal em Westchester. Chovia como num furacão e ventava como num tornado. A casa, apagada, denunciava a ausência de ocupantes. Ou o descanso dos mesmos. Saiu da piscina se sentindo vivo, até mesmo alegre. “Estranho, esta felicidade a muito não habita meu coração. Acho que estava com saudades” ele pensa com um sorriso em seu rosto.
“Jaaaaaaames!”
O brado o tira do êxtase que o retorno o pusera. O que está acontecendo? Apurando os ouvidos, pensando no local em que estivera muitas vezes, ele dobra o espaço à sua vontade e chega.
A cena congela seu sangue, esfarela seu coração. Sean, abraçado a um James tingido de vermelho, chora. Apesar da falta de reação do amigo, ele chora. Acostumado a pensar em frações de segundos, ele analisa friamente. “O sangue não pode pertencer a Sean, James não tem poder pra perfurar sua pele. Também não está machucado, ou Sean não o abraçaria de pé, sem socorrê-lo. Não há sinais de luta, mas esse tempo não é natural. Se houve uma luta, Sean não participou, ou estaria sujo e ferido. James jamais fer-...” o pensamento morre antes mesmo de nascer. James matara. De certo matara. Mas quem? Onde estaria o corpo?
Começando a caminhar com a cabeça maquinando mil possibilidades o golpe o atinge como uma marreta. “Socorro! Alguém m-...! Socorrr-...!” De joelhos William se concentra. “Essa vai ser difícil”. A cabeça lateja, os olhos ardem. “Pietro?”
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O sangue lava suas roupas e mancha seu sofá. Seu sangue.
“Por que!?! Alguém me ajude! Por favor, alguém me salve!” brada inutilmente.
“Isso Pietro, grite. Torne a experiência mais divertida. Sabe o que acontece quando o corpo morre sem a mente? Você vai vagar pra sempre no limbo. Apenas impressão. Sem corpo, sem mente, nada. Você acha mesmo que alguém virá? Um homem só virá, lhe matar.”A faca desce, descrevendo um arco em seu peito.
“Pietro? O que houve? Acalme-se, concentre-se. Fale comigo.”
“William? Socorro William. Alguém vai me matar! Socorro!” Seus gritos emanavam além de sua intangível boca, indo longe. Indo buscar quem podia fazer algo. Alertar. Convocar. “Socorro...”
“Não consigo Pietro. Não tenho poder pra te encontrar. Diga onde está. Chame os X-Men. Feche o elo.”
Esforçou-se. Não pra fazer, mas pra lembrar. Feições, nomes, jeitos. Tudo que ajudava no fechamento do elo. Todos. Juntos. Sempre.
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Sean sofreu um golpe que estilhaçou sua agonia. O tirou de um transe de pavor pra levá-lo em uma viagem de desespero. Pietro, sangrando. Sendo calmamente cortado por uma bela mulher ruiva. Sem reação.
Transformação.
Foi o que se viu na face de James. De pálida, morta, vazia para algo pior. Se pudessem personificar um sentimento, pintá-lo, traçá-lo no rosto de alguém, James seria o quadro do ódio. Puro e indistinto.
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Entre as pedras, no fundo do penhasco ele ri. A chuva e as ondas lavam o que sobrou de seu corpo. “Excelente, fizeram exatamente o que previ. Pode começar Isabelle. Faça.”
Em algum lugar dentro dele um tendão se reconstruía. Um órgão voltava pro lugar. A vida crescia de novo.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Enquanto isso em Arton...



Arton, ano 1402, Lamnor, Floresta da Claricea Vermelha.

Todos haviam decidido em conjunto teletransportar-se para a orla da floresta para que pudessem investigar melhor os resquícios da civilização há muito perdida. Tinham planejado durante dois dias a viagem e providenciaram toda a expedição com cautela. Provisões haviam sido compradas, itens necessários que hipotetizaram precisar haviam sido fornecidos. Então pouco antes de Azgher despontar no céu, todos estavam reunidos na sala central, estenderam o braço e tocaram em Thomas. Palavras mágicas foram proferidas em língua dracônica.
