terça-feira, 10 de junho de 2008

Crônicas Artonianas #10 Soberba e Derrotas, Parte 2

O inverno estava em seu auge quando decidiram sair de Valkaria. No inverno, poucos se atreviam a viajar, quanto menos se aventurar. Todo aventureiro normal sabia disso. Mas estes quatro não estavam em situações normais. Tildror era só vingança nos olhos. Ilendar precisava urgentemente do símbolo sagrado de Azgher de seu falecido tutor e Bernard Jolk poderia levá-lo a Eric Hobsbawm. Peleannor estava em busca de Kurumada Sano, precisava puní-lo, por razões secretas que Tildror já desconfiava que existiam. Kuala-Lampur estava em busca de sua irmã, raptada por Eric Hobsbawm e Bernard Jolk era o único elo com o raptor.
O primeiro dia de viagem foi tranquilo. Havia um pouco de nevoeiro e o clima era muito frio. Havia, de vez enquando, ameaça de chuva ou geada. Mas o grupo estava com proteções mundanas, suficientes, como cobertores de inverno.
Já o segundo dia, as coisas mudaram. Um bando de quatro goblins liderados por um hobgoblin atacou o grupo pela noite, enquanto revezavam em turnos de vigilância. O combate foi rápido e os goblins mortos. Estavam com fome e um deles fugiu, sob a permissão de Kuala e protestos de Tildror. "Ele pode voltar com mais para nos atacar" argumentava. Mas já estava feito.
No quarto dia, sofreram outro ataque, dessa vez, mais perigoso. Dois ogros, criaturas brutais com quase três metros de altura, com pele rígida e coberta por verrugas escuras e nojentas. Vestiam peles malcheirosas e seus cabelos era longos, desgrenhados e sebosos. Diziam que procuravam o seu almoço, os goblins que haviam atacado o grupo. Após um combate difícil, ambos foram derrotados.
***
A chegada a Selentine foi festejada com ânimos irônicos. A vida de aventureiro estava muito aquém do que qualquer garoto sonhava em ter. Estava se demonstrando ser uma vida de dificuldades e com poucas escolhas. O grupo tinha fome e o cansaço da viagem era muito grande. Os combates que tiveram pelo caminho provaram que não era seguro viajar no inverno. Agora, deveriam se precaver um pouco mais. Tildror saiu da taverna em que se acochegavam, para buscar pistas. Descobriu, no templo de Valkaria, um garoto. Um garoto de uma vila nas Montanhas de Teldiskan. Ele estava ferido e dormia há três dias. O clérigo de Valkaria, trajando roupas que poderiam lembrar a Tildror quando viajava com Gilban, disse que ele falava sobre um ataque, sobre um clérigo de Keenn. O garoto acordou assim que ouviu a possibilidade de que aventureiros estivessem rumando em busca deste clérigo. Disse que este clérigo matou o clérigo de Teldiskan e arruinou a vila. Fora o único que conseguiu escapar. Correu por uma semana sem parar e por um milagre, chegou em Selentine.
- Abençoada seja Valkaria e os humanos! Não sabe como é difícil encontrar aventureiros no inverno! - Dizia o clérigo que, por conta da lábia de Tildror, acabou oferecendo carroça e cavalos, além de rações de viagem, numa "missão de Valkaria". O garoto, é claro, ia junto com o grupo.
***
Estrada. Agora, a neblina era muito maior. Havia dificuldade de se enxergar a um palmo de distância e o frio era aterrorizante. E nem haviam atravessado o rio Nerull. Nem haviam chegado às Montanhas de Teldiskan. Se estivessem loucos o suficiente para ir tão longe, a morte seria certa nas Montanhas Uivantes.
Logo no primeiro dia de viagem, avançaram muito pouco devido a neblina. Talvez demorariam muito para chegar, talvez fosse tarde demais quando chegassem. Mas havia esperança nos olhos do menino. Infelizmente, um pouco antes de Azgher sumir no céu, um bando de gnolls cercou o grupo. Eram quinze deles. Simplesmente, muitos. Bravatas foram proferidas, risadas infinitas, grito de guerra, combate.
E derrota. O grupo se rendeu assim que Kuala, depois de Peleannor, caiu em combate. No lado dos gnolls, apenas três baixas. A rendição fora aceita pelos gnolls que possuem um código de conduta, um vestígio de uma estranha civilidade. Aceitam quando pedem rendição, aceitam se render quando estão sendo derrotados, quando estão em número inferior ao adversário. Mas atacavam sem piedade se fossem traídos, atacados pelas costas. Ao grupo fora imposto a perda de seus alimentos. Os dez dias de rações de viagens de cada um. Um grande banquete para o bando que poderia sobreviver neste rigoroso inverno.
Um misto de orgulho ferido, humilhação e sobrevivência nortearam as decisões de todos. Tildror e Kuala queriam recuperar as provisões. Ilendar sabia que seria muito difícil seguir seus rastros e que não durariam muito sem comida. Peleannor sabia que bastava se prepararem um pouco melhor e conseguiriam derrotar a todos.
Fizeram planos, traçaram rotas com ajuda da magia de Peleannor. A noite veio sob os auspícios de Tenebra e a fome foi longa. No dia seguinte, partiram em busca de sua comida. Acharam um declive de uma colina, viram outros gnolls e viram comida. Eram mais do que quinze. Mas estavam dispersos e um combate alí os deixariam surpresos. O grupo começou o ataque. Os gnolls atacaram enfurecidos, mas desorganizados e confusos. Cinco morreram.
Infelimente, novamente, o grupo não contava com a chance de derrota. Lutaram como sempre fizeram, como haviam aprendido a lutar. Fizeram o que foram preparados para fazer. Peleannor conjurou magia arcana, atirou com sua besta. Ilendar bateu com sua falcione, defendeu com seu escudo, lançou suas magias divinas. Tildror estocou, movimentou-se, atacou de surpresa. Kuala-Lampur estocou com ferocidade, angústia, mas com uma certeza de vitória. Dessa vez, Tildror caiu, incosciente devido aos ferimentos. Peleannor em seguida, fora derrotado com ferimentos mais graves. Bateram em retirada com o rabo entre as pernas. Os gnolls, enfurecidos pelo ataque, correram atrás para liquidá-los. Felizmente, o terreno era muito difícil e não deu tempo para todos atacarem juntos. Ilendar carregando Peleannor e Kuala-Lampur carregando Tildror, chegaram à carroça e fugiram rapidamente pra frente. Os gnolls quase os pegaram. Alguns foram mortos, alvejados pelas flechas de Ilendar. O grupo sofreu uma segunda derrota contra um inimigo que estava claramente superior. Mas eles aprenderam um pouco de sabedoria gnoll.
E o frio e a fome aumentaram...

2 comentários:

R-E-N-A-T-O disse...

Kuala-Lampur não caiu no último combate, caiu o mago e Tildror ficou com 0 pv's.

u.u'

Kuala-Lampur ajudou a carregar os feridos!

Aldenor disse...

AUHAUHAUHUHAA
isso que dá, ter uma memória péssima.