quarta-feira, 29 de abril de 2009

Aurora Carmesim - Prólogos, parte 8


Ano 632

Reunidos, os três exultavam de seus progressos. Em alguns meses seu ataque havia praticamente dobrado o panteão. O caos estava se espalhando e separados como estavam, nunca poderiam lhes fazer frente.

Atacavam igrejas, templos e cultos com a inteligência de Tillian e a astúcia de Valkaria. E, além disso, os humanos eram uma excelente maça de manobra, pensava Kallyadranoch. Nasciam e cresciam rapidamente, eram extremamente adaptáveis e tinham um enorme potencial para o bem e para o mal. Viva a ambição.

Reunidos no maior templo da maior cidade de seu universo inventado, os três pensavam no próximo passo. O que viria agora? Quando poderiam efetuar o ataque final e abalar de uma vez as estruturas de poder?

Sabiam que seu segredo não durara muito tempo após o início dos ataques. O panteão sabia deste lugar, mesmo que sem poder e com problemas demais pra vir até aqui. Ao redor da mesa redonda, Tillian desfiava idéias e conjecturas sobre como atacar os deuses restantes. Ele já planejara incursões aos planos de meia dúzia de divindades e nunca perdera mais que algumas vidas. Valkaria fitava o horizonte distante, indagando-se o que mais teria que conquistar em sua escalada ao topo, seria desafiadoramente mortal. Kallyadranoch olhava os dois com uma expressão divertida. Poderia destruí-los aqui mesmo, nesse local, se fosse proveitoso em sua busca. O poder máximo. A liderança do panteão e o jugo sobre Arton.

Com interesse renovado, Tillian viu a expressão do deus dos dragões mudar quase que instantaneamente. Empertigou-se na cadeira ao notar o que se formava ali. Um misto de júbilo e apreensão. Algo lhe ocorrera e seu sorriso reptiliano rasgava-lhe a face nesse momento.

- Eles darão a cartada final. Nunca imaginei que Khalmyr fosse chegar a esse extremo. Parece que causamos mais danos do que imaginei. Sonhei com esse momento por eras, o momento em que ele faria o ritual. A chance de ter tudo, de conquistar tudo, de descobrir tudo, chegou.
-----------------------------------------------------------------

Não era um plano simples. Ou fácil. Ou até mesmo inteligível, para alguns. Mas seria feito. A maior mente que existia o havia concebido. E depois de todos os cálculos e discussões, ele tinha forma. Todos colaboraram com informações e impressões sobre os três envolvidos. O que os move, o que lhes importa, como pensam, o que desejam. Tudo era um emaranhado quase palpável de idéias e lembranças. E sua função havia sido juntar tudo e depois elaborar um contra-ataque.

Ter Tannna-Toh tramando contra qualquer coisa não era uma boa idéia. Nesse momento, trabalhando a plenos poderes, ela notara isso com a mesma certeza que alguns dos outros deuses presentes. “Isso é algo a se trabalhar” – escondeu a nota nos recantos de sua mente. Enfim, falou, sopesando cada palavra:

- Quase tudo se encaixa agora – mostrando um poliedro brilhante quase completo formado de todas as coisas ditas e pensadas no recinto, que flutuava a menos de alguns centímetros da superfície da mesa – menos como fazer o réptil sair da toca. Todos sabem que o que rege sua natureza é a busca incessante por poder. Ele já tem poder sobre uma dimensão, sobre outros deuses e sobre nós, mesmo que limitadamente. Arton está dançando, na ponta de suas garras, pronta pra ser abatida. O que mais ele poderia querer?

A discussão retornara acalorada. Todos conjecturavam ferozmente sobre as mais variadas idéias. Dois se mantinham num silêncio contrastante. A figura idosa fitou o cavaleiro armadurado. Sua expressão era mais que transparente, na interpretação do cavaleiro. “Diga a eles. Chega de segredos” esbravejava ela sem dizer uma única palavra.

