quarta-feira, 23 de setembro de 2009

D&D de GRÁTIS!


Olla galera.

Inaugurando uma sessão a muito ambicionada mas nunca de fato realizada, eis uma notícia "roubada" diretamente do Melhores do Mundo:

O MMORPG da Wizards, o D&D on Line ficou gratuito a alguns dias.

Basta cadastrar-se, baixar uma das duas versões do jogo (uma de 4Gb para máquinas decentes e uma de 2Gb, para máquinas fuleiras) e começar.

A galera do site joga no primeiro servidor.

Para mais informações sobre o jogo:

http://www.ddo.com/ (site do jogo)

E para a notícia original:


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É isso aí galera.

Sempre que eu ver, ouvir ou ler alguma coisa interessante/ relevante sobre o universo RPGístico vou procurar postar aqui. Deixo o convite a todos os outros omissos, sintam-se à vontade para fazê-lo.

Por hora é só.

Abraços e adièau.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Aurora Carmesim - Prólogos, parte 13

Ano 700

A paisagem seria bela, se não fosse tão... hostil.

A água negra preenchia a região pantanosa com um ar de desespero. Vapores letais dançavam ao sabor do vento traçando espirais malignas que davam a impressão de estarem vivas. Árvores possuiam contornos pavorosos e seus pequenos habitantes emprestavam a elas uma atmosfera sombria. Aqui e ali bolhas e ondulações denunciavam a existência de coisas sob a água, coisas que deveriam permanecer lá. Tudo recendia a morte, a desolação, a toxicidade. Esse era seu lar. Não seu lar propriamente dito afinal, ele residia a um plano de distância mas era o local nessa realidade que emanava mais fortemente seu aspecto. Aqui fora gerado. Aqui tomara forma. Aqui nascera. Seu berço.

Sszzaas sorria brevemente ao relembrar o passado, enquanto seus seis olhos passeavam pela paisagem. Demorara alguns anos para que ele finalmente entendesse e outros tantos até que ele encaixasse todas as peças, de forma a valer a pena o suficiente tentar. Retornara a Arton para mover suas marionetes enquanto a poeira da revolta dos Três ainda estava alta, e acreditava que isso seria suficiente para escondê-lo até que fosse tarde demais.

Ninguém imaginaria suas ambições, ninguém seria capaz de prevê-las ou projetá-las. Ninguém a não ser a Mãe da Palavra. Felizmente ela não enxergou a beleza do que havia criado e caso aquilo ainda existisse, ela fatalmente se tornaria um problema. Mas ela tomara aquela decisão estúpida. Deixara sua mais poderosa criação em mãos espúrias e falhas.

"Patético."

Pensou e a realidade gemeu, torcendo-se à sua volta para levá-lo a outro lugar.
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Caleb ainda tremia, protegido sob o manto da escuridão. Matara, pela primeira vez na vida. Suas mãos ainda fediam ao sangue derramado, suas tripas reviravam-se dentro de sua barriga, seus olhos teimavam em rever seus últimos minutos.

Allerd era um homem bom, claro que a mais pura definição da palavra excluía praticamente todo ser vivente pensante em Arton, mas ainda assim o homem não mereceria o inferno de Leen quando morresse. Herdeiro de uma família com algumas posses, fora justo com seus pais até o fim e generoso com os irmãos na divisão após sua morte. Tinha uma esposa dedicada e um par de filhos inteligentes, os quais amava mais que a própria vida. Jamais imaginaria o que lhe abatera aquela noite.

Já anoitecia quando ele bateu à sua porta esbaforido, agitado feito uma criança que havia descoberto um segredo. Allerd ouviu atento cada detalhe, cada palavra, cada pedaço daquela trama louca que voava da boca de seu irmão.

"Como ele sabe tudo isso? O que ele quer de mim? Como ele seria capaz?"

Seu irmão viera a ele com um plano para invadir a morada de um rico casal cujo chefe da família estava fora da cidade a negócios, roubar seus pertences e levar a mulher e os filhos a fim de receber dinheiro por sua libertação. Confidenciou também que não tinha o intuito de libertá-los e que sua morte garantiria seu anonimato.

Enojado, Allerd discutiu com seu irmão e o expulsou de sua morada, mergulhando a cabeça em dúvidas sobre denunciar ou não o plano nefasto à milícia. Foi quando o frio do metal espalhou seu sangue quente pelo peito. Um aperto de ferro impedia quaisquer movimentos de reação e no auge do desespero sua audição moribunda captou um sussurro, quase uma oração: "Me perdoe irmão..."

