quinta-feira, 5 de junho de 2008

X-Men Chronicles - Episódio VI



Escuridão.
O cômodo estava mergulhado em trevas. Mas assim mesmo não conseguia fugir de seus pensamentos. John levantou-se do sofá furado. Hell’s Kitchen. Um dos piores lugares de NY pra se viver. Se não houvesse o Demolidor, aquela pocilga já teria desintegrado. Caminhava lentamente, tenso, não tropeçava, não erra o passo. Nunca. Seus sentidos estavam em outro nível, um nível nunca alcançado por um mortal. Sua mutação o evoluíra mais que X-Men pensavam. Mas eles não deveriam saber, afinal, quem sabe de tudo?
Sentiu o ar trepidar, uma freqüência mais rápida que o bater de asas de uma mosca, mais leve que o último suspiro de um moribundo. Exatamente como acontecia quando alguém se teleportava. Como sabia? Como sentia? Ah, mortais...
“Olá intruso...” disse no momento que o cheiro do futuro morto invadiu suas narinas. “Olá Jon” respondeu o homem, com um forte sotaque francês. Mesmo para seus olhos, os quais o escuro era claro como um dia nublado, o homem era apenas uma silhueta envolta em trevas.
“Non vim começar una hostilidad, apenas conversar.” O coração do homem batia calmo, aos ouvidos de John. O cheiro dele não exalava medo, nem adrenalina. Não estava preparado para a batalha.
Apurou os ouvidos, atento. Ouviu o tamborilar da chuva nos vidros dos veículos na Time Square, a respiração de todos no quarteirão, desde o cão irritante do andar de baixo ao pombo no telhado. Respirou fundo tragando o mundo pra dentro de si. Tantos cheiros! Sempre se surpreendia. Desde a excitação da madame na 5ª Avenida até o cheiro ácido dos drogados do porão. Nada. O homem estava sozinho. “Que bom” pensou John. “estava mesmo com fome”.
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Era um dos climas mais secos que Netuno (agora Newt para os humanos) havia experimentado. Quando se vive sob milhões de toneladas de água, o ar de São Francisco parece fogo puro. Fogo. “Ironias da vida...” pensou Netuno, “logo ele findou meu amigo”.
Pulando pra lá e pra cá estava Brian. Jovem, cheio de energia, de calor. Praticando um esporte que Newt não conseguia compreender. E os humanos gostavam, aplaudiam, vibravam com seus pulos em cima daquela coisa. “Bicicleta, acho que é assim que eles chamam”.
Brian podia voar. Literalmente e figurativamente. Mesmo com seus poderes, nada se comparava a isso. Uma bike sob ele, cavalgar o half como um caubói. Louco. Afinal, quando se é imortal, qualquer manobra vale à pena. Esquecera de tudo, das tragédias, das perdas, das dores, de tudo. Só o que importava era voar.
“Gran finale” pensou Brian. Desceu o half como um relâmpago. Um milissegundo apenas de distração, contemplar a torcida. Vê-la explodir. Olhou para o lado e viu muito mais que gostaria. Viu um rosto conhecido, algo que lhe trazia um turbilhão de sentimentos. Dor, fúria, sede de sangue. Uma cabeça ruiva, óculos redondos, expressão apática. Doutor.
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Sentou no sofá, o estranho. “Típico” pensou John, “sempre vêm à minha casa como reis intocáveis. Batem à minha porta – ou não – entram, ameaçam, insultam e acham que eu não vou fazer nada. Mutação amigos, não só física como mental. Vou pintar minha sala de vermelho hoje”. “Como non deve terr imaginado, vim converrsar com você de igual para igual e você vai me ouvir. Querr saber por quê? Porque sei ond está sua irmã, o que houve con ela, quem fez e por que. Eu sei tudo.”
Um rosnado gutural ouviu-se na sala. Aquele som que te lembra quem são os predadores. E não somos nós.
“Sente-se” e um baque seguiu-se ao pedido.
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Sons, cores, brilhos. Queria sair, caçar. Mãos, abraços. “Saiam desgraçados!” pensou Brian. Como um flash, sumiu do meio dos autógrafos. Correndo, encontrou um Netuno disperso, maravilhado com as maravilhas do mundo seco. Segurando um algodão doce, parecia inofensivo. Sendo pego pelo braço, correu sem pensar, um corpo reconhecendo o outro. Uma mente cumprimentando ao outra. Os X-Men partilhavam muitos vínculos, em muitos níveis.
“Que foi?” pergunta Netuno.
“Ele está aqui, aquele maldito! O Doutor! Achei que tinha morrido no espaço o filho da puta!” a expressão de Brian transparecia amargura.
“Viu? Onde?”
“Na pist-” mal tinha aberto a boca e o vira de novo, ao longe, tomando um ônibus para o subúrbio.
“Venha! Vamos seguí-lo de cima” E alçou vôo levando Newt nas mãos.
Fora uma surpresa total para Netuno. Doutor? Que Doutor? Nem se lembrava direito da feição de todos que eram seus inimigos agora, que dirá de um em especial. Voando, seguiram o ônibus por uns 25 minutos. Ao passar pelo pátio de trens, Brian desceu a toda. Apertando os olhos, Netuno viu um homem andando pelos trens. Mas não era o Doutor... parecia outra pessoa... não! Ele não! Apollo!
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“Em troca desses informações, só lhe peço una cosa Jon, omission. Non face nada. Darremos um golpe durro nos X-Men hoje. Apenas relaxe, ouça o pedido e non resista, ou sua irrmã morre”
