sábado, 3 de maio de 2008

X-Men Chronicles - Episódio III


Chovia.
O tamborilar na janela não permitia descanso. Tranqüilidade. Atacava o coração com uma angústia causticante. William mais sentia do que sabia. Algo estava errado. Instinto.
O amplo quarto de um flat qualquer, cujo esnobe proprietário devia estar em alguma viagem “cool” pela Europa, ou Ásia, servia de moradia por essa semana. Impressionava as mulheres. Estilo é caro, melhor que alguém pague por isso por ele.
A grande cama king size parecia um vasto campo de lâminas, não conseguiu ter a paz necessária para adormecer. Seria isso? Saudades? Consciência? Lar? Era disso que sentia falta?
Não bastavam as duas modelos de cabeça vazia nuas em sua cama? Não bastava o estilo (mesmo que roub*tomado emprestado de outrem)? Não bastava freqüentar os melhores clubes de graça? Dirigir os melhores carros?
Caminhou pelo quarto em direção à sala, seu corpo nu (a quanto tempo não prestava atenção em si mesmo?) olhava para ele nas muitas superfícies espelhadas da casa. Parou de fronte à ampla janela. Nenhuma emenda. Muito caro. Olhava o castigo imposto pela chuva. A cidade se afogava. Ao longe, em Westchester, parecia que ciclone atingiria o litoral. Estariam os outros bem?
Um som, passos. Leves, furtivos. De repente se viu sendo envolto por lânguidos braços, quentes. Num instante, algo estranho. O aperto se afrouxa e logo depois o baque surdo já conhecido atinge seus ouvidos. O corpo caíra. Mary, Linda, Rose, qual era mesmo o nome dela?
Ao virar, depara-se com um homem, à espreita, de pé na sala. Ela caída a seus pés. Sangue, brilhante, encarnado.
“Olá William...” seu interlocutor dispara. “Finalmente nos conhecemos. Estava ansioso por essa noite.”
Uma fração de segundo depois, já havia partido para cima do homem. Encurtando a distância. Dobrando o espaço. Usando seu dom, teleportando-se.
O golpe parecia certeiro, sua adaga o mandaria para o inferno rápido como um devaneio. Por menos de um momento uma lembrança o invade. “Seria ele furtivo a ponto de eu não notá-lo? Ninja?”
Num piscar de olhos, golpeou. E errou. Ele não estava mais lá. “Surpreso?” a pergunta surge de algo além de seu alcance. Cinco ou seis metros à esquerda. Como?
“Não achou realmente que seriam os únicos né? Você e o azulão? Achou? Pena.”
Nenhum som, nenhuma pressão, nenhum movimento. O homem ataca feroz, furioso como a tempestade, rápido como o pensamento. O corpo de William se esforça para reagir. Instinto. Uma esquiva instantânea, dobrando o espaço. “Quem é esse o filho da puta? Por que aqui? Por que agora? Por que eu?” Um arrepio, movimento. A luta segue silenciosa, rápida, mortal.
Um pensamento e William está atrás do homem. Menos de um instante o homem o ataca pelo flanco, ele revida pela retaguarda, o homem se esquiva para cima, no teto. “Peguei” William pensa. Então algo acontece. “Impossibilidade” seria o termo que McCoy usaria. “Putaria” seria a palavra do Logan. “Hã?” foi só o que escapou de seus lábios um instante antes de ser golpeado por uma perna. Apenas ela. Sem corpo. Vinda de lugar nenhum.
O vidro da janela espeta sua carne. O frio corta seu corpo, mente. A chuva e o vento lembram-no que ele está em queda. E vai morrer. Simples. Instinto.
Água fria como o coração das trevas. Ele emerge. A tormenta açoita a terra e consome o céu. Casa. Lar. Fortaleza.
Arrepio. O que está acontecendo?

4 comentários:

Marins disse...

Gostei

=P

particularmente do final..
eeheh

R-E-N-A-T-O disse...

Matou mais alguém? UAHuha

Bom conto. =D

Aldenor disse...

Maneiríssimo.

Quero ver o que acontece com Kevin Rogers... eheuhuuhe

Unknown disse...

Genial! Mais um teleportador!!! Agora até me empolguei pra pegar esse maldito que ousa me imitar (assim como eu imito o noturno e a psylocke hahahahahahahaha).