terça-feira, 22 de abril de 2014

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 19

Aztag 24, Weez, 1410 CE.

O tempo foi de respirar fundo e pronunciar minhas palavras mágicas novamente para invocar o Escudo Arcano (ao contrário da Armadura Arcana, o Escudo dura apenas um minuto ativa). Os uivos e os assovios ficavam cada vez mais altos. Meu coração batia forte. Estávamos divididos entre os lados da carroça. Eu, Elinia e Layca de um lado, Gulsh, Drake e Victor do outro. Blasco estava atrás de Victor também, pobre coitado. Não consigo nem conceber o medo que ele sentia.
Nathaniel estava também desse lado, atrás de Drake. Pelos meus cálculos, ele estava quase exaurido de magia. Porém, como um clérigo abençoado por Wynna e mago, ele tinha capacidade de manipular todos os tipos de energias mágicas, sejam elas arcanas ou divinas. Suspeitava que ele estivesse gastando suas forças divinas, enquanto resguardava para o final o poder bruto arcano, que todos sabem, é o mais poderoso.
Súbito, homens muito peludos vestindo peles esquisitas avançaram sobre nós, aparecendo no nosso campo de visão (graças à magia de luz conjurada por Castiel). Com um olhar mais atento, notei que eles não eram homens normais. Eram peludos, com pernas dobráveis para trás, orelhas enormes, focinho, dentes malignos e olhos vermelhos. Eram uns malditos lobisomens. Eles carregavam machados de batalha e espadas de lâmina grosseiramente larga. Todas de qualidades estupendas e frutos de óbvios saques de vítimas anteriores. Porém, o que mais me enojou (no sentido literal mesmo) era a “armadura” dos monstros. Feita de pele de gente. Dava para divisar joelhos, braços, dedos. E até um rosto colado nas costas de um, como se fosse uma macabra máscara. Esses monstros não podiam continuar existindo. Engoli seco e juntei minha confiança para a luta.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 18

Aztag 23, Weez, 1410 CE.

A noite engolia o dia no final de uma velha trilha muito pouco usada nos tempos recentes no reino de Wynlla. Àquela altura, meu coração estava inquieto pelo que estava por vir. O medo e o receio se fortaleciam com minha ansiedade. Cães enormes surgiram mesclados à escuridão, com silhuetas sinistras. Segurei firme minha katana me preparando para o combate. Respirei fundo, primeiro ensinamento de um bom combatente, para tentar controlar a ansiedade e tornar o medo em uma ferramenta de sobrevivência.
Antes.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 17

Kalag 21, Weez, 1410 CE.

A visão da estátua de Valkaria encheu meus olhos de lágrimas. Naqueles dias de aventuras, caminhadas por florestas densas, bosques, masmorras, montanhas, rios, mares, eu achava que nunca mais veria Valkaria. Mesmo que o grupo todo tivesse se inclinado a visitar a maior cidade do mundo conhecido para tentar resolver o problema da corrupção de Elinia, eu não acreditava que conseguiríamos. Sempre achei que fosse morrer e ser largado para lá. Afinal, eu não tinha os favores dos deuses e tão pouco tinha tanta fé na missão como Elinia e Drake.
Nunca fui afetado por esse sentimento de saudade. Em meus relacionamentos na adolescência, com meus pais, perante a cidade. Claro, sempre vivi em Valkaria e tinha ao meu alcance todas as coisas e todas as pessoas que mais me importavam. Mesmo viajando em Sckharshantallas e, depois, em Lamnor, não sentia as dores da saudade. Acho que comecei a pensar na minha cidade e na minha antiga vida despreocupada quando a possibilidade do grupo seguir o caminho dela se tornou real. Se sentir saudade não era uma das minhas características, o mesmo não podia dizer da ansiedade. Eu era super ansioso, de não conseguir ficar parado por muito tempo (desde que não estivesse morto ou muito ferido, claro). Meu estilo de luta se baseia em movimento. Mesmo sentado em enfadonhas mesas de almoços de valag em família eu não conseguia manter minhas pernas quietas.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Diário de Aldred C. Maedoc III - Parte 15 e 16

Valag 15, Weez, 1410 CE.

Está muito claro para mim e para o leitor (eu espero) que este começo de aventura foi demasiadamente importante para o desenvolvimento técnico do grupo inteiro. O que quero dizer com “desenvolvimento técnico”? Explico: basicamente, as habilidades individuais de cada um melhoraram com o passar dos dias, dos meses. Desde que saí de casa em 8 de Dantal passaram-se um pouco mais de dois meses na estrada. Se no começo pessoas como Nathaniel mal conseguiam disparar um míssil mágico antes de cansar, Drake era apenas uma cara lento que jamais conseguia acertar os nossos inimigos e eu mal tive a oportunidade de lutar com minha katana, agora nós tínhamos melhorado muito.