terça-feira, 19 de abril de 2011

Crônicas Artonianas II: A Tempestade Rubra #9

O Coração de Allihanna - Parte 1

Foi o dilema do “inimigo do nosso inimigo é nosso amigo?” que deu o tom do final do imbróglio da última missão da Brigada Escarlate. Depois que Emyr desafiou o mais poderoso dos minotauros feiticeiros vermelhos, o valete do governador Aulus, e perdeu, Iliar acordou num esforço supremo heróico.


- Então me deixe desafiá-lo. Ou não tem coragem?
Aulus encheu-se de fúria e aceitou o desafio. Estava ferido, mas Iliar estava um farrapo humano. Enfrentaram-se e não deu nem pro cheiro. Iliar venceu com um único soco nos córneos de Aulus.
A Brigada rendeu o restante dos minotauros e os deixaram fugir.
- Onde está o mago Rogriz? – indagou Hector.
Os minotauros, antes de irem, revelaram um cativeiro secreto. Rogriz era mais coral que gente. Envolto em panos, já não possuía mais um braço. Seu rosto estava tomado de coral e mal conseguia falar ou respirar. Estava além do alcance da cura de Khalmyr, Lena ou Tanna-Toh.
Mas ele falou:
- Depois da invasão, me envolvi na resistência de Tollon e conheci Gregor, o Vermelho – Hector sabia que era o líder do Culto Vermelho, os feiticeiros de estranhos poderes mágicos que vinha da doença coral – e ele era um aliado em potencial, contra os minotauros. Porém, ele me forçou à praga coral e eu não despertei os poderes mágicos. Irônico, eu ser um mago e não despertar tais poderes. Fui forçado a ajudar os orcs que são imunes a doença...
O grupo digeriu as novidades. Ele não era um criminoso, então. Porém, sob as vistas do Império, certamente encontraria a morte. Se ele não estivesse doente em estado terminal. O grupo decidiu voltar à Barud e reportar ao capitão Lucius. Entretanto, levariam Aulus desacordado. Suas últimas palavras foram para que não entregassem Aulus ao governador. Ele jamais ficaria do lado da Brigada Escarlate e eles poderiam ser considerados criminosos, acusados por Aulus.
Com isso em mente, eles voltaram pelas estranhas florestas de Lomatubar. Willian com os pitacos de Iliar guiava todos com sabedoria. Foram alguns dias até chegarem a Barud, capital de Lomatubar. A clériga de Lena havia dito que usaria de sua influência para que uma sacerdotisa mais poderosa curasse Iliar e Andrew que ficaram doentes pela praga coral, mas que não tinham ainda desenvolvido o estágio inicial das febres.

***

- Então, Aulus é o verdadeiro mentor de toda essa tramóia. – Capitão Lucius estava incrédulo. Mas era um minotauro honrado, devoto de Tauron e respeitava Tanna-Toh e Khalmyr, portanto, sabia que a Brigada Escarlate falava a verdade.
- Peço que vigiem Hector, pois o que vou lhes contar poderá tornar vocês caçados e eu enforcado. Vou matar Aulus com uma adaga em sua garganta. Ele não pode viver ou vocês estarão prejudicados e a verdade não prevalecerá.
Sabendo disso, todos os olhares voltaram para o paladino de Tanna-Toh. Depois disso, receberam a recompensa e saíram da cidade. Willian com o pergaminho de teleporte em mãos, começou a tentar usá-lo. Porém, sem sucesso.
- Temos um looooongo caminho pela frente...
E assim, cinqüenta dias se passaram.

***

De volta à Sede do Protetorado, Maerthenim recebeu o grupo com abraços. Todos já pensavam que a Brigada fracassara e que não voltaria mais. Porém o sucesso da missão foi celebrado. E, claro, Hector contou ao anão sobre o segredo com o capitão Lucius.
- Vou comunicar a Arkam sobre isso. Vamos nos comunicar com o capitão para iniciar um processo de amizade. A missão de vocês foi realmente um sucesso, amigos.
Saindo da Sede do Protetorado do Reino, eles decidiam o que fazer. Detalhes sobre o anel mágico que encontraram, por exemplo. Hector queria vender para comprar uma armadura de batalha, mas o grupo relutava um pouco dado ao valor do anel e sua utilidade. No fim, todos dariam um pouco suas partes da gorda recompensa dos minotauros para comprar a armadura sem precisar vender o anel mágico.
E nesse momento, uma turba de plebeus, pequenos comerciantes e meninas empolgadas cercaram a Brigada Escarlate no meio da rua. Eles estavam sendo reconhecidos como grandes heróis que foram até o Império brigar com os minotauros. Iliar se interessou por um mercante que queria vender-lhe uma magnífica arma de Zakharov, um burguês queria que Andrew se casasse com sua filha, várias pessoas pediam as bênçãos de Khalmyr para Emyr. Hector se dividia entre as mulheres e os devotos. Um mago havia acabado de passar no teste da Academia Arcana e agradecia Tanna-Toh por isso. Willian, entretanto, teve menos assédio e observava o grupo. Alguns aspirantes a guerreiro falavam com ele sobre técnicas de luta com duas espadas.
Pouco depois, eles perceberam que Hector poderia ter que responder a perguntas indevidas, então se separaram. Iliar e Andrew foram para tavernas, Emyr foi para o templo de Khalmyr onde morava e Hector foi com Willian para casa.

