terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Complexo (?)


Bons forgottenianos. Tenho visto uma insatisfação as coisas tormenticas por pura falta de visão mais ampla dos eventos. Com o objetivo de impedir um broxamento com Tormenta e suas recentes mudanças decidi postar essa "carta" de Talude mais elaborada para que vcs sintam a maior "complexibilidade" que tanto clamam.  A partir daí tenho certeza que poderão pensar nas motivações de Vectorius também. 
Podemos debater nos comentários depois.


Aprendi alfabetos impossíveis de escrever ao mesmo tempo em que me vi diante da necessidade de tecer proteções à minha sanidade. Sou um arcano e, como tal, mal posso descrever a quem está a minha volta a dimensão real da magia. Por quê? Porque é justamente na construção pessoal que essas coisas se realizam. O dom incomum da arte mágica é, mais do que tudo, uma experiência de metamorfose. Não ensino regras simplórias em minha escola. Ensino os passos e as consequências desta transcendência fragmentada.
Os demais se inquietam diante do meu silêncio. Inquietam-se porque não reagi ao som das armaduras e das lanças metálicas à minha porta. As forças de Tapista cercaram a Cidade, mudando o amplo jogo de forças que se descontina na antiga Arton. Mas mudaram mesmo? Mudaram o quê? Retiraram o bom rei de seu lugar e elegeram seu Imperador como “o” Imperador? Encheram de soldados as ruas e praças, espalharam sua lei, esclareceram a todos a quem pertece o poder e o direito de vergá-lo? Olho novamente o quadro…
Os fios da Dádiva são mais claros no pôr-do-sol. Uma visão restrita aos que alcançaram um grau alto e enervante no Oculto. Meus mais célebres alunos têm vislumbres da força mágica, fluindo da Grande Senhora e espalhando-se pelas mentes abertas de quem capta os sinais. Mas eu posso ver clara e cotidianamente o fluxo. E ele é enervante porque lembra a quantidade vasta de saber e de mudança que está além do observador. Falam do meu poder e ignoram o quanto a magia ainda reserva a quem deseja e se dedica a conhecer.
Tapista é o que vemos. Além dele e de sua raça prodigiosa de criaturas há forças que não estão visíveis, abertas ou fáceis. Forças que migram e que testemunham a fé mortal e seu pacto com as mais antigas entidades deste mundo. Cada ação, cada reação, cada vontade e cada crença envolvidas nesta guerra dizem algo sobre o Além da Cortina. Os demais se perguntam sobre o meu desinteresse no conflito e eu pergunto ‘como interferir no que não conhecemos e como tocar as cordas frágeis de uma trama que ainda está sendo tecida?’
Quando os comuns entenderem que magia vai além do que resultados, quando entenderem que a arte de que falo e que ensino é uma arte de mudança, de transições… Ah, talvez aí e só aí entendam o quanto as guerras são fundamentais. Vocês vem sofrimento, morte e tristeza… E esquecem que essas coisas são parte do conjunto vasto e pouco conhecido de um enredo ainda maior. Minha ‘neutralidade’ não é uma posição política diante das Guerras Táuricas. Ela é, em verdade, meu conselho de observador: vejo uma pedra lançada no lago. Ela produzirá pequenas ondas, mas não é nada diante de tantas e tantas outras e não é nada se pensarmos a grandeza das margens.
Os demais não olham o inimigo real. Não olham e não querem ver o real perigo que a Tempestade anuncia. A Tormenta, no absurdo de sua existência é, no fim, a real seca deste lago-mundo. O meu silêncio diante das lanças e das armaduras à minha porta tem sua melhor resposta aqui. Observo o Caos gorgorejante do Pesadelo Rubro e me lembro de como os elos do destino amarram de fato as pequenas guerras humanas à luta verdadeira. Estamos perto da verdade. Perto demais para nos deter e nos preocupar com conflitos de armas.
A Academia prepara jovens dispostos a dominar a Visão e lidar com o Poder. Mas o mais apto dos púpilos desta casa ainda não está pronto para fazer ambas as coisas. De tal forma que fecharei as minhas portas e os protegerei deles mesmos. Ainda não é a hora da mudança da maioria destes jovens. Só eu, que cruzei a seara intrincada deste aprendizado posso aceitar esta dura responsabilidade de tolher as liberdades dos que ainda não Viram. Guerras, forças, medos, sangue e terror… coisas para mais tarde. Para os que podem lidar com o fato de que a magia é, mais do que tudo, uma respiração serena antes do grito.
- Carta do Grão-Mestre Talude a Inomus Roz, Alto-Mago do Horizonte.

