segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Últimos Dias Reloaded


Olla a todos.
Como sabem estou assumindo a campanha de Últimos Dias, visando jogar Contra-Arsenal, em definitivo após a saída de Aldie.
Acredito que todos já me conhecem como mestre. Mesmo que minhas últimas campanhas não terem tido vida longa (Aurora Carmesim, Extinction), algumas foram bem longevas (X-Men II e III) e por isso eu topei esse desafio. Além disso seria desleal com o Renato (outro que propôs continuar UD) impedir que ele também deixasse sua marca no mundo com um personagem seu, jogado do 1º ao último nível.
Todos conhecem minha pegada e minha forma de conduzir as coisas, às vezes mais leve, às vezes mais dark, às vezes mais violenta, às vezes mais tranqüila porém sempre respeitando as escolhas dos personagens e suas implicações. Não esperem que eu assuma as coisas e tudo fique como era antes.
Isso é impossível.
Eu tenho meus próprios planos e minha visão de como continuar a aventura, por isso optei também por não desconsiderar nada que já tenha acontecido aos personagens. Vou continuar a aventura do ponto em que ela parou, inserindo elementos do meu domínio e do meu agrado a cada passo do caminho. Optei também por descontinuar o plano anterior de subir um nível por sessão. Agora a evolução se dará por arcos de história, podendo sim haver um ganho maior que um nível por arco.
Eu não pretendo me demorar muito narrando os eventos anteriores à aventura pronta propriamente dita e acredito haver apenas dois ou três arcos de mais ou menos três sessões antes do start real de CA. A idéia dos arcos incluem ainda a utilização de alguns antagonistas imaginados por mim para Aurora Carmesim e Con(Di)vergências além dos antagonistas necessários à CA.
Pretendo também usar a partir da próxima sessão o Magic Itens Compedium, tanto para premiar encontros quanto para municiar os PdM's. Mesmo com a idéia de escassez de itens mágicos no mercado de Arton, acredito que a variedade de itens presentes MIC, além de boosts não-mágicos (que não contam como +1 em valor ou nível de encantamento) e jóias de incremento, condiz com pujança presente no cenário antes dessa escassez recente.
Foram décadas de comércio aquecido pela cidade de Vectora, com itens de todas as origens e poderes circulando livremente pelo mundo. Isso não quer dizer que haverão mais itens mágicos disponíveis aos jogadores além do justo, quer dizer apenas que haverá uma variedade maior deles.
Tanto em poder quanto em habilidades.
Quanto aos livros e suplementos as coisas permanecem como estão. Me daria um trabalho absurdo adequar cada personagem presente em CA aos nossos inúmeros suplementos além de que modificaria bastante as fichas dos personagens caso esse ou aquele suplemento pudesse agora ser utilizado.
Eu espero feedback de todos os jogadores sobre cada sessão, sem excessão. Por favor compreendam que eu não sou Aldie e tenho meu próprio estilo.
E no fim as coisas darão certo, basta confiar.
Dei semper proficere, ad finem.

domingo, 29 de agosto de 2010

Tony Rossi


Tony é um italiano calado, porém simpático pesquisador-aventureiro, fã devotado de Jackie Chan, e um praticante de karatê. Há cerca de três anos diz ter se envolvido em um “acidente” que mudou sua vida, e desde então procura um meio de sumir da Itália e recomeçar a vida nos Estados Unidos.

Tony jamais fala de seu passado – costuma dizer apenas que é “o homem que já morreu uma vez”. Porém sua tatuagem no ombro é a marca de uma família mafiosa em que ele foi membro. Essa tatuagem torna evidente que essa máfia italiana já fez parte de seu passado.

Tony apresenta um ar blasé e despreocupado, embora não seja nem um pouco desatento como aparenta; pelo contrário, sua habilidade em lidar com imprevistos (mas nem sempre saindo ileso...) demonstra que está sempre alerta. Não temer riscos parece ser a principal característica desse pesquisador-aventureiro: embora não consiga prever exatamente que perigos pode enfrentar, Tony arrisca seu pescoço de maneira quase suicida, pouco se importando com quantos ossos vai quebrar ou quantos litros de sangue irá perder. Segundo ele, não tem medo de nada, porque não tem nada a perder em sua vida. Seu único instinto de sobrevivência aparente é quanto à alimentação: Tony sempre procura garantir um bom almoço, pois quase nunca sabe quando terá dinheiro para a próxima refeição.

Individualista e convencido, Tony não costuma demonstrar apreço pelas pessoas à sua volta com palavras, mas sim através de gestos. Embora seja normalmente cabeça fria, apenas uma coisa realmente tira Tony do sério: sendo muito orgulhoso de si mesmo, ele ODEIA ser confundido ou comparado com qualquer outra pessoa.

sábado, 28 de agosto de 2010

Vida Bandida

Havia, naquela entardecer no porto de Malpetrim, um homem sentado na areia branca. Seus cabelos cheios, embaraçavam ao sabor do vento enquanto visava o horizonte infinito a sua frente.
Ele sabia que seus dias de pirata estavam acabados. Aos poucos, suas lembranças passavam como um filme em sua mente.

