terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 8

Tirag 28, Dantal, 1410 CE.

Hoje foi um dia marcante. Talvez um dos dias mais importantes da minha vida. Um evento tão poderoso, tão majestoso, tão incomparável, tão único, que fica difícil imaginar algo comparável. Ouso, inclusive, anunciar ao caro leitor que, até agora, estas páginas foram escritas como um reles um prefácio para o grande dia 28 do sexto mês de 1410, calendário élfico.
Infelizmente, como o leitor deve ter percebido, mesmo os momentos cruciais, importantes, dignos de grande nota, são geralmente ligados à tragédias, dramas ou infortúnios. Pelo menos no começo dessa minha trajetória como herói aventureiro. O dia 28, portanto, não foge a essa regra. Este foi um dia de luto, um dia de assistir uma grande e terrível maravilha aos meus olhos e aos de Nathaniel, Patrick e Victor.
Pergunto a você, leitor. Quantos artonianos podem dizer que viram um deus em pessoa?

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 7

Aztag 25, Dantal, 1410 CE.

Este é o mesmo dia. Os eventos descritos nas páginas anteriores referem-se à madrugada do dia 24 para o dia 25. Minha confusão sobre os dias da semana é perfeitamente compreensível, dada à dificuldade de se preocupar com algo tão supérfluo como datas durante uma jornada pela sobrevivência em um lugar hostil e selvagem. Mesmo aos arredores do famoso Lago Allinthonarid, onde pensei estar em segurança, a intimidadora paisagem árida de Sckharshantallas se transfigurou em outras formas. O perigo, antes escancarado, agora estava discreto. Realmente, nenhum lugar pode ser considerado seguro. Nenhum lugar desconhecido, é claro.
A primeira coisa que me recordo de sentir, logo após dormir, é um toque no meu ombro. Uma mão pesada, rude. Mesmo se eu não soubesse quem era, teria adivinhado. Drake me acordou. Abrir os olhos foi difícil, custava crer que já havia chegado a minha hora no turno de vigia. E eu mesmo achava um pouco desnecessário, tendo em vista meu equívoco ainda não ter sido revelado. Acreditava estar em um lugar pacífico, uma ilha de tranquilidade no Reino do Dragão. Senti um frio inadvertido, inapropriado. Havia alguma densidade no ar. A luminosidade, a neblina que me impedia de ver um palmo a frente do meu nariz não me surpreendeu. Afinal, estava acordando e era natural eu estar com os sentidos aturdidos.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 6

Aztag 25, Dantal, 1410 CE.
Eu pensava já estar acostumado à miséria.
O que me fez ter esse raciocínio errôneo (afinal, não, eu não podia dizer isso, pois vivi praticamente todos os meus vinte e três anos até então no conforto), foram os recentes acontecimentos. Somente de calças decrépitas, sem botas, sujo o tempo todo e tendo atuações no combate cada vez mais pífias, eu considerava minha existência patética.
Entretanto, esse dia terminou de forma agradável, por incrível que pareça. Durante todo o tempo em que viajei por Sckharshantallas, tive saudades de minha Valkaria, com sua brisa fresca, com o cheiro de cidade e das pessoas. Até mesmo dos pequenos problemas que lidei quando era adolescente. Se antigamente eu considerava minhas peripécias coisas bastante relevantes, hoje vejo o quão inocente era. O mundo é muito mais vasto, hostil e terrível. Porém, este dia, o começo da semana, foi atípico, quando pude relaxar, soltar alguns risos que eu jurava ter esquecido como se fazia, além de tomar banho e limpar toda a sujeira e o cansaço acumulado pelos vários dias a seco, no calor insuportável.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 5

Aztag 18, Dantal, 1410 CE.
Eu sabia que magias de cura, os tais milagres divinos dos deuses, afloravam uma sensação de conforto e prazer. Ferimentos fechando, dores sumindo, provocavam sentimentos muito agradáveis. Porém, quando o clérigo de Wynna, Nathaniel, trouxe-me de volta à consciência, a sensação não foi tão agradável.
O ombro estava dolorido, a cabeça ardia e a perna direita incomodava muito. O rosto daquele homem de uns quarenta anos foi a primeira coisa que vi ao acordar. Estava sentindo o chão balançar um pouco e, pelo barulho de tudo, estávamos em uma carroça ainda. Ao lado de Nathaniel (eu ainda não sabia seu nome, entretanto), encontrava-se Elinia, mais bela do que nunca. Aflito, eu segurei o seu braço.
- O que aconteceu?