13 comentários:

R-E-N-A-T-O disse...

É um bom texto. Apesar de extra oficial foi aprovado pelo Cassaro que até elogiou.
Eu não estou brochado, então não preciso comentar. Hehehe.

Agora Aldenor, você deveria postar de onde tirou, o autor e o link para não ser processado, não acha?

Aldenor disse...

Duvido que gere processo, uma vez que não falei que fui eu quem fiz... mas vc está certo. Fiz nas coxas e esqueci da referência:
http://www.dot20.com.br/2010/12/21/a-outra-resposta-do-mago/ , por "Jagunço"

Marins disse...

Sim, não tenho gostado do rumo q levaram o mundo para onde ele está.

Acho Arton deveras simpatico e charmoso, realmente carismático. Porém é só.
Infelizmente nesses 3 anos o "amor" q eu nutria por Arton se foi. Muitas coisas mal explicadas e desencontradas.

Continuo a jogar Arton, mas não volto mais a mestrar nele. Infelizmente AA não foi para frente, o q me decepcionou mt, porém ainda quero mestrar.

S i n n e r disse...

Olla senhores.
Acho que todos já estão carecas de saber minha opinião sobre Arton e sua falta de complexidade. Postar um texto extra-oficial, mesmo que aprovado e elogiado por alguém do "trio", não invalida meu argumento.
Todos nós somos capazes de acrescentar muito mais fios à parca e mal-tecida teia de eventos em Arton. Vocês me tem com exemplo claro e concreto disso. E não é por postar, escrever, enrolar, ligar e interligar as coisas por minha própria conta que o cenário ganha profundidade.
Isso deveria partir dos criadores.
Ao invés de postar uma "entrevista" em resposta aos questionamentos dos leitores, dando motivações e argumentos torpes, porque não fornecer também uma "explicação" mais contundente, mais elaborada, explorando o que realmente acontece (fantasiosa e hipoteticamente) sob os panos de Arton?
Tie-ins, releituras, textos autorais não mudam o fato de que Tormenta parece (se não é) levado meio nas coxas, meio descompromissado, obra de algum estre preguiçoso que prefere dizer aos seus jogadores para imaginar as coisas ao invés de descrevê-las.
Faço coro com Marins em relação ao descontentamento com o rumo do cenário e, estando fora da minha alçada agir, faço a única coisa que está ao meu alcance em relação a isso: vou levando.
Não gosto mas por falta de alternativa, jogo nele. E a falta de alternativa muitas vezes é corroborada e endossada pela falta de tesão para o novo, para o diferente.
Uma pena.
Espero que a sua broxada não te exclua do pequeno hall de mestres do nosso grupo Marins. Ache algo que te agrade e nos presenteie com uma boa e longeva campanha. Garanto que estarei lá, de coração.
Abraços e adièau.

Aldenor disse...

