sexta-feira, 22 de abril de 2011

Crônicas Artonianas III: Contra Arsenal #2

Capítulo 2 – A Floresta que Anda – Conclusão.
A neve caía fraca sempre pela noite que abraçava aquelas terras mais cedo. Era o inverno dando suas boas vindas anunciando o rigoroso inverno de Bielefeld. Farid, Thaedras e Anne fizeram um trajeto longo até começarem a divisar a Floresta de Jeyfar, na paisagem branca que se formava.
Durante a viagem haviam encontrado uma taverna e nela, uma reunião de senhores de terras que aceitou ceder um dos quartos para o bando. Lá, conheceram sir Bruenor de Bedivere, o mais importante daqueles cavaleiros e seu escudeiro Lothar de Bedivere.
Depois disso, não demorou muito para entrarem na floresta. Sabiam que era guardada pelos Guerreiros de Khol’t, um bando de rangers e druidas. Estavam esperando que pudessem fazer contato com eles o mais rápido possível, pois eram os únicos que podiam achar a planta branca, Kazin, naquele inverno.

Porém, antes de tudo, encontraram uma vila vazia com uma estátua no meio. Querendo verificar e encontrar lugares quentes para dormir, foram atacados por virotes de besta. Era um bando mercenário de Portsmouth que havia subjugado a vila.
Thaedras despertou pela primeira vez a centelha de Keenn. Sua pele embranqueceu e seus olhos tornaram-se sangue. Era a violência da guerra. Keenn usando o elfo como instrumento de suas batalhas. E por isso ele lutou e matou. Banhou-se do sangue daqueles mercenários.
Farid fora um alvo fácil devido a sua ausência de armaduras. Porém seu poder mágico logo fez a balança favorecer para si. Primeiro tentando fazer os adversários queimarem e, depois da primeira matança, desgostou do resultado. Considerava aqueles humanos covardes e canalhas, mas matar ainda o incomodava. No segundo ataque dos mercenários, os imobilizou com sua magia de sono.
Anne começara o combate desarmando, derrubando e ridicularizando os adversários. Mesmo depois que percebeu que aqueles mercenários haviam estuprado e arruinado a vida de muitas mulheres, manteve sua postura neutra no combate. Desarmava melhor que furava com seu florete. No final, ela foi o conforto que ajudou àquelas mulheres recolherem os cacos de suas almas destroçadas.

***

- Eu sou Khol’t, o líder dos guardiões da floresta.
Eles haviam chegado logo em seguida do combate com os mercenários e a tentativa de armar uma defesa para a aldeia com os jovens e homens que ali restavam. Os Guerreiros de Khol’t demonstraram educação e agradecimento por protegerem a aldeia quando eles próprios não puderam.
Porém, exigiam que eles entregassem suas armas. Inclusive as armas pilhadas pelos jovens que formariam a defesa da aldeia.
- Mas vocês não conseguiram proteger a aldeia. Eles podem sofrer outro ataque de bandidos.
- Eu sou um dragão, não um deus. Não sou onipotente. E o fundador deles – apontando para a estátua central da aldeia – sabia dos riscos e do acordo que firmou comigo, séculos atrás.
Momentos de tensão e surpresa. Um soluço de um jovem pôde ser ouvido. Khol’t era um homem alto de pele muito branca e cabelos ruivos. E havia dito ser um dragão. Não era inteligente contrariar sua lei. Entregaram suas armas.
- Estamos procurando a planta Kazin. Achamos que você pode nos ajudar. – Farid disse ao entregar com displicência sua adaga que raramente usa.
- Muito bem. Essa planta é bastante rara. Muito usada em ingredientes arcanos.
Farid confirmou com a cabeça.
- Posso lhes fornecer a planta. Porém, vocês terão de fazer um serviço para mim...

