quarta-feira, 7 de abril de 2010

Contos Artonianos #8

A Masmorra no Bairro dos Anões, parte II

- Acho mais sábio de sua parte pegar um destes escudos, jovem Arthur.

- Mas Delrin, estes escudos têm o símbolo de Tenebra. Não quero ficar conhecido como um mercenário que fica pegando objeto dos inimigos derrotados.

- Sua sobrevivência é o mais importante agora, Arthur. Você foi bastante castigado pelas lâminas dos inimigos. Vou lhe conceder um milagre da cura e depois terei de esperar o próximo amanhecer para orar à Khalmyr e renovar minha fé. Você precisa se proteger melhor e sobreviver para que consiga pelo menos contar suas histórias para os bardos.

Arthur consentiu e pegou um escudo do chão, de um dos esqueletos. Estava riscado e muito velho. Pegou o que a estrela negra de Tenebra estava mais apagada pelo tempo. Delrin derramou o milagre da cura sobre Arthur e suas dores aliviaram. Os quatro se reuniram no centro do salão e Arthur resolveu decidir ir pela porta secreta que Korn havia descoberto e de onde saíram os esqueletos. Dessa vez, ninguém fez objeção. Ferannia percebia que a decisão do guerreiro humano devia-se mais pelo sentimento de culpa pelo risco de morte que Korn sofreu do que por um raciocínio lógico. Ela não ficou muito satisfeita com isso, mas não se manifestou.

Após a porta secreta, havia um corredor estreito que forçava o grupo a andar em fila um atrás do outro. Arthur foi à frente, seguido por Korn quase que entre suas pernas, observando cada canto do corredor em busca de algum perigo que pudesse surpreendê-los. Ferannia vinha em seguida com seu arco devidamente iluminado por magia, com uma flecha preparada. Por último, Delrin observando a retaguarda com seu escudo protegendo suas costas e o machado com suas duas mãos.

Vários restos de ossos jogados pelo chão tornavam o ambiente um tanto sinistro para eles, sugerindo que o perigo poderia surgir a qualquer momento. Até que no final do corredor, encontraram símbolos desenhados circulando uma porta de madeira com uma maçaneta. Korn tomou à frente do grupo.

Delrin se aproximava lentamente, um pouco incomodado com a forte luz que o arco de Ferannia emanava e resolveu parar para descansar há uns metros dela. Encostou seus ombros na parede e sentiu que um bloco de pedra cedeu. Praguejou e olhou para todos como quem se desculpava.

A porta por onde os aventureiros haviam entrado se fechou com um grande barulho. Eles ouviram apreensivos uns barulhos de rodas mecânicas em trabalho. Korn parou de observar a fechadura por um instante, tremendo suas pernas de medo. Ferannia olhava para todos os lados assustada como uma felina. Arthur sentiu que as coisas iam ficar muito ruins.

E ficaram.

***

Rengav Evol rosnava ordens para os cultistas que sobraram para se prepararem para o combate. Eles pegavam escudos de madeira, lanças e espadas curtas. O lobisomem meio vampiro sabia que aqueles cultistas não tinham tanta força em suas garras e teriam que usar o subterfúgio das armas. Ele sabia que logo os intrometidos aventureiros logo estariam ali para tentar acabar com seus planos. Jasmira, dando-se por satisfeita, decidiu ir embora. Deu ordens para Gazat obedecer aos comandos de Falrin e Rengav.

Falrin observava com asco ao meio-orc e não gostou da adição do bárbaro sob aquelas circunstâncias. O anão trajava roupas negras de cultista, sob um peitoral de aço e ombreiras largas. Tinha um escudo às costas e uma maça estrela embainhada na cintura. Sua barba ruiva era um pouco mais clara que de Delrin. Ele falou com Jasmira se era mesmo o melhor ela ir embora deixando as coisas sob o comando de Rengav Evol que acabara de chegar e não tivera tempo de provar seu valor.

- O que foi feito, está feito, anão. A Sociedade crescerá com o mais forte aliado para liderar os lobisomens.

- Ele possui a marca do vampirismo também, senhora Jasmira.

- Por isso ele será um grande líder dos nossos soldados, caro Falrin Turgar Segundo.

O anão entendeu os planos de Jasmira. Ela queria que, logo após o sucesso maior nos planos da Sociedade, os vampiros tomassem a liderança. Cada raça sob o manto escuro da deusa das trevas fosse comandada por um membro que tivesse a benção dos pálidos vampiros. E não gostou da idéia, mas manteve-se calado por hora.

Jasmira desapareceu como uma brisa, lentamente, como se nunca estivesse ali. Falrin e Rengav se encararam um pouco logo após.

- O rei dos lobisomens quer que você jure lealdade como um importante aliado, anão.

- Não até que você, “rei dos lobisomens”, demonstre seu valor e lealdade perante a mãe das trevas. – Falrin franziu as sobrancelhas mirando os olhos de Rengav.

- Mostrarei meu valor eliminando um a um dos que macularam nosso esconderijo.

- Esta não seria uma demonstração de lealdade e sim de sede de matança. São intrometidos, são seres da superfície, merecem a morte por profanarem nosso esconderijo. Mas suas mortes não servirão de nada. Traga-os para que eu os sacrifique. Assim poderei confiar em sua mente mais do que em seus músculos peludos.

- Acho que nem todos são necessários para um sacrifício. Trarei um deles vivo. O resto, eu matarei. – Rosnou alto com satisfação.

- Então deixe que o meio-orc o faça. De repente, ele acaba morrendo também e nos livramos desse peso inconveniente. Assegure, depois, que ele não mate a todos e traga alguém vivo. Dê preferência a possíveis elfos vingativos.

Rengav pareceu satisfeito com aquelas palavras e Falrin pareceu satisfeito por ter controlado a situação em seu favor. Gazat, entretanto, pareceu não gostar de sua situação de fantoche. Mas não possuía vontade necessária para se livrar daquilo. Ainda.


4 comentários:

Capuccino disse...

Fala ae

Aldi, mude o nome do Rengav Evol, vc nao sabe como isso broxa a leitura =p

Aldenor disse...

Não seja tão mocinha e aguente! Porra!

Marins disse...

¬¬


aff

R-E-N-A-T-O disse...

Sempre esqueço de ler as Histórias esquecidas.