segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Jogo de Quarta (?)


Vamos lá, gente. Queremos saber quem poderá jogar quarta agora, dia 22 na parte da tarde ou noite ou sei lá. Renato está de folga e seria legal jogarmos para "pagar" o fim de semana que ele viajará. Mas isso depende de vocês.
E domingo, sobre o Épico... to pensando, to pensando...

É isso, deem (adequado as novas regras de português) suas opiniões!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Crônicas Artonianas #21 - O Samurai e o Centauro


Ao longo da planície que surgiu à frente das Montanhas de Teldiskan, Agouro, o centauro, corria com o cavalo de pedra, todo branco. Compenetrado, Agouro às vezes se permitia imaginar como seria encontrar o assassino de seu pai, o tal Kurumada Sano. Pensou na luta que teria e, se o derrotasse, estaria vingado? Qual seria o sentido depois?

Antes que seus pensamentos o aflingissem, sua visão aguçada captou movimentos rápidos tentando se esconder atrás de uma formação rochosa de pedra, quase uma colina. Com um grito "baeshra" o cavalo branco parou de andar e ficou imóvel, tornando-se uma perfeita estátua. Agouro sacou seu arco e preparou uma flecha. Orou por Allihanna e gritou novamente:

- Não adianta se esconder. Eu já te vi. Quem quer que seja, saia daí e mostre-se!

De trás dessa formação rochosa, um homem apareceu. Talvez o homem mais estranho desde Kuala-Lampur que Agouro vira. Porém, havia uma semelhança com aquele quem caçava. A começar por sua pele amarela. Possuia olhos rasgados, com a íris muito azulada. Seus cabelos longos preso num coque que encurtava o rabo-de-cavalo, era prateado. Suas roupas eram pesadas por conta do inverno, azul da cor dos olhos. Sua armadura acizentada possuia um desenho de um dragão no peito, com a cor gelo. Nas costas, uma espada longa. Na cintura uma espada curta.

- Não estou escondido, centauro. Ousa acusar um samurai de covarde? - sua voz apresentava um leve grau de sotaque quadrado. Sua expressão era indecifrável.

- Não quero saber. Você é realmente muito estranho. E tem a cara do desgraçado que estou caçando... - Agouro era preciso em suas palavras. Não fazia questão de pensar muito sobre quem era seu adversário quão logo identificava algum.

- Sou Hitsugaya Hachi, taicho do gotei 13 e mestre da espada do gelo. - Sacando sua katana das costas, uma espada longa, fina e com uma curvatura estranha à Agouro. - e você, quem é?

- Meu nome é uma flecha na sua bunda. - Agouro atirou sua flecha. Histugaya Hachi saltou para frente, antecipando a flecha. Correu na direção do centauro e desferiu um golpe em arco. A lâmina atingiu o couro rígido, porém macio de Agouro. O sangue saiu pouco. Ignorando a dor, Agouro ergue-se nas patas traseiras e desferiu dois golpes de marreta no peito do samurai. Ele capotou três a quatro metros para trás, rangeu de dor.

- Eu sou Agouro e estou caçando Kurumada Sano com meu cavalo. Diga-me onde ele está?! - Agouro sacou suas duas espadas. Uma longa e outra curta. Nesse momento, percebeu que o samurai não sacou sua outra arma. Seria uma arma secreta apesar do tamanho?

No exato momento que o nome Kurumada Sano foi proferido, Hitsugaya Hachi arregalou seus olhos. Levantou-se e ergueu sua mão.

- Espere, bárbaro... Eu fui avisado que encontraria com o carrasco de Kurumada Sano. Também estou caçando este homem desonrado. - Histugaya sentia alguma coisa quebrada dentro de si. - Soube que ele fora corrompido pela Tormenta e minha família recebeu a missão de matá-lo. Meu irmão mais velho acompanhou um grupo de aventureiros na pista deste homem. Você fazia parte dele?

- Não. Mas encontrei este grupo há uns dias nas Montanhas de Teldiskan. Mas eles mudaram o seu caminho. Têm outros assuntos. Eu quero Kurumada Sano e este cavalo de pedra vai me levar até ele.

- E meu irmão? Está com eles? Ele tem os cabelos púrpuras...

- Não vi ninguém de pele amarela ou olhos pequenos. Mas Ilendar me disse que havia um mago com eles que morreu há umas semanas.

Hitsugaya Hachi abaixou a cabeça. As palavras de Agouro eram graves e pesadas demais. Sentiu seus joelhos fracos e sedeu-os ao chão. Deu dois murros na terra. Gritou e levantou-se. Olhos mareados. Com um esfregão de sua manga, limpou-se. Olhou para o centauro.

- Me leve até Kurumada Sano. Gostaria de matar este... "desgraçado". Minha vida não terá sentido se não matá-lo.

- Mas e depois de matá-lo? O que vai fazer?

- Seppuku.

- O que é isso?

- Vou dar fim à minha vida neste mundo e me juntarei aos meus ancestrais. Mas não farei isso antes de dar sequência à minha linhagem.

- Hm. Vai se matar. Mas não antes de fornicar. Parece uma boa idéia.

Agouro sorriu.

Histugaya Hachi não entendeu, mas deu de ombros.

Ambos seguiram o cavalo branco pelas planícies. Agouro dizia que estavam indo para o norte, perto de uma terra que todos chamavam de Zakharov.

domingo, 12 de outubro de 2008

Xmen?





Apenas para tentar marcar Xmen sabado! dia 18.

ate as 14h?
Por mim perfeito tenho um niver a tarde mesmo..

