sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Crônicas Artonianas #14 - O Mistério de Hippion



O deus dos cavalos, Hippion, já foi uma divindade mais cultuada em Arton-Norte antes da colonização pelos povos bárbaros. Hoje só se encontra registros de seus cultos em Namalkah, o Reino dos Cavalos. Porém, é possível que alguns templos dedicados a ele ainda existam espalhados por algumas regiões de Arton-Norte. As Montanhas de Teldiskan, certamente, é um deles.
***

Noutro lugar, há bastante tempo, vivia um centauro chamado Agouro. Seu nome, uma lembrança de sua vida em tribo, agora servia como motivação para ele. Antes de partir de Bielefeld, se despediu de seu amigo sir Justin McJustice. Dessa vez, este seria um adeus. Viajou até o local onde sua tribo vivia e descobriu destruição. Seguindo sua intuição ligada ao seu treinamento como rastreador, descobriu quem poderia ser as causas de tamanha mazela: Kurumada Sano, o Monge Corrompido. Os dois lutaram brevemente, mas Kurumada, ferido, deu fim ao combate fugindo. Agouro jurou vingança e seguiu sua trilha até Valkaria. Seu espanto e desconforto com um enorme ajuntamento de gente não foram maiores que seu ódio por Kurumada. Descobriu informações valiosas. Seu alvo era um procurado da justiça deheoni, um monge que se entregou à corrupção maior: a Tormenta. O ódio de Agouro estava agora direcionado. Aberrações. Descobriu, então, sobre um grupo de aventureiros que o combateu, semanas atrás e que tinha partido para as Montanhas de Teldiskan. Seguiu sua pista.

***

Tildror abriu os olhos, lentamente. A dor em sua cabeça ainda lhe deixava algumas seqüelas e não pode enchergar muito bem. Havia um balançar lento e monótono. Estava na carroça que o trouxera para a vila atacada por Bernard Jolk. Lembrando deste nome, arregalou os olhos e conseguiu ver direito. Havia Mika, quem cuidava da direção da carroça. Havia Peter, observando os seus companheiros Kuala e Ilendar, ainda desacordados ou talvez mortos. E havia um centauro. "Caminhando" logo atrás. Fez gestos leves e furtivos para averiguar se seus pertences estavam com ele e notou algo estranho. Um colar, ou amuleto. Olhou de esgueira. Havia um símbolo: um polígono de sete lados, com uma naja vertendo veneno pelas presas. Surpresa.

Ilendar e Kuala acordaram em seguida e se deram conta do centauro. Conversaram e descobriram um pouco mais sobre o outro. Aparentemente Agouro ajudaria na busca por Eric Hobsbawm, que poderia levá-lo à Kurumada Sano. Aventureiros são assim: se tratam como amigos mesmo quando desconhecidos. Se ajudam mutualmente se os objetivos forem os mesmos ou similares.
Durante a viagem de volta à Selentine, perceberam que não trouxeram nada dos dois adversários mortos, exceto o que estava em suas mãos, como a chave e o pergaminho junto à Tildror. Chegaram em Selentine depois de meio dia após acordarem. Haviam dormido por dias sem parar devido aos ferimentos. Foram diretamente ao templo de Valkaria falar com o clérigo local, que ficou feliz ao ver o relativo sucesso da aventura. E por ter sua carroça e cavalos de volta. Discutiram sobre a situação atual.
Eric Hobsbawm é líder de uma Ordem clerical devotada a Keenn e Bernard Jolk era um dos membros. Através da carta que encontraram na vila devastada descobriram que a Ordem da Sétima Lâmina de Keenn estava atrás do que Eric chamou de "artefatos" necessários para entregar a uma sacerdotiza negra (supostamente, ligada à Tenebra) para um ritual. As palavras "glorisoso destino" foram usadas. Portanto, ficou a dúvida: será que Bernard Jolk achou o "artefato" para entregar à Eric? Será que já entregou enquanto eles viajavam de volta, feridos, para Selentine? Será que Eric ainda não apareceu? O quanto Eric sabe dos ocorridos? Kuala-Lampur, desesperado por sua irmã, Ilendar buscando a honra de seu padrasto de volta, Tildror intrigado com algumas partes não reveladas ao grupo (como eles sabem a verdade?)
Decidiram, por fim, voltar à vila devastada e ao templo de Hippion nas Montanhas de Teldiskan. Não podiam perder tempo. Arrumaram novos equipamentos e partiram. A viagem foi fácil, o inverno estava brando nesse momento. Chegaram novamente. Após algumas investigações no solo por parte de Agouro, descobriram que dificilmente Eric Hobsbawm havia passado por lá. Desceram aonde haviam derrotado o clérigo de Sszzaas e o clérigo de Keenn. Ainda estavam imóveis, fedidos. Fizeram uma busca demorada, precisa, detalhada. Acharam uma passagem secreta que abria com a chave. E encontraram alguns itens curiosos: quatro cavalos de pedra no tamanho real, pesando mais de 3 toneladas, na cor branca, bronze, negra e azul. Além de dois incensos. Depois de algumas horas resolvendo como retirar os cavalos de pedra e levá-los à superfície, descobriram que todos eram itens mágicos. Após algumas análises imprecisas, algumas palavras mágicas que Tildror havia aprendido anos atrás, as surpresas não pararam.
O cavalo negro após desperto com a palavra baeshra, aparentemente, reagiu ao ouvir o nome de Eric Hobsbawm e começou a cavalgar numa direção. O cavalo branco fez o mesmo, mas ao ouvir o nome de Kurumada Sano. O grupo, então, supôs que eles iam até os respectivos donos dos nomes... o que fazer?


quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Crônicas Artonianas #13 - A batalha da traição


Kuala-Lampur e Tildror arrastavam Ilendar pelos corredores escuros e sujos da antiga mina anã. Ela havia sucumbido perante os ferimentos e pelo veneno de uma víbora gigante que aguardava ansiosamente por carne fresca. Mika e o escudeiro Peter aguardavam na antecâmara, frente à entrada da mina anã. Estavam inquietos e o medo lhes era constante. Porém este era o melhor lugar para se aguardar os bravos aventureiros enviados por Valkaria. Ou assim, o jovem e ingênuo Peter pensava. Sua irmã, apesar de bastante grata à Ilendar por curá-la por magia e por meios que daria inveja a um médico de Sallistick, estava desconfiada. Havia sentido algo estranho em Tildror.

Kuala-Lampur deixou Ilendar - recém descoberta como mulher - aos cuidados de Mika e Peter. Disse-lhes para prepararem algum tipo de curativo para evitar maiores sangramentos, pois ele e Tildror voltariam para acabar de vez com Bernard Jolk e impedir o que quer que ele esteja fazendo. Ele estava também inquieto e a possibilidade de arrancar alguma informação sobre o paradeiro de sua irmã podiam nublar sua mente. Felizmente, ele era um guerreiro khubariano, portanto, tinha ligações militares e espirituais fortes que colocavam sua cabeça no lugar. Sua lança de ponta grande preparada, deveria perfurar e sangrar seu adversário. Sem erro.

O khubariano segurava sua lança com firmeza e serenidade no olhar. Buscava freneticamente não ser surpreendido pela escuridão que a lanterna não tratava de cuidar. Tildror tinha dúvidas se ele era mesmo um guerreiro ou um bárbaro. Caminhava displicente, com sabre em punho, lanterna noutra mão. Os dois caminhavam de volta ao centro. Havia um clima estranho no ar. Além do corpo com a cabeça esmagada, duas entradas estavam abertas. Decidiram entrar em uma, sem nenhum critério. Era uma sala vazia, retangular. Havia camas com sacos preenchidos por penas. Eram boas camas. Andando com sua iluminação precária, Tildror pensou que talvez encontrasse alguns tibares nos sacos. Afinal, era o que a plebe ahleniana fazia. Porém, encontrou uma armadilha. Fora envenenado e sua pele começou a ficar esverdeada... Kuala-Lampur, então, esbarrou num corpo. Dessa vez a vítima de roupas negras com capuz estava morta por envenenamento também. Sua pele estava totalmente verde e faltando um olho. Tildror arregalou os olhos e praguejou. Poderia ele morrer dessa maneira? Seria natural encontrar esse tipo de morte se ele ainda fosse um aristocrata em Ahlen. Mas agora ele é um aventureiro, vadio em Deheon. Será que seu destino aristocrático o perseguia?

