quinta-feira, 13 de março de 2008

X-Men Chronicles - Episódio I


Era noite. O tamborilar na janela denunciava a tempestade que se abatia sobre a cidade. Castigando as construções, as plantas, as pessoas. Lavava e encharcava tudo ao alcance de seus braços. Furiosa. Inclemente. Ao abrir os olhos, James quase acreditou ter deixado a janela aberta, molhado que estava. O teto o fitava com a mesma indiferença que ele o dispensava. Olhava para dentro. E chovia.
“Como vim parar aqui...” A cada flash de fúria da tempestade, a cada rugido, James se flagelava uma pouco mais. Um pouco mais fundo. “Como deixei para trás tudo que tinha todas as minhas conquistas, tudo que reuni em minha vida? Onde foi que eu perdi o rumo?”
A muito James era o líder da alquebrada equipe azul. X-Men. Filhos do átomo. Defensores da humanidade. Quando havia se tornado tão presunçoso? Defensor da humanidade... Os últimos encontros, as batalhas, os erros, as perdas, o fardo. Como havia se tornado tão pesado?
Ensopado, depois de despertar por completo daquela letargia, James decide se levantar, sair daquele ambiente impessoal, daquela casa que não era sua, daquela vida que nunca aceitou por completo. Sentia-se perdido, vazio.
Seus passos no corredor não emitiram som, ser invisível, intangível, “in” tantas coisas tinha lá suas vantagens. A não-existência que se afirmava quando ele desaparecia parecia tão atraente essa noite. Queria, ao menos por uma noite, deixar tudo para trás, heroísmo, liderança, exemplo, escolhas, tudo.
Ao deixar o frio piso de madeira do deck, James tornou-se novamente visível. A fria carícia do vento, os gélidos dedos da tempestade o tocavam. De súbito, viu-se à beira do penhasco, de fronte àquele mar negro, agitado, furioso. Já não sentia a chuva, apenas as lembranças. Tanto ocorrera lá. Tantas alegrias. Tanta dor.
Arrebatadora, a lembrança daqueles dias no mar, procurando, temendo pela vida alheia, vidas valiosas, nobres. Haviam sido tão curtas, as vidas dos que não pode salvar. Será que era assim que os outros se sentiam? Todos os outros? Os Vingadores, o Quarteto, os próprios X-Men?
Sabia que alguns hão de dizer: “Dos males o menos pior”. Mas como conviver com o peso da escolha? Se lembrou da noite em que Sean chegou em suas vidas. O céu estava em humor semelhante. Um sorriso brotou de sua face, mas um relâmpago mudou seu humor na velocidade do clarão. O maldito dia em que Juggernaut matou um de seus amigos o atingiu como uma pedra.
Chovia. Ventava. Como era mesmo seu nome?
De joelhos chorava, sem ainda conseguir lembrar...
Amaldiçoava o caminho. Percorrido e a percorrer. Teriam seus mortos tornado-se tão banais? Suas vidas e marcas, tão rasas? Aninhado em seu pensamento, ele permaneceu ali. Chorando. Sentindo. Acordando.

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Bem senhores, como eu havia dito no post anterior, comecei a escrever um epílogo da campanha de X-Men. A decisão de continuá-la ou não ainda não foi tomada. Espero que isso aconteça em breve depende, e muito, de onde a narrativa vai me levar.
Como o meu post anterior não foi comentado por ninguém, acredito que tenha sido lido e ainda assim seja auto-suficiente. Ou então não importou o bastante. A distância que estou de tudo e todos (que gosto) me faz dormente. Mesmo jogando palavras ao vento ao menos fica o registro do que tenho em mente. Para mim pelo menos. E por hora, isso me basta. Ainda não perdi minha imaginação e meu parco talento para contar histórias. Tomara que isso não mude. Nunca.

9 comentários:

Aldenor disse...

Com o lançamento de Mutants & Masterminds em portugues, quem sabe uma migração de sistemas? ahahahahaha... Se bem que tem o GURPS 4ª, ham

R-E-N-A-T-O disse...

Cara, ficou foda... ler isso me traz boas lembranças e saudades. Espero q voltemos a jogar. =D
Adorei o peílogo começar por meu personagem. Influenciado pelo "tapa" de Daniel pela não participação, pretendo também contar algumas histórias que tenho em mente, mas no meu caso da nossa campanha de Tormenta que atualmente está parada por falta de quórum.
Obrigado Daniel! uhul!

Aldenor disse...

Eu realmente gostaria de jogar um Mutants And Masterminds sem mundo definido de heróis como a DC ou Marvel. Algo criado aqui no Brasil, inclusive hehehe...
Talvez eu escreva sobre isso aqui.

R-E-N-A-T-O disse...

É pra fazer super-rubro-negro. ¬¬'

Aldenor disse...

Mentira.
Ele não é Super. :P

Aldenor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marins disse...

hehe gostei do texto..

soh preciso de um pko de organização(ferrou =p) pra "voltar" a postar... ate pros "tais" flashs fazerem sentido...

=p


[]'s

Anônimo disse...

To numa situação chata de falta de computador. Tava achando até agora que ia ter jogo amanha. Não sei se vou poder sabado 22, no meu proximo comentario eu aviso. Minha presença em niterói nesse dia esta dependendo de outros ainda.

Rulez o epipaquígrafo, fui até mencionado como uma presença que gera boas lembranças ;~)

euheeueuhehe

Eu gosto da nossa equipe azul quebradiça.

R-E-N-A-T-O disse...

Avise please... Eu to de folga e poderia jogar o dia todo. =/