=)


podemos?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Crônicas Artonianas #20 - O Conto


FOGO E TREVAS


Há muito tempo, duas criaturas opostas em quase tudo se encontraram. O fogo e as trevas. As bênçãos de Wynna, a deusa da magia, são dons únicos, são a maior das maravilhas concedidas por um deus a um mortal. Os outros deuses concedem poderes pequenos, como se dados por fruto de seu orgulho. Os poderes divinos são um arremedo da capacidade dos deuses, um sonho dos mortais em se igualarem aos deuses. Mas Wynna concede, em sua grandiosa sabedoria e bondade, um pouco de seu próprio poder aos mortais.
Entretanto, ela ignora distinções morais. Seu dom, seu presente, é dado tanto àquele de coração mais puro quanto àquele de coração mais enegrecido pela maldade. Foi assim que surgiu a batalha entre Thyrus Lyr'nur e Ilker.
Um era abençoado por sua bondade no coração, ávido por justiça, ávido por liberdade, principal opositor e agitador das pessoas contra o tirânico reinado de Schkarshantallas. Era um feiticeiro de imenso poder e dominava o elemento do fogo.
A outra, por sua vez, possuía a mesquinharia típica de sua espécie. Uma medusa com o coração embrutecido pela maldade, deturpador, depravado. Dividia em seu coração o culto à Wynna e Tenebra, a deusa das trevas, a abençoava com sua maldade.
Ambos se encontraram pela primeira vez em alguma terra erma por este mundo e seus poderes se confrontaram. Dois abençoados por Wynna, divididos pelo bem e pelo mal. A luta fora travada por décadas, até que o bem triunfo. As chamas vermelhas de Thyrus sobrepujaram as trevas malignas de Ilker. Seu depravado poder fora aprisionado numa Gema de Poder e seu espírito completamente destruído.
Wynna não é a única que abençoa seus filhos com seu dom. Nimb, o deus do caos e da sorte abençoa a todos e ao mesmo tempo amaldiçoa. Quis o destino distorcido pela aleatoriedade que esta Gema de Poder fosse herdada por alguém de seu sangue.
O poder das trevas está novamente como Thyrus queria que seu povo estivesse: livre. Sob julgo de um novo portador...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Jogo dia 12/10 (feriado)

Olla doentes...
Estou desembarcando dia 10/10 e quero saber da possibilidade de jogo dia 12/10. Como a viagem do Rio Grande até Macaé foi toda offfline, apenas hoje retornei ao mundo digital (mais ou menos tbm).
Qualquer história é válida, desde X-Men até outra que eu não participe ainda. Espero respostas até amanhã às 19hs, (ficarei novamente offline, em trânsito de Macaé ao Rio, das 14 até as 18) por conseguinte, estou em Nikity City a partir de amanhã, visando cerva, boteco, Outback, cinema, enfim, qualquer coisa.
A gente se vê.
Abraços e adièau

PS.: Qualquer coisa me liguem a partir das 13hs de amanhã.
PS.: Se não houver jogo, favor justificar ok? Estou fora do blog a muito tempo demais. =/

Crônicas Artonianas #19 - Um Culto da Morte


Não se sabe precisar se foi o inverno que dera uma trégua naquela longa noite, ou se foram as canções e a felicidade das pessoas que afastaram o frio. No Conservatório Twilight, uma verdadeira multidão de donzelas e seus serviçais esperavam o surgimento de Luigui Sortudo, o bardo mais famoso de Deheon. Entretanto, para a frustração das raparigas, Egídio quem apareceu, feliz e contente por notar que havia tantas jovens bonitas como platéia. Com singelas palavras, aconselhou a todas irem para seus lugares. O show estava prestes a começar.

***

Alond era um homem razoavelmente covarde. Nasceu em uma vila que fora devastada por gnolls e não sabia ao certo se era em Deheon ou em Ahlen. Tentou ser aventureiro quando jovem, mas sua covardia o fez abandonar vários grupos e, finalmente, se aposentar no alto de seus 25 anos. Fixou residência em Gorendill e passou alguns anos trabalhando para a Guilda dos Ladrões de Gorendill quando fora abordado por Gilban. Já conhecia a fama do mercador e sabia, de alguma forma, o envolvimento com achbuld. Gilban queria que o servisse em Valkaria. Foi nesta época da abordagem que Alond conheceu Tildror, quase um ano atrás.

Nesta noite, Tildror estava à sua porta com um gélido vento que fez a espinha tremer. Impressionado, Alond pensou que não estava devidamente discreto em Gorendill. Mas logo raciocinou que Tildror era realmente alguém muito bom para achar pessoas numa cidade. E, de fato, Tildror procurou bastante. Muitas horas. Perdeu quase todas as cantorias do Festival de Inverno, algo que ele poderia ter apreciado de longe.

- Boa noite, Alond. Vamos dar uma volta? Assuntos urgentes a tratar.

Essas palavras foram o suficiente para Alond se lembrar do estranho olhar de Tildror na época que eram colegas de viagem até Valkaria. Um olhar que demonstrava um desinteresse e ao mesmo tempo um sadismo sufocante. Ambos conversaram não mais que dez minutos. Tildror descobriu que Gilban estava de volta à Gorendill com seu guerreiro favorito, Radammyr. Querendo discrição, pediu para não contar a ninguém sobre sua visita à Gorendill. Alond era um homem covarde, mas pensou em algo para tirar vantagem. Mas tirou essa idéia da cabeça e tentou convencer de Tildror a entrar para a Guilda. Dessa forma, talvez, pudesse tirar melhor proveito das novas experiências como aventureiro de Tildror nas atividades da Guilda. Fosse que fizesse em Gorendill, só poderia fazê-lo se fosse membro. Tildror sentiu-se balançado e prometeu pensar no assunto. A vida de aventureiro dele poderia dar alguma pausa, então. Se despediram discretamente.

***

Kuala-Lampur, Peter e Ilendar eram as figuras mais exóticas da noite. Não que não houvessem aventureiros em Gorendill nesta noite - haviam muitos! - mas eles eram os únicos que chegavam naquela noite e não deixaram seus equipamentos de aventuras na estalagem. Kuala carregava suas lanças nas costas e nas mãos sua maior lança partida ao meio e com a ponta da lâmina enferrujada. Ele estava impaciente e ansioso. Queria consertar logo sua melhor arma. Seu rosto demonstrava os vários anos de preocupações que o jovem khubariano ainda não tinha. Ilendar, envolta como sempre em seus mantos que um dia foram dourados, estava de expressão misteriosa e comentários curtos. Carregava nas costas seu grande escudo que um dia fora brilhoso e vistoso. Nas costas ainda, a aljava com flechas e o arco. Na cintura, a cimitarra. Peter era o único destoante. Destoava por sua normalidade ao andar de lado a dois aventureiros com cara de poucos amigos. Vestia roupas pesadas feitas de peles de animais grandes como ursos do gelo. Não portava arma, nem escudo. E tinha um sorriso fácil estampado no rosto.

