sexta-feira, 20 de março de 2009

Aurora Carmesim - Prólogos, parte 1

A pouco mais de 90 mil anos atrás.

Era um mundo exuberante, vasto, quase infinito aos olhos. O verde da grama sob seus pés complementava a miríade de cores da floresta. Tudo pulsava de energia, de confiança, de certeza. Cada partícula, cada folha de cada pé de grama exalava poder.
Caminhando em direção à floresta, ele deixa uma trilha de pegadas calcinadas no gramado. Mas aqui e agora, nem isso dura mais que alguns minutos.
Os sons inundam os ouvidos, as cores castigam seus olhos. Os aromas, a sensação do ar ao seu redor, tudo exprime um sentimento que arranha sua mente bem fundo. O infinito de possibilidades rivaliza apenas com a extensão da fúria que queima em seu interior.
Após alguns minutos (ou anos) ele avista civilização. Mas não no sentido humano da palavra. Ele avista algo que está perfeitamente uno com o meio. A simbiose perfeita. Aqui nada parece fora do lugar, nada parece mais ou menos. Perfeição.

O reino dos elfos parece intocável por conta da confiança dela, de sua força, e ele a admira por isso. Todos esses detalhes, poder em diversas formas. Parece-lhe a escolha perfeita.
Sem notar, seu caminho termina nos portões de uma grande árvore. Maior do que o tempo, mais poderosa que a vida. Pulsando com a ansiedade de abismar seu ilustre visitante.
Um fino raio de luz escapa por entre a frondosa copa e, encontrando sua armadura, os portões se abrem apenas com o brilho do que jaz ali dentro. O metal tilinta ecoando seu lamento agourento através dos corredores intermináveis.

Floreios artísticos, quadros quase vivos, música palpável, toda sorte de arte povoam os corredores que levam a ela. Um asco crescente invade seu ser e tudo perde a cor, parecendo um borrão cinza no meio de uma aquarela.
Finalmente ela permite que ele a encontre pondo sua sala do trono em seu caminho. Toda aquela demonstração ostensiva deveria servir para dissuadí-lo de qualquer idéia tola. Bastaria para conter seu ímpeto destrutivo.

- Olá minha rainha, obrigado por me receber.

Tomada de sopetão pela súbita demonstração de humildade, ela responde, afiada feito navalha:

- Diga a que veio besta de guerra. O que quer em meus domínios?

- Eu Keenn, o deus da guerra, desejo algo que você vai me dar.

- O que quer que deseje, não terá de mim. Glórienn não se curva a ninguém.

Caminhando pelo salão improvável ele tenta aproximar-se dela. Tão delicada, tão selvagem. A cada instante ele se convencia mais e mais de que ela era perfeita.

- Como sabes rainha, mesmo sendo um deus eu não fui agraciado com o dom da criação. Kallyadranoch, Allihanna, Megalokk, Tu, Wynna, Valkaria. Todos capazes, todos pais. Até mesmo Khalmyr encontrou um meio. Deuses menores puderam e eu falho. Guardo em meu sangue apenas a destruição. Apenas o fim. Agora mesmo enquanto falamos, aquele bucéfalo asqueroso concebe seu povo à sua semelhança. Mas eu não.

Encolhendo o espaço entre eles Keenn pode sentir sua respiração, saber que não está funcionando. E nem esperava que fosse. A pena não estava presente ali e ele adorava isso. Era hora de apelar, apostar tudo e tentá-la.

- Seus filhos foram um dos primeiros seres inteligentes de Arton e perduram até hoje. Sobre tudo e todos. Superiores como raça, rivalizando apenas com as crias de Kallyadranoch. Reis dentre vermes. Mas vim aqui te oferecer mais. Vim lhe propor aliança, cumplicidade. Vim te propor o futuro. Conceba comigo a raça que dominará Arton sobre todas as coisas. Seja minha apenas uma vez e domine comigo eternamente! Posso te fazer mais poderosa que jamais foi!

O céu escureceu como se coberto de luto. No rosto impassível de Glórienn, apenas um esgar de sorriso. Keenn sentia o coração martelar antevendo o que viria. Violência. Ele amava isso.

- Como ousa sugerir que preciso de você pra ser perfeita e dominante? Meus filhos perdurarão para sempre. Estavam lá antes e estarão lá depois. Sou o príncipio e o fim.

Enquanto falava, Keenn tinha a impressão de que cada letra, cada pequeno som transmutava o ambiente e a deusa. O grande salão havia dado espaço a uma planície tempestuosa. As belas vestes de luz moldara-se em algo feito de ira e poder. Em suas mãos, espadas. Em seu olhar, morte.
Keenn estala o pescoço. Em suas mãos uma espada e um machado. Em seu rosto um prazer quase sexual. Olhava ansioso e mal conseguiu falar.

-Eu tentei ser cortês e fazer as coisas do jeito fácil. Mas você não quis. Nããão, a grande dama élfica de merda preferiu ser orgulhosa feito uma cadela. Vou arrebentar essa sua cara linda e foder seu corpo quebrado até você me dar um filho. Aparência de dama, gosto de puta. Eu vou adorar isso miserável.

De repente tempo e espaço deixam de fazer sentido. A cada movimento daquele turbilhão de violência criaturas deixam de existir. Sonhos nascem e morrem. Idéias e possibilidades atravessam os planos em todas as direções. Fúria, ódio, raiva e orgulho mancham a grama. No sim, uma silhueta permanece de pé e sua voz ressoa através da criação.

- Meus filhos nunca se curvarão a você criatura vil. Lutaremos apenas o bom combate e ainda assim, seremos superiores. Nunca realizará suas ambições. Nunca será criador. Eu me lembrarei desse dia por toda a eternindade e meus filhos levarão minha ira até você. Além do tempo, além da morte, além da criação.

Alquebrado, sangrando feito um porco, Keenn reúne forças e cospe, matando uma parte do reino com sua ira.

- Guarde minhas palavras vagabunda. Seus filhos vão queimar.

Com um pensamento Keenn volta pra casa e Werra treme como nunca. Seu plano jamais seria o mesmo. Planos precisam ser traçados e alianças fomentadas. Ele adorava o gosto ferruginoso da vingança.

7 comentários:

Capuccino disse...

FODA!

Aldenor disse...

Hmmmmmmmmmm...
Logo agora que deixei de ser elfo... AFF!!!
Muito bom. Vamos ver!

R-E-N-A-T-O disse...

AHHHHHHHHHHHHHHH!!!

Marins disse...

show!

mas naum gostei de uma fala de keenn..
=p

S i n n e r disse...

Bem senhores, com esse conto inicio minhas intervenções no cenário de Arton. Como podem ver, situarei alguns fatos em datas e contextos distintos afim de preparar o cenário pra nossa trama épica. Vou tentar inserir mais e mais tramas, fatos, atos e pessoas "high level", já que o cenário carece disso.
Tudo o que apresentarei são idéias e vontades próprias e caso os outros mestres desejem saber mais a respeito, estou aberto a discussão.
Espero que tenham gostado porque mais ainda está por vir antes do início propriamente dito da campanha.
Aguardo os históricos e as possíveis mudanças de personas, com seus devidos motivos/histórias.
Abraços e adièu.

PS.: De qual fala não gostou Marins? Posso esclarecer/modificar se possível/plausível. Cya!

Dudu disse...

Nossa...
Mimimi...
Que medo dele...

huauhahuahahu

Show de buela!!

Marins disse...

não achei q Keenn falarai daquela maneira com Glorien...

vulgar demais..