quinta-feira, 26 de março de 2009

Aurora Carmesim - Prólogos, parte 3


Ano 100

Era uma gigalópole. Uma visão impressionante até mesmo para um deus. Construções, criaturas, coisas, idéias, tudo dividindo espaço e interagindo sem conflito. Cada milímetro ocupado com possibilidades. Uma construção erguia-se acima das outras. Um palácio majestoso ocupado com todo o conhecimento que já existiu e alguns que ainda estão por existir. A casa da deusa do conhecimento. A biblioteca de Tanna-Toh.

Valkaria caminha maravilhada por entre os prédios, admirada com o calçamento das ruas. Nenhum desafio a espreita na esquina, nada é ilógico ou irreal. A visão do todo se encaixa perfeitamente com a unidade. A sensação opressiva de ordem incomoda a cada passo. Por que ela desejava lhe falar? O que era tão importante afim de requerer sua presença imediata? Estava ansiosa para descobrir.
Tanna-Toh sempre esteve tão reclusa em seu plano que um chamado é no mínimo estranho. Mas a vontade de descobrir movia cada passo da deusa. Seja o que fosse, iria descobrir, enfrentar e vencer. Era sua natureza.
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Sentada ante um quadro negro, Tanna-Toh contemplava o trabalho de 57 milhões de anos. O modelo matemático perfeito. Algo que mataria Thyatis apenas por existir. Prever o futuro através da análise de possibilidades, contrabalanceada com a fórmula do caos, tudo coexistindo na medida certa. O equilíbrio perfeito.
Apesar disso, ela não estava feliz. Sequer estava satisfeita. O que se descortinava ante seus olhos era desolador. O futuro era negro e ela tinha o conhecimento necessário para mudá-lo. Mas isso requereria duas coisas. Cooperação e sacrifício. Seu e de outrem.
Acabara de descobrir a cria profana dos três. Algo pecaminoso mesmo em concepção. Sua realidade, mesmo que jovem, ameaçava a existência do plano material de Arton. Ela teria que dar todos os passos certos, cultivar cada pequeno momento para que Arton tivesse a chance. Muitos estariam envolvidos mas o passo de agora seria crucial. Ofereceria o dom da escrita a Valkaria, sabendo que ela o levaria também a sua cria maldita. Com isso estaria presente lá por tempo suficiente para aprender. Aprender e planejar. Conhecimento é poder e ninguém sabia mais do que ela.
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Um amplo salão. Prateleiras e estantes que se elevavam ao céu inexistente. Em sua poltrona de chintz, estava sentada uma figura velha e decrepta, porém com olhos de criança. O universo cabia dentro daqueles olhos.

De frente para ela, de pé na frente de uma cadeira adornada em ouro e padrões intricados, uma figura inquieta batia o pé em descontentamento. Uma mulher bela de cabelos púrpuras, trajando uma surrada armadura de couro, uma mochila de viagem cheia e uma maça um pouco grande pra seu tamanho.

- O que quer de mim Tanna-Toh? A cada minuto aqui perco acontecimentos homéricos em algum lugar. A cada palavra deixo de ingressar em uma nova aventura. Não tenho tempo.

- Tenho algo a lhe ofertar minha jovem. Um presente inocente mas poderoso. Algo que vai estabelecer seus filhos como sociedade.

- O que seria? Um artefato? Um invento? Um conhecimento novo?

- Acalme-se querida. Sim, é sim um conhecimento. Algo capaz de nortear aventuras ou tramas épicas. Algo simples como já lhe disse. O Dom da Palavra Escrita.

- Palavra Escrita?

- Os filhos de Glórienn levaram 10 milhões de anos pra descobrí-la sozinhos. As crias de Kallyadranoch levaram outros 150 milhões. Eu ofereço a você agora. Se aceitar, hoje mesmo alguém acorda com a idéia na cabeça. Em uma semana, já teria um alfabeto formado. Em 10 anos toda sua cria falaria o mesmo idioma e escreveria a mesma língua. Em 100 anos, nada poderia varrer sua cria, a não ser uma catástrofe. E nós não permitiríamos isso não é querida?

- E você me oferta assim? Sem mas, sem luta, sem custo?

- Sim, acho que seus filhos têm potencial. O conhecimento que eles proverão será inestimável. Apenas isso que eu peço, conhecimento.

Tanna-Toh estende um pequeno orbe à deusa desconfiada. Dentro, milhões de caracteres passeiam brilhantes.

- Aceite querida e faça bom uso dela.

Apanhando o orbe, Valkaria se despede sem a menor cerimônia.

Sozinha à mesinha vazia, Tanna-Toh junta as mãos. Fora perfeito. Agora moveria as próximas pedras, faria a próxima jogada.
Outros aguardavam sua visita.