***

Depois de beber de graça na Taverna do Pombo Perneta da Praça, Andrew experimentou os frutos de sua última aventura, a fama de ser um herói. Havia muitas mulheres também. Mas uma delas adentrou a taverna chamou sua atenção pelos longos cabelos castanhos, olhos azuis e roupas rústicas com uma longa saia xadrez. A Brigada Escarlate viajou por duas semanas pelo território de Tollon, conheceu muitas pessoas e ficou a par de alguns de seus costumes. Aquela mulher parecia ser tolloniense.
- Olá, milady.
- O-olá, milorde – ela baixou os olhos imediatamente, pois não estava acostumada a falar com homens desconhecidos.
- Sou Andrew, e você? Notei que está sozinha.
- Chamo-me Scarlett Kalick, estou em busca de heróis.
Andrew sorriu.

***

Emyr chegava a seu templo, sentido o doce ar de seu lar. Sentia saudade de cada pedaço de mármore e de cada cheiro de civilização acolhedora. Sentiu-se pesado pela sujeira acumulada pelos cinqüenta dias de viagem. Foi recebido por seu mentor, Joseph Ironheart com uma expressão séria.
- Precisamos conversar. – Seco.
Foram até a sala dele e Emyr se perguntou se teria descanso. Joseph jogou a Gazeta do Reinado sobre a mesa. Emyr viu a manchete principal: “A Brigada Escarlate atuou contra o Império de Tauron através do Protetorado do Reino”.
- É verdade isso?
- Certamente que não, meu senhor.
- O que houve?
Emyr contou tudo. Depois tomou um banho de horas e descansou. Mas não por muito tempo. Andrew estava lá com Scarlett e tudo foi contado ao clérigo de Khalmyr.
- Voltem aqui amanhã. Vamos reunir todos para ajudar milady Scarlett.
Por Khalmyr, ele precisava descansar.

***

Willian vagou por Valkaria com seu novo ouro e o gastou para melhorar seus equipamentos. Havia chance de gastar com prostituta, jogos ou investir em algum negócio. Mas Willian era um caçador, materialista e objetivo. Era um aventureiro com certa experiência e sabia que deveria evoluir seus equipamentos à altura.
Depois, foi para a casa de Andrew dormir. Altas horas da madrugada, o duelista apareceu tropeçando nas pernas com a cara de bêbado. Sequer notou Willian e desabou sobre sua cama. Willian sorriu e preferiu permanecer no escuro.

***

Iliar acordava para mais um dia. Olhou em volta e não reconheceu o aposento. Sorriu com sua antiga rotina voltando. Viu uma bela mulher ao seu lado ainda dormindo e decidiu que precisava sair. Era uma estalagem, menos mal, mas fora abordado pelo estalajadeiro.
- Você tem uma carta. É de Emyr convocando a Brigada Escarlate para se reunir non templo de Khalmyr.
- Nossa. – pegando o pergaminho, mas não lendo – Sem tempo pra descasar – risada leve. – Ótimo!
- Bom, preciso que assine este contrato de patrocínio – disse o estalajadeiro.
- Heim?
- Não lembra de nossa conversa de ontem a noite, jovem Iliar?
- Não. Quem é você?
- Sou o dono da Estalagem do Prato Dourado. Você concordou em fazer propaganda da minha estalagem a seus amigos aventureiros. Quero entrar nesse ramo, receber heróis aqui, você sabe.
- Certo. Assino depois.
- Mas
- Como vê, sou atarefado demais. Adeus!
E assim foi Iliar.

***

O céu era vermelho sangue com trovões que pintavam de branco aquela paisagem macabra e descampada. No topo de uma montanha, havia um cavaleiro de armadura negra e elmo de caveira. Hector mirou-lhe olhares severos. O homem retirou seu elmo e era Brian, seu desafeto.
De repente, estavam montados em cavalos. De repente, estavam lutando.
Batidas na porta tiraram Hector de seu pesadelo. Ou seria presságio?
- Senhor, um pergaminho, senhor. – era o goblin mensageiro.
- Obrigado. Passar bem. – Pegou e fechou na cara do trabalhador.
Era de Emyr. Havia mais uma missão.

