sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Dois lados



O bem.

Passos apressados ecoaram pelo amplo salão do templo dedicado ao deus da ressureição e profecia. Aquela era a divindade principal daquela cidade, logo, o templo era magnífico. Colunas adornavam os salões que eram decorados com afrescos refinados sobre Pyra o reino divino de Thyatis. A bênção/maldição lançada sobre a cidade a fazia única no Reinado. Triunphus era a cidade onde a vida superava a morte, onde sempre haveria uma segunda chance. Sempre.


A mulher morena de não mais que 25 anos atravessou o salão passando entre macas onde repousavam pessoas mortas que dentro de alguns dias voltariam a vida graças a bênção/maldição de Thyatis que fazia todos que morressem dentro dos limites da cidade ressuscitarem dentro de poucos dias. Demorou alguns minutos até achar quem procurava exatamente em meio a tantos enfermeiros, clérigos e pessoas mortas. Quando finalmente achou quem procurava, Mirela estacou. O homem estava ajoelhado tratando das queimaduras de uma criança de não mais que oito invernos que falecera durante o último ataque do Móock, uma besta mágica de duas cabeças que atacava a cidade periodicamente com imensas bolas de fogo.
- Vossa Santidade! Sr Magoor! Ele falou comigo! Tive minha primeira visão! - Disse ela com os olhos cheios de lágrimas.
O Sumo-sacerdote a encarou com uma expressão séria porém amigável.
- Meus parabéns minha cara. O dom da profecia é um dois mais importantes dados aos iniciados da fênix. Conseguiste interpretá-la? - Indagou.
 - Creio que não. Vi olhos malignos e a ascensão de um mal quase palpável próximo a nós. Porém, também vi pessoas que não conheço viajando juntas, lutando juntas, sofrendo juntas, vencendo e perdendo juntas.- contou-lhe aflita.
Mirela não compreendia ainda o intrincado padrão do destino e da ordem.
- Ordo ab chaos. Ordem a partir do caos. A fênix parece ter lhe dado uma missão, notaste? Deveria iniciar já a busca por esses heróis. Eles parecem ser a esperança que com a chegada desse mal, algo poderá ser feito para impedir seu progresso.
Os olhos de Mirela se encheram de coragem e ela sorriu para Magoor. 
-Obrigado senhor! Iniciarei minha missão já. Localizarei os heróis de minha visão!
E assim começou a busca...



O mal.

