sábado, 6 de março de 2010

O começo do Império - Parte 1


Arton 1404, vigésimo sexto dia de Exinn – Tiberius.

Aggripa caminhava com sua comitiva pela longa via da Cidade dos Reis, e por todo caminho só ouvia as invocações à Tauron. Tiberius estava uma verdadeira bagunça – as longas ruas labirínticas estavam cheias de escravos, que agora ansiavam pela batalha, pela liberdade. Quase não parecia uma cidade de minotauros, posto que as ruas estavam tomadas por humanos maltrapilhos.

A única via que estava completamente livre era a Via de Tauron, que levava ao Senado e ao Palácio do Princeps – e exatamente por ela passava a comitiva de Carsten. Apenas eles caminhavam. Provavelmente, todos os cidadãos de Tapista já estariam na grande Ágora. O Princeps enfrentaria todo o Senado. Será que ele ganharia?

A despeito disso, os escravos ainda estavam em êxtase, berrando por Tauron.

“Blasfêmia...”

Pensou o senhor de Carsten. Escravos invocando por Tauron... Para um ele, e com certeza muitos outros, isso era ridículo e ultrajante; mas era necessário para a concretização do grande sonho.

Infelizmente, sua raça possuía defeitos, defeitos estes que inviabilizariam a investida de Tapista. Mais infeliz ainda era que poucos tinham coragem para concordar com isso.

Armas à distância? Nenhum filho de Tauron sujaria as mãos nisso, exceto lanças de arremesso, mas elas apenas constituem os “insultos” das paredes de escudos, antes do choque. Isso na hipótese do Reinado ter coragem de formar uma parede...

Tapista não possuía também qualquer cavalaria ou algo do tipo. Mas os escravos não seriam necessários neste quesito. A Manada ficou certa de 4 anos desbravando as Uivantes sob o disfarce de serem párias de Tapista e traçaram rotas rápidas até Valkaria, mais precisamente em Gorendil e nas Montanhas de Teldiskan.

Ademais, o Império possui a melhor frota marítima de Arton e com ela poderia acabar com Petrynia,Fortuna, Lomatubar, Tollon, Collen e Ahlen. Não que fosse necessário utilizá-la para acabar com todos esses reinos, posto que Fortuna, Lomatubar cairiam de outra maneira. Petrynia, Tollon e Collen seriam esmagadas.

Ahlen... Ahlen, se tudo der certo, será um posto avançado.

Isso tudo sem contar o temor de altura, tão natural de sua raça. A princípio esta desvantagem não é muito relevante, mas quando se analisa a capital de Deheon, logo se concluiu que para invadir Valkaria será necessário passar por suas espessas muralhas. E como os minotauros subiriam em uma torre de cerco?

Por isso, era necessário vencer alguns tabus. E por isso os escravos deveriam lutar. Melhor dizendo, morrer.

A comitiva de Carsten já se aproximava do Senado. Aggripa ia à frente da comitiva, mas não como um cidadão. A mão negra de Tapista trajava toda sua glória guerreira. Sua armadura pretoriana, negra como o mais puro adamante, não deixava qualquer parte do corpo exposta. A ombreira esquerda era cravejada com grandes dentes de adamantina, e abaixo dela, como um souvenir, jazia pendurada uma pele de Dragão Negro, que cobria até o cotovelo do braço esquerdo.

Cantam que Aggripa teria adentrado nos Charcos de Possun e aniquilado um Dragão Negro adulto, Yam-nahar, que perturbava Tile e Marma. Inclusive, dessa morte ele teria herdado a alcunha de Mão Negra, pois seu estandarte original é uma grande haste onde no final pende a pata direita daquele dragão. Outros dizem que ele, com a força de Tauron, teria escravizado a criatura.

Ao seu lado, havia uma linda humana. Cabelos ruivos, seios fartos, curvas impecáveis. Lascívia, luxúria, tudo numa só. Mas não mais.

A mulher estava em trapos, quase nua. Numa parte dos cabelos ruivos havia sangue batido; seu rosto estava marcado por hematomas e em seus olhos havia um misto de sofrimento e ódio.

