sábado, 2 de maio de 2009

Aurora Carmesim - Prólogos, parte 10


Ano 633

A realidade tremeu e agonizou.
Por todo o plano abriam-se portais que vomitavam criaturas dos mais variados tipos. O céu escurecia com a sombra de suas formas e o ar movia-se furiosamente pelo movimento de seus corpos. Monstros, animais, humanos, anões, elfos, titãs, vivos ou mortos, colossais ou mínimos.
A vibração de seus passos derrubava montanhas e seus gritos de guerra eram uma cacofonia hedionda.
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E os habitantes daquela realidade conheceram o terror.
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Sobre eles figuras maiores que a vida cavalgavam as estrelas. Os escolhidos varreram terras e mares matando e destruindo tudo que era possível, tudo que estava ao alcance. Os deuses decretavam a morte de idéias, coisas, criaturas e crenças, abalavam a estrutura que mantinha o universo coeso. Vieram pra matar, destruir e apagar.
Era o fim.
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Iniciado o ataque, Valkaria estava em júbilo. Sua maior conquista ao alcance de suas mãos. Arrebatar o panteão, subjugar os deuses, tomar o poder. Trouxera milhares dos mais fortes apenas pra distrair seus irmãos. Sua ânsia por conquistar tomava o coração de todos. Desafio, ganhos, glórias. Todos lutavam pelo prazer inebriante de vencer. De ambicionar e conseguir.
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Mas apenas ela poderia abatê-los, apenas ela poderia feri-los, apenas ela poderia desafiá-los. Ainda não fazia idéia do que eles tramavam ali, mas o desafio em si bastava a ela. Esqueceu a lógica e seguiu para a batalha como combinado decidida a conquistar o último prêmio.
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Tillian, como sempre, assistia a tudo de uma distância segura. Não era um deus guerreiro, apesar de todos guerrearem melhor em sua presença. Novas táticas eram boladas, as mais variadas artimanhas surgiam e cada golpe era inesperado e imprevisível. Focando sua atenção no círculo, no centro do mar de criaturas, ele notou o ardil apenas um instante antes de acontecer. Não havia chance de enfrentar o panteão unido.
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Não existiam meios de enganar o deus da verdade, de surpreender o deus da profecia, de superar a deusa da sabedoria. Um a um, os aspectos envolvidos o atingiram como pedras e ele entendeu que fora tolo. Quaisquer vontades, quaisquer idéias, quaisquer ações apontavam para um ou outro deus. Por isso eram tão fortes. Por isso existiam antes mesmo de haver realidade. Eles alimentavam a si próprios e apenas por ser, davam poder aos irmãos.
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Dobrou-se em agonia, não por entender, mas por perder. Sentiu sua criação, seu bebê, sua melhor idéia, morrer. Sofreu milhões de dores, morreu bilhões de mortes diferentes, sentiu todo o terror da ira dos deuses. Sua criação era exterminada e eles nada poderiam fazer senão atacar, revidar, retribuir.
O engodo do panteão funcionara.
No instante em que o trio decidiu atacar, foram derrotados.
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Em sua cela, Niebling tinha um mau pressentimento. Passara dois dias enclausurado e ninguém viera vê-lo. Não compreendera o motivo de sua captura, mas começava a resignar-se de sua situação calamitosa. Não lhe faltava nada. Tinha farta comida, que renovava-se sempre que estava com a atenção voltada a outra coisa, ambiente com temperatura amena, cama quente. Era cativo, mas não prisioneiro. Sentia uma angústia enorme por seus filhos e esposa, deixados em casa pelos seus captores. Algo lhe apertava o coração e ele não conseguia processar o sentimento.
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A porta abriu-se com um rangido, arrancando-lhe de seus devaneios. Dois dias. Finalmente enfrentaria seu captor e poria fim à boa parte de suas dúvidas. Levantou-se reunindo toda dignidade que conseguiu e caminhou em direção às sombras do corredor revelado pela porta aberta. Seus passos ecoavam através das paredes de pedra trabalhada. Fora uma longa caminhada, acompanhada apenas pela luz das tochas e pelo som do vento em seus ouvidos. Não conseguiu contabilizar o tempo que levou pra ver o fim do caminho. O corredor terminava numa porta e essa era iluminada fortemente por alguma fonte advinda do interior.
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Estava num amplo salão e um portal elíptico, alaranjado, dominava todo o ambiente. De fronte a ele, um pedestal de ouro trabalhado em arabescos, coberto de imagens de pássaros, mantinha em sua extremidade superior um pergaminho enrolado seguro por algo como uma garra de ave de rapina. Ao aproximar-se do objeto, a garra moveu-se sozinha, liberando o pergaminho que dizia em escrita rebuscada: “Estás livre. Atravesse o portal e siga seu caminho.”
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Niebling amassou o pergaminho e atirou-o ao chão. Nada mais importava já que estava livre. Deu um passo em direção ao grande disco e chamas líquidas o envolveram.
Estava livre.
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Eles não puderam suportar o que fizeram.
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Após o frenesi de sangue, em que destruir e matar eram os únicos verbos conjugados, uma onda de repúdio e agonia inundou os espíritos dos deuses e encharcou toda a realidade morta. Com um gesto simples, todos que foram trazidos para o massacre voltaram a seus lugares de origem com nada além de impressões do havia acontecido. Mortais não suportariam o fardo do pesar.
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Em comunicação silenciosa todos assentiram para o próximo passo. Voltar a Arton e punir os revoltosos. Essa realidade não sobreviveria sem o auxílio do trio.
Foram-se da mesma maneira que vieram. Impassíveis. Inalcançáveis. Deixando apenas morte e pesar atrás de si.
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Terror. Medo. Angústia. Desespero.
A isso ficara reduzida a realidade dos três. Ninguém soube quando começou nem quem foi o primeiro a mudar. Mas aconteceu.
Uma criança nasceu diferente. Logo, mutações. Outra e outra, num ritmo frenético. Os poucos que restaram ali já não eram como antes, como foram concebidos. Mudaram, impactados pelos sentimentos dos deuses, em todo o seu poder. Sem contenções, sem resguardo, sem cuidado.
Tudo o que se passou pelos corações e espíritos dos deuses invasores deixaram marcas. Impressões em coisas e sobreviventes. E eles mudaram.
E não foi pra melhor.

