sexta-feira, 5 de junho de 2009

Aurora Carmesim - Prólogos, parte 12


Ano 633
- Quem for favorável à condenação dos três por seus atos hediondos e às punições propostas, por favor, cálices para baixo.
Khalmyr estava ressabiado, mesmo tentando transparecer calma e certeza, com alguma coisa além de sua compreensão. Conhecia o peso do que havia feito mas tudo fora apenas reação às atitudes dos três. Não havia crime algum nisso, era apenas justiça. Ou não?
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Antes

Ahenobarbo foi o primeiro a chegar.
"Escolha curiosa de local" pensou ele. Estava em uma planície amarela, com capim pela altura do joelho, árvores retorcidas e castigadas por um Azgher escaldante, insistente, coroando o céu. Após poucos minutos de contemplação uma palavra escapou de seus lábios: "Savana". Encontrara um nome que definia bem a paisagem. Bonita porém desoladora, viva e mortal. Esse era um dos seus principais talentos, nomear coisas, torná-las palpáveis e críveis. "Palavras tem poder" repetia Ahenobarbo.
Uma brisa marcou a chegada do segundo convidado. Throliansoleiyr Kashianharual, uma figura imponente e intrigante. Um elfo de idade algo avançada, de cabelos azuis longos e talhados de branco, trajando mantos esvoaçantes. Sua expressão era séria, mas remetia a algo jovial, curioso, quase infantil. "Olá velho amigo." cumprimentou o elfo com alegria genuína na voz. Possuía um forte sotaque élfico, denunciando sua pouca utilização do valar nos últimos anos.
Com algumas palavras, Ahenobarbo faz surgir quatro cadeiras no meio da paisagem. Quatro cadeiras, uma mesa redonda, uma cobertura rústica e comida e bebida geladas. "Tem coisas que nunca mudam" pensou Throliansoleiyr.
- Quanto mais esperaremos? - pergunta o elfo com seu sotaque fluido
- Acho que um pouco mais meu caro amigo. Se bem que a espera ficou bem mais agradável, você deve admitir. Suco? - estendendo um cálice simples e belo cheio ao elfo.
- Olá rapazes! - fez-se ouvir duas vozes ao longe.
Uma mulher alegre, alta e bela, trajando roupas leves adequadas ao clima. Ao seu lado caminhava apressadamente um halfling de expressão soturna metido trajes escuros. Uma dupla improvável.
- Giles! Eliza! - gritou Ahenobarbo animado - Enfim! Aproximem-se, temos bebidas refrescantes e boa comida.
- E muitas histórias! - devolveu Eliza
E eles se acomodaram e conversaram, alheios ao mundo, durante dias.
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Agora
Anoitecia na savana.
Sob a cobertura uma luz amarela tremeluzia. Centenas de velas dispostas ao redor da mesa, do pedestal, do carrinho de comida e bebida, flutuando. Os rostos já não mostravam a mesma luminosidade de antes. Sombras dançavam sobre as faces denunciando o momento derradeiro, a conclusão dos dias e dias de discussão.
- Já analisamos todas as variáveis e cenários possíveis - falou Giles - Todos os prós e contras de nossa associação. Já não podemos mais depender do populacho para ditar os rumos da história. Os acontecimentos recentes denunciam essa realidade. Nesse exato momente, o deus da justiça julga os envolvidos na revolta e suas punições prometem ser ainda mais severas que da última vez. Se eles podem manipular as mentes dos mortais através dos seus bastiões, podemos nos infiltrar nas redes de poder e ditar nossas regras. Decidir o que será, quando e como. Mortais ditando o rumo de mortais, trabalhando por uma Arton melhor.
- Mas nós não vivemos pra sempre Giles - disse Eliza - Não podemos ditar todas a regras. Como manteremos o sonho aceso? À exceção de Throlian, todos nós vivemos apenas uma centena de anos, talvez um pouco mais .
- Por isso Ahenobarbo está aqui pessoalmente - interviu Throlian - Ele tem algo pra compartilhar conosco.
- Descobri algo muito interessante senhores. Por isso compareci a essa pequena reunião, para avaliar suas propostas e julgar suas vontades. Entendo todas as posições e reconheço que o plano de Giles é útil e totalmente justificável. Por isso resolvi contribuir com minha pequena descoberta, tornando viável nossos anseios. Posso nos tornar eternos senhores. Realizar o desejo máximo de qualquer mortal, burlar a morte, rejeitá-la. Descobri algumas palavras de poder que podem fazer de qualquer ser vivente imortal.
- Maldição Barbo, por que não disse antes? - chiou Eliza
- Precisava julgar antes de oferecer Eliza. Mesmo sendo meus amigos e companheiros, é uma bênção e uma maldição de igual calibre. Precisava saber se eram dignos, se possuíam o que é necessário para existir para sempre. É um passo sem retorno. Ponderem e torno possível. A recusa não me ofenderá e manterei a mesma estima por vocês depois da resposta.
- Eu aceito - sibilou Giles
- Eu aceito - falou Throlian, decidido
- Eu aceito - disse Eliza
- Então que assim seja. A partir desse momento, esqueçam seus nomes e suas histórias. Existiremos além do tempo, intocados por sua mácula. Conduziremos a história como deve ser feito. Juntos.
E ergueram as taças num brinde infame, olhando cada um dos companheiros fundo nos olhos. Inspiraram e falaram ao mesmo tempo:
- Movemos a história- um gole
- Mudamos conceitos - um gole
- Moldamos verdades - um gole
- Melhor, maior, eterno - um gole
- Somos quatro, vindo de quatro direções distintas, com quatro caminhos diferentes. Interligados por algo maior, unidos através do infinito. Quatro pás nos moinhos, quatro estações do ano, quatro fases de Luna, quatro membros em um corpo, quatro direções primordiais. Somos quatro, uma cruz. Por Arton.
- À Cruz. - esvaziaram as taças.
E Ahenobarbo começou seu ritual, rumo à eternidade.
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Ao mesmo tempo
A extensa mesa vazia trazia certa desolação ao ambiente. Todas as dezessete taças viradas para baixo. Era unânime. Todo o Panteão concordara em punir os revoltosos, da maneira que fora proposta. Valkaria transformada em pedra, Tillian sem poderes, Kallyadranoch destruído.
Khalmyr tocou o cabo de Rhumann e sopesou seu fardo. Justiça. Única, imutável, implacável.
Afiou o olhar e caminhou, rumo ao futuro.