Do lado dele, estava o alto sacerdote de Carsten, Aelius. E, do lado oposto, a figura mais estranha do grupo: um minotauro de pelugem negra de rosto incivilizado e monstruoso. A criatura era maior que o próprio Aggripa e estava vestido de peles de animais.

A quase 50 metros do palácio, este ultimo vocifera:

“Mas que porcaria de lugar é esse, seu verme?” Olhando pro Palácio, e dirigindo-se a Aggripa.

“Este é o lugar que lhe falei, N’kalit. É lá onde os mais poderosos seres residem.” Respondeu Aggripa, num tom calmo e sereno.

A criatura inicia uma resposta, mas Aggripa o interrompe: “Eu já lhe dei o que querias, não é?” E o senhor acaricia os seios da mulher. “Então, compri minha parte no trato. Você viria comigo até aqui e em troca eu dividiria com você meu espólio”.

“Não é o suficiente para vir num lixo destes!” Berra a criatura.
“Então” Continuou Aggripa. “Gostou dela?”

A criatura, em resposta, vai até a mulher e começa a cheirá-la. Os músculos da humana se enrijecem, e ela compulsivamente treme de medo.

“Então, N’kalit, você a terá novamente”

A criatura sorri em satisfação e seu corpo prepara-se para o sexo, esquecendo-se do lugar em que estava. A mulher geme uma resposta negativa.

Aggripa, furioso com a ousadia da escrava, acerta-lhe um murro na cara, que cai ao chão sangrando. Talvez, tivesse quebrado algum osso da face, a manopla era pesada, e seu usuário era extremamente forte.

Caida, a mulher começa a chorar e N’kalit começa a tocar-lhe violentamente, no meio da Via de Tauron, quase às portas do Senado. Não se sabia se ele estava batendo, ou apalpando. A humana gritava em desespero, mas nenhum escravo da multidão ousava interromper a marcha do senhor de Carsten.

Mas não durou muito.

“Solte-a, agora não” Ordenou Aggripa, agora não tão calmo.

N’kalit vira-se para o Senhor de Castern, e seus olhos vão de encontro aos dele. Uma furia primal começa a tomar N'kalit, e ele prepara-se para o bote. Mas, nos olhos de Aggripa, a criatura encherga uma fúria muito maior, de alguem naturalmente superior.

“Agora não” Ordenou novamente, e N’kalit saiu de cima de sua fêmea.

Todos souberam que aquela escrava teria algumas horas de paz, mas depois...

Depois... Margareth sabia que sofreria mais.

6 comentários:

Aldenor disse...

Margareth? A Margareth que eu to pensando que é? AHAHHAHAH

Capuccino disse...

Será?! Será?! (aquele nordestino da propaganda) XD

Marins disse...

Ih, a lá a de Tildror... mas ela não é ruiva...

Marins disse...

Ela é ruiva!

"Seus cabelos de um ruivo escuro"


Não entendo a linha de tempo...
=O

S i n n e r disse...

Olla senhores.
Apesar de eu não fazer idéia de quem vocês estão falando, gostei da narrativa. Espero mais posts no mesmo gênero, já se preparando pra narrar Con(Di)vergências ^^
Atrasei a sexta parte de Travessia, mas devo postá-la hoje a noite, após às 22h. Já na sétima parte a narrativa encontrará a última sessão de jogo, exigindo assim mais roleplay pra seguir em frente. Adianto que o primeiro capítulo, "Travessia", terá dez partes ao todo, narrando as primeiras sessões de jogo e a primeira parte de Aurora Carmesim. Quando voltarmos a jogar (um dia...) a história segue...
Outra vez parabéns Caputto.
Abraços e adièau.

PS.: Marins, no epic existem cinco personagens ainda ativos, sendo quatro jogadores (ou três, com a viagem de Aldie). Duddits é um anão guerreiro, Renato um mago humano, Caputto um clérigo de Khalmir humano, Aldie um guerreiro humano (como narrado =p). O PdM é um elfo guerreiro, que já tem seus dias contados ò.ó

Aldenor disse...

*Khalmyr

A linha do tempo está normal. Em 1403 Tildror e Margareth voltam pra Ahlen. Em 1404 é futuro, tudo pode acontecer. É durante os eventos de O Terceiro Deus.