Ziuf!
Seus corpos foram magicamente transportados para a orla da Floresta da Claricea Vermelha. O tempo estava nublado e as nuvens tinham coloração cinza chumbo. O verde era abundante naquela área da floresta, a mata era virgem e não havia trilhas abertas. O grupo fez uma fila e começou a adentrar a floresta. Elina foi à frente usando um facão para abrir espaço na mata seguida de perto com Lylê. Patrick usava suas mãos livres para afastar os galhos que teimavam em agarrar em suas vestes brancas. Jezz vinha logo atrás em seu costumeiro silêncio e parecia ouvir os sons da floresta. No final da fila estava Thorin e seu martelo esperando que alguma criatura hostil saísse de trás de cada tronco de árvore que passavam.
O clima parecia não contribuir, depois de três horas caminhando sem parar, durante um breve descanso que resolveram dar, começou a chover torrencialmente. A chuva forte complicou muito o avanço do grupo, que precisava ter cuidado ao abrir o mapa para eventuais consultas e ainda mais para andar em meio ao chão que se tornara uma imensa poça de lama.
A caminhada melhorou no dia seguinte já que a chuva deu um descanso. Na parte da manhã quando caminhavam há poucos minutos eles ouviram um pedido de socorro. Correram na direção do chamado, ainda temendo uma emboscada de criaturas feéricas que adoram pregar peças, porém algo dizia a eles que dessa vez era algo real. Alguém precisava de ajuda.
A imagem que foi vista ao alcançarem o local foi assustadora, uma enorme serpente com face humanóide de escamas verdes e camuflagem quase perfeita, estava enroscada em uma meio-elfa e estava prestes a devorá-la. Patrick orou por bênçãos de Marah, Jezz investiu contra a serpente de maneira a proteger a mulher. Usando as mão nuas ele aparou uma mordida que dilaceraria o rosto dela. Thorin correu na direção da serpente que já começava a se desenrolar para se proteger quando levou um forte golpe do martelo de Thorin que imediatamente congelou a área que acertou na poderosa cauda da Naga. Pelo que pareceu a Elina a criatura não gostava de frio, pois soltou um guincho agudo e ensurdecedor e mordeu o braço esquerdo de Thorin que tinha se aproximado para o ataque. Quando viu a oportunidade Elina investiu gritando por Thyatis. Seu golpe foi devastador. A criatura soltou outro estridente guincho agudo. Thomas pronunciou palavras mágicas e uma grande quantidade de neve e granizo saíram das mãos dele. O frio intenso tinha vencido a criatura que tombou com um forte estrondo no chão.
Todos ficaram exaustos com a batalha. Patrick apressou-se em pedir bênçãos de cura à Marah para recompor os ossos quebrados da meio-elfa e o braço de Thorin. A mulher acordou. Seus olhos abriram. Agora todos puderam reparar nela. Ela tinha cabelos escuros e de tamanho médio, orelhas levemente pontudas, um corpo esguio e magro protegido por uma armadura de couro.
- Meu nome é Kathleen. Não sei como agradecer pela ajuda. – Disse a desconhecida.
- É uma obrigação e um prazer ajudar. – respondeu Elina.
- Você está bem? – Perguntou Patrick – Precisa de mais alguma cura de Marah?
- Não obrigada. Já estou bem.
- O que faz andando sozinha numa floresta dessas? – Quis saber Lylê.
- Tinha um grupo de aventureiros que foi dizimado. Um dragão matou todos. Deixou-me viva para que eu pudesse contar sobre seu poder.
- Que tragédia! – Exclamou Patrick.
- E vocês? Caminhando pela floresta? – Perguntou Kathleen.
- Estamos indo para as ruínas de Cobar. – era Elina.
- Eu sei onde fica, posso levá-los até lá! – Disse Kathleen.
- Ótimo, temos uma guia. – Lylê comentou.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

X-Men Chronicles - Episódio VI



Escuridão.