Não demorou muito para alguma das meninas que estavam agitadas e enfeitadas chamarem a atenção do garoto das montanhas. Ele pediu, desajeitado, para ficar alí e que encontraria ambos mais tarde. Kuala e Ilendar se entreolharam. Ilendar deu de ombros, mas deu também a entender que não era uma boa idéia deixá-lo sozinho. Kuala sequer ponderou e concordou. Kuala tentou a estratégia de ficar com ele enquanto deixava Ilendar ir ao ferreiro com sua lança. Mas Peter, confuso e com vergonha, deixou de lado sua investida. Os três foram até Farbos, o ferreiro anão. A arma de Peter e o conserto da lança de Kuala poderiam ser providenciados com ele.

O senhor anão estava fechando sua loja quando foi abordado pelos dois aventureiros. A princípio, sua rabugisse refletiu no rosto severo de Kuala, mas depois do jovem khubariano explicar as razões e a pressa que tinha pela arma, Farbos ficou convencido. Não só abriu a loja, como não cobrou nada pelo conserto. Kuala, ao explicar que estava em busca de sua irmã perdida, pensou novamente. Será que estava sendo rápido o suficiente? Será que sua irmã estava bem? Se abateu um pouco com perspectivas ruins, mas nada que alguém percebesse, claro.

Quando dois homens adentraram a loja. Eram um humano de cabelos negros, lisos e roupas bastante largas e confortáveis. Vestia um manto bem pesado para evitar o frio. Tinha um rosto que demonstrava indiferença. Ao seu lado, um elfo de cabelos ruivos e com alguns resquícios de neve. Sua armadura negra e bem trabalhada estavam um pouco molhadas. Sem muitos rodeios, ele quis vender seu arco. Kuala-Lampur era um guerreiro e sabia o valor que uma arma possuia a um guerreiro. Não entendia o porquê da idéia de vender uma arma quando não se vive de venda. Não conseguindo manter a curiosidade, contemplou o guerreiro elfo com a questão. Uma arma faz um guerreiro. De repente, Maedhros se sentiu estúpido e voltou atrás. Disse muito baixo algo sobre precisar de dinheiro e Ilendar, dessa vez, se intrometeu. Talvez fosse a visão da possibilidade de agregar dois novos integrantes ao grupo para ajudá-los em sua jornada que tivesse aguçado a curiosidade de Ilendar e Kuala. Desde que partiram de Valkaria, eram apenas quatro e perderam um membro valioso de formas misteriosas. Talvez, numa cidade maior, pudessem encontrar aventureiros dispostos a ajudá-los. E serem ajudados, é claro.

Thyran se apresentou e não disse nada pessoal, apenas palavras abstratas sobre um comerciante que tinha contas a acertar. Um tal de Gilban. Maedhros aproveitou a deixa e revelou um pouco mais sobre seu objetivo pessoal. Ele queria encontrar o mesmo homem para resgatar um item que não lhe pertencia. Thyran sorriu com ironia: "É a mesma coisa que quero dele. Algo que não lhe pertence."

Kuala teve uma lembrança. Foi quando conheceu Tildror. Lembrou que bateu em um homem que queria matá-lo por um motivo que não se lembra. Coisas do povo do continente. Talvez Tildror pudesse ajudá-los. Porém, Kuala também sabia que ele não estaria na estalagem até agora. Talvez pudessem encontrá-lo...

... No Festival de Inverno, as apresentações começaram. Farbos prometeu que no dia seguinte a arma estaria pronta nem que para isso trabalhasse a noite toda. Kuala-Lampur, Ilendar, Peter, Maedhros e Thyran saíram da loja e se dividiram depois de marcar para mais tarde se encontrarem na Taverna do Minotauro Bigorrn.

***

Thyran ainda tinha outro assunto que não revelara ainda. Maedhros decidiu ir com ele e caminharam por meio a uma gente dispersa em frente ao Conservatório de Twilight. Uma vez lá, pediram para falar com Aléxis Wands, o bardo que Egídio conhecia. Os homens do Conservatório disseram que o "senhor Wands não queria receber ninguém." Porém Egídio estava entre eles, como uma sombra! Através do halfling, Maedhros e Thyran entraram no Conservatório e foram até o quarto de Aléxis Wands em pessoa. Ficaram surpresos ao conhecerem-no.

Encontraram um homem cabisbaixo, cabelos desgrenhados, olhar preocupado e desanimado. Quando indagado sobre o conto:

- Oh, por Tanna-Toh... não me pergunte nada sobre o conto. Sou filho de Alan Wands e o conto de meu pai que ia impressionar a platéia não está aqui! Fui roubado!

- Foram os cultinas negros, Aléxis. - A voz vinha da porta. Encostado na parede, estava um homem baixinho, olhar sereno e um sorriso fácil de se identificar. - Você é um tolo em achar que a existência de cultistas de Leen são mero boatos, histórias para assustar crianças. Nem ao menos foi ao cemitério!

- Não seja bobo, Gylbert! São lendas. Lendas são para serem recitadas e não investigadas. - Maedhros franziu a testa. Estava incomodado. Thyran, antes de ir embora frustrado, descobriu que seu pai fora aventureiro com o pai de Aléxis e que o conto foi uma forma de homenagem que Alan prestou à Thyrus Lyr'nur.

Ambos ainda ficaram a discutir alguns assuntos sobre seus respectivos pais, o que tornou a conversa um tanto desinteressante para Gylbert e Maedhros. Mas não para Egídio que adorava o clima de mistério e aventura.

***

Perto dalí, Kuala-Lampur, Ilendar e Peter decidiram assistir aos festejos. Viram e ouviram o bardo Thyl cantar a história de um amor proibido de dois jovens clérigos, um de Valkaria e outra de Nimb. Viram uma apresentação de dois homens que usavam uma espécie de pó branco no rosto e uma tinta muito vermelha nos lábios, de forma a exagerar a expressão facial. Um sorrindo e um tristonho. Era um teatro que imitava algumas situações da vida como a relação de nobre e servo. Todos riam dos dois bufões. Viram também um trio de garotas que interagiram com o público. Na verdade, interagiram demais para o gosto de Kuala. Ele foi convidado a dançar a dança típica de Khubar. Kuala negou, com rosto severo e expressão dura. Mas o sorriso da mulher que o convidara era terrivelmente irresistível. Kuala foi e dançou. Muitas risadas e muitos aplausos no final. Kuala se sentia ridículo e tinha um pouco de raiva da situação. Decidiu se retirar para a taverna. Ilendar conteve o riso, mas não o sorriso oculto. Peter riu bastante e implicou ainda muito naquela noite.

