Morag
7, Luvitas, 1410 CE.
Neste dia, caro leitor, conheci
mais uma lenda de Arton. Na época, ele não era muito conhecido fora do “mundo
dos aventureiros”, pois não era convidado a bailes, não recebia presentes de
reis e sequer era amado pelo povo do Reinado. Muito menos do Império.
Acredito que ele preferia tal
discrição na época.
Dias antes, como contei nas
páginas anteriores, conhecemos o elfo Castiel e o orc Gulsh. E eles acabaram
nos levando para o encontro de tal lenda. Claro que Gulsh apenas estava ali, era
um “companheiro” improvável de Castiel. O destino fizera com que ambos fossem
feito prisioneiros por ninguém menos que a Aliança Negra. E assim, eles
forjaram uma aliança bastante intrigante. Castiel não demonstrava nojo nem
arrogância perante a presença de Gulsh e o orc também não era um monstro
ensandecido. Era bruto e rude, mas nada muito diferente de uma pessoa comum.
Castiel fora convidado por um
elfo em especial para uma missão importante e começou sua viagem até Tyrondir
para encontrá-lo. Acabou capturado e feito escravo por hobgoblins. O Reino da
Fronteira não é apenas conhecido por fazer divisa com o continente Lamnor. É
conhecido, principalmente, por sua guerra contra a Aliança Negra. Nada menos
que a união de todas as raças goblinóides, mais orcs, mais ogros e ocasionais
trogloditas em prol de um único objetivo: destruir o mundo das outras raças,
sob a marca de Thwor Ironfist, o escolhido de Ragnar, o deus da morte.
Gulsh é uma incógnita e se
manteve assim por muito tempo. Não sei de onde veio, por que virou aventureiro
ao invés de mais um vilão morto por aventureiros. O fato é que ele era
diferente. Tinha algum senso de grupo e sabia, ao seu jeito, ficar na sua,
calado e observando. E como era alto! Tinha quase três metros, vestia uma
armadura composta por tiras horizontais de metal, pesada e resistente.
Lembrava-me as armaduras dos legionários minotauros. Mas o mais impressionante
sobre ele era seu machado. Duas lâminas afiadíssimas e anormalmente grandes. E
ele manuseava com grande precisão. Gulsh, à primeira vista, era um guerreiro,
treinado em artes militares, e se portava como tal. Mas no combate...
Depois de decidirmos dormir à
beira da floresta próxima (e não na cidade, como erroneamente escrevi
anteriormente), descansamos bastante. Nosso líder decidiu como faríamos os
turnos e a decisão pouco foi contestada. Eu e Harel faríamos o terceiro turno
juntos. Alguém com facilidade de enxergar na pouca luminosidade e alguém que
não tivesse tal capacidade. Nada demais ocorrera nesta noite.
Os dias seguintes foram de
viagem sem muita emoção. Decidimos andar pelas planícies e evitar a floresta próxima,
para a insatisfação de Elinia. Drake decidiu que era melhor seguir assim, pois
demoraríamos a metade do tempo que perderíamos na floresta, ainda que
tivéssemos menos chances de encontrar caça e mais chance de sermos encontrados
por tropas da Aliança Negra. Os malditos, aparentemente, marchavam por aquele
território.
Soube ali que estava numa
região de disputa territorial, uma fronteira com vasta possibilidade de guerra.
Durante uma tarde de caminhada,
encontramos um batalhão marchando. No horizonte, a imagem deles manchava a bela
paisagem descampada, com as poucas nuvens naqueles dias curtos de inverno.
Certamente eram monstros da Aliança Negra. Conseguimos divisar bandeiras e
humanoides enormes como ogros. Provavelmente ERA um ogro.
Depois desse dia, a caça
começou a ficar escassa. Mesmo assim, eu não pude reclamar, pois sempre havia
comida, graças ao estoico comportamento de Drake, que ficou muitos dias sem
comer. Acredito que outros também não comeram, para poupar alimentos e dividi-los
com quem mais sentia falta. Eu não nego, comi todos os dias, pois não gostava
da ideia de passar algum tempo sem comer. Não era acostumado a tais privações.