O segredo é saber como morrer.
Desde o início dos tempos, o segredo sempre foi saber como morrer.
O iniciado de 34 anos baixou os olhos para o crânio humano que segurava com as duas mãos. O crânio era oco feito uma tigela e estava cheio de vinho cor de sangue.
Beba, disse ele a si mesmo. Você não tem nada a temer.
Como rezava a tradição, ele havia começado aquela jornada vestido com os trajes ritualísticos de um servo comum, com a camisa  frouxa deixando entrever o peito pálido. Nessa noite, porém, assim como os companheiros que assistiam à cerimônia, ele estava vestido de mestre.
O grupo que o rodeava estava todo paramentado com aventais de pele de cordeiro, faixas na cintura e luvas brancas. Em volta do pescoço usavam jóias cerimoniais que cintilavam à luz mortiça como olhos espectrais. Muitos daqueles homens ocupavam cargos de poder lá fora, mas o iniciado sabia que suas posições mundanas nada significavam entre aquelas paredes. Ali todos eram iguais, irmãos unidos pelo juramento compartilhando um elo místico.
Correndo os olhos pelo impressionante grupo, o iniciado se perguntou quem, no mundo exterior, seria capaz de acreditar que todos aqueles homens pudessem se reunir em um mesmo lugar... principalmente naquele lugar. O recinto parecia um santuário sagrado do mundo antigo.
A verdade, porém, era ainda mais estranha.
Estou a poucos quilômetros do centro.
Aquele edifício colossal, possuía em seu interior um labirinto de câmaras ritualísticas, corredores, alcovas secretas, bibliotecas e até mesmo um compartimento contendo restos mortais de dois corpos humanos. O iniciado havia aprendido que cada cômodo daquele edifício guardava um segredo, mas sabia que nenhum deles ocultava mistérios mais profundos do que a câmara colossal na qual se encontrava agora, ajoelhado, segurando um crânio nas mãos.
A sala do templo.
Sua forma era a de um quadrado perfeito. e o ambiente era sombrio e grandioso. O teto altíssimo se erguia a surpreendentes 30 metros, sustentado por colunas monolíticas de granito vermelho. Ao redor da sala, fileiras de cadeiras de madeira Tollon, estofadas com couro de porco trabalhado à mão, estavam dispostas em níveis. Um trono de dez metros de altura dominava a parede oeste, e um órgão escondido ocupava o lado oposto. As paredes eram um caleidoscópio de símbolos antigos... Aquan, Auran, Ignan, Terran, Abissal e Celestial.
Nessa noite, a Sala do Templo estava iluminada por uma série de velas minuciosamente posicionadas. Seu brilho fraco era complementado por apenas por um facho de luar que entrava pela ampla clarabóia do teto jogando luz sobre o elemento mais surpreendente da sala - um imenso altar feito de um bloco maciço de mármore preto polido, situado bem no meio do recinto quadrado.
O segredo é saber como morrer, lembrou o iniciado a si mesmo.
- Chegou a hora - sussurrou uma voz.
O iniciado deixou seu olhar subir até o rosto do distinto personagem vestido de branco a sua frente. O Venerável Mestre Supremo. O homem, de quase sessenta anos, era um ícone, estimado, robusto e dono de uma fortuna incalculável. Seus cabelos outrora escuros estavam ficando grisalhos, e o semblante conhecido refletia uma vida  inteira de poder e um vigoroso intelecto.
- Preste o juramento - disse o Venerável Mestre, com uma voz suave feito a neve. - Complete sua jornada.
A jornada do iniciado, assim como todas as daquele tipo, havia começado no grau 1. Naquela noite, em um ritual parecido com este de agora, o Venerável Mestre o vendara com um faixa de veludo e pressionara uma adaga cerimonial contra o peito nu, indagando:
- Você declara seriamente, pela sua honra, sem influência de motivações mercenárias ou quaisquer outras considerações indignas, candidatar-se de forma livre e espontânea aos mistérios e privilégios desta irmandade?
- Sim - disse o iniciado.
- Então que isso seja um estímulo a sua consciência - alertara o mestre - bem como a morte instantânea caso algum dia você venha a trair os segredos que lhe serão revelados.
Nessa noite, uma atmosfera de ameaçadora solenidade pairava na Sala do Templo, levando-o a rememorar todos os avisos severos recebidos durante a jornada, ameaças de punições terríveis caso ele algum dia revelasse os antigos segredos que estava prestes a conhecer.
- Irmão - disse o mestre de olhos cinzentos, pousando a mão esquerda no ombro do iniciado. - Preste o juramento final.
Tomando coragem para dar o último passo de sua jornada, o iniciado endireitou o corpo e voltou sua atenção para o crânio que segurava nas mãos. À fraca luz das velas, o vinho cor de carmim parecia quase negro. Um silêncio sepulcral reinava na sala, e ele podia sentir os olhos das testemunhas cravados nele, à espera que prestasse o juramento final e se unisse àquele grupo de elite.
Ele sabia que aquilo seria a faísca... e que lhe daria um poder inimaginável. Cheio de energia, respirou fundo e proferiu o juramento.
- Que este vinho que agora bebo se transforme em veneno mortal para mim caso algum dia eu descumpra meu juramento de forma consciente ou voluntária.
Suas palavras ecoaram no espaço oco. Então o silêncio foi total.
Firmando as mãos, o iniciado levou o crânio a boca e sentiu os lábios tocarem o osso seco. Fechou os olhos e o inclinou, bebendo o vinho em goles demorados, generosos. Depois de sorver tudo até a última gota, abaixou o crânio.
Um agradável calor começou a percorrer seu corpo. O iniciado soltou o ar, sorrindo consigo mesmo enquanto observava o homem de olhos cinzentos. Ele agora poderia buscar os segredos escondidos.
E assim começou a busca...

11 comentários:

Aldenor disse...

Ih rapaz! Que loucura!!
Senti o cRima do jogo!
Pelo menos já sabemos como iremos nos juntar! Hehehe Salve Thyatis!

Capuccino disse...

Caraca, um dos melhores posts até agora! Oo

Parabéns! Extremamente bem escrito!

Parecebe q teremos que chutar algumas bundas maléficas! Quem ta cmg??!

S i n n e r disse...

Olla.
Excelente post. Instigante e misterioso, deixou claro o clima do jogo, denunciando que não apenas nas forças do bem há organização e dedicação.
To ansioso para jogar outra vez. Só mestrar meio tenso...
Abraços e adièau.

R-E-N-A-T-O disse...

Pessoal,

O grupo tá quase fechado.

Marins - Clérigo humano de Thyatis
Aldenor - Monge humano Goku
Caputo - Feiticeiro humano
Daniel - Bardo elfo emo
Dudu - Não sei nem se joga
Lucas - Ainda em decisão

Em fevereiro devemos começar se tudo der certo.

Aldenor disse...

Goku é o caralho!!! Vou mudar essa porra!!!

Marins disse...

Se Lucas quiser o posto de clérigo eu faço um guerreiro.

Mas acho interessante Lucas fazer um guerreiro, já q nunca fez um (q eu saiba...)

R-E-N-A-T-O disse...

Ué, Kaliel de UD é guerreiro...
O_o

Aldenor disse...

"Marcelo_Cassaro:
Meu personagem no jogo de domingo, com o @rodreis mestrando. (Qualquer semelhança com o verdadeiro é pura coincidê http://twitpic.com/3ko1y8"

Não sou o único que se inspira em Anime para fazer personagem. AHAHAHA

Aldenor disse...

Foi uma piada, não quero justificar minhas escolhas pelas escolhas de ninguém... Só digo que não sou o único. Hahahahaha

Marins disse...

Conversei com Lucas e com Ian ontem, Lucas falou q faria um clérigo e Ian comentou se poderia jogar de guerreiro.

Ou seja, com esse novo quadro, farei mago.

Unknown disse...

Hum eu queria tanto jogar eu faria um anão mago