“Em minha casa? Você vem à minha casa pedir que eu me omita ao sofrimento de meus amigos?”
Uma risada gostosa ecoou pela sala. Longos segundos transcorreram com aquele som juvenil até que de súbito: “Oui. Non serria sua primeira vez non? Quando seus amigos prrecisarram de você, você os entregou oui? Enton. Agorra ninguém vai saber. Nunca. Tome, como prova de minha palavra”. Estendeu a John um celular. Que piscava anunciando que recebia uma chamada. Olhou-o a tempo de vê-la, sua irmã, viva.
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Em segundos estavam em terra, de fronte ao homem. “Maldito!” gritaram em uníssono. E partiram para cima do homem. Sem estratégia, sem planejamento, sem pensar. Prenúncio da tragédia.
Rápido o homem golpeia. Algo atravessa a carne de Brian. A surpresa o fez gelar. Olhando de perto via de fato que enfrentava Meia-noite. Mas como!?
Netuno invocou sua armadura d’água. Nesse ar seco, não passava de uma parca proteção. Mas teria de servir. Agüentando um golpe ou dois já bastaria. Correu fazendo par com Brian. Sentiu. Rápido algo atravessou sua carne. Frio, afiado, pontiagudo. Olhou por um breve instante para o objeto. Uma lança rústica. Parecia algo de escombros, vergalhão. Isso, vergalhão. Encarando Apollo viu algo que o esfarelou, se confundira, era aquele sem-teto. Jack acho.
Aproveitando-se da surpresa Meia-noite/ Jack ataca de novo. O corpo treinado, de anos na guarda imperial, livrou Netuno do segundo golpe, mas Brian não teve a mesma sorte. Fora empalado por um pedaço de ferro. O corpo amoleceu e caiu. Deixando transparecer o agressor. Apocalipse.
Pavor. A palavra que define os sentimentos de Netuno nesse momento. Tudo menos ele. Por favo...
Viajou.
“E eu te sagro agente da guarda real atlante, protetor da cidade e escravo da vontade de seu rei, eu, Namor. Levante-se Netuno Kraken, encare seu rei e agradeça.”
Nem havia percebido que estava de joelhos. A pedra do pátio machucava um joelho. Não o seu. Não aqui. Levantou-se. Estava longe. Apenas olhou em volta e viu um homem disforme. Mutante. Cada segundo uma face. Um corpo.
Abaixou-se e catou o vergalhão com o qual fora perfurado e nem notara que retirara. Sentiu o metal nas mãos. Tamanho perfeito, quase balanceado. Vai servir. Tinha que servir. Empunhou como uma lança aquele pedaço de metal indigno.
“Acha que está em casa atlante? Treinando com seus amiginhos? Esqueça! Atlantis não te quer, seu rei não te quer. Aceite a morte como o nada que você é”.
Sem pensar, as palavras que repetiu tantas vezes no treinamento árduo vieram a sua boca. Um brado digno de herói, mas para ele, apenas dever: “Nunca desistir! Nunca se render!”
A água a sua volta já curava seus ferimentos, refrescando o espírito. Atacou com a fúria das marés, com a força dos ventos, com a leveza da maresia. Implacável.
O homem lutava bem e seu corpo disforme era uma vantagem. Lança, poder, poder, lança. Ataque, defenda, esquive. Sua mente de soldado ignorava a batalha e pensava nos pontos fracos, seu corpo reagia. Sempre.
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“Então Jon? Temos um acord?”
John recostou-se no sofá. A mente martelando possibilidades, chances, passado. Sim, já traíra os amigos uma vez. Mas nunca estivera tão perto assim. Agüentariam seus amigos outro golpe? Quão duro seria? Já passaram por muita coisa. Talvez conseguissem. O coração batia nervoso. O corpo clamava por ação, mas a mente ainda trabalhava.
Segundos, minutos, horas. O tempo se fora. Na mente só o rosto da irmã, sua voz, seu abraço. Tomou sua decisão.
“O que preciso fazer?” “Relaxe e ouça.” Disse a silhueta. E John ouviu, não com ouvidos, mas com a mente, com o coração. “Socorro...”
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Segundos pareceram horas, dias. Netuno estava exausto, o corpo ferido, a alma ruindo. O ferira, tinha certeza. Mas não vira onde nem sabia como. O homem lutava com a velocidade de um garoto mesmo depois de toda aquela batalha. Seria invencível, seria esse seu poder? Nunca se cansar, nunca errar, nunca se ferir?
Fraquejou.
O frio percorreu seu peito. Aço no coração.
“Então é assim que eu vou morrer? Um nome de Deus, uma morte de bandido? Nesse pátio de trens, como um porco?”
Algo dentro dele reagiu, e ele golpeou. Seu corpo esquecera o ferimento mortal. Prendera o metal no peito e nem sabia como. Seu metal nas mãos. E golpeou.
Perfurou como uma vespa, rápido, mortal. O homem fora pego de surpresa e agora era tarde. Netuno havia atacado com seu último suspiro, desfigurado o sem-forma, acabando com o corpo do sem-corpo. Empalou o homem-coisa no chão com sua lança. Arquejou e sentiu o frio abraço da morte o atingir. "Ao menos honrei meu Rei, meu treinamento..."
E viu. Era a coisa mais linda que já vira. Fogo, quente, feroz, arisco. A fênix renascendo. Lembrou de um irmão que esquecera que tinha. O calor de seu abraço, o alento da família. De verdade.
“Obrigado” foi a última coisa que escapou de seus lábios.

