quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Relic Hunters #0 - Prólogo


Alésia, Gália (atual França) - 02 de Outubro, 52 a.C.

A tarde ia maligna e o crocitar dos corvos inundava o campo. A visão de um forte no alto da colina empoeirada rivalizava com o tapete de corpos em seu sopé. O cheiro de sangue coagulado era insuportável e macularia aquela terra por gerações. O riacho que a circundava estava talhado de vermelho por quilômetros.
Na tenda de comando, dois homens discutiam solitários o próximo passo:

- Isso não pode continuar Júlio! No seu estado, qualquer noite de inverno, qualquer intempérie, qualquer malogro poderá arruinar tudo que erguemos até hoje! Tudo que você conquistou em todos esse anos! - O homem esbravejava como se não houvesse hierarquia entre eles.

A figura que jazia ali a seus pés, indefesa num leito de campanha, sequer lembrava o homem a quem confiara a vida em juramento. De pé, o homem tinha mais de oito pés de altura, forte e perigoso como um tigre. Vestia um peitoral áureo e tinha sob o braço direito um elmo adornado com um penacho de pêlos de cavalo rubros e a face de seu dono esculpida em ouro puro, formando uma máscara altiva. E aquela face não era a de seu atual detentor. Era a face do homem no leito, que respondeu sem emoção:

- Acalma-te Brutus, meu irmão. A várias estações eu não sofria outro ataque como esse e, vivendo da maneira que eu me forcei a viver, me acostumei com sua sombra permeando meus passos. Engana-te se acredita que vim até aqui, suportei esse tempo infernal, matei e subjuguei esses animais apenas pela minha glória. Pela glória do meu legado. Pela humilhação de Pompeu. Há um pouco da minha busca nessa campanha.

Erguendo-se com dificuldade, Júlio afasta-se de seu leito, deixando o cobertor sujo de sangue a seus pés pelo caminho.

- Aproxima-te - disse a Brutus - Veja o que me trouxe até os confins da Gália e além. Ergueu um pergaminho encardido na direção de Brutus. Na luz bruxuleante das tochas, ele quase não entendeu a língua ali rabiscada.

O tecido da tenda era inteiro vermelho, corroborando o entardecer sangrento que se fez presente no caminho daqueles homens. A cada linha, a expressão de Brutus tomava o tom alvo da tenda de outrora. Não era possível.

- Eu não acredito... - olhou atônito para seu amigo. Fragilizado, parecia ainda mais marcado pelos quarenta e seis invernos de vida. Seus negros olhos pareciam luzir, perscrutando seu coração - Isso é verdade? Existe mesmo? Está mesmo aqui?

- Sim meu amigo, no alto daquela colina. Esse tal Vercingetorix o trouxe até aqui, sem saber sequer o que carregava. Talvez acreditasse se tratar de mais um tesouro, mais uma peça de seu espólio. Mas está aqui, e vai ser minha. Agora ajude-me a sair, tenho que caminhar entre os homens lembrá-los quem os trouxe a mais essa vitória. Lembrá-los quem é Roma.
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Palazzo Massimo alle Terme, Museu Nacional Romano, Roma, Itália - uma semana atrás.

Luzes giroscópicas preenchiam o pátio da contrução neo-renascentista. O jardim interno estava pontilhado de homens e mulheres de aspecto ranzinza, aborrecidos por ter de trabalhar às três da madrugada. Pouco se via da atmosfera lúdica que reinava naquele lugar durante os dias ensolarados do verão romano.
Rasgando a pequena multidão uma mulher caminhava apressada, tentando acompanhar a urgência que reinava em seu coração. "Como poderiam ser tão astutos? Invadir um museu em plena cidade de Roma? Sob as barbas do Corpo de Canabiere? Do Departamento de Polícia de Roma responsável pela Tutela do Patrimônio Cultural?"
Adentrando a cena como um tornado a mulher atrai instantaneamente todos os olhares pra si, reservando o seu próprio à vitrine central, bem de frente para a porta de entrada. Um corte oval quase invisível permeia a superfície do vidro blindado. O busto vermelho vazio é mais contundente do que um soco no estômago. Ainda não sabia o que havia sido levado, mas por merecer o centro da exposição dessa ala, devia ser importante.
Caminhando lentamente por entre a tempestade de olhares, ela se aproxima da vitrine o suficiente para divisar sua placa de identificação.
"Peitoral e Elmo de Gaius Julius Caesar, Imperador de Roma"

5 comentários:

S i n n e r disse...

Olla senhores.
E assim, acredito que começa (ao menos semi-oficialmente, de minha parte) a campanha de Relic Hunters (até que mude de nome, após discussões).
Respondendo aos comentários:
- Bem, como cenário nessa primeira aventura adotaremos o velho mundo, pela sua riqueza histórica incomparável;
- Não existe qualquer exigência sobre cidadania dos personagens. O mundo hoje é bem globalizado e qualquer um pode ser especialista em qualquer área;
- Tenho algumas sugestões sobre a organização dos personagens, pretendo expô-las na próxima sessão, seja qual for;
- O sistema deve ser o GURPS 4Ed. Assim nos familiarizamos melhor com ele, e quem sabe, dominamo-o;
- Sobre pontuação, acredito que o clássico 100pts, mas isso ainda está sub judice, preciso checar melhor na fonte (no GRUPS).
Acho que sobre o jogo é isso a priori.
Agora sobre as mudanças no blog:
- Adicionei uma lista dos nossos 3(2, pq um é fake de Aldie) seguidores. Caso mais alguém se interesse em seguir ou saber como funciona, tem um link explicando;
- Coloquei também uma ferramenta de busca, via google, pra facilitar as pesquisas de material postado;
- Inseri também os botões de compartilhamento e de opnião, só pra ver no que dá ;p
Caso haja alguma sugestão/crítica, avisa por aqui ok?
E avisa também sobre qualquer coisa do RH.
Abraços e adièau.

Aldenor disse...

Maneiro. Vou usar um antigo método utilizado há mais de três mil anos pela humanidade: a aleatoriedade. Hehehehe... 100 pontos? Ainda bem que tenho o GURPS 4ed em pdf. Ainda que seja um mini AHAHAHHA. Quem quiser eu posso ajudar a ter tbm pra ir facilitando na pro iminente Relic Hunters.

Gostei tbm da Busca e dos Seguidores. As Reações são meio inúteis pra mim pq eu sempre escrevo no coments se gostei ou não, etc... essa ferramenta irá diminuir os coments. Eu acho. Enfim!

R-E-N-A-T-O disse...

Caraleo, Roma será pauleira, lá tudo pode, é um pouco Brasil lá. Ainda não sei como será o personagem mas to pensando a respeito. Tá meio Carmem San Diego!
Gostei dos botões novos, eu queria por antes, mas não sabia como... hehehe.

Marins disse...

To pensando em algo aqui...

Aldenor disse...

Serei um inglês graduado e mestre em História que busca fazer um doutorado muito fodão. Jovial (uns 27 anos) ele vai ser alguém que gosta de viajar para conhecer de perto o objeto de suas pesquisas. Seu mestrado o tornou especialista em história medieval inglesa, mas ele é aberto a qualquer ramo do conhecimento.
Nome a pensar.