Na Taverna do Minotauro Biggorn, encontraram Maedhros e Thyran. Todos jantaram juntos um ensopado de galinha com batatas frescas juntamente com algumas frutas exóticas de Gorendill. Então, Tildror apareceu sob o olhar severo de Kuala-Lampur.


Tildror viu os rostos estranhos na mesa com seus colegas aventureiros. Ignorou-os um pouco, mas já pensava rapidamente na utilidade deles. Um portava arco e espada. Outro, nada nas mãos. Ou era alguém como ele ou era algum tipo de mago. Na verdade, eram dois alvos. Com uma piada sem graça sobre a presença dos dois novos aventureiros, Tildror juntou-se à mesa. Kuala explicou a ele que Maedhros e Thyran estavam atrás de Gilban. Só em ouvir o nome dele, Tildror não conteve o brilho nos olhos. Pensamentos a mil.

Maedhros, sempre calado, subitamente levantou-se desajeitado. Começou a contar sua verdadeira estada em Gorendill.

- Vejo que vocês são bons humanos e estão verdadeiramente dispostos a me ajudar. Eu sou um recruta e quero entrar numa Ordem. A Sétima Lâmina de Keenn. - Os olhos de Ilendar faiscaram. Tildror conteve seu salto na cadeira. Kuala franziu a testa. Peter abriu a boca e regalou os olhos. Thyran, entediado bocejou. Mas percebeu que alguém olho para eles por um instante e fora embora. - Para isso, preciso de uma jóia élfica, um rubi-estrela. Meu mestre, o elfo Quarionnäilo quem ordenou que eu lhe entregasse a jóia. Assim, eu seria admitido. Ao que parece, Gilban possui esta jóia. Ela não pertence a ele, certamente.

- E eu quero o cajado de minha família que está sob posse desse maldito ladrão. Ele posa de mercador, mas é um crápula, um canalha salafrário e ladrão! - Thyran disse ao observar e entender o espanto de todos. Queria que o grupo também se compadecesse por sua causa.

- Acho que podemos ajudar sim. Mas você disse sobre uma jóia élfica. Estrela-rubi, certo? - Ilendar olhou para Kuala, que concentiu. - Nos acompanhem.

Os seis aventureiros saíram da taverna e foram para a estalagem onde Tildror havia alugado um quarto. Subiram as escadas. Foram ao quarto onde estavam hospedados e Ilendar mostrou as duas jóias em formato de estrela. Maedhros abriu os olhos com mais veemência, mas conteve sua surpresa.

- É essa mesma. A outra é falsa.

- Falsa? Qual?

- Esta. - Maedhros apontou. - Alguns nobres de meu povo faziam uma joia idêntica e falsa para guardar junto a seu tesouro. Elas possuíam um veneno que mataria o ladrão.

- Veneno?! - Ilendar logo cobriu suas mãos com seu manto. Ficou curiosa. Observou mais atentamente e percebeu uma diferença. Algum líquido estava alí sim, mas já estava seco. Porém, apenas ela havia tocado na gema. E não estava doente. O que significaria isso? Será que era algo que não afetava apenas alguém dentre os seus?

Então, Kuala olhou para Tildror que jazia parado observando a situação.

- Não fará nada quanto a Gilban, Tildror? Você o conhece. - Sua voz tirou Tildror da sua furtividade que ele gostava de pensar que estava.

- Hm. Certo. Posso ter com ele amanhã. - Falou Tildror que muito mais interessado estava na história da jóia falsa com veneno...

- Se não fores falar com ele hoje, vou eu mesmo. - Dessa vez Kuala rangeu os dentes. Tildror o olhou com um pouco de susto e concordou em fazer hoje mesmo. Encontraria Gilban. Saiu do quarto. Na descida pelas escadas, sentiu-se iluminado por Hynnin por uma excelente idéia... Pensou se Sszzaas tinha o dedo nisso.

***

Tildror se encontrou com Alond novamente, minutos depois.

- Vou entrar na Guilda dos Ladrões de Gorendill. Mas tenho um plano para entrar de modo triunfal. O quanto Gilban é "adorado"?

- Você quis dizer suportável, certo? Ninguém adora aquele rolha de poço.

- Às vezes sua persepção me comove, Alond. Diga logo.

- Ele tem grande parte nos negócios da Guilda. Ele não é um membro, mas dizem que faz negócios diretamente com o Nogram. O líder. Você sabe.

- Sei. Quero me encontrar com este líder ainda hoje. Estou com sorte?

- Parece que Nimb rolou bons dados para você, meu caro... O Nogram está assistindo, de uma parte privada, é claro, ao Festival.

Neste momento, Aléxis Wands fora chamado para cantar e declamar sua história.

Alond saiu da vista de Tildror como um rato que foge do gato. Uma hora depois, encontrou Tildror noutra taverna, bebendo vinho com um grupo de bardos e cortejando a líder deles, uma belíssima barda loira com belíssimos pares de olhos.

- Venha comigo. Você não ia se disfarçar?

- Não seja tolo, Alond. Acompanhe os fatos de vez enquando. Não preciso esconder a Gilban que estou aqui.

Ambos andaram nas sombras da cidade em festa, já altas horas da noite de Tenebra. Entraram numa varanda de um casebre com vista privilegiada para o enorme palco, no centro da cidade. Alond falou com Nogram primeiro e depois voltou para chamar Tildror.

- Boa sorte.

- Sorte é para os fracos. Ou não!

Tildror se aproximou, nas sombras e viu, sentado numa cadeira alisando um gato branco, um homem comum. Meio-elfo, tinha um curioso chapelão pendurado na cadeira. O gato era gordo e parecia dormir. Tildror sentou-se noutra cadeira.

- Boa noite, Tildror de Valkaria. Eu me chamo Lucas Moldvay. - Tildror lembrou que já ouviu falar do nome. Havia alguém conhecido com este nome. Então, caindo em si, arregalou os olhos lentamente. Suas mãos pregaram firme na cadeira. Ora, era o Camaleão em pessoa! O maior assassino de elfos e ladrão de itens mágicos do mundo!

- Boa noite, senhor Moldvay. - Hesitante.

- Queria uma aldiência comigo. Estou apreciando um pouco destes festivos e meu gato está dormindo. Seja breve e fale baixo.