14 comentários:

Tiamat disse...

Bem, o que posso dizer...pow galera..é a minha irmã..vou te-la de volta ...pelo menos eu espero..
e depois..eu nao ajudei eles..so me omiti..isso nao é traição po..
espero que voces entendam!!!
=(

Tiamat disse...

Ah!!! e meus pesames por netuno!!

Aldenor disse...

CARALHO!!! muito traidor!! ahuauhuhahua

Netuno...!!! O_O

Anônimo disse...

Meus deus, quem me dera que o sam tivesse tido um morte assim...
Um morte linda digna de um herói!!!
adorei ler isso, de verdade!!!

Muito bom mesmo Daniel!!!!

Netuno pode ter morrido, mas como um verdadeiro X-men!!

Anônimo disse...

Cara que guerreiro!
porra muito bonita a morte dele mesmo!!!

Dudu disse...

Mimimimi!!! =~~~
Mundos caem!



Ah eh, acho que vou pra sum paulo com vocês! =d

Aldenor disse...

AEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!! DU DU DU DU DU DU DU !!!

Aldenor disse...

De bus ou de avião?

Dudu disse...

Que pergunta... ¬¬


Me recuso a responder!

Dudu disse...

Uhu!!!

R-E-N-A-T-O disse...

CARALHOOOOO!!! Mais uma vez nos traiu seu porco! James teria dado a vida da mãe pelos X-Men, eu já te perdoei da primeira vez, mas acho q uma segunda vez não será possível! Ptu! To com nojo de vc!

Boa morte pro Netuno! Herói mané! Assim que tem q ser! \o/

Brian morreu de novo! Bem vindo a vida de novo! uhul!

Quero jogar X-Men!!!

Marins disse...

=)


vero, ficou bom o conto... axei q ia ficar cansativo, mas nem ficou...

=)

Anônimo disse...

Eu trairia até pelo padeiro da esquina da casa da minha falecida vó hahahahahahhahahahahaha Boa, lagartão!!!!
Quanto ao netuno, morreu de maneira digna, PORÉM, MORREU MANÉ, SE FERROU HAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHA
Tô zoando, Daniel mandou muito bem.

PS: Renato, seu personagem é assassino, tá falando de quem? Perto de você o Willian e o Lagartão são crianças rebeldes....

Anônimo disse...

Netuno, foi uma honra lutar ao seu lado ou pelo menos te ver lutar. Hehehehehehe... E nem vem James, morri no máximo 2 vezes durante o jogo e eram situações programadas pra que morresse.

Quanto a Apocael, ficou muito bom. Ficou bem dinãmico e empolgou :) Larga a Petrobrás e vem mestrar, hahahahahahaha...

John seu traidor de merda...