terça-feira, 26 de outubro de 2010

Juiz, júri e executor-final

Centro-sul da cidade de Valkaria
Deheon – Reinado

A sala deu seu último suspiro azuláceo antes do grande final.
A imobilidade inundou o ambiente dando a impressão que a realidade aguardava o desfecho do embate. Os dois antagonistas, contrapostos, estudavam milimetricamente a linguagem dos corpos, a oscilação da respiração, a luz do olhar. Pelo espaço infinito de um segundo, nada se movia, nada morria ou nascia, o destino havia parado, congelado no ódio cru e gélido presente entre os dois.




Foi Rúbia quem tomou a dianteira e explodiu a sala em luz, gritando por Khalmyr enquanto sua lâmina incandescia até inflamar-se, tomando o ambiente com uma luz branca, pura, poderosa. O ataque teve como alvo a fronte de Adam que, imerso na inércia, aproveitou-se do movimento repentino da paladina de Khalmyr e repeliu a lâmina flamejante num floreio, interpondo sua lâmina no caminho e através de Temperança, forçando Rúbia a girar o tronco para manter-se de frente ao defensor. Movendo-se no ritmo da dança fatal, Adam girou Malogro em sentido anti-horário levando Temperança consigo e expondo totalmente o tórax de Rúbia aos seus disparos. Ergueu Medo à altura do peito da paladina e disparou uma, duas, três, quatro vezes, tingindo a parede atrás dela de vermelho e cravando quatro furos no reboco.
O impacto dos tiros mandaram a paladina cambaleando corredor a fora, rumo à área externa do casebre. A dor era tanta que sua mente já não a registrava inteiramente. Apenas a sensação estranha de gorgolejar quando buscava ar e o movimento descompassado das costelas a cada passo. Registrou mentalmente quantos passos dera e em qual direção os dera, calculando se Meredith teria tempo hábil para fuga. Ergueu-se mais uma vez e tocou seu peito, pedindo serenamente por Khalmyr. O sangramento estancou um pouco e ela sentiu mais firmeza na postura, encarando o pistoleiro. 
Sua face era parecida com todas e com nenhuma ao mesmo tempo, efeito que acompanhava sua estranha voz. O breve instante perdido pela campeã foi suficiente para que o pistoleiro erguesse novamente sua arma maldita e disparasse após dar um par de passos em direção ao centro da sala. Ela moveu-se com desenvoltura, já não registrando mais a estranheza em seus movimentos, e conseguiu esquivar-se dos dois primeiros disparos, sendo alvejada por mais dois e jogada para fora do corredor, no chão de terra batida da área externa nos fundos da casa.
Ergueu a fronte e rezou enquanto espiava seu algoz vindo em sua direção. Levantou-se com dificuldade, rastejando em direção ao muro que fundeava o terreno e o separava de seu vizinho. Temperança jazia esquecida na soleira da porta e o rastro rubro seguia cada um de seus movimentos. Encostou-se no reboco morno regozijando-se com a sensação, lembrando-se de cada tarde de amor cálida e juras impossíveis feitas no leito de Igan. Olhou em direção a casa e sua visão ofuscou-se com o sol da manhã que já ia velha. 
“Morrerei sob o olhar de Azgher e ele será minha testemunha. Fiz o possível. Perdoe-me meu amor...”
Seus pensamentos rasos foram nublados no instante em que o homem atravessou a soleira da saída. Seu sobretudo cinzento e esfarrapado parecia absorver tudo que havia de bom naquela manhã luminosa. Negava o calor, negava as lembranças, negava a luz e a esperança trazida por Azgher a cada dia.
E pela primeira vez em sua vida, Rúbia teve medo.
Teve medo por si e pelo seu descendente, teve medo dos dias chuvosos e brutos, das noites frias e solitárias, teve medo pela vida e pela morte, medo das promessas e das certezas. Encarou o homem nos olhos, concentrando-se, e não encontrou nada. Nem ódio, nem maldade, nem caos ou motivação. Nada o movia e nada o inspirava. Ele estava aqui por motivo algum e a mataria apenas por estar viva. Uma força da natureza, um bastião do destino, o arauto do fim. O próprio anjo de Leen, feito carne para arrebanhar com as próprias mãos os que já deviam ter partido.
Rúbia lembrou-se da sua vida pregressa, lembrou-se de seu cárcere e de seu provável destino, e sorriu. Sorriu pelo amor encontrado, pelo herói revelado, pela vida ganha. Sorriu pelos dias ganhos e pelas noites perdidas, sorriu porque amava e seu amor a salvara. E no fim ele perduraria, além do tempo, da vida e da morte, infinito no espaço de um instante e constante como as marés.
Moveu a boca ensangüentada ao ser tocada pela sombra de seu algoz e, em algum lugar além da matéria, além da realidade, além da sorte ou azar, seu deus a ouviu.
“Eu te amo Igan... Khalmyr proteja-os como a um tesouro, pra sempre. Esse é meu último desejo.”
Adam alvejou mais cinco vezes o corpo débil da mulher.
Jamais saberia que atingira uma casca vazia, um corpo morto, com a alma já feita luz e tomada por Khalmyr em pessoa no seu último momento. Sua guerreira, sua espada e sua palavra, honrada além da morte.
Eternamente.