Semanas antes.
Jack sacava sua espada curvada de suas costas com leveza e encaixava no estômago de um miliciano de uma aldeia. A lâmina deslizava abrindo espaço para o intestino desprender com um grande volume de sangue. Assim, mais uma vítima do ataque de seu bando tinha sucesso. Ele gargalhava eufórico do sucesso. Ouviu ordens do capitão e foi ajudar a carregar os mantimentos daqueles miseráveis.
Horas depois, dentro do navio de madeira envelhecida, aquela tripulação comemorava com rum velho mais um ataque de sucesso. Em meio a sujeira e miséria de corpo e alma, eles cantavam, e dançavam. Outros contavam entusiasmados como mataram e estupraram. Jack ria de tudo, apesar de não compactuar com aquilo. Ele fazia o que tinha que ser feito para sobreviver. Matava quem ficasse em seu caminho. As vezes um velho ou uma mulher bancava a heroína para tentar impedí-lo, mas ele apenas os nocauteava. Jack havia decidido há muito tempo que sua espada era só para adversários que soubessem lutar de verdade.
Depois de beber até dormir, acordou com um chute.
O sol acabou aguçando sua dor de cabeça de ressaca. Demorou alguns minutos para entender que o navio havia sido atacado pela frota real de Petrynia. Antes de ser amarrado como os outros, ele levou uma surra de bastões até quebrar uma perna. Antes de lhe colocarem um capuz velho para embarcar no navio dos corsários, viu de relance o segundo em comando recebendo uma bolsa com moedas de ouro. Ele havia traído a todos.

Dias antes.
Jack estava com um olho roxo e tão magro que seu estômago colava nas costas. Seu corpo era diariamente castigado. Marcas profundas de cativeiro. Naquele dia ele viu seus companheiros, seu bando, pela primeira vez em dias. Foram todos levados para um penhasco, frente ao Mar Negro. Havia uma pequena população ribeirinha de famílias e pessoas que queriam ver sua morte. A morte de seu bando. Xingavam, gritavam e jogavam bosta de cavalo neles. Eles eram os piratas presos e condenados ao enforcamento.
Notou que seu capitão não estava mais lá. Devia ter sido o primeiro e morrer. Quando começou o espetáculo da punição, viu seus amigos de 10 anos sendo mortos. Logo seria sua vez. Apesar de tudo, ele não sentia tristeza. Não queria se vingar do segundo em comando. Não queria salvar seus amigos. Ele não sentia nada. Apenas um vazio profundo.
Jack sabia que um dia isso iria acontecer. Inevitavelmente ele iria ser capturado e morrer. A vida era assim. Ele era um bandido e era caçado. Ninguém choraria por ele, ninguém sentiria sua falta. Foi então que, ao chegar sua vez, percebeu que tinha alguma vontade de viver mais. Queria fazer muito mais no mundo. Não deveria ser sua hora. Não por questão de justiça, mas porque ele era livre e queria se manter assim.
Antes que pusessem a corda em seu pescoço, ele gastou sua última fagulha de energia para surpreender a todos correndo para a beira do penhasco. Deu uma última olhada para o povo enfurecido e sorriu sarcasticamente. Saltou de costas.

Hoje.
Jack se levantava, tirando um pouco de areia do corpo. Colocava sua mochila nas costas e vestia suas botas recém roubadas. Ele tinha roubado essa mochila de um aventureiro descuidado em uma taverna. Sua cimitarra ele achou por acaso numa estrada. Afinal, a vida se resumia a isso. Caminhou para o leste. Queria conhecer Valkaria, a maior cidade do mundo. Talvez se tornaria aventureiro, ou mercenário. Talvez fosse viver nas ruas. Afinal, tudo na vida se resumia a isso. Acasos.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Dylan Maxime Cowesses - "Fessel"

Emergência do Vibra Hospital of Southeastern Michigan
Lincoln Park, Detroit, Michigan
08 de Agosto de 2009 - 03:00h

- Hora do óbito, três horas. Hora do demônio.

Era a segunda vez em três noites que a Drª Elizabeth Fox perdera um paciente na emergência do Vibra. E toda vez por volta das três horas da madrugada. Tiroteios, acidentes, incêndios, tudo que havia de pior era trazido ao Vibra. E tudo sempre acontencia à noite.
Sempre.
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08 de Agosto de 2009 - 03:47h

- Nome: Dylan Maxime Cowesses, 24 anos, caucasiano, 1,78m, 79kg. Vítima de politraumatismo, causado por arma contundente. Escoriações nos membros superiores e tórax. Múltiplos sinais de luta. O coitado não teve nem chance... Levem pra gaveta antes que comece a feder. Logo alguém reclama o defunto.

"Já estou a tempo demais nesse emprego"
pensou o Dr. Alex Gibbons, enquanto fitava o corpo inerte sob o lençol da emergência. "Só 24 anos. Tão cedo e eles já começam a se matar. Deus abençoe meus filhos."
O Dr. Gibbons não ficou no "frigorífico" até o fim do expediente dessa vez. Seus filhos vinham constantemente à sua cabeça, seus sorrisos, suas brincadeiras, sua companhia. Precisava deles.
Hoje mais do que nunca.
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08 de Agosto de 2009 - 04:36h

- Isso são todos os pertences encontrados. Ele tinha documentos, cartões e dinheiro consigo. Além desse envelope é claro. Tudo indica que não foi latrocínio. Eu lamento.