Mas ao final do quarto dia de
viagem, tudo mudou. E para pior. À noite, um turno antes do meu, fomos
emboscados por wargs. Esses bichos eram lobos gigantes, quadrúpedes musculosos
e de pele grossa, esparsamente coberta por tufos de pelos castanhos, negros ou
cinzas. Tinham um rosto largo, focinho achatado, olhos amarelos e mandíbulas grossas.
Tinham quase dois metros de comprimento e um metro de altura. Ou seja, feras
terríveis.
Fui acordado com o grito de
Castiel. No susto, vi um desses wargs sobre mim e só tive tempo de segurar a
bainha da katana e puxa-la para perto de mim. Levei uma grande mordida na perna
e pensei que a perderia em instantes. Tive tempo de sacar minha arma e golpear
o focinho da criatura e consegui afastá-la temporariamente, sem tê-la ferido
propriamente.
Vi que os demais começavam o
combate aos poucos e logo todos estavam engajados. Comecei a ouvir um assovio,
vindo de Castiel. Ele estava usando uma de suas habilidades mentais de bardo.
Depois de conseguir controlar a dor na minha perna que sangrava, ouvi Drake
dizer para usarmos os flancos para lutar. Era um pouco difícil, considerando
que estávamos cercados e Gulsh deu voz ao meu pensamento. Mas eu sabia que
podia contornar isso.
Antes, levei mais uma mordida,
dessa vez, no braço. Vi a enorme mandíbula do warg se aproximando da minha
cabeça e tive que jogar meu braço esquerdo na frente. A dor de ter a carne
perfurada por aqueles dentes foi suportável, entretanto. Conseguindo tirar meu
braço de dentro de sua bocarra sem perder muito sangue, rolei no chão. Peguei
impulso jogando minhas pernas e puxando meu corpo para o alto. De pé,
rapidamente me joguei sobre o warg. Com a mão esquerda, me apoiei em seu rosto
largo, joguei o corpo para cima dando uma cambalhota por cima dele e fui parar
do lado oposto. Girando o corpo, peguei a katana com as duas mãos e desferi um
corte limpo, diagonal, que cortou profundo sua carne. Vi o sangue escorrer em
profusão, como um jato.
O combate ia bem, caminhando
para seu controle. Vi um warg caindo, afetado pela magia de sono de Patrick,
outro escorregando pela magia de Nathaniel. Outros com flechas oportunamente
cravadas por Harel. Elinia e sua loba Layca lutavam em conjunto, dando grande
trabalho aos monstros. Gulsh e seu enorme machado matavam à vontade. Blasco
parecia dançar debaixo de um warg que chegou até mesmo se morder ao tentar
mordê-lo. Vi também Victor lutar sozinho por um tempo até receber ajuda de
Gulsh. Castiel fazia um inimigo ficar paralisado com uma expressão de idiota.
Depois que foi atacado, o lobo gigante voltou ao normal para lutar. Então, o
elfo bardo começou a nos curar. E como curava bem!
Nathaniel era um excelente
clérigo de Wynna e havia, recentemente, dominado as artes arcanas também. Ou
seja, era um mago e um clérigo. Por ter se dividido nos estudos, entre o mundo
divino e o arcano, ele não era lá um “às da cura”. Ou seja, sem querer
criticá-lo muito, ele não se concentrava muito nas magias ou milagres divinos
de cura. Acho que até mesmo Elinia, a druida, possuía os mesmos dons de cura
que ele. Mas Castiel era diferente. Sua melodia agradável derramava luzes
brilhantes sobre nossos corpos, dando fim magicamente aos nossos ferimentos. Em
poucos segundos eu estava em perfeito estado, exceto pela manga e pela parte da
calça da perna rasgada pelas mordidas do warg.
O combate terminou como
começou, sem mais nem menos.
Decidimos viajar imediatamente
em marcha forçada, pois descobrimos, graças ao conhecimento do viajado Castiel,
que wargs eram uma espécie de batedores do exército da Aliança Negra. Ou seja,
sim, aqueles bichos eram inteligentes. Segundo o elfo, eles podiam até mesmo
aprender a falar o idioma valkar!
- Essa foi por pouco. – Disse Blasco
a Drake. Claramente se referindo ao episódio em que nosso paladino de Thyatis
perdeu seus poderes por matar um ser inteligente. De fato, somente o seu
primeiro golpe fora letal. Aparentemente, ele percebeu a inteligência das
criaturas durante o combate, dado à sua movimentação lógica e racional. A
partir daí, apenas danos não letais foram provocados, visando partes não vitais
dos wargs.