28 comentários:

S i n n e r disse...

Olla senhores.
Depois de alguns problemas escrevendo posts direto na caixa do blogger, resolvi redigí-los no word e transportá-los para o blogger via "Crtl+C, Crtl+V".
Com isso consegui um novo problema. A formatação que eu desejo nunca é repseitada pelo fuckin' blogger. Mesmo editando na caixa, quando eu faço o upload, perco tudo. Totalmente irritante. Por isso os pontos entre as frases.
De qualquer jeito, mais um capítulo conforme prometido. Se tudo der certo, posto mais um ainda hoje.
Comentem/perguntem/protestem que eu respondo aqui.
Abraços e adièau.

R-E-N-A-T-O disse...

O conto da condenação de Valkaria é maneiro, está no livro libertação e o da condenação de Kallyadranoch no Panteão. Pq nunca fizeram o de Tillian? Uma pena né?
Ficou bom esse conto tb... Serão quantos no total?

S i n n e r disse...

Bem, essa é uma dúvida que compartilho com você. Na verdade, duas dúvidas. A primeira é porque nunca fizeram um conto com Tillian. Suspeito que eles esperavam que com os próximos lançamentos do universo D&D, o gnomo fosse mais valorizado e se tornasse mais popular. Com isso mantiveram o deus em Stand-by enquanto analisaram os rumos futuros. Com a retirada do gnomo do livro básico, é possível que eles tragam Tillian de volta, pra diferenciar o universo do D&D vigente (como aconteceu em face ao 3.0/3.5, que continha o gnomo).
Já a quantidade de contos que pretendo escrever, é uma incógnita pra mim ainda. Não tenho muito mais a dizer sobre essa época e pretendo agora pontuar informações e elementos em eventos e datas distintas, além de inserir algumas coisas no background dos livros do Caldela.
Projeto algo em torno de uns 20 contos.
Sei que está cansativo pros leitores mas comprometo-me a ser mais suscinto e breve nos próximos capítulos.
Abraços e adièau

Marins disse...

nem tá cansativo, fique tranquilo.

existe titã?

mas tá foda o feriado... ptz

Dudu disse...