15 comentários:

R-E-N-A-T-O disse...

Consertei os erros na escrita da deusa do conhecimento que é com dois 'n'.

Interessante, quer dizer que a velha também tá metida no todo né?! uhnnnnnn, bom saber...

Aldenor disse...

O texto é bem feito e faz umas pontes interessantes que antes eram só descritas bem vagabundamente pelos autores do cenário. Parabéns pela criatividade. Nosso grupo enriquece muito com isso...
Porém, vi um equívoco que pode parecer pequeno, mas tem repercussões enormes. Os "filhos malditos" de Valkaria não conheceram a escrita até a visita do Albino no mundo de Arton. "Prender conceitos em papel" foi o que o Albino descobriu.
No mais, muito bom.

S i n n e r disse...

Bem, obrigado pelos elogios. Todos sabem que eu não gosto muito do universo de Arton por achá-lo meio vago demais. Esses prólogos são necessários pra que eu e vocês tenham idéia das tramas épicas que correm por baixo dos panos.
Os autores não datam a criação do universo da Tormenta, não indicam uma idade cronológica para o mesmo. Considerando o grau evolutivo do universo e das criaturas em si, é possível que através do tempo eles tenham subjugado e esquecido o conceito da escrita, assim como superaram os conceitos de tempo, espaço, indivíduo e divindade. Eu apenas relativei a idade do universo, considerando ainda que eles tenham chegado ao patamar atual em apenas 1300 e pouco anos, depois de adquirir a escrita.
Ainda assim, presentear Valkaria com o dom da palavra e achar que ela a levará ao universo da tormenta é apenas uma conjectura de Tanna-Toh. Uma jogada arriscada que vocês saberão se deu certo ou não em breve. Já te adianto que eu pesquisei e estou ciente dos fatos e "furos". Nâo me subestime =p
Esperem o próximo capítulo dos prólogos e vejam como as coisa se desenrolam.
Abraços e adièau.

Capuccino disse...

Concordo com Aldi ^^
Tormenta é um mundo interessante, mas tem muitas lacunas!
E o inicio do preenchimento desses espaços torna o cenário mais jogável =)
E abre-se, como daniel disse, espaço para arcos epicos (o que falta muito em Arton).
Parabens [2]

Bom, relembrando a daniel, já criei meu background até o nivel 12 =)
Seria interessante, tendo em vista que nós começaremos o jogo já nos conhecendo, que passemos o background de um para o outro.
Afinal de contas, lutamos, quase morremos todos juntos e isso deve ter criado pelo menos um laço de amizade entre nós.
A menos que Marins esteja jogando de Tildror =pp

Só uma idéia :D

R-E-N-A-T-O disse...

Boa Caputo, mas preciso ainda fazer uma parte do meu personagem pra poder enviar.

Daniel, a greve acabou?

Capuccino disse...

Sem pressa ^^

Eu so adiantei os trabalhos por causa da greve de onibus =P

Aldenor disse...

Nossa, vcs estão muito adiantados. Devido à semana punk que tenho tido na UFF, não tive tempo sequer para olhar a aventura que supostamente mestrarei amanha (só se daniel tiver embarcado, se não seria Convergencias).
Mas precisaria saber dos meus equipamentos, como seriam e etc pq isso influencia bastante no histórico. Ainda mais para um mago que, geralmente, liga muito para tranqueiras mágicas...

Marins disse...

Nda... Ianor é um clerigo de valkaria!

No mais puro da palavra... inclusive adora tannah-toh...

"...e um dos meus sonhos eh entrar na cidade elfica... imagine q aventura! (olhos brilham)"

Capuccino disse...

Krai! Meu personagem já entrou lá =)) (Olhos brilham)

Aldenor disse...

Daniel deu sinal de vida?
Amanhã pode ser Crônicas (se ele foi embora) ou Convergências (se ele estiver em Niteroi).
Estejam preparados pra tudo!

S i n n e r disse...

Sim senhores, estou embarcado até pelo menos quinta-feira que vem.
Desculpem pelo sumiço, mas o fim da greve deixou a rotina de embarque corrida demais.
Estou aqui, trabalhando à noite.
Qualquer eventualidade, mail me.
Abraços e adièau.

R-E-N-A-T-O disse...

Ahhhhhhhh... coitado, foi trabalhar. Que pena (ou não).

Daniel tods escolheram o tomo no atributo aleatório. Já disse para qual foi para todos. Até sexta (será?). Bom trabalho.

S i n n e r disse...

¬¬
Não entendi a gracinha...

Aldenor disse...

Serei um mago impetuoso e impulsivo de Sabedoria 20. Aff ahuuahuhauhauha

Marins disse...

vc era impulsivo... naum eh mais

=p