"Menos um marginal solto por aí, quisera eu fosse uma dúzia aqui hoje"
pensou o Detetive Owen Sorensen, deixando uma mulher algo bela, de pé no hall da recepção aos prantos. "Isso passa dona. Deus dá e o demônio tira. A gente só pode continuar seguindo e torcendo pra não ser a nossa vez."
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08 de Agosto de 2009 - 04:42h

"Querida Ann,
Eu posso imaginar o quanto você deve estar feia agora, com esses olhos vermelhos e o rosto inchado, mas acredite, vai dar tudo certo. E eu acho até que estou mais feio que você, naquela cama gelada, pálido como uma vela.

Eu não podia deixar as coisas como estavam, com você, o Harold e as meninas em perigo por conta de uma merda que eu fiz. Sozinho.
Se você está lendo essa carta agora significa que eu falhei outra vez na minha escapada. Frustrado como sempre.
Mas pelo menos ninguém conseguiu impedir minha última e derradeira fuga, deixar a gaiola da vida.
Mesmo que eu não tenha dado cabo dos caras que punham vocês em risco, com a minha saída do show, eles não vão te incomodar mais. Prometo.
Sim Ann, eu sei. Pára de chorar vai.

Me mudar não adiantaria nada, vocês se mudarem também não. Eles iriam atrás de mim. De vocês. Ele são barra pesada Ann.
Tudo aconteceu como deveria ser.
Agora pega as minhas coisas lá no meu apartamento e faz o que achar melhor com elas, vende, dá, distribui entre os pobres. Eu não me importo.

Vai em frente e toca a vida. Crie as meninas para serem melhores do que eu. Do que você.
Beijo na Julia e na Lucy.
Boa sorte gatinha.

Amo todos vocês.

PS.: Eu tava sem papel na hora e escrevi esse bilhete no desenho de mim que a Julia fez anteontem. Guarda isso ok? Beijos todos"

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08 de Agosto de 2009 - 05:00h

Frio.
Intenso e brutal, daqueles que congelam os ossos. Dylan estava deitado numa bandeja fria apenas com um lençol por cobertor. Se concentrou como foi ensinado a algum tempo por Grimmer. "Forçar o mana. Curar o padrão. Aquecer, regenerar.Vamos. Vamos."
Uma tenra luminosidade amarela inundou a escuridão da gaveta. O ar aqueceu-se até o nível suportável. Membros deixaram o torpor, pele se refez, fibras se regeneraram, sangue voltou a fluir. Estava vivo!
"Vamos Dylan, se concentre. A porta tem que ter uma maçaneta. Vamos, ataque o padrão, parafusos, dobradiças, molas. Vamos, acelere o tempo. Aumente o desgaste. Vamos."

CLáCk! Nheeeeeeeeck

Um corpo alvo escorregou para fora da gaveta, caindo no chão com um baque surdo. Estava nu e sem ferimentos. Seus cabelos negros oleados um tanto quanto desgrenhados. Olhos muito ativos de um azul intenso.

- Bem, agora preciso de roupas pra dar o fora daqui. - disse o homem com uma voz rouca, de quem não usa a muito tempo.

Saiu por uma porta marcada como "Vestiário Masculino"
Vinte minutos depois, a porta se abriu, revelando o homem já completamente vestido, calça social preta, blusa de botão vermelha, sobretudo de couro. Foi até uma mesa no canto do necrotério, abarrotada de papel. Procurou por alguns minutos logo encontrou o que procurava. Uma ficha de óbito e despacho de corpo.
"Dylan Maxime Cowesses"

- É agora que te enterro de uma vez, velha vida. É melhor assim. Pra todos.

Preencheu alguns formulários, assinou ilegivelmente m alguns lugares e pronto. O corpo de Dylan Cowesses já havia sido retirado pela família. Sem vestígios, sem pistas.
Saiu pela porta dupla com uma última espiada no ambiente estéril. Logo ganhou a rua e começou seu caminho até o leste.
"Boston talvez. Sempre quis conhecer Boston"
Saindo pela porta de serviço, passou por alguns funiconários que fumavam deixando um aceno.
Ganhou a rua e se foi na névoa de uma noite de verão.
Sua inexistência começaria agora.
Fugir e sobreviver.
Sempre.

O Paladino Apócrifo


A vida do meio-elfo Igan Kulenov sempre foi pacata e marcada pelo preconceito racial velado que sofria da sociedade bielefeldiana. Porém, sua vida mudou quando conheceu Rúbia Kevlar, uma paladina de Khalmyr, da Ordem da Luz, há quase 4 anos.

Outrora um camponês de vida pacata, Igan vivia sem perspectivas de grandes mudanças em sua longa vida. Perdendo seu pai, ex-paladino de Khalmyr, para a velhice quando tinha apenas 60 anos (equivalente a 12 anos humanos), coube a ele cuidar de sua casa, seu pequeno rancho e de suas duas irmãs mais novas: Melina (com 45 anos, 9 anos humanos) e Karin (com 30 anos, 6 anos humanos).
Por quinze anos ele sobreviveu as dificuldades da vida, forçando uma maturidade precoce, com a ajuda de Anderson, clérigo de Khalmyr, padre local em Portfeld. Foi no dia de seu aniversário, de 85 anos no dia 17 de Luvitas que sua vida mudou completamente.