O cômodo estava mergulhado em trevas. Mas assim mesmo não conseguia fugir de seus pensamentos. John levantou-se do sofá furado. Hell’s Kitchen. Um dos piores lugares de NY pra se viver. Se não houvesse o Demolidor, aquela pocilga já teria desintegrado. Caminhava lentamente, tenso, não tropeçava, não erra o passo. Nunca. Seus sentidos estavam em outro nível, um nível nunca alcançado por um mortal. Sua mutação o evoluíra mais que X-Men pensavam. Mas eles não deveriam saber, afinal, quem sabe de tudo?
Sentiu o ar trepidar, uma freqüência mais rápida que o bater de asas de uma mosca, mais leve que o último suspiro de um moribundo. Exatamente como acontecia quando alguém se teleportava. Como sabia? Como sentia? Ah, mortais...
“Olá intruso...” disse no momento que o cheiro do futuro morto invadiu suas narinas. “Olá Jon” respondeu o homem, com um forte sotaque francês. Mesmo para seus olhos, os quais o escuro era claro como um dia nublado, o homem era apenas uma silhueta envolta em trevas.
“Non vim começar una hostilidad, apenas conversar.” O coração do homem batia calmo, aos ouvidos de John. O cheiro dele não exalava medo, nem adrenalina. Não estava preparado para a batalha.
Apurou os ouvidos, atento. Ouviu o tamborilar da chuva nos vidros dos veículos na Time Square, a respiração de todos no quarteirão, desde o cão irritante do andar de baixo ao pombo no telhado. Respirou fundo tragando o mundo pra dentro de si. Tantos cheiros! Sempre se surpreendia. Desde a excitação da madame na 5ª Avenida até o cheiro ácido dos drogados do porão. Nada. O homem estava sozinho. “Que bom” pensou John. “estava mesmo com fome”.
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Era um dos climas mais secos que Netuno (agora Newt para os humanos) havia experimentado. Quando se vive sob milhões de toneladas de água, o ar de São Francisco parece fogo puro. Fogo. “Ironias da vida...” pensou Netuno, “logo ele findou meu amigo”.
Pulando pra lá e pra cá estava Brian. Jovem, cheio de energia, de calor. Praticando um esporte que Newt não conseguia compreender. E os humanos gostavam, aplaudiam, vibravam com seus pulos em cima daquela coisa. “Bicicleta, acho que é assim que eles chamam”.
Brian podia voar. Literalmente e figurativamente. Mesmo com seus poderes, nada se comparava a isso. Uma bike sob ele, cavalgar o half como um caubói. Louco. Afinal, quando se é imortal, qualquer manobra vale à pena. Esquecera de tudo, das tragédias, das perdas, das dores, de tudo. Só o que importava era voar.
“Gran finale” pensou Brian. Desceu o half como um relâmpago. Um milissegundo apenas de distração, contemplar a torcida. Vê-la explodir. Olhou para o lado e viu muito mais que gostaria. Viu um rosto conhecido, algo que lhe trazia um turbilhão de sentimentos. Dor, fúria, sede de sangue. Uma cabeça ruiva, óculos redondos, expressão apática. Doutor.
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Sentou no sofá, o estranho. “Típico” pensou John, “sempre vêm à minha casa como reis intocáveis. Batem à minha porta – ou não – entram, ameaçam, insultam e acham que eu não vou fazer nada. Mutação amigos, não só física como mental. Vou pintar minha sala de vermelho hoje”. “Como non deve terr imaginado, vim converrsar com você de igual para igual e você vai me ouvir. Querr saber por quê? Porque sei ond está sua irmã, o que houve con ela, quem fez e por que. Eu sei tudo.”
Um rosnado gutural ouviu-se na sala. Aquele som que te lembra quem são os predadores. E não somos nós.
“Sente-se” e um baque seguiu-se ao pedido.
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Sons, cores, brilhos. Queria sair, caçar. Mãos, abraços. “Saiam desgraçados!” pensou Brian. Como um flash, sumiu do meio dos autógrafos. Correndo, encontrou um Netuno disperso, maravilhado com as maravilhas do mundo seco. Segurando um algodão doce, parecia inofensivo. Sendo pego pelo braço, correu sem pensar, um corpo reconhecendo o outro. Uma mente cumprimentando ao outra. Os X-Men partilhavam muitos vínculos, em muitos níveis.
