sexta-feira, 1 de julho de 2011

Crônicas Artonianas III: Contra Arsenal #6

Capítulo 6 – A Chama da Força

O fogo crepitava no meio daquele descampado formado por pradarias irregulares. Magnus, o minotauro, comia seu pedaço de carne, momentos finais de suas rações de viagem. Aventureiro há um pouco mais de um ano, agora ele viajava por Namalkah, o Reino dos Cavalos, em busca de alguma civilização para continuar sua busca.
Sua busca pela força.



O enorme salão feito de pedras colossais de mármore acolhia aquela visitante. Cabelos, agora vermelho escarlate, olhos sempre em constante mudança de tonalidade púrpura. À sua frente, um enorme minotauro sem camisa, mostrando músculos poderosos e uma penugem marrom majestosa. Sua cabeça estava envolta em chamas infinitas.
- Os deuses estão reagindo à sua maneira. Ninguém mudará sua natureza por causa de uma reles guerra em Arton.
A voz soava como um trovão. Valkaria fez uma reverência respeitosa. Parecia uma aventureira diante de um rei.
- Não peço que seja contrário à sua vontade natural. Eu entendo as limitações dos deuses – quase uma profanação zombeteira – peço apenas que cumpra o trato do Panteão.
Tauron se ergueu de sua enorme cadeira de mármore. Olhou para Valkaria com inexplicável expressão facial.
- Julga o deus da força um tolo? Achas que não sei de sua disputa com Keenn?
- Sei que andas tendo conversas com Tanna-Toh, sua conselheira – mais sarcasmos na voz.
- Portanto, não espera que eu lhe prefira nesta guerra, espera? Keenn está mais perto de minha ideologia que você. Nada melhor que a guerra para se provar sua força. Será uma grande guerra.
- Eu lhe proponho o desafio. Arsenal possui o Kishin que está em avançada evolução. Nenhum deus está apoiando um lado contrário, um opositor. Ora, o Reinado sequer sabe da existência dessa ameaça. E quando souber certamente Arsenal terá muita vantagem. Quer maior prova de força que superar o desafio de vencer uma guerra começando em desvantagem?
Os olhos de Tauron brilharam. Era o convencimento? O pacto do Panteão seria respeitado. O deus da força enviaria uma força aliada. Pois ele mesmo tinha seus próprios planos para quando a guerra acabar...

***

Magnus era formado soldado em Tapista, vindo de uma família de baixa nobreza. Tentando resgatar o brilho antigo de seu clã, ele quis alcançar um alto posto no exército tapistano. Porém, durante os treinamentos e leituras sobre a história de seu reino, ele percebeu que somente sendo aventureiro poderia experimentar os perigos da vida, conhecer tudo o que Arton pudesse oferecer e testar sua enorme força contra adversários poderosos. Adquirir riqueza, voltar cheio de glórias para Tapista e assim, ser um general.
Depois que saiu de Tapista, ele conheceu Petrynia, o Reino das Histórias Fantásticas onde ajudou um grupo de aventureiros a recuperar uma ânfora mágica para uma igreja de Tanna-Toh. Enfrentou kobolds e um ogro poderoso no final, para somente então descobrir que o verdadeiro vilão era um feiticeiro com escamas draconianas que acabou fugindo.
Tendo findado a aventura, viajou com seu grupelho, um humano ranger chamado Alain Warblade, um feiticeiro do fogo humano chamado Nathan. O mais inusitado, na verdade era Liam Conner, um clérigo de Valkaria, uma deusa pouco conhecida que parecia ser charlatã, pois não concedia poderes concedidos e nem magias aos devotos.
Aproveitando a fama de seu povo como excelentes navegadores, Magnus liderou um navio com seu grupo até Ahlen. Lá, sofreram bastante. Estrangeiros e com um não-humano, eles não conseguiam comprar provisões ou outros recursos. Nem contratos. Acabaram se tornando peões no jogo dos nobres. Foram acusados de assassinar um nobre e foram caçados como criminosos. Demoraram muito para fugir e chegar às Uivantes.
O Reino do Gelo recebeu o grupo com hostilidade, um inverno rigoroso, mas graças aos conhecimentos dos ermos, Alain soube manter o grupo vivo. Chegaram a alguma vila bárbara de homens valorosos, guerreiros do gelo. E receberam a missão de resgatar o xamã que fora capturado. Enfrentaram um gigante e um povo bárbaro maligno que escravizava quem pudesse. Ali, Magnus foi confrontado pela primeira vez: escravidão era uma atividade maligna ou não?
Magnus explicou que muitos escravos tinham mais liberdade que muitos povos do Reinado que viviam sob o risco de perder a vida a qualquer momento, seja de fome, seja por ataque de monstros errantes. Mas os escravos não eram maltratados como aqueles bárbaros malignos faziam.
Resgatando o xamã, decidiram por conhecer Valkaria. Mas o destino lhes foi mais cruel.
O grupo acabou sendo vítima de manobras mesquinhas e engenhosas do feiticeiro com escamas de dragão. A vingança daquele feiticeiro de Petrynia acabou matando todos, exceto Magnus. O vigor físico do minotauro o fez resistir à fome e aos ferimentos diários que o grupo era infligido ao longo das semanas preso.
Antes de morrer, o grupo acabou salvo pelos Patrulheiros da Deusa, a ordem de cavalaria de Valkaria. Estavam no território de Deheon. Magnus ficou amargurado. Falhou em proteger seus amigos, claramente mais fracos no vigor físico, e perdeu a vontade de conhecer Valkaria. Viajou para o norte, onde recebeu contratos pontuais para matar monstros que assolavam vilas. Quando se deu por si, estava em Namalkah.

***

O homem de pele negra, sem pêlos pelo corpo, agora trajava um camisão de cota de malhas. Sua arma agora era um machado grande. Sua predileção por armas de duas mãos evidenciava sua sede de sangue. Ele prostrava-se perante a figura que brilhava à sua frente com sua armadura completa e elmo fechado.
- SUA TAREFA FOI CONCLUÍDA COM ÊXITO, SERVO.
- Perdoe-me, mestre, perdoe-me por morrer.
- A MORTE É APENAS UM PEQUENO INCÔMODO, SERVO. JÁ TENHO OUTRA MISSÃO PARA VOCÊ. DESSA VEZ, MATENHA-SE VIVO.
- Sim, meu mestre. Mas devo fugir para manter minha vida?
Aquele homem que fora o único sobrevivente da destruição de seu mundo pela guerra desferiu-lhe um safanão poderoso. O homem de pele negra voou metros. A força era de um gigante.
- OUSE FUGIR E MEU PRÓXIMO GOLPE SERÁ FATAL. SE NÃO ENCONTRAR MEIOS PARA A VITÓRIA, CRIE OS MEIOS.
Depois daquele encontro, o homem de pele negra foi embora em viagem. Sua nova missão jazia em terras de imensidão plana e verdejante. Descobriu uma pequena colina onde havia uma caverna e acampamento de um bando de centauros...

Um comentário:

Anônimo disse...

HAHA! Tenho um minotauro samurai chamado Magnus.. igual o da foto e com cabeça de gnu. O.o