Atacada por zumbis, o subúrbio de Portfeld recebeu a ajuda de Rúbia Kevlar. Salvando a vida de Igan e suas irmãs, ela bagunçou seu mundo com sua beleza e altivez. Imediatamente, Igan despertou sua vontade para lutar contra aqueles monstros que ameaçavam a vida de sua família e das pessoas. Mesmo sendo alvo de preconceitos, ele sabia que era o certo protegê-las, usar sua capacidade.
Foi assim que, durante uma ação contra o necromante maligno que criara os zumbis, Khalmyr intercedeu por Igan lhe garantindo status imediato de paladino. Nunca tendo visto tamanha inspiração e determinação beirando o divino, Rúbia se surpreendeu com Igan Kulenov, o meio-elfo e, depois da batalha ganha, sugeriu que ele cavalgasse ao lado dela para ingressar na Ordem da Luz.
Entretanto, apesar de não entender por que se tornara um paladino, Igan rejeitou a sugestão de Rúbia. Ele sentia-se indigno e inferior. Sabia que os nobres, a cavalaria e as pessoas em geral iriam apenas olhar com preconceito racial e ele jamais teria seu lugar. Apesar da argumentação de que ele era um guerreiro santo agora e que isso poderia mudar a visão das pessoas, Igan continuou recusando. Ele era uma pessoa, antes de ser guerreiro santo. Ele queria ser reconhecido como uma pessoa e não vencer o preconceito por conta de intervenção divina.

Ele sabia que era desaprovado pela sociedade, pois paladinos de Khalmyr que não seguem uma das Ordens de Khalmyr são mal vistos porque não se enquadram na hierarquia divina dos devotos. Porém Igan sabia que o deus da justiça olhava por ele e, tudo que importava no fundo, é combater o mal e proteger as pessoas.
Igan possui uma forma de pensar diferente. Não possui uma grande paixão pela ordem, pela disciplina ou pelas leis. Ele quer destruir o mal sem se importar em quebrar uma ou duas regras. Dessa forma, Khalmyr lhe abençoou com poderes diferentes em detrimento dos poderes padrões dos paladinos. Além disso, ele não possui o treinamento formal de Paladino, por isso não aprendeu as preces que lhe permitiriam a conjuração de magias divinas.

***

De 1402 à 1405, Igan se aventurou por Arton e conheceu vários reinos. Se juntou a um grupo de aventureiros e com eles viveu grandes momentos. Porém, devido a problemas internos, o grupo se separou ao chegar em Valkaria. Somente Helena, clériga de Lena, seguia o paladino meio-elfo. Entretanto, tudo mudou um ano atrás. Rúbia Kevlar fora presa em Norm e condenada ao enforcamento. Igan despertou uma grande revolta ao descobrir que seu crime dela teria sido se aliar a um necromante em um determinado momento. Mesmo que o necromante fosse apenas um estudante e não-maligno, para seus juízes, Rúbia havia perdido sua graça de paladina e cometido um pecado mortal. Igan e Helena viajaram para Norm e, contrariando a diplomacia, Igan investiu contra a Ordem da Luz, pois estava convicto no que era certo ou errado e sabia que Khalmyr concordava com ele.
Depois de invadir o outrora lustroso Castelo da Luz, hoje decadente e se recuperando do ataque da Tormenta, Igan descobriu que haviam cavaleiros da luz malignos. Ninguém poderia enxergar a verdade. A Ordem estava em falta de paladinos com o poder de ver o mal. Depois de matar alguns cavaleiros malignos e inclusive o capitão do setor oeste, o experiente sir Protias Kaminsk, Igan foi abordado por ninguém menos que o Alto-Comandante sir Alenn Toren Greenfield. Depois de derrotar Igan facilmente, sir Alenn ouviu a inspiração de Khalmyr em seu coração. E viu verdade nos olhos de Igan Kulenov. Dessa forma, ele percebeu a verdade. Inocentou Rúbia Kevlar e presenteou o jovem meio-elfo com a benção divina de um clérigo de Khalmyr à sua velha espada, herdada por seu pai.
Voltando para Valkaria, Igan e Rúbia se casaram. Helena, então, se aposentou para viver com seu filho, futuro paladino de Lena. No início do ano seguinte, entretanto, mais um duro golpe afetou as vidas de Igan Kulenov e Rúbia Kulenov.
Koji Kumagai, um monge que viveu aventuras ao lado de Igan, havia se corrompido para a Tormenta. Entretanto, ele usava o argumento de que usava a Tormenta para aumentar seu poder pessoal, como uma ferramenta, da mesma forma que Rúbia fez com seu aliado necromante. Igan explicou que a necromancia era algo artoniano. Pertencia ao mundo. A Tormenta não. Era uma força alienígena e totalmente corrupta. Ambos se enfrentaram e tiveram uma luta de vida ou morte. Igan, enfim, matou seu ex-companheiro.
Amargurado, Igan ficou semanas em casa com Rúbia. Quando ouviu falar da Confraria da Aventura e entendeu como um recado de Khalmyr para que ele continuasse a combater o mal onde ele estivesse. Se inspirou nos feitos de Jean-Luc Du'Champs, Farid e Davie Crown para voltar à ativa. Sua esposa, entretanto, estava grávida e anunciou sua aposentadoria da vida de aventuras.