Kuala-Lampur olho para o lado subitamente. Em seguida Tildror também ouviu os sons. Metal contra metal. Metal contra pedra. Uma luta. Ambos pensaram a mesma coisa, mas só Kuala prontamente correu para a última sala não visitada. Tildror foi se arrastanto. Estava debilitado e com um pouco de febre. Suas forças e vitalidade estavam baixas...

A pouca iluminação pareceu ganhar forças e a sala saiu da escuridão. Não que Tildror ou Kuala-Lampur percebecem ou se importassem. O que viram, os atordoaram, os confundiram. Uma cena, no mínimo, inusitada: Bernard Jolk combatendo um sszzaasita. Este era maior, roupas negras e armadura com um brilho doentio. Apesar de sua maça ser menor que a do clérigo de Keenn, o sacerdote da traição parecia acertar mais seus golpes e sua vitória no combate seria questão de tempo.

Kuala demorou alguns segundos para agir. Sua mente trabalhava rapidamente em quem atingir. Decidiu, então, atacar o sszzaasita. Seu raciocínio era óbvio: conhecera um clérigo de Keenn em Valkaria e descobriu que eles fazem o combate justo. A guerra é sua paixão e, se ele derrotasse o sszzaasita que estava vencendo Bernard Jolk, poderia ganhar seu respeito. Arrumaria suas respostas. Então, Kuala entrou em carga sobre o clérigo de Sszzaas e ignorou solenemente o grito de Tildror: "Ataque o Bernard Jolk! Ele é nosso alvo!"

Um combate sem brilho aconteceu. Ao contrário dos outros combates contra os clérigos de Keenn, este não era um jogo, na visão de Kuala. A vida de todos estava em jogo. A tentativa frustrada do sacerdote da traição de cegar Kuala deu a ele mais confiança. Bernard sorria com a ajuda talvez esperada do poderoso khubariano e sua igualmente poderosa lança. Entretanto, um ogro morto-vivo fora invocado e num golpe poderoso, levou Kuala ao chão. A luta parecia caminhar para seu desfecho com este monstro.

Tildror não agia. Queria muito matar Bernard Jolk mas se o atacasse, sua atitude poderia ser contestada por Kuala e mais tarde por Ilendar. Pensava rapidamente. O que faria?

Pensou em Sszzaas.

E o braço de Kuala, inconsciente e inerte no chão em sua própria poça de sangue, ergueu-se com violência perfurando o pescoço do morto-vivo. A criatura caiu num pesado e sonoro estrondo. Em seguida, desapareceu. Tildror mostrou um sorriso. Kuala permanecia inerte.

Ilendar abriu os olhos. Uma iluminação sobre si a fez lembrar dos tempos do Deserto da Perdição, quando o olhar vigilante e caloroso de Azgher lhe repousava na cabeça. Então, a verdade veio como um raio: estava na caverna, abaixo do templo de Hippion, sob os olhares espantados de Mika e Peter. Ao que parece, fora concebido um milagre. Estava acordado novamente, pronto para ajudar seus companheiros. E, de alguma forma, sabia que estavam em apuros. Correu para o campo de batalha.

Tildror encontrava-se recostado na entrada da sala, toda iluminada. Preocupava-se em segurar seu sabre e seu próprio corpo de pé. Bernard perdia o sorriso no rosto por uns instantes... para sorrir alegremente novamente com mais um golpe bem sucedido na carne de seu adversário.

Ilendar irrompeu no cenário e sua sabedoria lhe traduziu a situação e o que era melhor a ser feito. Curou Kuala-Lampur. Tildor, então, decidiu que era o momento de agir. Pensar em Sszzaas não deu o resultado que queria, mas pensou que atacar ao sszzasita não era uma opção ruim.

Mas, para a surpresa de todos, antes que Kuala pudesse agir, o sacerdote da traição derrubou o poderoso clérigo da guerra num golpe certeiro. E, para sua enorme surpresa ofereceu sua rendição:

- Minha luta não é contra vocês. Deixem-me passar e terão tudo o que quiser deste moribundo.

Ilendar e Kuala se entreolharam. Tildror já não podia ser visto por eles. O sacerdote passou e se encaminhou para o corredor escuro que daria a ele as vantagens que queria para escapar. Ilendar tratou de ir em direção ao corpo de Bernard. Kuala observava atentamente os passos do inimigo. Tildror surgiu com seu sabre na mão, olhar feroz. Suas intenções foram percebidas pelo Sszzaasita. Ajoelhou-se com um largo sorriso no rosto deformado pelos ferimentos.

