quinta-feira, 21 de abril de 2011

Crônicas Artonianas III: Contra Arsenal #1

Capítulo 1 – A Floresta que Anda

Tudo começou em Bielefeld, no verão de 1401.
Em uma reunião, o Clube dos Magos de Roschfallen, capital do Reino dos Cavaleiros da Luz, decidiram que precisavam criar um pergaminho de grandes poderes reveladores para conseguir decifrar o mapa que tinham em mãos. Eles diziam que aquele mapa datava quase mil anos atrás, quando a civilização humana era mais jovem e concentrada em Lamnor, o continente conquistado.
O Clube dos Magos é uma curiosa sociedade composta por meia dúzia de magos bastante ricos, mas de poderes mágicos modestos se comparado a magos aventureiros. Eles sempre se reuniam para tomar chá e tomar outras decisões que não tinham grande repercussão prática, apenas para a alta sociedade de Bielefeld ver.



A postura de Portsmouth os deixou inteiramente irritados, e declararam publicamente seu repúdio. Não que fizesse qualquer diferença.
Porém, um de seus membros, o mago Elan Azemberg, estava hospedando em seu castelo um belo jovem qarenn. Farid era filho de uma mulher gênio do fogo e vivia em Triumphus, na distante Sckharshantallas. Tendo resolvido que sairia em viagem para deter maior conhecimento mágico, desenvolver seus poderes, ele esperava que pudesse provar ser bom e honrar seu pai – que sequer desconfiava que tivesse filhos não-humanos.
Elan Azemberg era conhecido da mãe de Farid e tinha contatos com seu pai – ainda que não soubesse dessa relação de parentesco – e por isso o jovem qarenn havia sido bem recebido em seu castelo.
Porém, depois de um mês vivendo em Roschfallen, Farid entendeu que aquele reino de cavaleiros e honra, com o povo trabalhador e orgulhoso, carecia de magia. Ouviu falar de Wynlla, o Reino da Magia, e ficou deveras curioso. Porém, sem recursos para viajar. O tempo passou e Farid aprendeu tudo que podia com Elan Azemberg – que não era grande coisa.
Até que o mago veio ao feiticeiro certo dia.
- Preciso que você me ajude, Farid.

***

Anne assistia seu navio ir embora. Na verdade, dificilmente podia chamar aquele navio de seu, pois passou dois meses comendo o pão que Ragnar amassou. E aquela foi a sua última experiência em um navio, pelo menos por enquanto.
Raptada pelos Homens-Piranhas, Anne Velafirme se tornou a mulher do navio de Curt Dente-de-Piranha, o pirata conhecido por sua crueldade no saque. Na liderança dos Homens-Piranha, eles combatiam os Iursh-Iyins (criaturas aquáticas terríveis que atacavam regularmente Callistia) e devoravam sua carne.
Anne viveu em meio a essa selvageria sofrendo abusos diários, e percebeu que tinha apenas duas opções naquela vida. Aquela adolescente podia sofrer e definhar até a morte deixando sua alma dilacerada ou podia lutar e fortificar seu coração. Escolheu a segunda opção.
Praticamente sozinha, manipulou aqueles piratas sujos até que numa fatídica noite conseguiu fugir enquanto eles atacavam uma vila em Callistia.
Disse até logo às águas e prometeu voltar, mas somente como capitã.
Caminhou por semanas entre aldeias e caravanas vendendo suas habilidades de combatente. Conseguiu dinheiro para comprar armas e estava pronta para deixar de ser mercenária e formar um bando.
Antes de ser raptada, ela vivia no navio da antiga tripulação de sua mãe onde aprendeu a amar o Rio dos Deuses. Antes de viver no navio, viveu com seu pai Sarki, marinheiro da Frota Real de Sallistick em uma pequena vila de Callistia. Certa vez bandidos renderam a vila levaram Anne como prisioneira. Na tentativa de salvá-la, Sarki acabou morto.
A vida de Anne seria trágica se não fosse a intervenção da tripulação pirata de sua mãe, como último pedido antes de morrer. Depois de vencerem os bandidos e libertarem a vila, os piratas levaram Anne consigo para uma vida no Rio dos Deuses. Até que Curt Dente-de-Piranha e os Homen-Piranha atacaram seu navio levando muitos a morte e outros a dispersão. No fim, levaram apenas Anne viva em cativeiro. Por dois meses. Agora ela era livre.
Chegou a Roschfallen.

***

As lembranças de Lenórienn eram ainda muito recentes em sua mente. Thaedras Voleyiir era um elfo de armas e hoje vivia na Vila Élfica assistindo sua raça definhar. Demorou alguns anos para que ele entendesse seu novo destino no mundo. Uma nova forma de viver. Pela espada de Keenn.
Antes um clérigo de Glórienn, ele era ferrenho defensor de sua raça como se fossem sagrados, divinos. A arrogância élfica feita através do poder divino dos deuses. Porém, ele flagrou, antes da Queda, elfos negociando com hobgoblins. Aquilo era a antítese de sua vida. Enlouquecido, quebrou a maior das leis dos servos de Glórienn: feriu um elfo. Não apenas isso, mas trucidou todos e os hobgoblins que tomaram a vida de seus filhos. Achou que Glórienn o aprovaria, afinal, aqueles elfos estavam ajudando a prejudicar Lenórienn. Mas não. Ela o abandonou. E ele a ela.
Durante aquela luta ele percebeu a benção ou maldição de Keenn. Ele não soube na época, mas naquele momento Glórienn derramou uma lágrima por ele. Keenn observava em júbilo a Infinita Guerra e dava conforto aqueles que se entregavam à guerra pela guerra. Thaedras entendeu que a Infinita Guerra era entre elfos e hobgoblins e os elfos não eram divinos. A guerra deveria ser vencida a qualquer custo. Nesse momento, Keenn o abençoou como seu protegido.
Por meses ele lutou, mas em vão. Na fuga, com sua esposa, percebeu que ela não sobreviveria devido aos ferimentos e pediu para ser morta. Com muito pesar, fora atendida. A partir dali ele buscou o caminho para encontrar maior número de hobgoblins possível para ter uma morte na batalha. Encontrou outros fugidos e os protegeu até Valkaria.
Thaedras perdeu muitos amigos por conta de sua condição. E por isso começou a odiar os elfos, os culpando pela derrota. Era um aprendizado que veio a muito custo para ele. Depois de cinco anos na Vila Élfica. Percebeu que as lutas sempre vinham até ele e ele ia até elas. Foi assim que decidiu ser um andarilho.
E chegou a Roschfallen.

***

Farid abriu as portas da Taverna da Manopla Prateada e olhou em volta.
Viu uma mulher com saia preta longa, botas com saltos, corpete e uma camisa branca por baixo. Tinha cabelos castanhos claros, longos e olhos cor de mel.
Viu um elfo de armadura e muitas armas. Provavelmente um guerreiro.
Já tinha seu grupo. Com um sorriso belo, Farid foi falar com eles...

Um comentário:

R-E-N-A-T-O disse...

A floresta anda por causa de um ente preguiçoso. Fogo nele!