Igan quer encontrar a Confraria da Aventura para se juntar a eles. Ele não conheceu a fama de Vanthuir Skullbringuer, pois ele viveu 2 anos longe da Confraria. Tão pouco sabe que um clérigo de Keenn chamado Mordred também entrou ao grupo. Quando ambos se encontrarem, talvez um atrito seja inevitável...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Comunicado aos esquecidos

Bom galera, antes de qualquer coisa leiam o post abaixo. Sim, atravessei mermo, e ngm tem nada a ver com isso.

Exceto Aldi ^^

Anyway...

Sobre nossos jogos. Como sabem, meu tempo é violentamente consumido pela faculdade, e agora ele está ainda mais comprometido com um escritorio modelo terrível e a monografia e OAB já batendo em minhas portas.

Como tinha dito, ausentar-me-ia de muitos jogos do forgotten.

Estes jogos são:

Mago - sempre foi um jogo que quis experimentar, mas tive o azar de começar um no meu periodo mais contubardo;
Relic Hunters - nem conheço, mas a proposta parece ser boa. Porém, como nao tenho garantia de meu compromisso, estou fora.
Ultimos dias - Com toda a confusao, e com a entrada de aldi como paladino, nao há lugar pra Mordred no grupo, e seria péssimo interpretar sozinho, haja vista os preconceitos do forgotten (se sao ou nao justos, nao vou entrar no mérito, o post nao tem esse objetivo). Ja mudei 3x, nao achoq eu tenha cabeça pra fazer outro. Tenho q conversar com o atual mestre, mas, enquanto não há essa conversa, estou fora.

Permaneço em AA, pela ótima composição do grupo, e na crença e certeza que marins esteja atravessando uma boa fase.

Acho que é só, amigos.

Bons jogos a todos, para aqueles que eu nao participar ^^

domingo, 15 de agosto de 2010

O FIM


Venho aqui, por meio deste post, comunicar o fim da campanha Últimos Dias.

Ultimamente, quando me deparo com a idéia de mestrar a campanha, me pego nada empolgado, contrariado e sem vontade. Pensar na campanha, no envolvimento dos personagens, no mundo, na aventura pronta a ser mestrada, tudo isso me deixa frustrado de alguma forma. Explicarei o por quê abaixo.

Últimos Dias foi criado com o intuito, desde sempre, a batalha contra Arsenal a aventura Contra Arsenal. Quando li o livro, achei que seria uma ótima aventura para ser mestrada. No início eu tomei decisões que julguei que estavam certas e poderiam dar longevidade a uma campanha do nível 1 até o 14º, nível mínimo exigido para a aventura. Entretanto, percebi ao longo das primeiras sessões que as coisas não estavam do jeito que eu queria. Não culpo os personagens dos jogadores. Eles foram criados da maneira que os jogadores queriam e se divirtiriam. É trabalho do mestre se ajeitar com os personagens que têm em para a construção da campanha. O problema foi a organização que eu fiz foi falha e me insatisfez. Muita coisa sem sentido aparente foram jogadas na campanha. Achei que poderia me basear nas pontas soltas no início da campanha para dar longevidade ao jogo para que ele se desenvolvesse nas resoluções das tais pontas soltas.
Mas não foi assim que aconteceu. Eu me perdi e em determinados momentos chaves, não encontrei soluções claras. O mote da campanha era "Os Últimos Dias em Arton", dias em que as coisas estavam ficando tão ruins no mundo, que dava pra notar na cara das pessoas comuns. Eu queria criar um clima tenso de pesar, de que se aventurar era uma idéia de gente louca nesses tempos incertos de guerra no leste, Tormenta ameaçadora... Mas esse compromisso com essa temática não durou mais que 4 sessões, se não me engano. Descartei a idéia, o sentido inicial da campanha, o que contribuiu para que eu me perdesse mais ainda. Descartei porque fiz escolhas infelizes.
E eu pensava: "ainda falta a deixa de Arsenal e de Keenn para envolvê-los logo nisso". Pois a campanha deveria culminar no confronto direto com o sumo-sacerdote da guerra. Acabou que se tornou um peso a mais nas minhas decisões, um problema a mais. O desenrolar da campanha não vislumbrava esse confronto, e as idéias começaram a escassear. Mas mesmo assim, eu não tinha broxado da idéia de mestrar Últimos Dias.
Broxei quando somei tudo isso ao fato de que estava tudo devagar demais. Tormenta RPG chegou com mudanças de regras que eu adorei, com conceitos mais bem desenvolvidos que eu também gostei. E havia mudanças significativas na história do cenário. E eu não consegui fazer vcs chegarem nem ao 10º nível. Mesmo avançando 4 níveis sem jogo, o que é uma ideia abominável para mim. Mas eu vi que era necessária. As coisas estavam devagar demais.
A idéia de mestrar somente Contra Arsenal, sem uma campanha como base, se tornou mais atraente. Mas foi descartada em praça pública. Não os culpo por isso. Vocês não são como eu que gosto de campanhas low level e de criar personagens (ainda que eu repita alguns). Vocês se apegaram a seus personagens. Todos estavam satisfeitos com seus próprios personagens, ainda que não estou certo se estavam felizes com seus relacionamentos com os outros. Então não foi surpresa quando negaram usar os personagens dessa maneira utilitarista de enfrentar Arsenal e pronto, acabou.