Kuala-Lampur pensava no que fazer, mas no fundo, desconfiava no que ia acontecer.

Tildror deu-lhe um golpe de misericórdia. Perfurou-lhe a garganta. Sorrido de uma dor masoquista, ele tocou no ombro de Tildror antes de morrer.

Um toque único.

Kuala começou uma reprimenda. Tildror o ignorava, tentando entender os significados daquilo tudo. Súbito, Bernard Jolk desferia um golpe com sua maça de guerra e destruia o braço de Ilendar. Seus ferimentos anteriores não haviam sido totalmente curados. A dor e o horror foram grandes demais para serem suportados. Caiu e estava morrendo.

Kuala rangeu os dentes com fúria. Como pode um clérigo da guerra ser tão covarde? Era isso que ensinava seu deus da guerra? Uma guerra selvagem e desonrada? Avançou numa carga. Ineficiente. Perdeu um pouco sua serenidade no combate tamanha sua revolta. Tildror, ainda surpreso com os acontecimentos, pensou ter recebido uma bênção para poder se vingar de Bernard. Num primeiro momento, estancou o sangue de Ilendar para que não morresse sua chance de cura. E depois, foi ajudar Kuala.

Os dois combateram o clérigo da guerra com muitas dificuldades. Ferimentos, venenos, companheira morrendo... Kuala teve sua valiosa lança destruída e começou a lutar com outra menor. Por fim, Bernard Jolk morreu não sem antes praguejar sobre a invencibilidade da Ordem da Sétima Lâmina de Keenn.

Kuala e Tildror trocaram olhares incongruentes. Acharam duas poções que aparentemente eram de cura, segundo a experiência de Tildror entre os pertences do sszzaasita, além de três adagas provavelmente envenenadas. Acharam uma chave e um pergaminho com Bernard Jolk.

Tildror decidiu ignorar as adagas. "Chega de traição por hoje" pensava. Pegou as poções e deu uma para Kuala. O jovem guerreiro khubariano bebeu, pois estava ferido. A outra poção seria dada à Ilendar, para impedir sua morte.

Então, Sszzaas pregou mais uma vez suas artimanhas. Kuala tombou logo após de beber. Estava ferido. Era uma poção mascarada. Tildror ficou pensativo. Não queria dar a poção à Ilendar pois também estava ferido. Porém, estava receoso de ser enganado e acabar morrendo. Mas pensou que hoje fora ajudado e pensou que não seria atrapalhado em seus objetivos. Bebeu. Caiu ferido, quase morto.


(CONTINUA)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Último Jogo...


A sessão foi curta, mas rendeu bastante, contrariando as expectativas. O jogo fluiu e, apesar dos quase 2 meses que não jogamos, não gastamos a maior parte do tempo com conversas mata-saudades. Acho que a gana, a ansia pelo jogo em si foi maior, segundo opinião de Dudu.

E o próximo jogo com certeza tem tudo pra ser muito bom, ainda mais com o reforço de Zizoo...


Neste episódio, os intrépidos aventureiros, viajando pelo inverno, conseguiram com relativa facilidade arrumar comida de orcs que enfrentaram, de peixe que Kuala-Lampur pescou. Infelizmente (ou felizmente para R-E-N-A-T-O), Peleannor morreu misteriosamente quando decidiu se separar do grupo para fazer uma caminhada matinal. Ilendar então, decidiu expor a todos que Peleannor não era um elfo, na verdade. Era um tamuraniano que tinha como missão secreta de caçar e matar Kurumada Sano, o monge corrompido. Ele guiava com os aventureiros para ajudá-lo como dívida de gratidão e quem sabe, encontrar pistas que levem à Kurumada. Entretanto, após a morte de Peleannor/Hitsugaya Roki, sua aparência ainda era de elfo. Notadamente, a magia de transformação momentânea deveria passar com sua morte e isso não aconteceu. Nenhum item de transformação foi encontrado em seu corpo. Mistério...

O grupo enfrentou ainda um filhote de dragão branco que quase matou o jovem escudeiro do grupo com uma baforada de gelo.