Depois de avançar a madrugada,
decidimos parar. Mas eu e Harel estávamos exaustos pela caminhada forçada.
Suávamos bastante, apesar do frio da noite, sentíamos nossas canelas arderem.
Não havia condições para fazermos o turno de guarda, que nos fora escolhido.
Acabamos dormindo. Como o único ainda com algum equipamento de aventureiro (com
exceção de Castiel e Gulsh, que não perderam nada em Sckharshantallas), pude
dormir no saco de dormir. Durante essa jornada, sempre me lembrei de agradecer
ao soldado que fora morto para me dar esses recursos e também aos deuses por me
deixar pular no lago com a mochila nas costas para fugir das chamas de Sckhar
que devastaram toda a floresta.
No final do dia seguinte,
andando ainda bastante abatido pela marcha forçada da madrugada, avistamos a
cidade. Estávamos rumando para essa direção com este intuito. Castiel iria
encontrar seu contato na Vila Questor, aquele elfo que lhe daria uma missão
importante. Devido a sonhos e a vários indícios explicados por Trames, o deus das
escolhas, nosso destino implicava em chegar a este local e, aparentemente, a
ajudar Castiel a encontrar seu contato. Provavelmente iriamos ajudá-lo também
em qualquer que fosse sua missão. Fiquei com grande ansiedade na expectativa,
nos primeiros dias. Depois fiquei apenas lamentando o fato de viajar em
condições precárias.
Mas a simples visão da Vila
Questor renovou meus ânimos. Senti um borbulhar no estômago, típica sensação de
ansiedade. Perguntei, ironicamente, se podia correr até a cidade. Drake, sempre
sério, disse que não e explicou que sempre haveria bandidos próximos e eu
estaria sozinho, seria apenas um frente a eles.
- Dois. – Disse Victor com um
sorriso para me auxiliar.
- Três. Eu também correria para
lá. – Disse Blasco.
Nós três tínhamos estreitado
muito nossos laços ultimamente. Sempre escolhíamos alguns momentos desses dias
para uma conversa fiada, fazer brincadeiras e zombarias.
No final do dia, chegamos à
Vila Questor. Um lugar com casas de alvenaria simples, cercado por muros não
muito impressionantes. No mais, possuía apenas duas torres de vigia e três
tavernas. Aliás, a primeira coisa a se perguntar a um transeunte foi aonde
haveria uma taverna.
O Tridente do Mar era um lugar
simples, mas bastante largo. Como éramos dez pessoas, com certeza chamávamos
MUITA atenção. O lado bom era que o fato de Gulsh ser um orc não ficou tão em
evidência. Havia dois elfos, um halfling e um lefou. Ser um orc era estranho, mas
o grupo todo tinha suas estranhezas exóticas, então acabou que o lobo de Elinia
chamou até mais atenção.
Providenciamos um grande
banquete onde pudemos comer à vontade. E também bebemos. Ah, como bebemos. Logo
que começava a ficar bêbado, Drake me pediu para manter minha katana na bainha.
Quase fiquei ofendido, mas me lembrei de que ele tinha os motivos certos para
ficar preocupado. Garanti que nada faria com elas. Queria beber e me divertir
apenas.
Castiel começou a tocar sua
ocarina perto ao balcão, numa espécie de palco. O lugar ficou mais animado com
a chegada de mais gente ao recinto. Blasco também começou a ficar mais solto,
subindo nas mesas para dançar. Eu comecei a procurar mulheres para os motivos
óbvios, mas não encontrei nenhuma. Aliás, não havia muitos jovens ali.
- Onde estão os jovens dessa
cidade? Como é que as pessoas se conhecem aqui? – Perguntei alto, já sentindo
os meus membros dormentes.
Vi Gulsh bêbado, mas ainda
assim na mesma postura de ficar na sua. Ele arriscou implicar com Blasco, que
começou a desviar dele. Então, eu peguei minhas armas (além da katana, eu ainda
carregava a espada do soldado de Sckharshantallas, uma espada curta meio velha
e uma lança) e entreguei à Drake.
- Muito sábio de sua parte. –
Ele disse, enquanto as pegava com cuidado.