Lágrimas brotaram de seus olhos e, ao cair no áspero piso de seu quarto de trabalho, ainda pôde vislumbrar através da bruma de sua visão a figura que o atacara. Uma última olhada denunciava a intenção que mão na maçaneta que dava para a casa corroborava. De seus lábios entreabertos uma última palavra escapou, morrendo pouco depois de nascer: "Caleb..."
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O calor causticante acentuava a desolação da paisagem.

No horizonte turvo de calor, diversos pontos escuros denunciavam o que estava nascendo ali adiante. Uma cidade. Um ajuntamento de pessoas vivendo pelo bem comum, mesmo que esse bem aparente não seja tão explícito assim.

Afinal ele fizera a lição de casa e já dera o primeiro passo para se tornar superior.

- Parece-me que a semente que plantei geminou de maneira peculiar. Isso me será ainda mais útil do que imaginei.

E caminhando calmamente, dirigiu-se à cidade.
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Por toda Arton a realidade respondia à seu mais novo morador.
Filhos roubando pais, esposas traindo cônjuges, irmão matando irmão, pais vendendo filhos. Todo ser vivo dera um passo em direção à escuridão e nem mesmo os seres inferiores resistiram ao impulso. Filhotes de cobra atraiçoando os pais, répteis trocando ovos para que aves criassem o predador em seu ninho, mamíferos comendo carcaças e filhotes.
Traição, intriga, assassínio, malícia.
Sszzaas havia chegado.

sábado, 19 de setembro de 2009

Aurora Carmesim #1 - Travessia, parte 3

Forte Éritro, Deheon

Sentados à mesa, as três figuras comiam despreocupadamente aguardando a chegada dos últimos convivas.

À cabeceira Viktor, arquimago de Valkaria, à sua direita Darin Ferroforte, guerreiro anão lendário e protetor de Doherimm e à esquerda, Thaedras, o Leão, líder da Ordem da Fênix Escarlate e flagelo dos goblinóides de Lamnor. Ainda estavam por chegar Thomas, o paladino guardião da realidade de Tannah-Toh e Halfdan, alto-clérigo campeão ordenado de Khalmyr.

O clima leve conduzia a conversa e piadas e lembranças divertidas eram uma constante. O longo salão era recortado pelos reflexos coloridos dos vitrais que dançavam sobre a prataria. Dezesseis cadeiras ricamente adornadas e finamente forradas rodeavam a pesada mesa retangular e as paredes eram de um trabalho pouco visto fora dos domínios anões. Darin estava à altura do tampo da mesa - revelando passivamente o encanto para equalizar as limitações dos convidados - agitando um grande pedaço de pão recheado com miúdos de faisão quando uma das portas de acesso ao salão se abriu. George, um dos inúmeros serviçais, adentrou o recinto silenciosamente, parando à borda da mesa para anunciar a chegada de Thomas. Revelou ainda que Halfdan fora visto à alguns minutos do forte, cavalgando um belo corcel reluzente ao sol.

Farejando a oportunidade, Viktor explodira o recheio do sanduíche do anão provocando gargalhadas até mesmo no sisudo George, que retirou-se apressadamente.

- Isso foi desleal seu poltrão duma figa. Você me paga... - rosnou Darin, ainda limpando os restos de faisão da longa barba.

- Sabes que a ocasião faz o ladrão, como dizem. Não resisti à sua performance teatral da nossa luta com o vampiro de Sszzass e achei que ela ficaria ainda mais formidável reproduzindo seu estado de asseio na ocasião.

- Não condene nosso pequeno baluarte de metal, você sequer imagina o trabalho que deve dar desmontar todas aquelas camadas de metal? - disparou Thaedras, começando mais uma discussão.

- Me desculpem se não sou uma velha mofada leitora de livros que mais se preocupa com a quantidade línguas que fala do que com sua destreza em armas ou se não sou um afeminado elfo quebradiço, com seu espeto balançante e seus gravetos voadores. Sou macho seus filhos de uma rapariga, e cheiro como macho! Brigo como macho e mato como macho!

- Concordo que cheiras como macho meu caro Darin...

- Troll macho! Hahahahahaha...

- Eu lhes mostro quem é o troll seus vermes almofadinhas...

Enfiando um pedaço de pernil na boca, Darin deixa aos amigos seu dedo médio como resposta às provocações. Ele tinha que admitir, sentira falta dos companheiros nesses meses de afastamento. Desde sua última ação juntos muita coisa mudara em Arton e além. A queda de Glórienn, o retorno do deus dos dragões, o fim da área de tormenta de Tamu-ra, o dragão da tormenta, a queda de crânio-negro. Os tempos estavam movendo-se, agora mais rápido do que nunca.

A entrada da brisa suave com a abertura da porta principal do salão arrancou Darin de seus devaneios. Uma figura prateada recortada contra a parede do corredor sorria genuinamente ao fitar o aposento.