- Eu... bem... - hesitante - quero entrar na Guilda dos Ladrões de Gorendill. Mas para isso, quero tomar o lugar de Gilban nos negócios dele. Sei que ele comercializa achbuld e...

- Gilban é um comerciante de poucos amigos. Mas ele impõe bem sua presença nos negócios. Tem amigos, tem conhecidos, gente deve favores a ele. O que você tem a me oferecer, Tildror de Valkaria?

- Bom - Tildror se remexeu, inquieto, na cadeira - Você descobriria de qualquer jeito mesmo. Vou lhe revelar meu nome verdadeiro. Eu sou Guildror Tivanor, membro da baixa nobreza de Ahlen. Eu tenho como oferecer maiores vantagens no comércio de achbuld. Sei que Gilban é o único que consegue chegar em Gorendill com tal carregamento para dispersá-lo por Deheon, mas eu conheço ...

- Holdinnar Ruvtenn, fundador da Rosa de Ahlen. Conheço sua família, Guildror. - Lucas Moldvay sorriu satisfeito. - Você mostrou-me, ao mesmo tempo, confiança e ousadia. Sabia que eu descobriria seu nome, mas preferiu me contar como símbolo de confiança. E é ousado em achar que pode fazer negócios com um homem como Holdinnar.

- Com todo respeito, senhor Moldvay, mas o senhor pode saber sobre minha família, mas sabe pouco sobre mim. Sou amigo de Holdinnar. Ele confiará em mim para aumentar o tráfico.

Lucas Moldvay não era o Camaleão naquela noite. Sem o chapéu, era o Nogram naquela noite. Ele ponderou por meros minutos.

- Encontre seu jeito. Você poderá entrar, fará o juramento e os procedimentos normais para a admissão. Mas se quiser tomar o lugar de Gilban, terá que fazê-lo sem que ninguém saiba e que, para a sociedade, ele seja considerado um corrupto sem que isso dê pistas sobre a Guilda. Agora vá.

Foi uma decisão de supetão. Tildror queria falar mais. O que um homem como Lucas Moldvay poderia lhe ensinar? Mas ao ouvir sua ordem, levantou-se e saiu. Sorriso de orelha a orelha ao encontrar Alond bebericando um hidromel noutra taverna qualquer. A noite acabara muito boa para ele.

***

Antes. Tildror fechava a porta. Um silêncio ameaçou o ambiente e Thyran decidiu falar:

- Além de meus assuntos com Gilban, tenho que resgatar um conto. Vou falar abertamente também, a exemplo de Maedhros porque confio em vocês. Meu pai me mandou de Schkarshantallas até aqui para me encontrar com Alan Wands, o Bardo. Não o encontrei, mas achei seu filho, Aléxis Wands. Bem, eu tinha que ler um conto que descrevia a história de meu pai lutando contra sua rival. Uma feiticeira maligna aí. Mas o conto fora roubado e, segundo Aléxis - Maedhros o interrompeu.

- Foi seu amigo, um tal de Gylbert que disse sobre o cemitério e sobre cultistas de Ragnar. Ou Leen para vocês.

- Isso. Que seja. Acho uma boa averiguar esse cemitério, viu? Que tal?

Kuala-Lampur olhou para Ilendar. Ela assentiu. Peter disse que ficaria e que precisaria dormir logo para poder acordar disposto para poder treinar com sua nova arma, o sabre. Uma desculpa conveniente a todos. Ilendar e Kuala lembravam de como Peter se escondeu no último combate, dias atrás naquela caverna.

Todos desceram as escadas e partiram para o cemitério.

O local era afastado da cidade. Era murado e tinha grandes que fechavam a entrada. Muitos túmulos feitos de pedra, muitos feitos de madeira e alguns mausoléus. O grupo abriu os portões. Entraram e começaram a observar. Por enquanto, nada demais.

Então os portões atrás se fecharam. Uma voz soou cavernosa.

- Deixem sua esperança para trás e encontrem a Morte dolorosa na foice sagrada de Leen!!!

Uma energia negra surgiu debaixo da área onde o grupo estava. Todos com armas em punho, mas foram totalmente cobertos de escuridão mágica. Logo, todos ficaram mais juntos ainda. Em seguida, ouviam movimentar de rochas, barulho de terra se mexendo. Depois, silêncio.

De repente, uma cantoria melódica, triste e amargurada. Sofrida. Eram mulheres jovens quem cantavam e Kuala logo sentiu uma lâmina cortar sua carne macia, abrindo um ferimento grande. Sangue espirrou no rosto de Thyran. Maedhros sentiu sua armadura proteger-lhe de um golpe de uma lâmina fina.

Então, Kuala sentiu um soco. Alguém havia socado seu estômago. Atônito, tomava extremo cuidado para não acertar ninguém conhecido. Desferiu um golpe de lança, mas nada acertou. Ilendar sentiu o cheiro de morte. Cheiro de cadaver. Não pensou duas vezes e ergueu seu símbolo sagrado.

- Azgher, destrua estes mortos-vivos!

Porém uma energia dourada fraca emanou do símbolo.

Fraca, mas os aventureiros puderam ver seus adversários por segundos. Todos puderam ver vários corpos moribundos que andavam e tinham pedaços de carne faltando. Não faziam ruídos e eram muito lentos. Viram os rostos das mulheres. Eram realmente muito jovens e portavam grandes foices nas mãos. Havia, inclusive uma jovem que chamou atenção de Kuala. Era a mesma menina que Peter queria conquistar horas atrás.

A escuridão tomou conta de todos novamente. Pelo menos, eles tinham noção de visão. Thyran abriu sua boca e cuspiu. Sua saliva transformou-se em chamas e logo um grosso cone de fogo iluminou parcialmente um lado e queimou vários mortos-vivos e uma cultista. Maedhros decorara, em sua mente, a localização dos adversários e desferiu vários arcos com sua espada e derrubou dois corpos sem vida no chão. Feriu o ombro - pelo menos é o que achou - de uma cultista. Kuala conseguiu, finalmente furar a carne de alguém e, aparentemente, era uma das meninas. Entretanto, a cantoria não parava. O nervosismo pairava sobre todos.

Em resposta, uma delas tocou no peito de Maedhros e ele sangrou. Sentiu suas forças se esvaindo, uma febre doentia. Sentiu o toque da ruína enfraquecendo-o.