Por conta disso tudo, estou demonstrando meu desejo de parar. Parar e pensar sobre outras coisas. Não consigo me focar em Contra Arsenal mais como mestre. E forçar isso é burrice e garantia de jogos ruins e mau mestrados. Aliás, vcs já devem ter notado como as minhas mestragens estavam ruins ultimamente. Eu tentei me reempolgar conversando com jogadores mais empolgados com o jogo, mas a empolgação não durava mais que meia hora. Não dá, simplesmente.
Mas veja, as coisas não estão perdidas, se não for a vontade de geral. Contra Arsenal taí pra outro mestre assumir, narrar direto, ou narrar uma campanha como base ou mesmo usar aonde eu parei (eu darei informações sobre a campanha, se o novo mestre de Últimos Dias quiser) com os mesmos personagens. Eu jogaria.

Enfim, é isso.

Furtividade FAIL

Três bandidos de beira de estrada corriam pela noite chuvosa, fugindo dos aventureiros. Entretanto, os heróis os encontraram e planejaram se aproximar furtivamente.

- Vamos com calma, lentamente, sem barulho - disse Arthur aos sussurros.

Arthur caminhou sem fazer barulho. Mas começou a ouvir algo muito alto. Barulho de metal rangindo. Hector e Thalian faziam tanto barulho que cada passo era mais alto que a chuva que caía torrencialmente. Parecia que batiam com suas armas em seus escudos e gritavam por suas divindades...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Hector, o paladino de Tanna-toh



Hector nasceu em Valkaria e conhece muito bem a cidade. A mistura de culturas e raças o fez fluente em diversas línguas desde jovem. Nascido sem pai, Hector foi criado por sua mãe desde o nascimento. Lilian trabalhava em um boticário e assim ganhava a vida. Quando Hector nasceu sua vida ficou mais difícil, pois havia uma nova boca para alimentar, porém nada faltou a Hector. A educação lhe foi dada na igreja de Tanna-toh onde sua mente afiada sempre foi muito valorizada pelas professoras.
Hector progredia facilmente nos estudos se aprofundando facilmente em todos os assuntos abordados na escola, levando inveja a alguns colegas que tinham dificuldade de aprendizado. Esses colegas muitas vezes caçoavam da mente afiada de Hector, porém apesar de ser muito inteligente, Hector também era bom de briga. Sempre conseguia defender-se das agressões, não fugia por nada de uma peleja.
Ao alcançar a idade adulta Hector decidiu a progredir na igreja de Tanna-toh como paladino, o que o deixou Lilian profundamente orgulhosa.
No dia da sua ordenação como paladino, Lilian lhe entregou o seu bem mais precioso: a chave. Ela tinha sido entregue a sua mãe por uma senhora envolta em robes anos antes e tinha sido sua promessa protegê-la, agora já idosa, achou por bem passar-lhe o bem a diante. Hector começou a investigar sobre a origem da chave, mas não obteve resposta.
Lilian não imaginava as conseqüências que seu ato de generosidade causaria.
Brian, um dos mais antigos desafetos de Hector, viu durante a cerimônia Lilian entregar a chave a seu filho e um plano terrível brotou em sua mente. Durante a noite, invadiu o pequeno apartamento no subsolo do boticário onde Lilian morava e seqüestrou-a. Hector nada pode fazer para impedir, pois morava no templo naquela época.
Alguns dias depois ao ir visitar sua mãe, Hector descobriu o plano de Brian. Um bilhete com as instruções de onde, quando e o preço do resgate: a chave. Hector correu para o encontro de seus melhores amigos, um no templo de Khalmyr e outro no templo de Tanna-toh. Lá chegando, Brian pediu a chave e Hector ia entregar sem pestanejar, mas o clérigo da deusa da Sabedoria o lembrou de sua promessa e seu compromisso com as relíquias sagradas. O clérigo da mesma divindade de Hector, que até então parecia seu amigo, tentou roubar a chave para que Hector não a entregasse para mãos inescrupulosas de um vilão, mas foi impedido por Emyr que previu a situação e conseguiu impedir o fogo amigo. Isso custou a vida de Lilian. Brian vendo que não receberia a chave assassinou Lilian com a adaga envenenada que a ameaçava. A dor foi profunda. Perder a mãe marcou Hector para sempre. Hector ainda não perdoou seu amigo por isso, mas garante que é um processo que terá que fazer um dia pois ele apenas cumpria os dogmas de sua deusa.
Descobrir a destinação, a origem, quem era a senhora que entregou a chave a sua mãe, tornou-se prioridade na vida de Hector. Encontrar Brian e entregá-lo a justiça também é outra meta tão importante quanto.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Prólogo - Aventuras Artonianas