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 4



Valag 17, Dantal, 1410 CE.

O dia do descanso, Valag, sempre me foi agradável. Era um daqueles dias em que eu relaxava, como todos os trabalhadores. Mesmo eu nunca tendo trabalhado manualmente como um plebeu, eu gostava de aproveitar as “não idas” à escola ou à Universidade. Gostava de ler meus contos tamuranianos e de beber em tavernas à noite com alguns gatos pingados. A maioria daqueles que trabalhavam, aproveitavam o final do dia de descanso para... bem, descansar. E recomeçar o novo dia de trabalho com plenas forças.
Porém, o dia 17 de Dantal de 1410 foi um Valag atípico. Um dia de dor e sofrimento. Semelhante ao dia anterior. Porém, dessa vez, passei a maior parte do tempo desacordado, incapaz de me mover. Preso à minha mente, atormentado por minhas reflexões paranoicas e cheias de medo.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 3

Kalag 16, Dantal, 1410 CE.
Posso dizer, sem medo de errar, que o dia 16 de Dantal foi o primeiro dos piores dias da minha vida. A madrugada do dia 15 estava indo mal a pior, com a perseguição que sofríamos por parte da milícia da cidade de Thenallaran.
E tudo culpa de Yurden ou Radagast, seja lá qual for seu nome verdadeiro. E de Blasco, seu guarda-costas.
Mais uma vez, peço desculpa ao leitor, pois minha memória desse dia ruim é frágil. Durante os momentos em que meus olhos estavam fechados, muita coisa aconteceu e eu não pude saber no momento. Porém, queria demonstrar ao máximo o que consigo lembrar e comentar ações e atitudes das pessoas à minha volta. E as minhas atitudes também.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 2


Morag 15, Dantal, 1410 CE.
Nesse mesmo dia, descobrimos que estávamos em Thenarallan. O sol quente daquela manhã me fazia lembrar o intenso verão do começo do ano, lá em Valkaria. Infelizmente, estávamos no inverno e aquela terra não parecia conhecer o seu significado.
Sckharshantallas é o reino mais ao norte dentro do Reinado. São meses de viagem, partindo de Valkaria. Por um passe de mágica, aqui estava eu, no fim do mundo civilizado. Literalmente. Para oeste após o Rio dos Deuses, começava a Grande Savana, imenso lugar cheio de... nada. Animais, selvageria, etc. Para leste, montanhas rochosas imensas, as lendárias Montanhas Sanguinárias, reduto de todo tipo de monstro que se possa imaginar. Se não bastasse a terra árida e cheia de vulcões, o povo daqui era um pouco hostil e orgulhoso de seu rei, Sckhar. Ah sim, ele é um dragão. O rei dos dragões vermelhos.
Na verdade isso é um fato curioso. Sckhar é um dos tiranos mais conhecidos do Reinado. Controla seu reino sem dar liberdade ao seu povo. Mesmo assim, eles o adoram. Ele os tem em sua mão como sua propriedade para fazer o que bem quiser. E não são raras as mortes por mero mau humor.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 1

Morag 8, Dantal, 1410 CE (Depende do Mestre).
Hoje foi o dia mais importante da minha vida.
Acordei numa bela manhã ensolarada em Valkaria, disposto a contar para meus pais que iria me enfiar numa taverna, arrumar um bando de desocupados como eu e partiria pelas estradas do Reinado em busca de confusão. Tudo bem, não era bem isso que eu planejava, mas era a ideia.
No café-da-manhã, contei tudo a eles. Não pude deixar de notar o sorriso no canto da boca de meu pai. Minha mãe arregalou os olhos, mas não disse nada, tentando esconder sua preocupação visível. Minha irmã disse um entediado “já era hora”. Meu pai se levantou e tocou no meu ombro e disse que se aquela era minha escolha de fato, iria apoiar. Minha mãe concordou com a cabeça, ainda em silêncio. Meu pai foi no quarto para me dar um presente, algo que ele disse que estava guardando para esse momento.