Chegando à vila, horror: a vila vazia de vida. Pessoas mortas e pregadas à paredes de suas casas. Encontraram uma carta que de Eric Hobsbawm à Bernard Jolk e descobriram muitas coisas. Tildror quem a teve em mãos, ocultou certas informações... O grupo encontrou a pista vital: Ir para o Templo de Hippion. Lá estaria Bernard Jolk completando algum tipo de missão para a Ordem da Sétima Lâmina de Keenn...
O grupo entrou no templo e descobriu uma perdida mina anã. Ninguém conseguiu explicar quem veio primeiro: o templo de Hippion ou a mina anã. Em seguida, encontraram sinais de sszzaasitas e até enfrentaram uma víbora gigante. Fato curioso, Ilendar caiu desacordado. Tildror (que já sabia) e Kuala-Lampur descobriram que Ilendar era uma mulher!
Vamos ver como será a próxima sessão.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

o RPG não morreu


Nosso grupo está a passar por uma pequena crise. Não jogamos há quase um mês (ou mais...). É uma crise que só tem precedentes em 2005, quando também passamos por dificuldades de jogar.

Mas creio que o motivo principal para a falta de jogo seja "as férias de julho" onde gente viajou, se divertiu com outras cousas e etc...

Então, com a chegada das aulas, da obrigatoriedade das rotinas, nós poderemos voltar à nossa própria rotina de jogos aos domingos, 8h até 14h (ou mais, dependendo de R-E-N-A-T-O), na casa de Dudu.

Temos o meu jogo que seria o próximo, semanas atrás. Depois temos o de Marins, o de R-E-N-A-T-O, o de Dudu. Podemos manter esta rotina dos domingos até a chegada de Daniel, dia 07/09. Aí teremos que reformular o calendário e encaixar jogos como X-Men.

Como pontapé inicial, sugiro jogarmos dia 17/08, domingo, de 8h até 14h o Crônicas Artonianas 1403.

Digitem aí o que acham. Até!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Enquanto isso em Arton...




Arton, ano 1402, Lamnor, Interior do castelo de Cobar.


Thomas começou a estudar as paredes do hall de entrada ajudado por Jezz. Existiam algumas inscrições em Lakar que poderiam ajudar. Elina estudava tudo com certa preocupação. Sua habilidade de detecção da maldade estava a pleno vapor, ela sabia, pela intuição dada por Thyatis, que haveria alguém maligno a derrotar naquele lugar. Lylê passava as pequenas mãos nas paredes, ele era acompanhado de Patrick e Thorin nessa operação. A intenção de era achar alguma passagem, entrada ou túnel secreto.

Havia certa tensão no ar desde que um canto feminino fora ouvido vindo das profundezas do castelo. Elina começou a retirar-se do grande hall de entrada e dar inicio a exploração de outras câmaras, chamou os demais e prosseguiu indo em direção a um corredor grande e amplo.

O silêncio foi quebrado então pelos passos dos aventureiros ao adentrarem uma grande câmara que parecia ter sido devastada por alguma espécie de incêndio. Na câmara havia fuligem e restos de madeira que fora transformada em carvão por algo muito quente. O que chamava atenção na sala era uma grande porta de carvalho que continha alguns símbolos, que Patrick, Elina e Thomas logo identificaram como sendo uma espécie de selo, que provavelmente trancava algo dentro da sala. Mais uma vez silêncio enquanto todos estarrecidos olhavam a porta.

BAMMM

Uma batida forte na porta fez todos darem passos para trás e preparar-se para um eminente combate.


***


Vestindo trapos, um humano com barba por fazer aproximou-se do trono, entretanto preferiu não encarar a criatura que ali estava sentada.
- Eles entraram meu Senhor. – comunicou.
- Vamos testá-los então. Solte-o. – Uma voz grave e profunda respondeu.
- Sua vontade é uma ordem, mestre.
Apressado o humano correu até as escadas.


***


A porta se abriu. Cheiro de enxofre envolveu as narinas de todos. Uma névoa avermelhada levantou do chão. Uma criatura fedorenta e que provoca náuseas ao se olhar surgiu em meio à névoa. Havia uma espécie de verme que começava em onde deveria ser o abdômen e saía pela boca como uma grande serpente. Em uma das mãos empunhava uma espada negra que emanava energia negativa.

