terça-feira, 12 de outubro de 2010

A Liga de Norm #1




Nasce um Clérigo.
O céu era nublado e as pessoas voltavam para suas casas depois de mais um dia de trabalho árduo. Norm era uma cidade de gente trabalhadora e orgulhosa por seu estilo de vida. A Ordem dos Cavaleiros da Luz, ainda que não estivesse nos momentos de glória de sua aurora, ainda era um referencial para aquela gente.
Em um daqueles becos, três jovens se dirigiam à taverna para beber, como faziam e ainda fazem seus pais depois do trabalho. Era um escriba, mensageiro e pretenso miliciano de baixo posto. A ida a taverna depois de suas atribuições significava um ritual de passagem para a fase adulta.
Entretanto, em seu caminho pelas ruelas onde as janelas estão eternamente fechadas com madeiras pregadas e onde a decadência proliferava desde o ataque dos cavaleiros corrompidos pela Tormenta há anos, os jovens ouviram um barulho de caixa de madeira chocar-se ao chão. Antes que pudessem reagir, sentiram um arrepio em sua espinha.


Era um homem que caminhava tropeçando em suas próprias pernas, movimentos anormalmente lentos. O cheiro pútrido de morte aguçou o medo daqueles jovens. A luminosidade precária criava uma penumbra aterrorizante. Foi somente quando aquele homem se aproximou muito diante daqueles jovens com suas pernas bambas que perceberam que ele não estava mais vivo.
Sua pele era cinza e decomposta. Um grande buraco de podridão em sua bochecha revelava o osso do crânio. Um dos olhos estava arregalado e o outro jazia um buraco negro. Antes que os três pudessem correr daquela ameaça, aquele zumbi os encurralou. Aqueles jovens estavam amedrontados demais para qualquer atitude ousada. Teriam morrido se não fosse por uma lâmina protuberante rompendo a cabeça do morto-vivo. Com um giro, ainda cravado no crânio, a cabeça foi destroçada e arrancada. O corpo se desmontou no chão e havia um garoto como aqueles jovens portando uma espada longa.
- Saiam daqui, rápido. – disse firme.
Prontamente obedecido, Alex Dawson ficou sozinho encarando o morto-vivo.
- Zumbi. – disse com asco e limpou sua lâmina antes de embainhá-la de novo na cintura.
Alex era alto e seus cabelos eram alaranjados e de olhos castanhos quase mel. Era magro e não possuía nenhum porte de guerreiro. Era apenas uma pessoa com uma espada e que não havia se intimidado com o morto-vivo. Porque não era o primeiro que vira.
Decidiu que aquele entardecer agitado era sua deixa para voltar para casa. Morava em um casebre próximo daquele bairro afastado onde as pessoas queriam fugir de lá. Diziam que houve uma grande luta de aventureiros contra os cavaleiros corrompidos pela Tormenta e que muita gente inocente morreu no fogo cruzado. Mas a família Dawson era novata na cidade e não se deixava intimidar – talvez por ignorância – com a fama do lugar.
Chegando em casa, ele foi recebido por seu pai, Mark Dawson, e comeu o assado que sua irmã Karina havia preparado. Sua outra irmã, Melissa, resmungava que detestava os novos colegas da escola de Tanna-Toh e seu pai contava animado que conseguira vender vários chapéus de palha na rua. Alex comia calado.
- Saiu com a espada de novo? – perguntava Karina com rosto infeliz de preocupação.
- Sim. Já avisei que quero fazer parte da milícia. – disse ele, seco, rabugento.
- Você sabe que não precisa se arriscar nesse trabalho, não é? Pode ajudar seu velho pai fazendo chapéus. – disse Mark sorrindo.
- Não seja bobo, pai. Alex não quer fazer essas bobagens. – disse Melissa, compartilhando o mau humor crônico do irmão.