“Que foi?” pergunta Netuno.
“Ele está aqui, aquele maldito! O Doutor! Achei que tinha morrido no espaço o filho da puta!” a expressão de Brian transparecia amargura.
“Viu? Onde?”
“Na pist-” mal tinha aberto a boca e o vira de novo, ao longe, tomando um ônibus para o subúrbio.
“Venha! Vamos seguí-lo de cima” E alçou vôo levando Newt nas mãos.
Fora uma surpresa total para Netuno. Doutor? Que Doutor? Nem se lembrava direito da feição de todos que eram seus inimigos agora, que dirá de um em especial. Voando, seguiram o ônibus por uns 25 minutos. Ao passar pelo pátio de trens, Brian desceu a toda. Apertando os olhos, Netuno viu um homem andando pelos trens. Mas não era o Doutor... parecia outra pessoa... não! Ele não! Apollo!
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“Em troca desses informações, só lhe peço una cosa Jon, omission. Non face nada. Darremos um golpe durro nos X-Men hoje. Apenas relaxe, ouça o pedido e non resista, ou sua irrmã morre”
“Em minha casa? Você vem à minha casa pedir que eu me omita ao sofrimento de meus amigos?”
Uma risada gostosa ecoou pela sala. Longos segundos transcorreram com aquele som juvenil até que de súbito: “Oui. Non serria sua primeira vez non? Quando seus amigos prrecisarram de você, você os entregou oui? Enton. Agorra ninguém vai saber. Nunca. Tome, como prova de minha palavra”. Estendeu a John um celular. Que piscava anunciando que recebia uma chamada. Olhou-o a tempo de vê-la, sua irmã, viva.
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Em segundos estavam em terra, de fronte ao homem. “Maldito!” gritaram em uníssono. E partiram para cima do homem. Sem estratégia, sem planejamento, sem pensar. Prenúncio da tragédia.
Rápido o homem golpeia. Algo atravessa a carne de Brian. A surpresa o fez gelar. Olhando de perto via de fato que enfrentava Meia-noite. Mas como!?
Netuno invocou sua armadura d’água. Nesse ar seco, não passava de uma parca proteção. Mas teria de servir. Agüentando um golpe ou dois já bastaria. Correu fazendo par com Brian. Sentiu. Rápido algo atravessou sua carne. Frio, afiado, pontiagudo. Olhou por um breve instante para o objeto. Uma lança rústica. Parecia algo de escombros, vergalhão. Isso, vergalhão. Encarando Apollo viu algo que o esfarelou, se confundira, era aquele sem-teto. Jack acho.
Aproveitando-se da surpresa Meia-noite/ Jack ataca de novo. O corpo treinado, de anos na guarda imperial, livrou Netuno do segundo golpe, mas Brian não teve a mesma sorte. Fora empalado por um pedaço de ferro. O corpo amoleceu e caiu. Deixando transparecer o agressor. Apocalipse.
Pavor. A palavra que define os sentimentos de Netuno nesse momento. Tudo menos ele. Por favo...
Viajou.
“E eu te sagro agente da guarda real atlante, protetor da cidade e escravo da vontade de seu rei, eu, Namor. Levante-se Netuno Kraken, encare seu rei e agradeça.”
Nem havia percebido que estava de joelhos. A pedra do pátio machucava um joelho. Não o seu. Não aqui. Levantou-se. Estava longe. Apenas olhou em volta e viu um homem disforme. Mutante. Cada segundo uma face. Um corpo.
Abaixou-se e catou o vergalhão com o qual fora perfurado e nem notara que retirara. Sentiu o metal nas mãos. Tamanho perfeito, quase balanceado. Vai servir. Tinha que servir. Empunhou como uma lança aquele pedaço de metal indigno.
“Acha que está em casa atlante? Treinando com seus amiginhos? Esqueça! Atlantis não te quer, seu rei não te quer. Aceite a morte como o nada que você é”.