***

Estavam todos juntos num salão de paredes brancas sobre uma mesa de mármore. Uma sala de reuniões do templo de Khalmyr, cedido especialmente à Brigada Escarlate. Scarlett Kalick contou tudo que sabia.
Ela era filha de Phalzir Kalick, líder da Guilda dos Madeireiros em Tollon e chefe da caravana da Grande Feira Itinerante que acabara de chegar à Valkaria. Eles eram escoltados por minotauros e por isso estava sempre vigiado. Por isso que ela ficou encarregada de encontrar heróis para uma missão. Phalzir, por alguma razão, não podia contar com os minotauros para isso.
Depois de muito dialogar sobre como agir, a Brigada definiu seus planos de ação. Não demorou muito e já estavam na tenda principal, destinada à Phalzir. Os minotauros eram legionários, mas não possuíam nenhuma autoridade de fiscalizar ninguém dentro dos territórios do Reinado. Por isso, foi fácil ter com Phalzir Kalick.
Depois de conversas de apresentação e intenções, Phaliz foi direto ao assunto.
- Eu preciso que vocês resgatem Dhorgarrar Smallfeet, o melhor mestre armeiro do mundo. Ele fora seqüestrado por um troll das cavernas. – a Brigada Escarlate conhecia a fama desses trolls de Tollon, pois receberam avisos de um ranger de lá, semanas atrás. Eles eram mais inteligentes, os que os tornavam mais perigosos.
- Há algo de obscuro em seus interesses, Phalzir Kalick? – Emyr cruzou os braços.
- Não, meu jovem.
- Então, por que não pediu ajuda aos minotauros? – Era Hector.
- Dhorgarrar é um anão muito conhecido e importante. Se soubessem disso, os minotauros criariam uma enorme campanha militar para varrer os trolls do reino. Não me entendam mal, seria ótimo que eles fossem mesmo varridos. Mas a campanha militar desse porte necessita de recursos. E para isso, maiores impostos. Sabe que impostos são os maiores inimigos dos comerciantes. – meio sorriso.
- E o transporte mágico? Você paga? – Era Willian.
- Não tenho tanto poder financeiro assim, jovem.
- Então, não tem como. O troll já teria comido o anão.
- Os trolls de Tollon possuem uma característica cultural distinta. Eles fazem mais do que somente mastigar suas vítimas, eles preparam um banquete macabro com várias especiarias nojentas que eles inventam. E o processo pode demorar semanas ou meses. Dhorgarrar tem tempo.
- Tô dentro – Disse Andrew, olhando para Scarlett de soslaio. Ela respondia com um sorriso sincero e bochechas rosadas.
- Claro que faremos isso. E a recompensa? – Willian olhava diretamente nos olhos de Phaliz. Somente assim ele podia enxergar a verdade nos olhos do comerciante.
- Quinhentos tibares de ouro para o grupo.
Eles sentiram o peso da diferença entre trabalhar para governos e pessoas comuns.
E viajaram com cavalos cedidos pelo comerciante.

***

Noite, ainda em Deheon.
Gnolls cercaram o grupo. Eles tinham sede de vingança nos lábios.
Lutaram e venceram. Não havia muita recompensa, pilharam tibares de prata. Mas sentiram orgulho novamente depois da última derrota para um bando daqueles.

***

Tollon recebeu a Brigada com frescor de verão. Úmido, não muito quente. Atravessaram Ahlen num piscar de olhos, pois havia mais estradas e pouca gente querendo se meter com um grupo de heróis. Já Tollon, os minotauros revistavam, olhavam documentos (providenciados por Emyr para registrar a Brigada Escarlate). Os tollonienses olhavam de igual pra igual para o grupo, mas eram corteses, ainda que rudes.
Faltando um dia de viagem para chegarem a Trodarr, a cidade anã, Willian encontrou rastros de troll. Seguiram por quase um dia inteiro para outra direção e encontraram uma caverna oculta numa região pedregosa cercada por árvores centenárias. Entraram em silêncio, mas com a luz clara e branca e justa de Khalmyr. Logo, ouviram gritos em anão. Era pedido de ajuda.
- Tirem-me daqui!
Todos foram para um canto onde encontraram seis celas com cinco moribundos. Numa dessas, o anão. Willian começou a soltá-lo, mas não conseguiu. Pensou em analisar a fechadura com mais calma, mas ouviram passos pesados. Era o troll retornando.
- Vamos, todos juntos! – Hector com seu martelo apontou para a sala principal, onde havia um grande espaço concentrado de dejetos. Lá seria melhor para lutar.
O troll era enorme, com músculos em cada pedaço de seu corpo. Não possuía armas, mas grandes garras e afiados dentes. A luta foi tensa, qualquer movimento em falto poderia ser considerado a morte. Mas as agilidades de Andrew, Willian combinados aos poderosos golpes de Hector e o poder das bênçãos de Emyr fizeram o troll ser derrotado. Porém, segundos depois, ele começou a se levantar.
- Trolls regeneram ferimentos! Só morrem com fogo! – era Hector ensinando.
Mais uma vez, alvo de golpes, o troll caiu. Willian pegou óleo e tocha e pôs fogo na criatura.

CONTINUA.

4 comentários:

Aldenor disse...

Pronto, agora tenho mais de um mês para pensar somente em Crônicas Artonianas 3. Hohoho

Marins disse...

hey, hey


e as porradas de Iliar! Somente elas para matar o troll!

Lucas disse...

Hey... Não eram 500 TO para o Grupo era isso ou uma arma ou escudo de Madeira Tollon para cada!!!!

Aldenor disse...

Maldita memória...