- Eu vi um morto-vivo de novo.
Todos olharam para ele, assustados. Os Dawson haviam saído de uma aldeia ribeirinha em Bielefeld porque praticamente todos os dias havia um ataque de zumbis ou esqueletos. Eles estavam confusos com a notícia de Alex. Será que é uma maldição familiar? A esposa de Mark havia sido assassinada por um esqueleto quando Alex ainda era uma criança e suas irmãs bebês. Agora não sabiam se aquele zumbi era problema interno de Norm ou se era uma maldição que acompanha os Dawson. Alex, particularmente, acredita que a maldição esteja com ele mesmo.
***
No dia seguinte, Alex caminhava em direção ao posto da milícia mais próxima. Diferente de outras cidades, aquela milícia possuía testes rígidos para a inclusão efetiva de um novo guarda. Além do teste físico e com armas, era também esperado que o candidato fosse de bom caráter e capacidade de julgamento do que é certo e errado perante a justiça de Khalmyr. Nesse quesito em especial, Alex era apenas razoável. Ele acreditava que ajudar os outros era mais importante que seguir ordens e a lei, ainda que não tivesse críticas quanto a sua existência. Por isso ele ia para seu segundo dia de testes um pouco desanimado.
Foi quando ele ouviu boatos pelas ruas que na noite anterior um morto-vivo atacou uma taverna, matou dois homens e fugiu. Era rápido, tinha dentes afiados e ossos visíveis. Definitivamente não era o mesmo que atacou aqueles três jovens que Alex salvara.
Pouco antes de chegar ao posto da milícia, ele ouviu gritarias. Alguém gritou por socorro e outro exclamou a palavra “morto-vivo”. Alex arregalou os olhos e correu naquela direção. Ele poderia correr para a milícia e relatar o perigo, mas em sua impetuosidade e necessidade ampla de ajudar, preferiu agir por si só.
Quando chegou à rua onde havia o grito, pessoas corriam para todos os lados. Uma criatura magra de pele avermelhada como se estivesse sem pele, olhos arregalados e dentes encharcados de sangue devoravam uma pessoa já morta. Alex ergueu sua espada e gritou em carga. Ele perdeu o equilíbrio na hora do golpe e seu adversário saltou para o lado. Antes que pudesse notar, Alex ouviu um som de carne cortando. Virou rapidamente o rosto e viu a criatura perdendo seu braço e correndo para longe. Era uma mulher vestindo uma armadura com escamas de metal, símbolo de Khalmyr no peito e olhar sereno, mas sério. Em sua mão, uma espada longa ricamente adornada. Ela correu atrás da criatura depois de dar uma rápida olhada e avaliar se era preciso sua presença ali, se alguém precisava de ajuda. Havia um morto e um jovem caído com uma espada velha.
Alex quis falar algo, mas se perdeu. Aquela mulher era baixa, tinha cabelos negros e curtos. Olhos azuis quase cinzas. Uma beleza sutil, atrás daquela armadura e do símbolo de Khalmyr. Se levantando, viu milicianos se aproximarem para acalmar a população e cuidar do cadáver. O resto do dia foi entediante e ele não tirava aquela mulher da cabeça. Acabou que não passou nos testes para ser miliciano e foi mandado pra casa.
À noite, ele estava em sua cama em seu quarto, olhando para o teto e buscando uma alternativa para trabalhar. Parecia que teria que abandonar a espada que fora de seu avô e que foi renegada por seu pai, um homem simples e pacífico. Seu pai que, naquela noite, estava até tarde na rua vendendo seu artesanato de casa em casa.
Subitamente a mulher de armaduras apareceu dentro de sua casa. O mesmo olhar sereno e rígido que causava estranheza. Alex levantou-se de sua cama assustado.