Sem pensar, as palavras que repetiu tantas vezes no treinamento árduo vieram a sua boca. Um brado digno de herói, mas para ele, apenas dever: “Nunca desistir! Nunca se render!”
A água a sua volta já curava seus ferimentos, refrescando o espírito. Atacou com a fúria das marés, com a força dos ventos, com a leveza da maresia. Implacável.
O homem lutava bem e seu corpo disforme era uma vantagem. Lança, poder, poder, lança. Ataque, defenda, esquive. Sua mente de soldado ignorava a batalha e pensava nos pontos fracos, seu corpo reagia. Sempre.
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“Então Jon? Temos um acord?”
John recostou-se no sofá. A mente martelando possibilidades, chances, passado. Sim, já traíra os amigos uma vez. Mas nunca estivera tão perto assim. Agüentariam seus amigos outro golpe? Quão duro seria? Já passaram por muita coisa. Talvez conseguissem. O coração batia nervoso. O corpo clamava por ação, mas a mente ainda trabalhava.
Segundos, minutos, horas. O tempo se fora. Na mente só o rosto da irmã, sua voz, seu abraço. Tomou sua decisão.
“O que preciso fazer?” “Relaxe e ouça.” Disse a silhueta. E John ouviu, não com ouvidos, mas com a mente, com o coração. “Socorro...”
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Segundos pareceram horas, dias. Netuno estava exausto, o corpo ferido, a alma ruindo. O ferira, tinha certeza. Mas não vira onde nem sabia como. O homem lutava com a velocidade de um garoto mesmo depois de toda aquela batalha. Seria invencível, seria esse seu poder? Nunca se cansar, nunca errar, nunca se ferir?
Fraquejou.
O frio percorreu seu peito. Aço no coração.
“Então é assim que eu vou morrer? Um nome de Deus, uma morte de bandido? Nesse pátio de trens, como um porco?”
Algo dentro dele reagiu, e ele golpeou. Seu corpo esquecera o ferimento mortal. Prendera o metal no peito e nem sabia como. Seu metal nas mãos. E golpeou.
Perfurou como uma vespa, rápido, mortal. O homem fora pego de surpresa e agora era tarde. Netuno havia atacado com seu último suspiro, desfigurado o sem-forma, acabando com o corpo do sem-corpo. Empalou o homem-coisa no chão com sua lança. Arquejou e sentiu o frio abraço da morte o atingir. "Ao menos honrei meu Rei, meu treinamento..."
E viu. Era a coisa mais linda que já vira. Fogo, quente, feroz, arisco. A fênix renascendo. Lembrou de um irmão que esquecera que tinha. O calor de seu abraço, o alento da família. De verdade.
“Obrigado” foi a última coisa que escapou de seus lábios.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Enquanto isso em Arton...




Arton, ano 1402, Isengard, Castelo de Azkaban.

A recém construída sala de reuniões e preparação de missões havia sido mobiliada há pouco. Os móveis ainda cheiravam a novo e os objetos decorativos haviam sido cuidadosamente escolhidos por todos. Todos exceto um.
Thomas Woodward saíra assim que as obras da nova ala do castelo que pertenceria aos protetores de Lamnor começaram a ser construída. Ele teletrasportou-se para a Grã-Biblioteca do Conhecimento, em Valkaria, e iniciou as suas pesquisas. Foram dois dias difíceis de busca atrás do que ele procurava. As pesquisas deveriam ser feitas de noite e sob efeito da magia que deixaria ele invisível, visto que as buscas por informações na biblioteca ainda estavam proibidas pelo Imperador-Rei Mitkov. Depois de exaustiva procura o objeto do desejo de Thomas foi localizado. Ele retirou o grande pergaminho de uma prateleira ao fundo e verificou se ele era produzido por magia como os outros livros eram, porém para sua felicidade, esse era real, ou seja, não desapareceria tempos depois. Ele enrolou o pergaminho, colocou em seu porta-mapas, pronunciou as palavras corretas e voltou para sua nova casa.
