terça-feira, 10 de junho de 2008

X-Men Chronicles - Episódio VII

Uma sala.
Sua sala.
“O que houve?” Olhando em volta percebe que a mulher ainda está lá. Ele ainda está lá. Visto por ele mesmo. Confuso cambaleia pra longe do casal. Uma fina linha prateada acompanha seu deslocamento.
Virando a cabeça sem deslocá-la, como se o espírito olhasse pra ele sem mover a carne que o encerra, a mulher diz friamente: “O que houve meu caro Pietro? Estás assustado?”
Ela se levanta, deixando seu corpo inerte, uma casca vazia fitando um invólucro oco. Andando até ele, ele nota uma fina corrente prateada movendo-se do corpo dela seu espírito.
“O que está acontecendo? Nunca fui capaz disso, nunca pude projetar-me...” pensa Pietro. “As coisas mudam e mutam, vós deveis saber melhor do que ninguém” responde a mulher a seu pensamento. A conversa súbita acaba com a linha de pensamento de Pietro. Desnorteado, pergunta: “O que quer aqui, quem é você?”.
Sentiu-se idiota perguntando. A nítida impressão de que já sabia rondava sua mente. Isso. Mente. É o que comanda tudo nesse estado. Precisava concentrar-se.
A mulher o rodeia, lânguida, letal, como um predador apreciando o momento do bote, o desespero da presa. “Vim aqui com um propósito Pietro, que logo lhe será revelado. Enquanto isso, relaxe e aproveite o show.” Um puxão, como se algo recolhesse a corrente de súbito, arrasta a mulher de volta à sua casca.
Olhando na direção dele, ela sorri. Atravessa o balcão da cozinha lentamente. Procurando. Maquinando. Ainda atordoado ele só pensa em como voltar, como acabar com aquela impotência. Dali nada podia fazer ao mundo físico. Disso ele sabia. Disso ele lembrava.
Uma torrente varreu seus pensamentos. Aulas, muito tempo atrás.
“Controle meus pupilos. Em nosso território não há explosões, não há golpes devastadores ou defesas pétreas. O que determina quem vence a batalha é o controle.” Xavier movia-se pela sala emitindo apenas um zumbido leve. Quase hipnótico. “A única força que conta é a força de vontade. Mover uma moeda é mais difícil que destruir uma montanha.”
Dor.
Estranha, alienígena. Não devia senti-la. Olhou sua casca, seu corpo inerte. Calmamente a mulher fazia-lhe um corte na fronte esquerda. O sangue escorria, sujando toda a camisa. Com uma expressão de pura perversidade, ela fala em sua direção: “Vou começar por aqui. Acabar com seu rosto. Depois descer e arrancar alguns dedos. Mutilar. Será que um legista se sente assim?”
O corte continua da testa ao queixo. Em desespero, ele grita, debate-se, urra ameaças vazias e juras impróprias. Movendo a faca ela continua. Bochecha direita, têmpora couro cabeludo.
“Preciso de ajuda. Ela vai destruir meu corpo! Preciso de ajuda! Alguém! Socorro! Socoooorrooo!”
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Atônito Sean apenas observava. Poderia ele fazer algo mais? Tingido de vermelho, James desce do céu em fúria. A chuva açoita ambos. “Como ele pode? Sujar-se assim? Ele era o melhor de nós...” pensa a cabeça confusa do gigante de aço.
Lentamente se aproximando, Sean pode ver a expressão de James. Nada. Um vazio completo. Sem sentimento, sem angústia, sem ressentimento. Nada.
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Saindo da piscina, recebendo a chuva em seu rosto, William tem a melhor das sensações. Estar vivo. Safar-se. Escapar mais uma vez.
O tempo estava infernal em Westchester. Chovia como num furacão e ventava como num tornado. A casa, apagada, denunciava a ausência de ocupantes. Ou o descanso dos mesmos. Saiu da piscina se sentindo vivo, até mesmo alegre. “Estranho, esta felicidade a muito não habita meu coração. Acho que estava com saudades” ele pensa com um sorriso em seu rosto.
“Jaaaaaaames!”