Noossa! Ta foda demais, li tres de uma vez só!
Pimba! Ta mandando déniel!
Cheguei a ter ereções!!
PEI! uhauhahahua

Ta foda, so entro na internet do estágio agora, e é foda ficar lendo aqui... To com coisa pra cacete pra fazer, pq os filhos da puta da petrobras so enrolam!
HuahUHauHUahUHA!

E com a UFF ainda, to me enrolando todo... Mas, vamo vê nu que vai dá!

Mas ta bom por demais, por mim podia ter 50 capitulos!

Aldenor disse...

"E não foi para melhor"

Foi pra MUITO MELHOR
ahuahuauhahuauhauhhaa

Tá maneiro, tá maneiro.
Mas domingo agora rolará jogo? Se Daniel não estiver, rola Crônicas?

Marins disse...

domingo é dia das mães

R-E-N-A-T-O disse...

Domingo é dia das mães [2]

Eu tenho mãe. Queria jogar sábado, mas todos tem outros grupos. aff.

S i n n e r disse...

Ao contrário das expectativas, devo estar quinta (07/05) ou sexta (08/05) em casa. Com isso, poderia jogar num eventual jogo sábado. Mal tenho um grupo (considerando que passo sempre dois jogos fora), e com isso posso jogar sempre que estiver em terra. Menos esse domingo, que é dia das mães [3].
Obrigado pelos elogios, hoje novo capítulo dos prólogos.
Abraços e adièau.

Aldenor disse...

Mandei SMS pra todos que eu sabia que estariam em NIteroi pra jogar (por isso, não mandei pra Daniel), mas Marinho já disse de antemão que não poderá jogar sábado.
Portanto, acredito que será mais uma semana sem jogo...

Marins disse...

vero, acho que duas provas são suficientes para não ter jogo...
já que finds passado não teve pq teve jogo do flamengo a tarde e por isso não teve jogo de manhã...

alguem me explica a logica disso?

Marins disse...

e com relação a outros grupos... nossa eu não jogo a 1 ano com um deles e com o outro já temos 2 meses parado...

=/

R-E-N-A-T-O disse...

Marins, seu amigo q foi no dia do cinema que disse q vcs teriam jogo sábado. E Aldenor é sabido q joga com o conselho aos sábados. Por isso fiz o comentário.
Sacou?
Aora, não dá, paciência né. Fica pra outro dia.

Aldenor disse...

Ninguém questionou os motivos (que não interessam) de tu não poder sábado. Assim como ninguém questionou os meus.

S i n n e r disse...

Bem senhores, tal discussão não leva a porra de lugar nenhum...
Como avisei (caso Aldie não tenha visto), eu ESTAREI em Niterói no fim de semana. Com isso, a falta de UM jogador não impede a ocorrência de jogo. Ou por acaso MAIS ALGUÉM não poderia jogar no sábado.
Se a falta do jogador se dá por motivo TORPE, sempre fui da filosofia de que o jogo aconteça sem ele e FODA-SE o que ele perder (já mestrei mais de uma vez pra quatro jogadores, às vezes três), quem ganha é o GRUPO (leia-se motivo torpe jogo de futebol de quem quer que seja, sono excessivo, compromissos adquiridos no dia anterior, ressaca e afins).
Com isso, pra PARAR de vez com a viadagem, mandem SMS pra quem for de interesse (algo que eu fafrei hoje de qualquer jeito, assim que chegar em terra) e caso TODOS OS OUTROS possam à excessão de um ou dois, jogamos e FODA-SE o que cada um acha ok?
Quanto ao jogo, temos 6345245 ativas e mais duas engatilhadas. Isso NÃO SERÁ problema.