Elina estava preocupada e mal dormiu na noite anterior, ela sabia em seu coração que Thomas estava vivo. Mas não sabia em quais condições. Ele passara por maus momentos meses atrás e ela não sabia se ele ainda estava preparado para missões sozinho ainda. Ela temia que ele se fosse. Ela temia que ele se fosse e ela não pudesse estar lá para trazê-lo de volta a vida. Seu coração recebeu com alívio o retorno de um Thomas extremamente excitado.
- Venham, venham todos, aproximem-se.
- Bem vindo Thomas. – Disse Patrick com seu costumeiro sorriso.
- Obrigado. – Respondeu Thomas – Vejam o que finalmente encontrei.
Ele desenroscou a tampa do porta-mapas e tirou um velho pergaminho. O cheiro de papel velho chegou às narinas de todos. Thomas o colocou sobre a mesa e alisou com as mãos. Lylê ajoelhado sobre a cadeira ajudou-o segurando uma das pontas enquanto Jezz fez o mesmo do outro lado da mesa. Era um antiqüíssimo mapa de Arton sul. Lamnor, o continente que há muito havia deixado de ser morada dos humanos. O mapa era colorido e definia bem os antigos reinos e alguns acidentes geográficos que provavelmente nem existiam mais. Largos sorrisos foram abertos por todos. Ali estava o objetivo deles: conquistas, aventuras, lugares novos, conhecimento, tesouros. Todos ficaram excitados.
- Olhe este aqui, “Cobar”. – Disse Elina. – Lembro-me do tempo em que fiquei em Cosamhir, de um clérigo de Tanna-toh me contar sobre a arquitetura de lá. Ele disse que as janelas de vidro tão comuns lá em Cosamhir e raras no resto do reinado, eram inspiradas na arquitetura desse reino.
- Podíamos ir pra lá. – Disse Thorin.
Elina olhou para todos. Os olhares diziam tudo. Eles iriam.
***

Passos ecoaram pelo corredor escuro. Pés cadavéricos tocavam nus o chão empoeirado. O assecla ajoelhou diante de seu amo que jazia sobre seu trono.
- Senhor, tudo conforme o planejado. Eles morderam a isca. Parece que virão para cá em breve.
- Excelente...
Um sorriso que há muito não se via no rosto dele fez o assecla sentir medo.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Proposta...

Sim senhores... já tenho o esboço de um mundo próprio.
Algo que serve de pontapé inicial. Afinal, digo por experiência própria, a pior parte na geração de um mundo de campanha (cenário) é justamente o começo.
Basear-se em que? Como ser totalmente original e não cair em algo já conhecido? Por que ter trabalho de criar quando poderíamos adaptar?
Essas perguntas povoam a mente de quem pensa nessa idéia. Muitos tem "medo" (como dito pelo Renato) de cenários próprios, seja por más experiências (luisaaaaaaaao) seja por um quê de ausência, de que falta algo, detalhar algo, dizer algo. Acredito que por nossa parte, o único medo que pode existir (se houver de fato) se dá por más experiências (já que cenário mais cheio de furos e ausências e falta de explicações do que Tormenta tá brabo).
Por isso, topo sim o desafio e convoco os membros do Forgotten (parece Ernande falando) para embarcarem nessa empreitada (quiçá possiblitando o lançamento desse cenário no futuro - será no mínimo do mesmo nível de Tormeta).
Mais tarde postarei em rascunho a linha de base do novo mundo (o mundo em si está sem nome, mas o cenário eu havia pensado em "Dança das Eras"), por favor vejam (logando-se no blog e indo pra área de postagens) e me digam o que acham. Dependendo da aceitação, discutiremos melhor via msn, criando um workgroup com hora marcada, para nos encontrarmos e começar a modelagem do cenário.
Abraços e adièau.
PS1.: Essa empreitada porá à prova a capacidade literária e criativa de todos nós, preparem-se.
PS2.: Tendo em vista a vontade de publicar, não vou colocá-la em post oficial até decidirmos o que fazer, se fazer, como fazer e quando fazer.