terça-feira, 16 de março de 2010

O pecador.


Extremo sul de Yuden, Arton 1403.

Calor.

O soldado movia-se através da noite agachado, espreitando o vilarejo situado a 3 dias viagem de Warton, O quartel de Yuden. Seus homens, todos marcados pelo batismo de Keenn, aguardavam sob uma depressão, esperando a ordem – sua ordem. A noite não possuía qualquer lua, e o céu estava coberto de nuvens, por isso limpo de estrelas.

Era um belo inverno, um tempo delicioso.

Ainda sim, o calor era infernal, desconcertante...

Eric Stein teve um dos melhores professores da Academia Militar de Yuden. Seu nome era Stearc, um velho sacerdote de Keenn. Ele sempre lhe dizia que a armadura de batalha era um portal para Werra, o inferno de Keenn.

Stearc dizia que este inferno era mais quente que 20 infernos juntos – e Eric começara a provar a tese de seu respeitável professor.

À frente, a guarda do vilarejo mantinha-se em constante vigília. Eles sabiam que sua traição não seria esquecida e que, mais cedo ou mais tarde, o Leopardo caçaria.

Hank, um antigo e brilhante oficial de Yuden fora acusado de traição pela justiça de Yuden. Seu crime: atentar contra a religião do Estado e contra a coroa.

Movendo-se pela noite, Eric chega à depressão onde 100 yudenianos vestidos de couro e aço aguardavam.

“Está tudo pronto Verner. Investiremos direto, sem paredes, sem escudos. Ou abraçaremos Keenn, ou abraçaremos Ragnar.”

Verner, um jovem guerreiro de cabelo castanho e olhos afiados, olhava seu comandante – e não acreditava na loucura que ele dizia.

“Eric” Sussurrou Verner “Existem cerca de 370 homens guardando a vila. Eles tem 4 vezes mais que nós!”
Eric Stein abrira um sorriso. Verner estava certo, não havia chance de vitória com esses números; mas a cabeça de Eric não parava de funcionar desde que recebera esta missão. Chances, números, datas, horários. Tudo em sua cabeça, como uma maquina de guerra.

“É verdade, Verner.” Concordou Eric. “Mas você considera que lutemos contra os 370. Veja: existem cerca de 220 homens guardando o local agora. Onde estariam os outros 150?”
“Estes, Verner, estão dormindo, em cima de suas porcas traidoras, e tão bêbados que são incapazes de manter a porra do equilíbrio. Estamos no inverno não é? Consigo sentir o cheiro do hidromel daqui. Aqueles 220 já tomaram uma boa quantidade de álcool pra agüentar o frio aqui fora. O resto já tomou quantidade suficiente para esquecer ate mesmo seu nome sujo.”

Verner não tinha levado em conta este detalhe. Na verdade, não esperava que Hank pudesse dar deslizes. Se bem que, isso não era um deslize, mas uma necessidade. Ainda sim, as chances eram muito pequenas.

Então, Eric continuou:

“Ryce levará 20 homens para o flanco esquerdo da vila. Gestraint levara mais 20 para o direito. Investiremos com 60, como disse, sem paredes, sem escudos. Atacaremos na noite, de surpresa. Os 220 bêbados tentarão se defender. Eles vão nos rodear, nos cercar. Estarão confiantes numa vitória fácil. E estarão confiantes nos seus outros companheiros, que acordarão para a carnificina. Ai entra Ryce e Gestraint. Eles interceptarão aqueles porcos traidores, e depois, junto deles, flanquearemos os bastardos.”
“Está de noite Verner, e eles estão bêbados, e estão frios. Verão que seus aliados estão lhes matando, mas na verdade seus aliados já estarão mortos a muito tempo. Com isso, haverá luta entre eles. O caos reinara, e nele seremos soberanos. Só precisamos resistir.”

Verner sorria a cada palavra, parecia quase miraculoso, mas Eric tinha toda a razão. Havia chance de vitória.

“Então Verner, Keenn ou Ragnar?” Eric sorriu.

Na escuridão, uma escolha tinha sido feita.
E o deus da guerra havia escutado.
Ryce e Gestraint começaram uma corrida frenética. Moviam-se com armaduras leves, não portavam escudos, apenas lança, machado e espada.

Eric levava os seus num ritmo de caminhada, mas um pouco lenta.

10 passos – a guarda bocejava;
20 passos – uma garrafa de cerveja fora trocada;
30 passos – olhares aterrorizados;

Os pássaros nortunos voaram pra longe. Gritos de guerra rasgaram o silencio sepulcral daquela noite. 60 soldados, 60 yudenianos investiram com aço, ferro e berros.

Eric corria à frente, mais adiantado que os demais. Ele deveria ser o primeiro a entrar em combate, e o ultimo a sair. O som da armadura de batalha ao correr era como se fosse uma música. O peso dela era grande, mas suas pernas agüentavam – elas foram feitas pra isso.

Sua visão indicava, pelo bruxulear das tochas, homens tentando montar uma parede a tempo de conter a investida. Sua mente explodia em cálculos. Via cada escudo sendo organizado, unido. Tudo era muito bem feito, e tudo indicava que Hank estava ali, tentando organizar os desgraçados.

Hank deveria morrer antes de Ryce e Gestraint terminar o serviço.

Então choque. Um apenas.

Eric sacou a espada das costas, deu base com o pé esquerdo e girou a arma com toda a força. A espada bastarda encontrou o escudo de um soldado com muitos verões acumulados. Quebrou-o e foi de encontro ao pescoço, rasgando-o.