5 comentários:

S i n n e r disse...

Olla senhores, conforme prometido, mais um capítulo dos prólogos.
E como previsto, mais uma organização/sociedade que antagonizará PC`s em epic ou em outras campanhas ativas em Arton.
Por hora, finalizei o arco da Revolta dos Três e achei por bem de não alongar-me no julgamento, visto que o Panteão narra os eventos em detalhes.
Em paralelo a isso ocorre a criação da Cruz (na falta de um nome melhor que faça analogia ao número quatro além do óbvio "Os quatro") conforme descrito.
Como ocorreu na narração do início do grande jogo dos dragões, preciso de material que encontra-se em casa pra elaborar as fichas dos integrantes da Cruz mas já adianto que sim, todos são épicos e viveram na época da revolta, com isso têm muita bagagem.
Por hora é só senhores, boa leitura.
Abraços e adièau

R-E-N-A-T-O disse...

Podia ser "Quarteto Fantastico". Seria suuuuuper original. =D


Chega de antagonistas né? Vamos apanhar o suficiente com 2 grupos!

Quero jogar!!!

Aldenor disse...

"Os Quatro Épicos"! ahahahuauha
X tbm é uma boa analogia ao numero 4...mas X é feio. Cruz ficou maneiro.
Eu acho que seria interessante tbm os Personagens-Jogadores postarem suas historias, mas de forma simplificada, sem detalhar suas milhões de aventuras e tal...
O que achãããããããm???

R-E-N-A-T-O disse...

Pode começar Aldenor, quem dá a idéia pode estreiar o Background dos épicos. =D

Capuccino disse...

Sobre o comentario de aldi: a idéia é maneira.


Quanto ao texto, só tenho algo a dizer:


CRUZ CREDO! =)
Nao resisti :D

Well... a porradaria vai estancar, de fato! ^^

prendo postar logo um resumo do background de Lothgar.