Dudu disse...

Eu posso.

R-E-N-A-T-O disse...

Eu posso.

Aldenor disse...

Eu posso.

E eu acho prova um motivo torpe.
Flamengo é maior do que RPG. Se não há respeito a isso, as coisas ficam difíceis.

S i n n e r disse...

So be it.

Capuccino disse...

As provas parecem estar terminando, ou pelo menos estao sendo atrasadas =p

Li os dois textos, mais uma vez parabens pela criativade Daniel ^^
Só nao entendi mt bem qual q é a de Szzass. Enfim.
Quanto a jogar sabado, tudo depende. Meu avó esta mal e nao sei se no sabado irei visita-lo. De todo modo, no sabado à noite eu teria compromisso tmb.
Tudo depende, ainda nao conversei com meu pai sobre ir la no sabado (seria de manhã)
Quanto a discussão iniciada: concordo com Daniel. Se um ou dois nao podem, ignorem os respectivos personagens!
Jogamos pra nos divertir gente! Isso nao é um romance em que tem que se primar a coerência textual, de maneira que se sumisse um jogador comprometeria a credibilidade do texto.
Simplesmente ignorem o persona! Conseguimos imaginar dragões, nao podemos fazer isso?
Enfim. Se nao der pra jogar essa semana, nao deu, paciência.

Bom, ao q é ou nao motivo torpe, nao cabe a nenhum de nós julgar o que fazemos com nossa vida ou com nosso dinheiro.
Se aldi gostar de ir no maraca, td bem, o gosto é dele, o dinheiro é dele, nao temos nada, NADA, a ver com isso.
Se marins tem outro grupo, e quer jogar com ele, idem. Ele tem a faculdade de fazer o que quer e tmb nao temos que ficar julgando o que cada um faz da vida. Eu mesmo tenho mais 2 ou 3 grupos.
O que temos que fazer é amadurecer certas idéias e respeitar os gostos de cada um.
Flw (perdoem minha a ausência)

Capuccino disse...

Li mais comentários, por isso o SPAM.

Provas, efetivamente, não sao um motivo torpe Aldi.
Talvez (eu nao quero lhe ofender) vc nao compreenda como é dificil trabalhar e estudar. A meu exemplo, eu acordo às 5, saio às 6 da manhã e so volto as 6 da noite pra ksa.
Pra vc pode ser um motivo torpe, mas concerteza o é porque vc tem mais tempo que eu e marins.

R-E-N-A-T-O disse...

Whatever, vai ter a porra do jogo ou não vai? Pq se não tiver quero resolver minha vida!

PS: Que assunto idiota. Flamengo e provas de cu é rola. Cada um sabe sua prioridade.

Aldenor disse...

Só pq não tenho dificuldades em estudar e fazer provas não quer dizer que eu vá valorizar menos quando outros têm dificuldade. Só estou dizendo que ninguém aqui é o dono da verdade pra falar que prova é mais importante que o jogo do Mengão.
Cada um sabe sua prioridade. [2]
Então que não haja julgamento sobre "motivos torpes". Se faltar mais de um, nao rola jogo, seja o motivo do faltante "torpe" ou não. Oras porras.
Falta Digow comentar se poderá ou não.
Caputo, tu sabe quando poderá dar a resposta se poderá jogar ou não?

Capuccino disse...

Ainda estou em Stand by aqui...
Tudo está incerto. Ligo pro c a noite aldi, pra lhe dar uma resposta.

Marins disse...

Luacs tava sonhando com jogo sabado, bem como jogo nesse sabado..

como disse não rolou jogo naquele sabado, rolou uma reunião com aluns amigos a noite

Aldenor disse...

Ok, alguém tem que falar com Digow se não, não adiantará nada caputo poder.

S i n n e r disse...

Se Digow não puder, iniciamos epic ou continuamos Extincition.
Fodam-se as ausências. To a muito tempo demais sem jogar e nós podemos arranjar um jogo em que os faltantes não façam falta.
Ligo pra todos à meia noite pra confirmar.

Dudu disse...

Tem ou não jogo afinal?