- Quem é você? O que tá fazendo aqui?
- Eu sou lady Diana Blackheart, clériga de Khalmyr. Estou procurando por você, garoto.
Apesar de parecer ser apenas um pouco mais velha, a bela clériga o tratava como se houvessem décadas de diferença. Alex saltou de sua cama, cheio de perguntas.
- O que você quer comigo?
- Khalmyr veio até mim através de sonhos e me revelou uma importante missão. A mim foi revelado que devo treinar um novo clérigo para a ordem nesses dias difíceis. Quando eu enfrentasse um morto-vivo na cidade, eu sentiria a presença dele. Quando olhei para você hoje de manhã, vi sentido em tudo. Sinta-se feliz, Alex Dawson, você foi escolhido por Khalmyr para ser sua força de fé.
- Não pode ser! Isso deve ser um engano. Eu sou um simples camponês. Eu vim de uma cidade muito longe daqui...
- Duvida de minha percepção ou da palavra de Khalmyr, garoto? Seja como for, tenha cuidado com o que falar.
- Eu acho que não sou eu. Eu sou comum.
- Você é especial. E tenho certeza que coisas estranhas acontecem com você desde o dia em que nasceu.
Alex lembrou na hora de sua suposta maldição. Sobre sua suposta atração por mortos-vivos. As coisas se encaixavam lentamente em sua cabeça.
***
Naquele mesmo momento, um grito. Era Karina. Com o coração acelerado, demonstrando grande desespero, Alex correu para a sala da casa. Abriu a porta do quarto e viu a porta pra rua totalmente destruída. Karina estava no chão, sangrando pela barriga.
- Melissa foi... – desmaiou de dores.
Diana correu até Karina e usou o milagre de Khalmyr para lhe trazer a saúde. Seus ferimentos foram fechados e sua vida salva. Mas quanto olhou para a porta quebrada, viu que Alex já estava saindo de casa.
- Alex, espere!
Do lado de fora, lá estava um carniçal, idêntico ao que ele conhecera de manhã. Mas sua cor tendia mais ao roxo. Alex estava desarmado e por isso ficou indeciso. Mas ele viu Melissa caída, desmaiada, à mercê do monstro. E então saltou sobre o monstro desesperado, sem pensar.
Ele recebeu um empurrão daquela criatura rápida e de movimentos aleatórios demais. Caiu sentado e chegou a sentir o bafo do carniçal que pulou sobre ele. No mesmo instante, Diana apareceu entre eles e recebeu a terrível mordida no lugar de Alex. Ela deu um golpe abriu um talho no peito do monstro que saltou pra trás. Mas ela estava ferida e pior: paralisada.
- O carniçal tem esse poder – ela ofegava, segurando a dor – de paralisar. Pegue minha espada e ore por Khalmyr!
Alex se levantou e olhou para Melissa caída, desacordada. Olhou para casa e viu Karina também desacordada. Viu a maldade no olhar do carniçal. Com o coração a mil, ele pegou a espada e pediu por justiça.
Subitamente, ele sentiu seu corpo aquecido, uma aura azul preencheu sua silhueta. A espada brilhava exalando poder. Khalmyr atendeu sua prece prontamente. Kevin era mesmo especial. Era mesmo um escolhido. Nem bem o carniçal estava sobre ele, Alex já estocava fundo no peito. Girou a espada e cortou um grande pedaço de carne. O carniçal se afastou fazendo menção de fugir.
- Você vai pagar por mexer com minha família.
Ele correu em carga e, com as duas armas empunhadas com as duas mãos, rasgou verticalmente a cabeça do carniçal. Sangue para todos os lados.
***
- Eu sou uma nobre e ligada à Igreja de Khalmyr de Norm. Mas seu treinamento não será formal. Vou te ensinar tudo que sei enquanto combatemos essa incidência de mortos-vivos por aqui.
Alex assentiu. Ele via um futuro pela frente. Um meio de entender quem ele realmente era.