O brado o tira do êxtase que o retorno o pusera. O que está acontecendo? Apurando os ouvidos, pensando no local em que estivera muitas vezes, ele dobra o espaço à sua vontade e chega.
A cena congela seu sangue, esfarela seu coração. Sean, abraçado a um James tingido de vermelho, chora. Apesar da falta de reação do amigo, ele chora. Acostumado a pensar em frações de segundos, ele analisa friamente. “O sangue não pode pertencer a Sean, James não tem poder pra perfurar sua pele. Também não está machucado, ou Sean não o abraçaria de pé, sem socorrê-lo. Não há sinais de luta, mas esse tempo não é natural. Se houve uma luta, Sean não participou, ou estaria sujo e ferido. James jamais fer-...” o pensamento morre antes mesmo de nascer. James matara. De certo matara. Mas quem? Onde estaria o corpo?
Começando a caminhar com a cabeça maquinando mil possibilidades o golpe o atinge como uma marreta. “Socorro! Alguém m-...! Socorrr-...!” De joelhos William se concentra. “Essa vai ser difícil”. A cabeça lateja, os olhos ardem. “Pietro?”
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O sangue lava suas roupas e mancha seu sofá. Seu sangue.
“Por que!?! Alguém me ajude! Por favor, alguém me salve!” brada inutilmente.
“Isso Pietro, grite. Torne a experiência mais divertida. Sabe o que acontece quando o corpo morre sem a mente? Você vai vagar pra sempre no limbo. Apenas impressão. Sem corpo, sem mente, nada. Você acha mesmo que alguém virá? Um homem só virá, lhe matar.”A faca desce, descrevendo um arco em seu peito.
“Pietro? O que houve? Acalme-se, concentre-se. Fale comigo.”
“William? Socorro William. Alguém vai me matar! Socorro!” Seus gritos emanavam além de sua intangível boca, indo longe. Indo buscar quem podia fazer algo. Alertar. Convocar. “Socorro...”
“Não consigo Pietro. Não tenho poder pra te encontrar. Diga onde está. Chame os X-Men. Feche o elo.”
Esforçou-se. Não pra fazer, mas pra lembrar. Feições, nomes, jeitos. Tudo que ajudava no fechamento do elo. Todos. Juntos. Sempre.
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Sean sofreu um golpe que estilhaçou sua agonia. O tirou de um transe de pavor pra levá-lo em uma viagem de desespero. Pietro, sangrando. Sendo calmamente cortado por uma bela mulher ruiva. Sem reação.
Transformação.
Foi o que se viu na face de James. De pálida, morta, vazia para algo pior. Se pudessem personificar um sentimento, pintá-lo, traçá-lo no rosto de alguém, James seria o quadro do ódio. Puro e indistinto.
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Entre as pedras, no fundo do penhasco ele ri. A chuva e as ondas lavam o que sobrou de seu corpo. “Excelente, fizeram exatamente o que previ. Pode começar Isabelle. Faça.”
Em algum lugar dentro dele um tendão se reconstruía. Um órgão voltava pro lugar. A vida crescia de novo.

4 comentários:

Aldenor disse...

Carai!
Quase não reconheço James! Ele matou!! Só pode estar controlado! Non é possivel!!!
Várias mudanças a vista, num provável X-Men: O Retorno.
hehehe

Tiamat disse...

ÉÉÉ, em breve teremos uma nova temporada de X-men!!! e pelo visto serei o principal traidor dessa temporada quebrando assim as vitorias consecutivas de shima ja que ele é o maior (pra nao dizer unico) traira das historias de X-men, bem, pelo menos nosso lider nao é um homicida desequilibrado!!!!
uhauhauhauhahuauhauhauhauhauh

Anônimo disse...

Hahahahahahaahahaha... Pow alguém tem que deixar Shima descansar um pouco, né? Trair sempre cansa, hahahaahahaha... Bem to esperando pelo X-Men: Returns... Hahahahahahaha... Se for tão bonito quanto Superman Returns e tiver muita porrada vai ser foda...

R-E-N-A-T-O disse...

Carai! Sou invisível a psiquismo! Como me acharam?! Como me controlaram? (me controlaram?)

Que sinistro! Que medo!!!!

O_o