sexta-feira, 4 de abril de 2008

Crônicas Artonianas #4 - Chuvas e Tristezas


Azgher brilhava no céu sem competir com nuvens. No Reino-Arquipélago era mais um início de primavera. O florescimento da natureza em comunhão com o povo de pele moreno-acizentada revelavam uma sintonia rara entre os povos civilizados do Reinado. Civilizados, porque o khubariano não era bárbaro como o resto do continente do norte antes da Colonização.

Em sua casa rústica, simples cabana de palha, bambu, folhas e troncos de palmeira. Kuala-Lampur era um guerreiro feliz com sua família, sua comunidade. Como todo homem, era versado nas artes do combate com lança, apesar de ter possuído um treinamento específico maior com este tipo de arma. Mas ele nunca gostou de lutar como os jovens impulsivos e cheios de si, de sua comunidade. A paz lhe era bastante agradável e pescar o ajudava a encontrá-la. Estava carregando uma rede com muitos peixes para o grande banquete que haveria. Keilana Peni, sua irmã, que tinha visto apenas seis primaveras como esta, presenciaria pela primeira vez os festeijos de sua vila. Ela foi de encontro a seu querido irmão para abraçá-lo e ajudá-lo com a rede. Corria com um sorriso largo no rosto.

O abraço jamais ocorrera.

O céu se fechou, Azgher agora jazia escondido entre muitas nuvens vermelhas... Kuala-Lampur sentiu um frio na espinha. Um sentimento de perda o abatera e enchera de lágrimas o seus olhos. Precisava encontrar sua irmã. E então, choveu sangue. Choveu morte. Criaturas ocultas por sombras enegrecidas impediam ou contribuiam para o menor vislumbre de suas formas. As pessoas, seus pais, seus amigos, os sábios, os guerreiros da comunidade, todos abatidos pela morte que caia com a chuva na forma dessas criaturas. As casas queimando. Os terrenos destruídos. A vida marinha se despedaçando. Era o horror. Era o fim de Khubar.

Impelido por sua coragem interior, Kuala encontrou forças para se concentrar em sua irmã. Mas ela não estava mais lá. Correndo, esquivando-se da morte, o guerreiro buscou por sua irmã. Algo dizia, em seu coração, para manter as esperanças.

Tudo em vão. Lá estava ela, com um sorriso inocente no rosto, de mãos dadas a um homem alto de rosto indecifrável.

***

O chão era frio e duro e a chuva tornava o clima úmido, trazendo-lhe tristeza. O descampado das planícies do continente revelava no horizonte o nascimento de mais um dia de Azgher. Kuala-Lampur acordara mais uma vez para mais um dia de viagem até a cidade da grande estátua. Foi um sonho, dos mais estranhos que já tivera. Sua irmã fora raptada por um navio. Esta era a realidade. Devia se ater a ela. Ele buscava donos de navios. Na cidade da grande estátua ele encontraria. E também, muito mais do que gostaria...

3 comentários:

R-E-N-A-T-O disse...

:~~

Caralho! A Tormenta! UAHIUAHIAUH
Fudeu mané!

gostei, tava na hora do Kuala-Lampur aparecer... =D

Aldenor disse...

Horror! Horror! Horror! Preparem-se para ficar loucos!

Marins disse...

=p