16 comentários:

Aldenor disse...

Clamo pelo jogo do dia 17 ser UD. Quem está comigo se manifeste!

Lucas disse...

Isso estava para ser definido com o grupo. Por mim tanto faz qual jogo será, mas acho que o melhor seria ter a confirmação de quem vai poder jogar no domingo e ver se as pessoas que não jogam os dois jogos não se importam em trocar o dia.

R-E-N-A-T-O disse...

Eu posso jogar UD dia 17,contem comigo para jogar o que houver.

Bom conto Aldie, mas parece o Igan, neutro e bom se não me engano. Essa história de "Você é especial. E tenho certeza que coisas estranhas acontecem com você desde o dia em que nasceu." é totalmente Harry Potter! uhauahuahuha

Aldenor disse...

AHAHAHAH!!
Sim, Kevin é parecido com Igan, só que clérigo e outras diferenças de personalidades. E claro, tenho mil influências pra sua história.
Mas veja, ser especial e coisas estranhas acontecerem desde o dia em que nasceu não é criação de Harry Potter, faz parte de um dos mitos de construção de um herói...

E sim, a decisão será dada pelo grupo, por isso eu coloquei minha posição. Por enquanto, dos 6 jogadores (+ Daniel mestre de ambos), 3 se manifestaram: 2 por qualquer jogo, 1 pelo UD.
Falta Dudu, Caputo, Marins e Daniel se manifestarem.

Capuccino disse...

UD nissae, porra!

Capuccino disse...

Oops, mal mal

dia 17 nao da pra mim, mas dia 16 é tranquilo!

Lucas disse...

Tem ainda o Ian que só joga o RH. Atualizando como Caputo não pode dia 17, acho que podemos contar o voto dele como pro RH. Dia 16 eu não posso e acho que Marins também não vai poder. Com isso ficam 4 votos de 7, 2 por qualquer jogo, 1 por UD e um por RH.

R-E-N-A-T-O disse...

Como Caputo largou Mordred, acho que podemos jogar se ele sem prejudicar o andamento, caso ele nao se importe é claro. Meu voto é por UD pq to mais seco por jogar Contra Arsenal, mas levo na boa o RH caso não possa ser UD domingo. É até bom pq estreio meu novo GURPS 4ed em português que finalmente chegou. Hehehe.

Capuccino disse...

Nao me importo, o q for melhor pro grupo ^^

Aldenor disse...

1x1 ainda
Falta dudu, marins e daniel

Marins disse...

prefiro UD

S i n n e r disse...

Olla senhores.
Bem, como eu mesmo propus, ficaria a cargo dos jogadores qual jogo seria nesse domingo.
Por mim é indiferente, mestro tanto UD como RH sem problemas, tenho mote pras duas campanhas.
Não acredito que Duddits vá se manifestar a menos que seja perguntado a ele. E provavelmente não poderá.
Com isso, acho que todos decidiram por UD no domingo 17.
Vou mudar o calendário.
Abraços e adièau.

Dudu disse...

Fala revolta!
Po Déniel, eu cheguei até a tomar banho no dia pra ver se pilhava de sair, mas nem rolou. Não era dia mesmo...

Eu posso UD domingo!

Aldie, não respondi a msg por economia, uma vez que poderia responder porraqui! A conta ta alta!

Beijos.

Aldenor disse...

Beleza, Dudu. Pelo menos te trouxe pro Blog pra expor sua opinião, pois já estavam te dando como morto. AHAHAHAHAH

Marins disse...

cara, uma coisa q não to entendendo... vamos jogar UD domingo agora?

Mas Ian e Digow não podem jogar no dia 24. E Caputo só pode jogar nesse... Qual a lógica?

R-E-N-A-T-O disse...

Creio que não haja lógica. O pessoal tá empolgado com UD. RH pelo visto vai esperar um pouco pra próxima sessão. Eu posso jogar os dois, se for atrapalhar o que já tinha sido decidido é só voltar atrás. Só acho que é meio tarde pra argumentar isso não acha?