Mesmo sem necessitar, Khalmyr respirou fundo. Era um gesto mortal que o agradava imensamente. Podia significar quase tudo, desde impaciência até empáfia. Mas no geral, sugeria a tomada de uma decisão difícil.

- Eu sei o que pode tentá-lo. A todos eles, na verdade. Conheço toda a verdade sobre cada um dos deuses e com eles não é diferente. Posso oferecer algo irrecusável a cada um de vocês da mesma maneira que negar-lhes seu aspecto mais forte. Não esperava recorrer a tal impropério, mas não posso permitir que mortais sejam assassinados em vão, que famílias percam tudo o que construíram durante toda uma vida, que Arton sofra pela ambição de rebeldes. Não há justiça nessa atitude.

Levantou-se quase que inconscientemente, todos os olhares o seguiam hipnotizados. Aqui era onipotente. Onisciente. Onipresente. Era seu plano, mesmo que o tribunal fosse um lugar neutro. Atravessou a distância entre sua ponta da mesa e a figura idosa. Fitou cada olhar enquanto caminhava e sua realidade pareceu congelar durante o trajeto.

- Eis aqui a ruína dos deuses – um livro esfarrapado materializou-se em sua mão. Abrindo-o no ponto exato, o poliedro se completou. A expressão de Tanna-Toh se iluminou com o poder daquele novo conhecimento.

Com tudo dito, confirmado e discutido. Havia o grande plano.
E Thyatis soube que não perderiam.

8 comentários:

Marins disse...

E Sszzass nisso tudo?

Capuccino disse...

Esse livro foi escrito por Tildror himself!!

É uma cilada bino!!!


Pergunto:
Qnd sai o próximo? :D

R-E-N-A-T-O disse...

Caracaaaaaaaaaaaaaaaaa!
O que é esse livro????
*_*

Capuccino disse...

Comentário sério.


To gostando do que leio, principalmente do enfoque em Khalmyr.
Acho em arton que o deus q era pra ser o mais importante de todos é jogado pra escanteio.

Enfim, congratz!
Bom, pergunta:
Glórien tá participando dessas discussões e tal? Ou tal concentrada na porradaria em Lamnor?
E Nimb? com o caos se espalhando pelo panteão, qual é sua decisão a respeito disso? Bom, como na historia, c nao me engano, ele apoia o panteão contra os revoltosos.. Só que pq ele ajudaria a reestabelecer a ordem?

Vlw!

Marins disse...

eu fiz algo assim... tinha um livro, um artefato... mas vocês não conseguiram fazer muita coisa... mudaram de jogo antes deu mostrar as coisas...

engraçado issi

S i n n e r disse...

Obrigado senhores.
Eu postaria todo o capítulo ontem, porém ficou deveras grande e eu resolvi cortá-lo em dois pedaços. Com isso acabei também revisando o texto e mudando/acrescentando/implementando algumas coisas.
Todos os deuses estão presentes nas discussões, incluse o senhor do caos - que apesar do nome, também sente sua existência ameaçada pela revolta dos três -, a dama élfica - que agora concentra os esforços no próximo passo do plano - e o lorde da traição - que também terá seu papel no grande plano.
Não subestimem o pobre "storyteller", não esqueci de ninguém (feito Papas Noélicus).
Ao contrário do que acha gafanhoto Caputesco, Khalmyr não é relegado a escanteio (a não ser talvez em alguns jogos nossos).
Amanhã a noite, mais um capítulo de Auroram Carmesim.
É guerra. Pelo mundo.
Abraços e adièau

Capuccino disse...

Gafanhoto Caputesco ! AHuAhAUAHUhAUHAU

Sempre tive essa impressao sobre tio justo.

Enfim =)





PS: gafanhoto é o kralho!=p

Aldenor disse...

Vc sempre teve essa impressão pq é um bicho caótico!