Anos atrás...
August sempre foi um marido fiel, e um homem de responsabilidade, “infelizmente Nimb não rolou bons dados”, perderá a mulher ainda jovem, e acabou arrumando confusão com os bares locais.
Até que um dia sua vida mudou, a pequena Elizabeth, foi deixada em sua proteção por uma clériga de Lena, que sem muitas explicações apareceu e sumiu, deixando apenas um colar.
Os dois envelheceram e a relação cresceu. O sonho de August tinha sido realizado: uma filha, um motivo para ficar vivo. Ensinou muitas coisas, e decidiu usar o amuleto para adornar a sua velha espada de família.
Porém o tabuleiro foi mexido e Keenn olhou para aquele vilarejo ao norte do Reinado, e apenas três palavras puderam descrever aquela manhã para os cidadãos, guerra, morte, estupro. Para “os furiosos” felicidade, prazer e diversão.
Foram minutos de horror, mas para a população daquele vilarejo sem nome, foram dias e anos de tortura. Em meio ao barulho de laminas e fogo, um voz era projetada:
- Entreguem a criança, sabemos que ela esta aqui... Não há como esconder colar!
Muitos se perguntavam que criança, que colar, outros nem tiveram reação...
August e Elizabeth correram, no fundo de seus corações eles sabiam, que era ela quem eles procuravam.
- Corra! Vá para os bosques, não tenho mais condições de lhe proteger!
- Não vou deixá-lo, se é a mim que eles querem, eu fico, papai...
A vida passou em segundo na frente do homem, que chorava abraçando a filha antes de dizer adeus.
Um homem com mantos e um cavanhaque marrom, voava falou com tom de deboche:
- Muito comovente pai e filha se abraçando no derradeiro momento final. – Palavras soltas no ar, gestos perfeitamente coreografados, e luzes saem das mãos do arcano matando August.
- Muita gente quer sua cabeça criança, mas eu não tenho interesse nenhum em você e nem em sua herança... enquanto você viver haverá guerra! Adeus criança. – Depois dessas palavras a menina nunca mais foi vista naquele reino.
Tollon, segundos depois... Uma menina chora em meio às árvores com sua única lembrança de casa, a espada de seu velho pai. Ao longe, um jovem escuta o choro, e tempos depois a toma como esposa.
***
Meses atrás...
Valkaria olha para sua estatua, que outrora fora sua prisão, o gigantesco colosso serve de espelho para a deusa da humanidade, seus pensamentos voam se aventurando em algum ponto do infinito, um jovem abandona sua casa e sua vida em busca de fama, enquanto um velho entrega sua velha espada para o neto que deseja se aventurar.
“É eu vou precisar da sua ajuda.”
“Vai, para que?” – Pergunta uma velha senhora de óculos e com ar de professora, prevendo uma das muitas respostas.
***
Semanas atrás...
As cidades são todas iguais no início da manhã, pouca gente na rua, galos cantando e os soldados tirando os últimos bêbados das ruas, em Villent não era diferente.
Porém, para o senhor de terras Jorg esta não era uma manhã normal, aquela carta não estava em seus planos, tinha saído da cidade capital para fugir dos problemas, e havia conseguido por longos 5 anos, mas o pesadelo tinha voltado. Não havia dúvidas só poderia contar com velhos conhecidos.
“Será que ainda se aventura?” – Pensa o velho Jorg – “Eles devem conhecer alguém”.
***
Dias atrás...
Em um dos corredores da Grande biblioteca em Valkaria, dois clérigos da deusa do conhecimento conversam:
- O que esta lendo, Ivan?
- Sobre as terras do Norte. Um viajante me perguntou essa manhã sobre elas e não soube responder muita coisa. Vou partir com eles pela manhã, e é sempre bom estar preparado. E você quando sai?
- Não sei, nunca pensei em sair, quase todo conhecimento do mundo esta aqui dentro, então porque sair?
E como que se já soube da pergunta, a resposta sai naturalmente, quase como mágica.
- Todo conhecimento pode estar em livros, mas podemos comparar a sensação de viver e experimentar todas as sensações em casa?
- É, não da... Em breve então, em breve... – Hector responde envergonhado.
Á noite, Hector ainda refletia sobre a pequena conversa com o amigo, se perguntando como um dos melhores alunos ainda não havia experimentado as sensações do mundo lá fora. Concluirá que nem tudo estava nos livros, e que precisava escrever seu próprio livro, suas próprias conclusões e principalmente ajudar sua deusa na busca por mais conhecimento e mais descobertas.
Horas atrás...
Minotauros não eram bem vistos pela maioria da população e a situação só piorou depois das guerras táuricas. Magnam muito menos, um grande ser, que ostentava ouro e jóias, e acima de tudo, gostava de mostrar seu poder a todos os seus escravos. Torturas e jogos pela sobrevivência eram hábitos constantes na vida dos elfos e humanos, criaturas consideradas menores por ele.
- Então Thalian está livre? Meu pai está louco mesmo... ele era um dos melhores.
- Não meu senhor, Thalian ainda responde ao senhor seu pai...
- Hum... Bom saber... Libere-o então... Tenho planos para ele...
Uma grande cabeça de touro sai da frente da jarra de água encerrando a conexão mágica.
- Libere o elfo, ele morderá a isca. Que a força de Tauron o acompanhe.
Para as sombras o pequenino volta e some.
***
Minutos atrás...
- O que houve querido? Algum problema? – Sempre foi uma característica de Tamires perceber se algo afligia seu marido, mesmo quando não tinham nada em época de aventuras pelo Protetorado do Reino.
- Recebi uma carta para uma missão, vinda de Jorg... Lembra-se dele?
- Claro. Proprietário de terras, certo? Não foi ele que abandonou Valkaria depois que roubaram ele, o que ele deseja dessa vez?
- Foi roubado de novo. Parece que uma de suas propriedades foi invadida, ele recebeu isso aqui.
Tamires olha com curiosidade o pequeno pedaço de papel. “O que você fará? Passará para quem?”
- Para Arthur!
***
Segundos atrás...
Uma das muitas vantagens de ser um deus maior em Arton era poder andar com qualquer forma e mesmo assim influenciar os corações mortais. E ela adorava isso, andar com seus fiéis, planejar com eles, lutar com eles, improvisar com eles. Tudo era novo para a deusa, cada novo aventureiro, cada nova aventura uma nova vida.
“Falta pouco” – Pensava eufórica Valkaria.
A porta da velha estalagem se abre, deixando entrar a luz da lua e um vento frio, com passos firmes um jovem guerreiro se aproxima do bar e notando apenas os bardos que tocam no palco improvisado, em sua mente apenas um pensamento, e Valkaria consegue perceber exatamente o qual é: “Nova aventura, preciso de companheiros”.
Ela sorri, quando um elfo entra no recinto e se dirige ao jovem que entrara há pouco.
“Ah, que ótimo, está feito...” – Com esse pensamento ela toca no goblin a sua frente e desaparece porta a fora com um largo sorriso de satisfação.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Relic Hunters #0 - Prólogo


