sábado, 25 de junho de 2011

Crônicas Artonianas III: Contra Arsenal #4

Capítulo 4 – A Aventura da Guerra

O chão era árido, duro e cheio de rachaduras. Dois exércitos eram bem distinguíveis, ainda que ramificados por milhares de bandeiras de vassalos diferentes. De um lado, os soldados de Keenn. Do outro, aventureiros de Valkaria.
O choque dos dois exércitos infinitos causou enorme estrago e destruição naquele plano de batalhas. Aquela realidade era o que se chamava de ponto de interseção entre o Reino Divino de Valkaria e de Keenn. Os deuses, entretanto, não estavam no meio do conflito.



- Somente assim para se ter uma audiência com você? – dizia ela, cabelos revoltosos, olhos que mudavam de cor aleatoriamente.
- E no final, nós dois combateremos, rainha dos aventureiros – riu ele, todo armadura e músculos.
- Não sou a rainha deles. Sou um deles.
- Então durará tanto quanto eles.
Armas começavam a surgir à volta daqueles dois deuses. Keenn já analisava qual seria a mais adequada para aquele confronto.
- Veio aqui para dizer que meu sumo-sacerdote conversou com você sobre nossa não interferência?
- Não. Vim aqui para avisar que entendo seu plano de conseguir influência. Você confia em Arsenal. Mesmo que ele o trate como um igual, você o trata como ferramenta para conseguir seu objetivo.
- Ah é? E qual seria meu objetivo, “aventureira”?
- A liderança do Panteão.
Keenn pegou uma lança de ponta larga e lembrou de um certo khubariano que ainda era um pescador.
- Não pode estar mais errada sobre meu objetivo. Mas acertou quanto à minha relação com meu sumo-sacerdote. Desejo crescer minha influência. Desejo a guerra absoluta em Arton. Mas não desejo a liderança do Panteão, necessariamente. Desejo colocá-lo em guerra.
O sorriso e excitação de Keenn fizeram com que seu exército começasse a lutar com mais violência, selvageria. Seus soldados agora eram bárbaros frenéticos. Guardou a lança e pegou uma cimitarra flamejante e lembrou de uma certa clériga de Azgher de cabelos de cobra.
- Arsenal me perguntou – continuou ela, entre rangido de dentes – se não iríamos tentar parar sua ação contra o Reinado. Eu disse que não. Não diretamente. Nós sempre agimos dessa forma, indiretamente. Dando pequenos empurrões. Afinal, o mundo é deles, dos artonianos. Eles decidem.
- Uma sábia escolha. – disse, deixando a cimitarra e pegando uma adaga com lâmina curvada, lembrando de um certo nobre de Ahlen.
Valkaria fez que não entendeu. Por que ele concordaria?
- Arsenal para mim é uma ferramenta para meu objetivo. Mas não pense que ele é a única ferramenta. Eu sei o que você fez, Valkaria. Eu sei que tentará impedir Arsenal com um grupo de aventureiros. Tão previsível. – ela irritou-se novamente – Lembre-se que sou o deus da guerra. Estratégia é uma de minhas especializações.
- Não importa a quantidade de aliados que você criará para Arsenal. Os aventureiros irão impedi-lo mesmo assim. O Reinado vencerá.
- Você não está entendendo, Valkaria. Eu crio a guerra. Estou forjando um adversário para Arsenal também. E este será o derradeiro teste para ele. E você, por incrível que pareça, está sendo usada para isso. Está sendo minha aliada.
Ele riu.
Valkaria enxergou a verdade. Não importasse como, os planos de Arsenal fizeram Keenn estar numa posição privilegiada. Agora, mais uma vez, o destino não somente de Arton, mas dos deuses, estava nas mãos daqueles aventureiros.
Ela sorriu de volta. Ambos se chocaram com armas em punho. O vencedor? Só o tempo dirá quem será.

Um comentário:

R-E-N-A-T-O disse...

Saudades de um certo Khubariano... Bom post, gostei.