Os aventureiros entraram em posição de combate. Elina reconheceu a criatura por seu nome característico: Mohrg. Patrick tocou em Thorin e disse “Marah, proteja esse servo das trevas.” Thorin sentiu o toque da deusa da paz sobre seus ombros. Elina investiu clamando por Thyatis. Seu golpe foi poderoso e a criatura pareceu sentir dor. A espada do Mohrg desceu cortando o ar e atingiu Elina no flanco direito. O sangue dela jorrou. Thorin investiu em ajuda a sua amiga, porém a força do golpe pareceu tão grande que acabou-se perdendo precisão e Thorin errou seu golpe fazendo uma grande rachadura no chão que logo se congelou ao toque de seu martelo congelante. Jezz investiu sobre a criatura com um golpe com seus punhos fechados, a criatura levou um soco em suas vísceras que reagiram mexendo-se.

Há momentos em que os ladinos são acometidos da mais pura sorte. Alguns diriam que são olhos perspicazes, outros de que são treinados para aquilo, já os crédulos jurariam pela intervenção dos deuses; seja qual for a verdade, Lylê guiado pela sua curiosidade natural de sua raça entrou na câmara de onde veio a criatura. Lá entrando enquanto a criatura estava ocupada duelando com seus companheiros, ele viu que na sala existia uma armadilha preparada para ser disparada caso o Mohrg não resistisse ao combate com os aventureiros. O dispositivo parecia extremamente rebuscado e ao que parecia estava diretamente ligado ao fato da criatura estar em atividade. Sem pensar duas vezes, Lylê enfiou suas pequenas mãos em sua bandoleira retirou suas ferramentas e começou a trabalhar no desarme do complexo mecanismo.

Thomas notando a ligação da criatura com o elemento trevas começa pronunciar palavras arcanas e uma explosão de luz atinge o morto-vivo. A criatura fica vulnerável, parece pela primeira vez ter sido gravemente atingida. De súbito o verme que sai da boca da criatura ataca Jezz, deixando-o paralisados. Patrick agora teme pelo seu amigo, ele sabe que o verme pode tentar entrar no corpo de seu amigo e uma vez lá dentro, sua vida será perdida e ele renascerá como um morto-vivo também. Desesperado com a situação, Patrick levanta seu símbolo sagrado em forma de coração com uma pena e clama pela sua deusa “Marah! Afaste essa criatura para que ela nos deixe em paz!” O símbolo começa a brilhar a criatura retrocede alguns passos, o suficiente para Elina acertar outro poderoso golpe com sua espada bastarda na criatura.

Lylê continua trabalhando na armadilha, mas sem sucesso. Parece que não conseguirá. Thorin avança em outra investida e atinge o Mohrg bem nas vísceras, elas congelam e a criatura tomba. Jaz agora em definitivo morta.

O teto começa a produzir barulhos estranhos. Lylê vê o mecanismo funcionar. Só restou tempo de gritar “Cuidado! Afastem-se!” O teto desmorona. Grandes pedras caem e soterram parte da sala. Separando alguns e ferindo vários. Quando a poeira baixa Eles começam a verificar os estragos. Jezz está gravemente ferido devido à paralisia que sofreu e não pode proteger-se das pedras. Elina caminha em sua direção para que suas mãos possam curar os ferimentos mais graves. Thorin está ferido, porém de pé. Lylê sai ileso de tudo somente coberto de muito pó, parece que seu tamanho e sua agilidade lhe salvaram a pele novamente. Thomas está ferido também, mas como não havia recebido nenhum golpe da criatura pode agüentar aos ferimentos do desmoronamento.

Faltava um. Patrick. Elina gritou. Sem resposta. Gritou mais uma vez. Nada. Ela olhava uma grande parede de pedra a sua frente. Começou a desesperadamente a remover pedras com seus olhos enxendo-se de lágrimas. Thomas aproximou-se e disse: "Você nunca conseguirá mover todas essas pedras". Elina procurou um olhar de apoio e não encontrou. Thorin olhava as pedras com incredulidade. Jezz estava caído e desacordado no chão. Lylê olhava para Elina, mas sem esperanças no olhar. Thomas passou as mãos nos longos cabelos loiros dela e consolou-a. “Ele foi valente. Mais do que normalmente são. Ele salvou a vida de Jezz e morreu de maneira gloriosa.”

Elina enxugou uma lágrima que teimava em cair de seu olho. Virou-se para a porta e caminhou em direção a ela.