sexta-feira, 24 de abril de 2009

Aurora Carmesim - Prólogos, parte 6


Ano 632

Sentado em seu trono, ele sente. Uma dor tão alienígena que mal consegue processar no primeiro momento. Dobrando-se sobre o estômago ele cospe sangue divino no chão. Sete gotas. Impossível. O que estava acontecendo?
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Correndo através do seu grande jardim, a árvore se aproxima. Uma infante, serelepe em seus passos, sorri para o mundo. Seu mundo. Fervilhante de vida em cada milímetro.
Estacando, ela arregala os olhos já mareados. Progressivamente a grande árvore começa a secar. Dos ramos mais frágeis aos galhos mais grossos. A vida estava morrendo.
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Um a um os deuses sentem o mesmo desequilíbrio, o mesmo incômodo. Seus filhos, seus devotos, estavam morrendo. A fonte primária de sua força, de seu extenso poder, estava se esvaindo sob seus narizes.
Em polvorosa, cada um age à sua maneira. Espionagem, lutas, resistência. Mortais matando mortais, por fé.
Quem seria o arquiteto por trás de tais atos? Quem tramara contra os deuses?
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Sob seu escrutínio, suas anotações revelavam algo muito maior do que um futuro negro para Arton. Havia sim algo mais movendo-se em silêncio, tramando contra o panteão.
Era hora sair da inércia. Um passo deveras arriscado, que poderia resultar na destruição mútua dos deuses. Porém, à luz dos novos fatos, não agir condenaria ela mesma e a todos os outros. Khalmyr precisava saber. Convocaria o conselho.
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Sentados à mesa, os dezesseis rostos fitavam o líder. As três ausências antes questionáveis agora estavam mais do que explicadas. Tudo o que fora dito, provado e mostrado por Tanna-Toh era estarrecedor demais. Tamanha ousadia não econtraria o perdão dos deuses. Se era uma guerra que os três desejavam, uma guerra teriam.

- Nesse momento irmãos, o estratagema fica límpido ante nossos olhos. Derrubar o panteão antes que agíssemos contra a cria dos três. Com o poder dessa nova criação, eles se fortaleceram o suficiente para ambicionar esta realidade e nos forçar a aceitar sua cria perversa. Agora, nossos filhos morrem em Arton. Nossos fiéis, nossos escolhidos, nossos devotos, todos perecem sob o ataque dos três. Trouxeram a guerra a nós sem aviso, sem justiça, sem possibilidade de reação. Caso a mãe da palavra não agisse, logo estaríamos por demais debilitados para tentar uma reação. É hora de reagir.

Um burburinho inrrompe entre os convivas. Como reagir? Como organizar uma reação a algo que teria sido tramado por centenas de anos? Como agir como um? Havia muito ego em jogo. O líder poderia sim convocar à guerra. Mas como atacar cada mortal, individualmente, de acordo com sua crença?

Era diferente de impedir que Kallyadranoch dominasse a realidade. De destruir suas crias, como fora feito milhões de anos antes. Era preciso um plano mais elaborado. Mas o tempo estava contra eles.
Pesando sua decisão, Khalmyr hesita. Pela primeira vez desde que assumira a liderança do Panteão, temia por sua escolha. Estava ciente dos riscos existentes. Revanche, retaliação, desonra, mesquinharia. Porém, achava que cada divindade estaria mais preocupada em salvaguardar seus próprios fiéis a atacar outras. Estava consumado.

- Não vejo outra alternativa irmãos. Tempos difíceis exigem medidas extremas. Concedo aqui um salvo-conduto a cada divindade presente, para que lute contra as forças dos três durante o tempo que for necessário. Cada um tem minha permissão para salvaguardar seus fiéis da maneira que achar necessário, utilizando dos meios que julgarem convenientes. Qualquer ato diferente desse propósito será sumariamente julgado e punido por mim, pessoalmente. Agora vão e ajam. Seu futuro depende apenas de seus esforços.

Em uníssono as dezessete cadeiras se afastam da mesa. Um por um os deuses desaparecem, retornando a seus planos de origem. Nada poderiam fazer diretamente contra a figura dos três, mas se Arton era o campo de batalha, cada um usaria de todos os meios possíveis para vencer.

Era guerra, pelo mundo.

2 comentários:

R-E-N-A-T-O disse...

Caraca! Guerra!!!! Sinistro...

Postei em cima mas não sabia que tinha postado... minha página não tava atualizada, aí qd postei já era... Mal ae.

Aldenor disse...

Basta os preguiçosos forgottenianos lerem abaixo, oras...

Muito bom, quero ver como as cousas se desenrolarão para culminar na criação dos Rubis da Virtude... eheheheh