Então, novamente, Ilendar ergueu seu símbolo. Franziu a testa e pronunciou mais fortemente.

- AZGHER, DESTRUA ESTES MORTOS-VIVOS!

Um brilho maior, mais forte, um fulgor, um clarão.

Todos puderam ver os corpos dos zumbis evaporarem. Havia apenas outras três cultistas nos flancos e alguém logo a frente deles. Um homem alto, com capuz encobrindo o rosto, um manto encobrindo-lhe uma armadura. Tinha uma foice nas mãos. Uma enorme foice. A escuridão fora dissipada e todos se entreolharam. As cultistas ainda atacaram. Alguns mortos-vivos remanecentes também. Mas ninguém foi páreo para a lâmina élfica de Maedhros ou para a cimitarra de Ilendar. Kuala olhou intensamente para o homem à sua frente.

- Entreguem este homem - apontou para Thyran, que estava ferido e mancava - e deixarei que tenham uma morte em outra oportunidade.

Kuala preparou sua fala, mas foi interrompido por sua surpresa. Thyran caminhou lentamente, de cabeça baixa em direção ao homem de vestes negras. O que ele faria?Sem pestanejar, o sacerdote negro avançou com sua foice. Desferiu em arco com a lâmina da foice e cortou o peito de Thyran. Este berrou de dor, mas o sangue espirrou farto e sua consciência lhe atraiu para a escuridão. Kuala investiu e furou a roupa do vilão, mas encontrou a armadura de malha. Ilendar correu até Thyran para evitar que morrese devido ao sangramento. Maedhros avançou e desferiu um golpe certeiro. Sentiu sua lâmina vencer a armadura de malha e acertar a pele do vilão. O sangue escorreu, fluído. Então, ele tirou o capuz e sua face não pode ser identificada. Um som, um grito, um monstro surgiu. O que quer que Maedhros tivesse visto, ninguém mais viu. Largou suas armas e correu em direção ao portão. Medo.

Kuala se surpreendeu, mas rangeu os dentes e desferiu um golpe, mais poderoso, que furou a pele de seu adversário. Gritos de dor, o homem se aproximou novamente de Kuala e desferiu-lhe um golpe com sua foice. O corte fora profundo, na altura do ombro. Seria uma nova cicatriz no meio de sua nova tatuagem que tinha feito na viagem até as Montanhas de Teldiskan. Ilendar olhou com horror nos olhos para Kuala empalidecendo pela perda de sangue. Pegou sua cimitarra e preparou-se para correr. Mas Kuala recebera outro golpe, dessa vez fatal para o combate, depois do sacerdote negro desviar de uma estocada. O guerreiro khubariano estatelou-se no chão como um saco de batata e sua lança voou longe.

Ilendar e o sacerdote negro se entreolharam. O sacerdote possuia cortes leves e um furo profundo na altura do abdomem. Seu manto negro ocultava outras possíveis marcas. Ela pensou e orou.

- Perdoe-me, Azgher.

***

Maedhros havia subido o portão de grade do cemitério e corrido por longos minutos. De repente, avisou a cidade e lembrou-se de tudo. Seu estado de medo era tão irracional que ignorava qualquer traço de sua personalidade. Voltou correndo para ajudar seus companheiros. Encontrou Ilendar erguendo Kuala nos ombros. Viu alguns corpos das meninas cultistas e só. Onde estava o sacerdote negro? Indagou a Ilendar.

- Foi derrotado. Isso é o mais importante. Agora me ajude.

Maedhros não questionou. Pegou Thyran como se fosse uma folha e ambos saíram daquele pequeno inferno de Ragnar. Kuala abriu os olhos e viu que estava tão ferido quanto na última vez que acordou numa carroça, sendo levado para Selentine. Viu Ilendar e sorriu por ela não estar tão ferida. Ficou intrigado, mas confiou nas habilidades guerreiras de Ilendar para derrotar o sacerdote negro. Maedhros cuidou um pouco de Thyran. Todos foram até um terreno descampado, provavelmente fazia parte de uma fazenda de alguém, mas era afastado da cidade.

Minutos depois, Azgher surgiu nos céus. Ilendar parecia preocupada e orou. Orou mais do que o normal, mais do que Kuala estava acostumado, pelo menos. Ela usou seus milagres para curar o resto dos aventureiros e Thyran pode abrir os olhos novamente. Imediatamente, ele perguntou sobre o conto. Ilendar o mostrou e disse que estava num mausoléu atrás do sacerdote. Thyran o pegou e o leu para todos. Falava sobre uma feiticeira medusa e sobre Thyrus. Falava sobre fogo e sobre trevas.

Agora o grupo voltaria a cidade encontrar Tildror.

PBEM


Enquanto a inspiração não vem para a última parte da aventura de domingo retrasado, pensei aqui sobre D&D 4ª edição e sobre um "novo" tipo de jogo, o PBEM.

Sobre a 4E, li um comentário de John Wick. Não sei quem ele é, mas parece ser alguém entendido de RPG. Levou para algum fórum uma discussão sobre D&D e sobre RPG. Acho que vale a pena ler.

Sobre PBEM, acho que poderíamos criar aventuras jogando por e-mail. De preferência por Gmail, que parece-me ser o melhorzinho. Assim, o mestre escreveria a história, escreveria algumas coisas e depois abriria espaço para ações dos personagens. Essa experiência vale quase que como um exercício de interpretação, fator primordial para o funcionamento do PBEM.

Digitem aí suas opiniões sobre os dois assuntos. Até o jogo de Marins, prometo uma postagem de Crônicas, apesar de achar que vcs não merecem. Hunf! (afinal, só eu posto aqui, caralho!)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Crônicas Artonianas #18 - A Chegada


O elfo de armadura pesada ajeitou seu cabelo curto, cortado sem nenhuma preocupação de afinidades com a cultura élfica. Gestos rápidos e mãos ágeis, já havia observado seus equipamentos mais de duas vezes. Quarionnäilo era clérigo de Keenn, o deus da guerra e possuía um pupilo a quem ensinava a guerra de Glórienn através da objetividade de Keenn. Queria que ele fosse mais um membro oficial da Ordem. Maedhros sentia que o vazio de sua existência não estavam nas flores da felicidade com sua esposa. Talvez estivesse no caminho que Quarionnäilo havia mostrado: a guerra. Por enquanto, isso era a resposta.

