Assassino?

Dias atuais

"Chacina" era um nome fictício dado a Jeremy Strongheart pelos próprios habitantes de Triumphus em alusão ao reino divino de Megalokk, o deus dos montros. Seu corpo era magro, porém musculoso. Seus cabelos muito escuros eram lisos e na altura do ombro, os olhos muito verdes e o rosto anguloso que dava a sua feição uma característica bem masculina com sua barba por fazer. Deitado ali naquela cama simples esperando sua ressurreição nem parecia um assassino procurado.

Sua fama alcançou rápida ascensão em Triumphus nos últimos meses graças a uma onda de mortes a famílias nobres. No total nove famílias haviam sido dizimadas, sendo que em três oportunidades fora pego e morto pelos milicianos.

Os cinco guerreiros que faziam a guarda do corpo do assassino usavam a linda armadura dourada com a temática de grifos em relevo da guarda de Triumphus. Eram forjadas por Gaius Denastonramm o ferreiro mais competente da cidade e não por coincidência, anão. Tinha sido um dia de trabalho extenuante, ficar em pé por horas não era fácil, mesmo sendo treinados para sentinelas muito mais longas que aquela. Os próximos sentinelas chegariam a qualquer minuto e eles poderiam ir para a taverna beber uma cerveja antes de ir para suas casas encontrar suas famílias.

Judith veio caminhando pelo salão em direção ao corpo de Jeremy e os guardas prontamente permitiram sua entrada. Ela fez os procedimentos habituais, cuidou do ferimento profundo que ele possuía no flanco, e passou esponja por todo o corpo do cadáver para mantê-lo limpo. Fez um pequena oração a Thyatis e secretamente deslizou uma poção para a mão direita dele.

Algumas horas mais tarde Chacina já não mais jazia em seu leito...

*** 

Ano de 1406

Romuel Strongheart tinha por volta dos seus sessenta invernos e uma vida próspera através do seu trabalho. Há gerações eram nobres em Triumphus e sua vida era por demais confortável e estável. Tudo tinha e nada lhe faltava. Sua família era grande, esposa e cinco filhos.

A mansão dos Strongheart era suntuosa e bem decorada. Todos da família já se preparavam para o jantar. Os criados colocavam a louça e os talheres de prata sobre a mesa feita de madeira Tollon na imensa sala de jantar. Não era muito elegante visitas aparecerem sem prévio anúncio, porém mesmo sem aviso todos ouviram o bater da porta.

A pessoa que batia a porta nunca havia sido vista na cidade de Triumphus, e em pouco tempo virou um amigo muito íntimo naquela família. As promessas de poder e sucesso faziam o olho de Romuel brilhar e seus filhos mais velhos também, apenas Jeremy via aquele estranho como um perigo para todos. Depois de um tempo, amigos da família foram chamados e o visitante os seduzia com as palavras. Em pouco tempo todos estavam fazendo parte da sociedade secreta fundada por ele. Todos se ajudavam, eram ensinados e doutrinados a adorar um deus até então desconhecido por todos. Os dogmas foram aceitos e todos depois de um tempo transformaram-se em clérigos daquele deus. Jeremy via um erro nisso que provou-se verdade depois de um tempo. Oferendas eram dadas, sacrifícios feitos e todos podiam manipular e ascender mais no seleto grupo de nobres da metrópole. Mas não pelas maneiras justas e sim com o uso de magias de controle mental, assassínios e manipulações vis. Quando a semente estava plantada em Triumphus o visitante partiu.

No ano seguinte, brigas políticas dentro da sociedade quase acabaram com a existência da mesma, porém outra coisa foi determinada pelos asseclas de mais alta graduação. Romuel deveria ser morto. Como planejado Romuel fora traído e assassinado assim como toda sua família que sabia demais, somente Jeremy que por discordar da atitude da família havia rompido com eles e renegado seu título de nobreza. O que havia sido um grande desgosto para Romuel.

Jeremy que já tinha perdido tudo pediu ajuda a sua amiga de infância Judith que prontamente desaconselhou a sede de vingança dele. Mas os conselhos não surtiram efeito. Agora a única vontade de Jeremy tornou-se acabar com a sociedade e vingar sua família que foi desconstruída pelo visitante.