Fui brigar com Gulsh, mas
acabei brincando com ele e ambos acabamos conversando um pouco.
- Como é que você, de alvo
preferido de aventureiros, virou um aventureiro? – Perguntei entre os soluços.
- Nenhum conseguiu me matar,
então eu virei um aventureiro. – Ele teria respondido se não me falha a
memória.
- Que engraçado. Por que
decidiu sair por aí como um guerreiro?
- Eu sou o chefe da minha
tribo. Não sou um plebeu.
Aquela resposta foi
extremamente surpreendente pra mim. Ele tinha noção do que era a plebe e a
nobreza. Achei por bem continuar a zombaria.
- Estou diante de um rei! O rei
da tribo! O rei dos orcs! – Peguei Blasco pelo cangote e o ergui do chão. –
Olha, Blasco. Somos companheiros de um rei! Vossa Alteza!
Curvei-me e fiz Blasco se
curvar também.
Depois disso, há um borrão na
minha mente. O próximo momento é estar sentado ao lado de Elinia. Ela, com sua
eterna cara fechada, me ouvia.
- Elinia, vou te confessar meus
sentimentos. Quando te conheci, eu estava meio atraído por você. Mas isso
passou, pois você é muito fria e fechada. Espero que possamos ainda ser amigos.
E que não guarde mágoas de mim. – Eu me confessei, sem um mínimo de vergonha. O
dia seguinte foi de ressaca moral, com certeza. Quieta, ela ainda continuou a
ouvir.
- Eu tentei salvar Dorks. – A lembrança
do troglodita me provocou lágrimas. – Juro que tentei, mas era impossível
vencer um deus.
- Cara, toma isso aqui. Vá
esquecer isso. – Apareceu Victor com um caneco de cerveja. Eu saí atordoado
pelas lembranças horríveis da morte de Dorks. Sckhar, o Rei dos Dragões
Vermelhos, era meu inimigo número um no momento. Kally era o inimigo final
desta campanha onde os deuses nos escolheram para cumprir. Mas Sckhar era meu
inimigo pessoal. Um dia ele ouviria falar de mim.
Reforçando meu juramento e
juntando a coragem que tinha, decidi que era hora de aliviar. O lugar estava
muito chato, de repente. Perguntei onde haveria outra taverna para diversão.
Indicaram-me o prostíbulo não muito longe dali, na região portuária. Ao ouvir a
palavra, Gulsh apenas se aproximou de mim, sorrateiramente.
- Vamos. Vamos. Vamos. Vamos.
Vamos. Vamos. – repetiu insistentemente, como um mantra.
- Drake, cuide de minhas armas.
E de meu ouro. Eu e Gulsh... – olhei para Blasco e Victor. – e os dois aqui,
vamos visitar a casa das moças. Voltaremos amanhã, ao amanhecer.
- Só tomem cuidado.
Drake disse, recebendo meu saco
de moedas. Levei dois tibares de ouro para pagar as moças. Gulsh pegou um
punhado com sua enorme mão para levar e deixou o resto com Drake também, além
de seu enorme machado. Percebi ali que o orc era bastante rico. Blasco deixou
suas armas também com Drake. Victor deu de ombros, sem armas para levar.
O prostíbulo era razoável. Dois
andares, um cheiro mais pesado com incensos fortes. Havia muita bebida também.
Ao pisar no assoalho de madeira, já me lembrei das casas de diversões lá na
Baixa Vila de Lena. Era o típico local boêmio, mas de alguma forma mais
compacto. Menos gente, menos confusão. Mas havia mulheres bonitas. Sorri para
uma delas, pensando em me aproximar imediatamente, quando vi Gulsh atirar um
sem número de moedas de ouro pelo lugar.
- Quero tudo do bom e do
melhor. – Resignou-se a dizer. E, certamente, foi o que tivemos.
Bebidas, fumo, até mesmo pó
para inalarmos e nos mantermos ligados a noite toda. Foram horas de luxúria
desenfreada, exaurindo nossos corpos, mas sem sentir graças ao efeito do pó
branco. Lembro-me de ter deitado pelo menos com três mulheres. Às vezes ouvia os
gritos daquelas que entravam no quarto de Gulsh. Tive pouco tempo para lamentar
por elas.