- Maedhros, esta será sua derradeira missão. Se conseguir me entregar esta magnífica... - exitante - joia élfica, conseguirá ser o Sétima Lâmina de Keenn. Ela está nas mãos de um porco humano chamado Gilban. Fico satisfeito que a nova vaga seja almejada por alguém de nossa raça superior, ao invés daquele humano incompetente e superticioso.

Quarionnäilo estava com sua mochila nas costas. Maedhros o observa com calma. Será que queria mesmo entrar para a Ordem? Keenn era a solução? Por enquanto, era.

Viajou para Gorendill, onde clérigo de Keenn havia lhe dito que estava a estrela-rubi, a jóia élfica. Encontrou beleza na busca por uma jóia élfica, aspecto de de sua deusa, através dos caminhos de Keenn. Porém, era inverno e talvez sua falta de experiência como aventureiro houvessem nublado o senso lógico do guerreiro de Lenórienn. Com grandes dificuldades de viajar, chegou a passar fome em algumas oportunidades. Não conseguia abrigos nas noites mais frias, quando a neve impedia uma visão melhor. Acostumado a terrenos florestais, as planícies geladas do inverno de Deheon quase o mataram. E a pouca incidência florestal era como uma madrasta para ele. Maedhros encontrou, depois de quase doze dias de viagem, um grupo de mais de dez gnolls. As feras risonhas já eram conhecidas por assaltar viajantes incaltos e inexperientes como Maedhros para lhes aliviar de ouro e comida. Maedhros deu todo seu dinheiro e fora poupado. Ficou com raiva, sentiu seu orgulho ferido. Pensou em vender seu arco para conseguir dinheiro. Sobretudo, ele precisava estar vivo para conseguir realizar sua missão. Dois dias seguintes, avistou Gorendill. Sorriu de alívio.

***

Noutro lugar, tempos atrás.

As folhas secas ocupavam as varandas do casebre numa pequena vila. Um homem estava sentado com joelhos dobrados, observando uma enorme árvore que perdia suas folhas neste outono. Apesar de muitos invernos vividos, não perdia seu vigor físico. Talvez herdando um pouco deste invejável físico, seu filho o observava. Havia mais de uma semana que seu pai Thyrus Lyr'nur, observava esta árvore. Thyran Lyr'nur, seu filho, havia perdido a conta de quantas vezes seu pai ensinava que a árvore estava alí desde sua juventude. Então, Thyrus olhou para seu filho e disse, quebrando sua meditação de uma semana:

- Meu filho, há meses eu esperava ansioso por este dia. Num misto de ansiedade e temor, aguardei o dia em que você estivesse pronto para conhecer a verdade do conto de meu estimado amigo Alan Wands de Deheon. Nele, conhecerá sobre minha arqui-inimiga Ilker, uma medusa feiticeira que é tão maligna quanto nosso rei Schkar. Estás pronto para aprender e começar seu desenvolvimento, filho. Desenvolvimento este que o levará ser o homem mais poderoso de nossa família. Faça bons feitos, meu filho, seja justo, seja nobre. Agora apronte-se e vá.

Thyran demonstrou surpresa com as palavras de seu pai, mas no fundo, sabia que seria algo desse tipo que seu enigmático pai falaria. Sabia que seu poder estava crescente e um dia chegaria sua hora de partir. Apesar dos ensinamentos rígidos e disciplinadores, Thyran vivia na vila como um garoto comum. Namorou, teve amigos, já se meteu em algumas confusões. Era um jovem comum, opositor do governo tirânico de Schkar, o dragão-rei vermelho.

Ajeitou suas coisas. Estava feliz porque conheceria o mundo, tão fantástico e povoado por magia. Estava feliz que não seria mais obrigado às tarefas disciplinadoras de seu pai, apesar de que sabia que sentiria saudade de suas broncas diárias, quando demorava em acordar cedo. Ganharia Arton, a partir de agora.

Sob orientação de seu pai, viajou do extremo norte. Foi para Trebuck em algumas semanas, passando pelo extremo leste do reino que era assolado pela Tormenta. Chegou a Sambúrdia e passou muito pouco em cidades. Conheceu a vastidão florestal da Floresta de Grenaria. A certa altura, viajou com comerciantes. Era fácil arrumar emprego como escoltador, ainda mais sendo um feiticeiro. Cruzou, de leste a oeste, O Celeiro de Arton. Entrou, oficialmente nas terras de Nova Ghondriann, mas as poucas aldeias nessa pequena faixa de terra do reino, as pessoas se sentiam samburs (nativos de Sambúrdia). Evitou passar pela perigosa União Púrpura, formada por diversas tribos bárbaras complexas demais para o resto do Reinado. Porém, por alí, ficou sabendo que um criminoso que havia sido corrompido pela Tormenta, Crânio Negro, estava reunindo um pequeno exército pela região. Isso poderia ser perigoso, mas arrancou sorrisos do jovem Thyran. Não estava feliz com a notícia, mas contente por conhecer mais sobre o mundo.

Chegando em Salistick, ficou inconformado com a falta de fé nos deuses. Não cultuar nenhum por imposição era normal para ele, uma vez que Schkar fazia isso, mas não confiar em deus nenhum? E Wynna, a deusa da magia, que é a responsável, por exemplo, de seus poderes? Contornou a divisa entre a União Púrpura e Yuden, evitando sempre os vilarejos. Havia recebido orientação de que o reino de Yuden era intolerante com estrangeiros e não-humanos. Como era estrangeiro e não tinha certeza se era humano mesmo, dado à sua hereditariedade, decidiu evitar aldéias.

Enfim, depois de quase três meses, avistou Valkaria, A Cidade Imperial. Nunca havia visto uma cidade tão grande. Nem quando fora à Ghallistryx, capital de Schkarshantallas.

Conheceu Gilban, o comerciante e Radammyr, seu guerreiro escoltador. Eles iam para Gorendill e os poderes mágicos de Thyran encheram os olhos do comerciante. Viajaram.