Thomas atravessou a distância que o separava dos amigos disparando xingamentos, provocações e apelidos. Estava finalmente na presença deles e isso o alegrava enormemente. O chão atrás de seus passos ficou pontilhado de coisas e pedaços da armadura de Thomas e ao abraçar o elfo, já estava sem o peitoral e uma das braçadeiras.

- Thaedras, o graveto! Que saudade de você seu pusilânime! - apertando o elfo no seu abraço de ferro e logo partindo para um novo alvo - Viktor seu charlatão! - disse erguendo o jovem mago desconcertado da cadeira e do chão em seguida - Darin Falofraco! Seu grande maricas! - finalizando sua chegada com um rodopio do anão em seus braços.

O tilintar de coisas caindo ao chão continuou mesmo depois de Thomas tomar um lugar à mesa. Os minutos seguintes de conversa foram ainda mais animados, pontuados por palavrões, migalhas, brigas de talheres e louça quebrada.

- Parece-me que nada muda por aqui não é, seu bando de infantes!

A voz poderosa atravessou a sala séria como a reprovação de um tutor. A algazarra cessou imediatamente antes de retornar ainda mais caótica. Halfdan havia chegado. O grupo estava completo outra vez.
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Cavernas das Almas, Werra

Duas figuras destacavam-se contra o ambiente hostil da caverna. Duas figuras e um símbolo intricado traçado a sangue no chão. Toda atmosfera bruxuleava junto com a luz das velas rubras dispostas em doze direções ao redor do símbolo. No centro, uma figura impunha pavor e exalava hostilidade por todos os poros. Na borda, algo pouco maior que um elfo e pouco mais pálido que um morto, cujos trajes pareciam se confundir com a escuridão.

- Neste momento sê finito. Todos os preparativos e providências estão completos, estimado caçador. A hora de se retorno não tarda chegar.

- Isso é tudo? Isso é o que precisa ser feito do lado de cá para que o tal ritual seja completo?

- Certamente caçador. O restante do ritual deverar-se-á acontecer do outro lado. Por hora, aguardemos.

- Magnífico. Então você não é mais necessário. Espero sozinho.

- De fato minha intervenção não se faz mais necessária porém, regozijar-me-ei em presenciar tal feito. Talvez eu não mais tenha tal oportunidade nessa existência.

- Concordo, não terá outra oportunidade.

O sorriso de Mardoc rasgou-lhe a face quase que no mesmo instante que a lâmina de Eeluk dividiu a coisa em dois. O sangue lavou parte do piso e da parede e com as tripas ainda pulsando fora de seu possuidor a caverna gritou em júbilo. Mais uma alma assomava-se ao seu vasto séquito profano.

- Grande golpe Eeluk, digno de meu braço direito.

- Obrigado senhor, foi um prazer. - uma voz forte ecoou de dentro do elmo.

Eeluk era um monstro. Tanto em aparência quanto em batalha essa seria sua melhor definição. Mais alto que Mardoc em quase uma cabeça, trajava uma meia armadura que deixava seu flanco direito exposto mas cobria seu pescoço inteiramente. Na cabeça um capacete completamente fechado adornado por um par de chifres de demônio deixava sua figura ainda mais impressionante. Segurava um machado alto como um homem, tinha as pernas cobertas por placas de metal e usava uma capa vermelha como sangue.

- Esperemos então, as movimentações do outro lado. Kerem está acompanhando?

- Sim senhor, tem todos os passos do lado de lá sob sua vigilância.

- E J'agga?

- Está com ele. Disse que a surpresa está pronta. Ela está bem confiante no êxito.

- Fryenduraak?

- Sob controle. Cingetto está com ele no Campo do Holocausto.

- Ótimo, ele é uma força que deve permanecer neutra até o momento certo. Ostherwulf já foi convocado?

- Sim, o cão de guerra já o chamou. Deve interrogá-lo em breve. Tudo correrá bem senhor. Marcharemos outra vez entre os vivos.

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Anoitecia quando Magnus vislumbrou o tal Forte Éritro.
Decerto uma construção impressionante, ocupava por si só vários quilômetros de campo. À sua direita e à sua esquerda montanhas completavam a paisagem. Tinha várias construções internas, algumas com vários andares de altura. Mas impressionava apenas à primeira vista, ele já havia visto maiores. E melhores.
Era lá que encontraria conhecimento. Era lá que encontraria o poder para abater as aberrações que ameaçavam Arton.
Concentrou-se e caminhou, percorrendo quilômetros em minutos, e logo se viu à sombra do forte. Na entrada, dois golens montavam guarda.
"Óbvio que eles contam com um mago. Seria impossível chegar onde chegaram se fosse diferente. Merda."
Vislumbrou mais uma vez as criaturas e decidiu-se por adentrar.
Seria uma longa estada.