No dia seguinte, eu já estava
totalmente sóbrio. Era uma característica minha. Cortava meu estado alcoólico
com apenas algumas horas de sono. Fui ao quarto de cada um deles para
acordá-los. O sol já havia nascido há pouco tempo. Não queria que
continuássemos a dormir naquele lugar. Caminhamos pela Vila Questor, mas para
ser bem sincero, não reparei em nada digno de nota na cidade. Era bem roceira,
tal como era Ridembarr.
Chegamos ao Tridente do Mar
vendo Drake e Castiel saindo. Iriam comprar equipamentos para o grupo. Blasco
pediu armadura, roupas e uma arma boa para lutar com as duas mãos em punho. Eu
apenas desejei uma boa compra a todos e fui dormir. Peguei minhas armas debaixo
da cama, certifiquei-me que a katana ainda estava li e deitei sobre uma cama. Uma
CAMA! Depois de muito tempo, voltava a dormir em uma cama. Mesmo que tivesse várias
penas rudes que me espetavam durante o sono, dormi tranquilamente. Até o final
da tarde.
Acordei antes que todos os
festeiros e fui sair para comprar roupas também. Eu vestia um traje de soldado
de Sckharshantallas e que já estava sujo e rasgado. Vagando pela cidade,
perguntando às pessoas, consegui um costureiro “mais ousado” no lugar. Um elfo
de aparência diferente, com cabelos metade loiros, metade negros. Pedi uma
camiseta de linho na cor vermelha com detalhes e botões negros. Pedi calças
brancas, botas novas e um sobretudo negro. Não era a mesma qualidade de roupa
que eu tinha quando saí de Valkaria, mas dava para o gasto. Eu era eu de novo.
Cabelo e barba aparada, voltei à taverna para encontrar os outros.
Drake vestia uma armadura de
batalha completa, com peitoral, ombreiras, braçadeiras, cintura e pernas de
metal. Era um perfeito paladino das histórias. Todos ganharam mochilas com saco
de dormir, provisões, cordas e outros apetrechos úteis para viagem. Era chegara
a hora de encontrar o elfo, o contato de Castiel.
Na região portuária, na praia,
mais especificamente, fomos encontrá-lo.
Era nada menos que Morion, o
elfo que começava a Vingança Élfica. Eu havia lido algo do tipo na Gazeta do
Reinado. Ele estava convocando os elfos para começar uma vingança, a retomada
de Lenórienn. Pelo que pude ler, poucos elfos apareceram para o encontro na
Vila Élfica, em Valkaria. Mas todos que apareceram eram aventureiros. Deve ter
sido este chamado que Castiel respondeu. Teria chegado antes, se não fosse emboscado
por hobgoblins no caminho. Mas por isso também que ele nos encontrou.
- Não esperava tantas pessoas,
mas fico feliz que possam compartilhar da causa. – Disse Morion, depois de se
apresentar.
Trocamos olhares que
convergiram para Drake. Seria este mesmo o propósito dos deuses? Seria, é
claro. Havia algum indício que um rubi da virtude, nossa verdadeira caça,
estava em Lamnor.
- A missão que peço a vocês só
poderá ser revelada em detalhes quando a viagem terminar. Gostaria de levá-los
comigo amanhã, através do mar, até Lamnor. Temos uma base, um acampamento onde
montamos uma resistência e precisamos conquistar mais territórios por lá. –
Disse Morion. Em sua armadura completa, conseguimos ver o símbolo de Keenn, o
deus da guerra. Certamente, este era um elfo diferente do que eu era acostumado
a ver em Valkaria.
Nós acabamos aceitando a
missão. Eu mesmo não tinha nenhuma objeção, por mim tanto fazia. Para mim,
Drake decidia essas coisas. Eu me considerava um empregado do grupo. Iria aonde
todos fossem. Minhas batalhas recentes me fizeram querer aperfeiçoar ainda mais
minhas técnicas de luta e eu estava no caminho certo para desenvolver meus
poderes ocultos.
Depois disso, falamos
abertamente sobre nossa missão sagrada para Castiel e Gulsh. Foi quando
contamos sobre Sckhar e sobre Allihanna, em nome dos deuses bondosos, ter nos
escolhido para caçar os rubis da virtude e combater os planos nefastos de
Kallyadranoch.
Era o sétimo dia de Luvitas e
eu lembrei que faria vinte e quatro anos em Lamnor.
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