Aztag 25, Dantal,
1410 CE.
Este é o mesmo dia. Os eventos
descritos nas páginas anteriores referem-se à madrugada do dia 24 para o dia
25. Minha confusão sobre os dias da semana é perfeitamente compreensível, dada
à dificuldade de se preocupar com algo tão supérfluo como datas durante uma
jornada pela sobrevivência em um lugar hostil e selvagem. Mesmo aos arredores
do famoso Lago Allinthonarid, onde pensei estar em segurança, a intimidadora
paisagem árida de Sckharshantallas se transfigurou em outras formas. O perigo,
antes escancarado, agora estava discreto. Realmente, nenhum lugar pode ser
considerado seguro. Nenhum lugar desconhecido, é claro.
A primeira coisa que me recordo
de sentir, logo após dormir, é um toque no meu ombro. Uma mão pesada, rude.
Mesmo se eu não soubesse quem era, teria adivinhado. Drake me acordou. Abrir os
olhos foi difícil, custava crer que já havia chegado a minha hora no turno de
vigia. E eu mesmo achava um pouco desnecessário, tendo em vista meu equívoco
ainda não ter sido revelado. Acreditava estar em um lugar pacífico, uma ilha de
tranquilidade no Reino do Dragão. Senti um frio inadvertido, inapropriado.
Havia alguma densidade no ar. A luminosidade, a neblina que me impedia de ver um
palmo a frente do meu nariz não me surpreendeu. Afinal, estava acordando e era
natural eu estar com os sentidos aturdidos.