terça-feira, 26 de outubro de 2010

Juiz, júri e executor-final

Centro-sul da cidade de Valkaria
Deheon – Reinado

A sala deu seu último suspiro azuláceo antes do grande final.
A imobilidade inundou o ambiente dando a impressão que a realidade aguardava o desfecho do embate. Os dois antagonistas, contrapostos, estudavam milimetricamente a linguagem dos corpos, a oscilação da respiração, a luz do olhar. Pelo espaço infinito de um segundo, nada se movia, nada morria ou nascia, o destino havia parado, congelado no ódio cru e gélido presente entre os dois.


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Juiz, júri e executor-parte 2

Centro-sul da cidade de Valkaria
Deheon – Reinado

Rúbia ouviu o bebê chorar quase ao mesmo tempo em que Meredith. A senhora se adiantou, apanhando seu rebento nos braços e despejando “calmas” num tom de voz muito afável. Por um segundo Rúbia acreditou que tudo estava bem, mas essa sensação foi destruída no instante em que ela sentiu a aura opressiva, fria, hostil.
Medo.
Percebeu o sentimento se espalhando pela face da idosa, levando-a da calma materna ao mais puro desespero animal de preservação da vida. No espaço de uma batida de coração, todo seu mundo veio abaixo.


Juiz, júri e executor-parte 1

Centro-sul da cidade de Valkaria
Deheon – Reinado

Era uma bela manhã.
Poucas nuvens passeando ao sabor do vento pelo céu, Azgher em todo o seu esplendor, iluminando a vida e os sonhos dos Valkarianos. Rúbia beijou apaixonadamente seu marido, sabendo em seu íntimo que levaria meses, talvez anos, antes de tê-lo outra vez em seus braços. Igan era um paladino, mas antes disso era um meio-sangue. Nem humano, nem elfo. Um estranho nas duas culturas, um pária de ambas as sociedades, um eterno andarilho, caminhando entre todos sem pertencer a ninguém. Nem mesmo a ela.
Igan já tinha quase 90 anos de vida, muito mais que ela ou seu filho chegariam mesmo com todos os milagres e bênçãos possíveis, e ainda parecia um jovem homem. Mais que um jovem, um garoto. E mesmo assim, ela se apaixonou por ele.
Por toda tristeza, por toda vivência, por toda sabedoria, por toda dor acumulada ao longo da sua vida. Por sua incrível capacidade de sobrepujar toda intempérie, por seu enorme coração, capaz de abraçar o mundo inteiro no espaço de um batimento, por sua selvageria, sua inconstância, sua ânsia por mudanças. Um coração humano num corpo élfico.
Mutante e permanente. Caótico e reto. Alegre e melancólico. Divino e mortal.
Dicotômico.
Quando ele atravessou soleira da porta, deixando-os, os olhos de Rúbia encheram-se de lágrimas e ela chorou. Chorou como da primeira vez em que foi tocada por Khalmyr, chorou como quando soube estar grávida dele, chorou como fez em todos os momentos cruciais da sua vida. Chorou por seu homem, pelo rei do seu coração, pelo seu maior cúmplice, pelo seu melhor amigo, pelo seu mais ardente amante.
 “Khalmyr, proteja-o. Traga-o de volta pra mim vivo, por favor.”


sábado, 16 de outubro de 2010

Tormenta RPG - REGRAS

http://pt-br.tsrd.wikia.com/wiki/Tormenta_RPG_SRD_Wiki

É a mais nova contribuição do povo do Fórum. Já foi aprovado pelos autores e o trabalho está bem desenvolvido. Em breve teremos uma fonte inesgotável de consultas completas na internet. Pelo que vi, já deve ter uns 80% transcrito dos livros pro site.

Boa conferida!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A Liga de Norm #1




Nasce um Clérigo.
O céu era nublado e as pessoas voltavam para suas casas depois de mais um dia de trabalho árduo. Norm era uma cidade de gente trabalhadora e orgulhosa por seu estilo de vida. A Ordem dos Cavaleiros da Luz, ainda que não estivesse nos momentos de glória de sua aurora, ainda era um referencial para aquela gente.
Em um daqueles becos, três jovens se dirigiam à taverna para beber, como faziam e ainda fazem seus pais depois do trabalho. Era um escriba, mensageiro e pretenso miliciano de baixo posto. A ida a taverna depois de suas atribuições significava um ritual de passagem para a fase adulta.
Entretanto, em seu caminho pelas ruelas onde as janelas estão eternamente fechadas com madeiras pregadas e onde a decadência proliferava desde o ataque dos cavaleiros corrompidos pela Tormenta há anos, os jovens ouviram um barulho de caixa de madeira chocar-se ao chão. Antes que pudessem reagir, sentiram um arrepio em sua espinha.


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Fé e Traição


Mercado de Escravos, Thartann
Ahlen - Reinado - 15 anos atrás

Imundície. Suor. Sangue.
O cheiro era tão forte que Tathyana teve a impressão que nunca estaria limpa novamente.
Estavam atrás do galpão onde os escravos eram mantidos cativos até o evento do leilão. Mais especificamente, atrás da área onde eram lavados a golpes de jatos d'água mágicos. Isso não era exatamente indolor porém funcionava maravilhosamente.