27 comentários:

S i n n e r disse...

Bem senhores, asim termina.
Confesso que essa não é a primeira versão mas com o advento da magia de sacrfício feita pela paladina, ela merecia um final mais "heróico".
Espero que tenham gostado. Resolvi omitir o que foi feito do bebê Igan por vocês já saberem.
Valeu galera.
Abraçso e adiàu.

Capuccino disse...

"Jamais saberia que atingira uma casca vazia, um corpo morto, com a alma já feita luz e tomada por Khalmyr em pessoa no seu último momento. Sua guerreira, sua espada e sua palavra, honrada além da morte."

Puta que pariu que foda! Caralho!

R-E-N-A-T-O disse...

Vai tomar no cu! Ficou muito bom! Maldito! Quando tem jogo?! Voltei!

Lucas disse...

Muito bom mesmo... meus parabéns, um belo fim para a paladina. He he he deu uma roubada no Adam na cena final hein, colocou ele alguns níveis acima pra por medo na paladina (era isso ou ela tinha perdido os poderes, mas como ainda conseguiu usar a magia de sacrifício deve ser a primeira opção) mas vale pela imagem.

Tenho só uma crítica, mesmo você já tendo justificado, não colocar a fuga de Meredith com o bebê fez com que de uma parte para a outra do conto esses personagens desaparecessem e a maneira como fizeram isso ficar sem explicação.
Acho que seria válido depois adaptar esse conto para incluir essa parte.

Último detalhe pelo menos nas duas primeiras partes do conto há alguns erros de concordancia que mereciam uma revisão para o conto ficar perfeito!

[]'s

S i n n e r disse...

Falatu Lucas.
Bem, respondendo:
- A paladina não sentiu medo (propriamente dito) de Adam. Ela temeu pelo seu futuro, pela vida não-vivida e pelos sonhos não-concretizados. E foi exatamente isso, um temor, uma incerteza, uam coisa dessa natureza, que também pode ser classificado como medo.
- Não relatei aqui o ocorrido com Meredith mas ela não foi deixada de lado. Narrarei sua fuga e desfecho na apresentação do próximo vilão do jogo, lá de Ahlen. Encarem como uma seqüência natural desse conto, como uma mudança de capítulo.
- Quanto aos erros de concordância confesso que, por redigir o texto em Word e lá corrigi-lo, não o reli antes de postá-lo, confiando no bom senso do nosso Word. Ledo engano. Quando possível, passo lá e corrijo.
Bem galera, por hora é isso.
Esse foi o último dia da paladina Rúbia, narrado como imaginado, resguardadas as devidas justiças literárias.
Em breve, apresentação do vilão de Ahlen e desfecho do destino de Meredith de Sszzass.
Abraços e adièau.

Marins disse...

ficou mt bom, parabéns

R-E-N-A-T-O disse...

Caraca. MAIS UM VILÃO?

Lucas disse...