A exemplo de qualquer aventureiro que viaja no inverno em Deheon, foram emboscados por gnolls. Famitos, eram seis, no total. Thyran havia aprendido a língua dos gnolls. Seu velho pai havia dito que era importante. Ele já planejava que o filho fosse para Deheon. Aqueles meses aprendendo essa língua horrenda servirão, finalmente. Thyran tentou negociar e entregou seu ouro, o ouro que receberia como pagamento pela escolta, para os gnolls. Radammyr, com sua espada no ombro, olhou para ele com deboche. Gilban, o comerciante soltou um arremedo de riso. Thyran ficou insatisfeito. Sentiu-se bobo, inexperiente. Usou sua magia e disparou uma rajada de fogo pela boca, um de seus poderes por conta de sua hereditariedade dracônica. Os gnolls não foram derrotados e ficaram furiosos com o que eles consideraram traição. Um combate aconteceria, se Thyran não tivesse sido derrubado no primeiro golpe de lança...

Acordou sabe-se lá quanto tempo depois, com um buraco infeccionado na barriga. Não havia ninguém. Nem carroça, nem guerreiro brutamontes, nem comerciante suíno. Ao lado, uma pilha de corpos de gnolls, mortos e queimados. Não havia sequer comida com seus pertences. O cajado de sua família, feito de um osso do dragão ancestral fundador da família, sua arma, sua lanterna e sequer sua bolsa de componentes mágicos, vital para sua conjuração arcana, exeto para seu jato de fogo. Não tinha nada de valioso. Irritado, pensou em mil maneiras de criar magias para amaldiçoar seus ex-contratantes.

Ouviu uma cantoria, de repente. Preparado, pensou em disparar mais uma baforada. Um halfling surgiu em sua visão. Estava com um bandolim, cantava feliz. Nem a visão do morimbundo Thyran o surpreendeu. Se apresentou como Egídio. Era um bardo e viajava para Gorendill. Haveria um festival de inverno famoso e convidou o irritado Thyran. Sabendo que Alan Wands é um bardo e estaria em Gorendill, achou que o veria neste Festival. Porém, Egídio não o conhecia, mas conhecia Alexis Wands. Talvez um parente. Com a dúvida, ambos seguiram seu caminho. Egídio fora bastante solícito e ajudou a encontrar abrigo quando a nevasca era forte ou quando Thyran sentia muita fome.

***

Ao final de alguns dias, avistaram Gorendill. E uma figura, no mínimo, exótica. Um elfo armadurado, com espada, arco. Cabelos ruivos cheios de flocos de neve. Egídio foi logo puxando assunto. Maedhros observou as duas figuras e decidiu que não eram hostis. Nem ao menos armas possuíam. Livrou esse pensamento tipicamente de Keenn e lembrou que poderia haver perigo mesmo desarmado. Mas Thyran era muito calado e recusou-se a falar sobre o que fazia alí. Maedhros decidiu os acompanhar, instigado por Egídio, para não se perder na cidade. Disse que tinha assuntos pendentes, mas não falaria quais. Apenas disse que procurava um homem chamado Gilban.

Bastou este nome ser mencionado para Thyran ficar estático. Seus olhos brilhavam e sua garganta estava seca por vingança. Thyran resolveu ser mais sociável e contou sobre o ocorrido. Sobre seu contrato com o comerciante Gilban e sobre sua "má fé" em deixá-lo para morrer no meio do nada. Se não fosse por Egídio... Ambos decidiram agir juntos. Egídio demonstrava ser um pouco incômodo com sua energia festiva, quando os dois aventureiros estavam compenetrados em assuntos delicados que decidiriam sua vida para sempre.

Ambos foram conduzidos por Egídio pela cidade, sem maiores problemas, com destaque apenas pela abordagem da estranha milícia da cidade, vestindo armaduras amarelas e roupas verdes. Foram até o Conservatório de Twilight, onde o halfling bardo ficaria hospedado. Indicou alguns lugares onde poderiam passar a noite e sobre locais interessantes para aventureiros, como a taverna de Biggorn, o minotauro. Maedhros pensou precisar de dinheiro. Olhou seu arco com um leve pesar e decidiu manter o plano de vendê-lo. Thyran fora junto, antes mesmo de deixar suas coisas numa estalagem. O grupo viu várias pessoas como eles, como se estivessem chegando agora na cidade. Muitos viajantes de muitos lugares do Reinado vieram para o Festival de Inverno de Gorendill. Este ano, inclusive, diziam que Luigi Sortudo se apresentaria. Nesta noite, as pessoas estavam agitadas. Dos moradores, alguns montavam suas barracas para vender suas tranqueiras ou comidas típicas como as famosas frutas exóticas de Gorendill. Outros moradores apenas vagavam aproveitando as festividades para demonstrar felicidade. Muitos forasteiros lotavam as estalagens e as tavernas, trazendo sua diversidade e brilho para a grande noite.

***

Kuala-Lampur, Tildror, Ilendar e Peter chegaram finalmente na cidade. Foram abordados pela milícia que gostaria de saber o que carregavam e quais os assuntos dos aventureiros alí. Ilendar, por ser moradora de Valkaria, sabia que este comportamento era um pouco anormal. Decidiu arriscar-se a perguntar. O miliciano demonstrou aspereza e disse que não eram assuntos de forasteiros. Porém, Ilendar é uma clériga de Azgher e sua igreja é bastante respeitada pelo reino. O miliciano disse que nestas épocas festivas, os ladrões aproveitavam para comercializar o achbuld, a droga vermelha. Tildror começou a maquinar alguns planos. Peter ficou muito curioso com a cidade. Kuala-Lampur queria passar logo e rumarem para um ferreiro para reconstruir sua lança khubariana, sua maior arma.

Passaram na Estalagem Kaylua - nome de uma das frutas exóticas da cidade. Kuala e Ilendar insistiram a Peter para os acompanhar até o ferreiro para arrumar uma arma própria para ele. Kuala sentia que era o momento de ensinar a Peter combater como um homem, torná-lo guerreiro responsável. Ensinaria a filosofia por de trás do combate justo, para que não se tornasse um mero assassino. Ilendar pensava que fazia um bom trabalho ensinando os dogmas de Azgher sobre a vigilância. Tildror acabou por ser o responsável por pagar a estalagem e ver as acomodações. Ele não gostava nem um pouco dessas atribuições. Pensava, irônico, que queria manipulá-los, mas acabou sendo manipulado. Mas não pensava em demonstrar insatisfação. Deveria manter as aparências. Feito isso, Tildror estava livre e só na cidade. Sorriu um pouco e manteve a discrição. Não queria ser visto por aí. Seu capuz proporcionava sombras que serviriam além de ocultar sua deformidade. Tinha muitos assuntos para articular pela noite...