***

Farid e Anne se esforçavam para manter o estômago quieto. O medo vinha por dentro, das entranhas. A altura corroborava com aquele medo e era difícil se manter em silêncio. Thaedras sentia o vento fresco soprar sobre o rosto, ignorando um pouco a realidade em que vivia. Eles estavam sobre Khol’t transformado em dragão verde. Ele os levava para o local da missão e avisou que os esperaria oito dias depois na aldeia.
Pousaram numa floresta de árvores mais finas e com um frio mais aceitável e sem neve – ainda que fosse um horror para Farid, o único a não tirar seu cobertor de inverno. À frente deles uma pirâmide de pedra com musgos cobrindo boa parte das estruturas. Uma porta com dizeres em anão e para o azar de todos, ninguém sabia. Porém, Anne havia ganhado instrumentos de arrombamento da pilhagem de Thaedras na luta contra os mercenários.
A porta se abriu com pouco ruído. Estava escudo, mas a benção de Keenn e a magia arcana de Farid trouxeram a luminosidade novamente. Era um aposento único com medidas perfeitamente simétricas. Na parede norte havia um mármore com uma figura de uma espada em alto relevo. Nas paredes leste e oeste havia um prato.
Meia hora de muita discussão e informações cruzadas, eles chegaram a conclusão de que não sabiam como abrir a porta oculta sob seus pés, no centro da pirâmide. Foi Farid quem sugeriu de colocar as mãos sobre os símbolos ao mesmo tempo. E por isso, a passagem se abriu.

***

A fortaleza estava abandonada e infestada de monstros. Kobolds, goblins e até orcs usavam de esconderijo aquele lugar, subindo à superfície para saquear. Havia até mesmo um ogro que fora morto enquanto acordava. Monstros como aqueles certamente não conviveriam juntos se não fosse por dinheiro. Provavelmente estavam contratados.
Mas Farid, Anne e Thaedras lutaram e venceram a todos. Farid usava sua magia com parcimônia para economizar seu poder arcano. Anne lutava com mais seriedade e menos galhofa, afinal enfrentava monstros e não homens. Thaedras não fazia distinção. A guerra não fazia distinção.
Ao final, encontraram o objetivo da contenda.
A árvore secular chamada Jeyfar. Khol’t havia pedido ao grupo que descobrisse por que a Floresta de Jeyfar estava se movendo, saindo de Bielefeld e adentrando o território do Abutre, o Conde Ferren Asloth, o regente de Portsmouth.
- Mas ele não odeia magia? Por que usar um mago para mover uma floresta?
Farid perguntou à árvore que dava nome à floresta de Bielefeld quando esta disse sobre o mago que usava a fortaleza como esconderijo. Súbito, ouviram barulhos de pedra arrastando-se sobre o chão.
Um golem de pedra surgiu sobre o grupo. Farid carregou seus poderes arcanos e despejou muitos mísseis mágicos. Thaedras lutou bravamente, mas teve o azar de receber um poderoso golpe que destruiu muitas costelas e sua clavícula. Desmaiou pelos ferimentos. Anne percebeu que era pouco eficiente com seu florete contra um monte de pedras, mas continuaria tentando. Até que ela encontrou o mago, invisível. Desmaiou pelo sono.
Farid esteve acordado só por muito tempo, enfrentando de um lado o golen de pedra com seus mísseis mágicos e resistindo aos poderes arcanos do mago que agora era visível.
Até que ele lembrou de uma poção que eles acharam na fortaleza. Não havia tempo para saber se era um veneno ou não. Por segundos lembrou que achou aquilo no meio a ouro, então pensou que poderia ser algo benéfico. Fez Thaedras beber enquanto ele mesmo lutava contra a morte, inconsciente.
E deu certo.
Thaedras abriu os olhos, de volta à batalha.
Farid terminou de destruir o golem.
Anne duelou com seu florete contra as mãos arcanas daquele mago. Venceu.

***

Khol’t lia os pergaminhos que os aventureiros haviam trazido.
- Então o mago trabalhava para o Abutre. Ele fazia a floresta se mover. Fico feliz que vocês o mataram. Depois de dezoito dias – o grupo havia se perdido por dias e até encontrado a costa de Bielefeld antes de chegar à Floresta de Jeyfar – eu achei que tinham morrido. Ou fugido. – Sorriso.
A planta fora entregue e o grupo retornou para Roschfallen receber a recompensa do Clube dos Magos.

3 comentários:

R-E-N-A-T-O disse...

O jogo foi bem legal e sobrevivemos por muito pouco. No aguardo para o próximo agora no SEGUNDO nível. Ai ai ai... Que saudade de ter Bola de fogo.

Marins disse...

"Foi Farid quem sugeriu de colocar as mãos sobre os símbolos ao mesmo tempo."


Foi Anne!! Maldita seja sua memória.

Aldenor disse...

AHAHAHAHA SORRY

Eu recompenso tirando uma ação de Farid e por crédito à Anne!