Só pra constar em ata esse domingo eu só posso jogar a partir do fim da tarde, la pras 5h. Mas no resto do feriado a principio to livre!

Aldenor disse...

Emocionante o texto. Gostei bastante! Adam vai morrer!!!!!!!!!!

Acho que temos um impasse aqui. Domingo renato já disse de sua impossibilidade, Lucas avisou que só pode a partir das 17h. Sugiro que joguemos na segunda ou na terça de manhã 8h às 14h. E que o jogo seja proposto em votação.

Marins disse...

escolham!

E segunda acredito que não vá rolar pois jogaremos com outro grupo

Aldenor disse...

Marinho, então não há escolha, né? Dãããã... é terça feira!

R-E-N-A-T-O disse...

Segunda estou de folga, só preciso ver o que será feito do aniversário de minha mão que é dia primeiro.

R-E-N-A-T-O disse...

Ah, e domingo como dito anteriormente consigo chegar umas 20 horas eu acho. Se puderem a noite...

Aldenor disse...

Precisa-se ter uma conversa online no MSN...

Aniversário da sua mão??? AAUHAUH

R-E-N-A-T-O disse...

Ops, aniversário da minha mão é dia 10, junto com o resto do corpo. O aniversário dia primeiro é da minha mãe. Perdoe-me a falha.

S i n n e r disse...

Olla senhores.
Bem, colocando todas as hipóteses em perspectiva, teríamos:
- Domingo: Lucas após as 17h e Renato após as 20h.
- Segunda: Renato com niver de mãe, Marins e seus discípulos ocupados com outro jogo.
- Terça: Todos pderiam em horário de 8h as 14h.
Isto posto, acredito que terça-feira, dia 2/11, seja o melhor dia para todos. Em horário normal, das 8h às 14h.
Por ser feriado nacional e último dia da folga prolongada, programem-se para comparecer e ficarem no horário proposto. Qualquer trabalho, tese, encontro, compromisso, projeto final, monografia e afins pode ser resolvido até esse dia, concordam?
Mudo hoje a data e horário.
Abraços e adièau.

R-E-N-A-T-O disse...

Corroboro. Terça pra mim está ótimo.

Aldenor disse...

Fechou terça pra mim

Lucas disse...

Ta marcado então!

Unknown disse...

Caraca fico muito bom o post
mas... bastava dizer que o maldito Adam entro na casa meteu bala na puta da Rubia e ela morreu pedindo ajuda a kalmir hahuahahuauh
brick
saudades pessoau um dia voltarei

Aldenor disse...

Zaizow está pra voltar faz uns 3 anos... AHUUAHHUAHUAHUA

A pergunta agora é: que jogo será na terça?

Capuccino disse...

UD nessa porra =p

R-E-N-A-T-O disse...

Tem que ser UD já que Caputo não joga Mago nem RH...

Marins disse...

Qualquer trabalho, tese, encontro, compromisso, projeto final, monografia e afins pode ser resolvido até esse dia, concordam?

Infelizmente não concordo com vc, pq o meu trabalho precisa da minha orientadora, q acabou de me mandar o trabalho para terminar. Eu jogo amanhã, porém mt ferrado

Dudu disse...

Caaaaacildsss!

Fodasso! To até com inveja da historia de aldenor!

Percebi as ligações prara mim, e vendo o que ocorre aqui percebo a razão das ligações. Eu tava no sítio, fui pra la fazer um retiro espiritual pra escrever a monografia. To fudido mesmo com isso, não posso correr o risco de não me formar de novo por causa disso e to dando um gas agora na reta final.
Essa de terça foi imprevisivel, uma vez que lá meu celular não pega. Mas o proximo do dia 6 me prepararei para estar presente!
Beijundas a todos, e parabéns pra sua mão Renato!

Aldenor disse...

Dudu, nao se engane, dia 6 nao foi confirmado. É mais certo que haja dia 7 o AA com marins, caputo e renato, pois eu viajarei pra curitiba.

Marins disse...

ai não vou poder jogar sábado, minha mãe viaja na sexta e precisa de mim na loja.