O mesmo homem, antes de morrer, tentara um contragolpe. Sua lança raspou na armadura de Eric, inofensiva. Seu companheiro da direita acertaria Eric, mas uma lança arremessada terminou qualquer pretensão. O da esquerda conseguiu acertar um golpe fraco no flanco esquerdo de Eric.

Dor. Eric, puro reflexos, agarrou a mão deste. Puxou-a até que ambos estivessem cara a cara, e aproveitando-se do ultimo movimento, trespassou-o. Dentes trincados, pura raiva. Olhou pra frente – os 30 homens estavam apavorados. Conseguira ouvir um alarme, o que significaria que os 190 logo estariam aqui.

Então, mais choques. Então a carnificina brutal e lasciva. Eric lutava brutalmente. Sua espada só atacava, rasgando e perfurando por todos os lados. Ela implorava, exigia por sangue – cantava sua música.

A canção da Espada.

Eric ouvia seus batimentos, que marcavam cada golpe, cada movimento, cada delírio, cada morte. E deixou-se levar pela canção.

Sua armadura recebia todos os golpes, todos os tormentos. E ouvir este som era uma satisfação quase lasciva. Enquanto o ferreiro forja a armadura à marteladas, os inimigos forjam a alma do guerreiro massacrando sua proteção. Essa é e sempre será o dogma de todo guerreiro. Eric crescia, e sabia disso.

Uma lança havia soltado a ombreira esquerda, causando danos aos ombros. Um
Escudo acertara-lhe o rosto, retirando o elmo, e jogando Eric ao chão. Ele levantou somente para receber mais dois golpes. Um deles é defendido por Eric, que levantou a espada preparando-se para o golpe mortal. O outro é defendido por Verner, que joga o oponente ao chão, para a morte certa.

O campo de batalha movia-se de acordo com os batimentos de Eric. Um machado foi arremessado em sua direção, acertando a parte direita de seu peitoral. O mesmo que arremessou a arma, corria em sua direção. Era o único dos desgraçados que portava uma armadura de batalha. Era Hank.

Ele investiu, saltou com lança em riste, pronta, mortal, fatídica.

Eric riu daquilo. Com a mão esquerda, agarrou a lança, tirando-a de sua trajetória. Girou a espada com a mão direita e cravou-a na perna de Hank, por debaixo do escudo e completou o movimento com a perna, deixando Hank cair em baixo do yudeniano, a sua mercê.

Hank era velho, era lento e estava bêbado. Eric pegou a adaga da bota – “Porco imundo.” E cravou em sua garganta, num movimento único e metódico. – “Você luta como um porco” cuspe. – “Morrerá como um”.

Então, dor.

Inimaginável, indescritível. Uma lança penetrou fundo no aço da barriga, viajou por ferro, carne, sangue e osso. Eric urrou de dor, e seu coração bateu cada vez mais rápido.

Girou a bastarda, cortou a cabeça de seu agressor. Uma onda de sangue varreu-lhe a face, e o bruxulear das chamas agora era vermelho. O céu era vermelho sangue, e sua fúria era impulsionada pelo desejo de sangue.

“Werra”.

Muito embora a surpresa do ataque yudeniano, eles agora estavam cercados, e cada um lutava com 4 ou 3. Verner estava ferido na perna, e andava com dificuldade.

Eric estava gravemente ferido, e cego de ódio.

Mas como previsto, houve o flanco. Ryce e Gestraint chegaram na hora calculada, e o terror fora instaurado nos defensores.

A noite terminara; Keenn havia alimentado Alihanna. Corvos fariam seu trabalho, e o solo drenaria o sangue.

Dos 100, morreram 40. Agora a vila estava sem defesa, as mulheres já começavam a gritar.

Estava na hora do espólio. E ele era sempre doce.

Um coração de predador, não conhece o remorso.
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Algum lugar do Reinado, Arton 1405.
Tempos glóriosos. Qualquer guerreiro desejaria aquilo. Mas Eric, em especial, vagava sozinho em uma estrada qualquer. Ele perdera honra, titulos. Perdera sua fe.
Tudo isso com apenas um soco, uma queda...
Ele era predador, e conhecera o remorso.
E soube que o remorso era a pior das dores.

8 comentários:

Aldenor disse...

Muito maneiro. Pelo andar da carruagem, quando eu voltar vcs não terão jogado muito Oblivion. Hehehe

Marins disse...

Adorei!

"Então Verner, Keenn ou Ragnar?” Eric sorriu.

Ótima frase!


Parabéns Caputo ficou foda!

Aldenor disse...

Caputo tá demonstrando um grande talento pra escrever, mané. Boto fé nesse viking letrado aí ahuehuaehueahue

Marins disse...

concordo

Dudu disse...

Cacete galera!
Consegui terminar de ler os posts hj!
huauhahuahuahu

Carans, to um cado atolado nessa "volta às aulas" permeada pela monografia! Por isso demorei a dar sinais, ainda to com problema de materias e lutando pra conseguir me formar... Minhas sinceras desculpas... Quanto ao jogo, ainda n consegui parar pra pensar direito, minhas celulas cinzentas ficaram um pouco direcionadas nesses dias e não pude dar muita atenção a fato...
Mas tenho uma idéia geral de como vai ser. Se a galera jah tiver personagem ja podiam me mandar ao menos um pouco do historico, que aih quem sabe me ajuda a ir no embalo...

Saudades de todos, uma beijunda do tamanho de um bonde!

Aldenor disse...

Ouviram o cara! Mexam suas bundas magras!

Marins disse...

Acho melhor ficarmos no épico, pq todos estão esperando uma ideia do jogo...


eae qual vai ser?

Marins disse...

domingo vai ter jogo??

Espero q sim!