Alésia, Gália (atual França) - 02 de Outubro, 52 a.C.

A tarde ia maligna e o crocitar dos corvos inundava o campo. A visão de um forte no alto da colina empoeirada rivalizava com o tapete de corpos em seu sopé. O cheiro de sangue coagulado era insuportável e macularia aquela terra por gerações. O riacho que a circundava estava talhado de vermelho por quilômetros.
Na tenda de comando, dois homens discutiam solitários o próximo passo:

- Isso não pode continuar Júlio! No seu estado, qualquer noite de inverno, qualquer intempérie, qualquer malogro poderá arruinar tudo que erguemos até hoje! Tudo que você conquistou em todos esse anos! - O homem esbravejava como se não houvesse hierarquia entre eles.

A figura que jazia ali a seus pés, indefesa num leito de campanha, sequer lembrava o homem a quem confiara a vida em juramento. De pé, o homem tinha mais de oito pés de altura, forte e perigoso como um tigre. Vestia um peitoral áureo e tinha sob o braço direito um elmo adornado com um penacho de pêlos de cavalo rubros e a face de seu dono esculpida em ouro puro, formando uma máscara altiva. E aquela face não era a de seu atual detentor. Era a face do homem no leito, que respondeu sem emoção:

- Acalma-te Brutus, meu irmão. A várias estações eu não sofria outro ataque como esse e, vivendo da maneira que eu me forcei a viver, me acostumei com sua sombra permeando meus passos. Engana-te se acredita que vim até aqui, suportei esse tempo infernal, matei e subjuguei esses animais apenas pela minha glória. Pela glória do meu legado. Pela humilhação de Pompeu. Há um pouco da minha busca nessa campanha.

Erguendo-se com dificuldade, Júlio afasta-se de seu leito, deixando o cobertor sujo de sangue a seus pés pelo caminho.

- Aproxima-te - disse a Brutus - Veja o que me trouxe até os confins da Gália e além. Ergueu um pergaminho encardido na direção de Brutus. Na luz bruxuleante das tochas, ele quase não entendeu a língua ali rabiscada.

O tecido da tenda era inteiro vermelho, corroborando o entardecer sangrento que se fez presente no caminho daqueles homens. A cada linha, a expressão de Brutus tomava o tom alvo da tenda de outrora. Não era possível.

- Eu não acredito... - olhou atônito para seu amigo. Fragilizado, parecia ainda mais marcado pelos quarenta e seis invernos de vida. Seus negros olhos pareciam luzir, perscrutando seu coração - Isso é verdade? Existe mesmo? Está mesmo aqui?

- Sim meu amigo, no alto daquela colina. Esse tal Vercingetorix o trouxe até aqui, sem saber sequer o que carregava. Talvez acreditasse se tratar de mais um tesouro, mais uma peça de seu espólio. Mas está aqui, e vai ser minha. Agora ajude-me a sair, tenho que caminhar entre os homens lembrá-los quem os trouxe a mais essa vitória. Lembrá-los quem é Roma.
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Palazzo Massimo alle Terme, Museu Nacional Romano, Roma, Itália - uma semana atrás.

Luzes giroscópicas preenchiam o pátio da contrução neo-renascentista. O jardim interno estava pontilhado de homens e mulheres de aspecto ranzinza, aborrecidos por ter de trabalhar às três da madrugada. Pouco se via da atmosfera lúdica que reinava naquele lugar durante os dias ensolarados do verão romano.
Rasgando a pequena multidão uma mulher caminhava apressada, tentando acompanhar a urgência que reinava em seu coração. "Como poderiam ser tão astutos? Invadir um museu em plena cidade de Roma? Sob as barbas do Corpo de Canabiere? Do Departamento de Polícia de Roma responsável pela Tutela do Patrimônio Cultural?"
Adentrando a cena como um tornado a mulher atrai instantaneamente todos os olhares pra si, reservando o seu próprio à vitrine central, bem de frente para a porta de entrada. Um corte oval quase invisível permeia a superfície do vidro blindado. O busto vermelho vazio é mais contundente do que um soco no estômago. Ainda não sabia o que havia sido levado, mas por merecer o centro da exposição dessa ala, devia ser importante.
Caminhando lentamente por entre a tempestade de olhares, ela se aproxima da vitrine o suficiente para divisar sua placa de identificação.
"Peitoral e Elmo de Gaius Julius Caesar, Imperador de Roma"