Povo refém e jóia escondida

               Thenarallann é a cidade mais ao sul do reino de Sckharshantallas. A cidade é famosa pela imensa estátua do Dragão-rei que tenta rivalizar com a estátua de Valkaria em Deheon. Há muitos anos começou sua construção, porém inúmeros problemas atrasam sua conclusão. Rebeldes, falta de matéria-prima e sabotagens são os maiores problemas, coisa que enfurece Sckhar que faz visitas periódicas a cidade.

                As minas de uma pedra preciosa semitransparente de cor rubra chamada vidro-lava é um dos motivos que Thenarallann foi escolhida como a cidade para receber tal mega-estrutura. Um grande número de escravos, prisioneiros e cidadãos trabalham dia e noite na extração da pedra do fundo das minas que existem na cidade, tudo sobre os olhares de capatazes e soldados que garantem a eficiência das atividades e protegem as minas dos rebeldes e sabotadores.

                ***

                O salão era de pedra escavada que tinha a coloração vermelha habitual de todos os corredores. Anos de escavações e desmoronamentos tornava cada corredor e sala instável e perigosa. Escravos passavam vestindo trapos empurrando e puxando carroças recheadas de vidro-lava corredor acima sobre o olhar atento de um capataz munido de um chicote.

                Durzh era o responsável pelos carregamentos daquele turno. Seu corpo era grande e gordo. Sua careca, o bigode e os vários pêlos pelo corpo faziam sua aparência não ser das mais receptivas, parecia um homem grosseiro e de pouca higiene. Ele acompanhava o descarregamento de uma das carroças e observava dando ordens aos trabalhadores enquanto eles iam empilhando as pedras ainda brutas em uma área determinada próxima a boca da mina. O buraco produzido pelos anos de escavações deformara a montanha e fazia um vale grande no meio dela lembrando um vulcão. O ar não soprava ali dentro e o calor era sufocante.

                Raramente os aristocratas se importavam com o que acontecia nas minas e mais raras ainda eram as vezes que as visitavam. Aquele dia era uma dessas exceções.

                A carruagem era puxada por quatro cavalos de certamente comprados em Namalkah, seus portes eram majestosos e chamavam atenção pelos músculos e pelagem brilhante. A berlinda era feita de madeira nobre e finamente trabalhada. O condutor vinha trazendo a carruagem em direção a Durzh o que o fez amaldiçoar sua sorte. Não sabia e não gostava de tratar com essa gente.

                Um empregado desceu primeiro, ajeitou as escadas e deu a mão para uma deslumbrante senhorita. Ela tinha cabelos cacheados e negros, sua pele morena não possuía marcas e o vestido que usava era claramente inapropriado ao lugar. Era uma visão deslumbrante em um lugar acostumado a aridez e ao sofrimento. Ela se dirigiu a Durzh e ele se aproximou.

- Milady, o que a trás a um lugar desses. – Durzh disse gaguejando.

- Vim lhe pedir uma coisa. Uma coisa sigilosa e importante. – Sussurrou Dhavina.

- Diga, o que tiver em meu alcance, farei. – respondeu.

- Preciso que você guarde para mim uma jóia, e antes que você pergunte o porquê, digo que não posso lhe falar. Tem que ser aqui até que ele venha buscar. – Mais sussurros.

- Ele quem? – Durzh quis saber.

Dhavina aproximou-se de Durzh e falou ao seu ouvido o nome da pessoa. Os dois após a conversa entraram na mina e deixaram lá o objeto.

                Perto dali, uma pessoa observava a conversa escondido atrás de uma carroça...