A "falta de complexibilidade" é um estilo de jogo. Os autores não pensam em criar ou dar respostas a tudo, pois essa não é a filosofia deles. E, particularmente, eu prefiro um mundo charmoso e carismático onde nós inventemos as coisas mais detalhosas que um mundo já feito, totalmente amarrado e cheio de complexibilidade que demoraríamos séculos para compreender tudo.
A tentativa de postar esse documento extra-oficial é pra mostrar isso: explicações estão aí, aos montes, basta pensar. E não precisa que os autores inventem uma oficial. Prefiro que não façam. Mas nada que eles fizeram até agora é tão inadmissível e furado a ponto de tornar bizarro jogar ou criar respostas.
Vou citar a resposta dos autores para uns descontentes em outro blog (já que não há acúmulo aqui no Forgotten Group)

Cassaro: "E a pergunta está respondida. Quisera eu que todos tivessem essa mesma atitude e iniciativa."
"Eu disse exatamente o que quis dizer. Que fico satisfeito quando um jogador/mestre interpreta e preenche os vazios, as perguntas sem resposta -- que estão ali exatamente para isso, mas que outros insistem em acusar de 'erros' ou 'buracos'. (...)"

Jagunço (o criador do conto): "(...) Acho que se existe algo bacana neste espaço criativo é poder partilhar ideias e 'versões', de modo que 'mudar o que não gosta' continua sendo bacana. Até entendo que o leitor que vê Tormenta do ponto de vista literário tenha cobranças. Mas lembremos do 'pacto de realidade' – quando você lê algo ficcional, contestar é um caminho para duas saídas. Ou crio uma versão (e quebro o pacto pra divertir) ou crio uma explicação para o que existe (pra testar a criatividade em explicar o que não está claro).
Acho que existem outras quarenta respostas para 'por que os grandes magos não salvaram a pátria?' Por que não criar uma?"

Trevisan: "Todas essas discussões doidas vão terminar quando os fãs aprenderem que a função do livro de RPG é fornecer material para aventuras, não contar uma história fechada. Talude não fez nada para que você e seu grupo possam fazer. Arrume alguns amigos e vá se divertir. É isso o que se costuma fazer com livros de RPG."

Aldenor disse...

Marins, manifesto meu desejo de retomar AA! Podemos jogar nas férias de janeiro!

S i n n e r disse...

Olla, de novo.
Aldie, eu entendo que você goste e aprecie essa "falta de complexibilidade", isso é um ponto seu e exclusivamente seu. O que você prefere e o que acha legal e instigante pode não agradar outras pessoas.
E nesse grupo em especial se encaixam eu (acho que desde sempre, no que se refere a Tormenta) e Marins (recentemente).
Não vou deixar de mestrar UD, não vou deixar de jogar com vocês, não vou deixar de preencher as lacunas que acho pertinentes. Gosto mais de jogar do que de procurar furos e defeitos no cenário. Mas a decisão de mestrar ou não, de jogar ou não, de gostar ou não é única e exclusivamente minha, assim como de Marins e de qualquer outro.
E a de criticar o que desagrada também.
O cenário possui sérios furos (que eu considero sérios, ao menos) e caminha de maneira tortuosa e estranha (para mim, pelo menos), deixando um abismo de coisas por explicar e resolver. E a política "faça você mesmo" não me agrada nem um pouco porque criar, mudar, explicar e detalhar só teria o efeito pretendido pelos autores se o nosso grupo absorvesse e consolidasse tais mudanças e visões do mestre.
Mas isso não acontece (a não ser no quesito "personagens do mundo"). Sobretudo porque cada decisão e mudança jogada no fórum ou em qualquer outro meio pelo autores é prontamente absorvida e aplicada pelo nosso grupo, mudando tudo toda vez.
Por tudo isso, acho que a decisão de não mais mestrar em Arton e até mesmo não mais jogar, caso fosse o caso, de Marins é legítima na realidade dele.
Eu mesmo compartilhei desse ponto (não mestrar em Arton) por muito tempo eu preferi passear por outras paragens (atual, medieval de terror, supers, etc), assumindo apenas agora o desafio (porque eu acho um desafio procurar informação sobre isso ou aquilo e não ter, gerando o trabalho de criar, mudar e ser descartado pelo próximo mestre) de mestrar em Arton. E espero estar agradando a todos os envolvidos.
No fim das contas, mostrar que o mundo é sim cheio de furos, que quem quiser algo mais elaborado que faça um pouco mais de sentido terá que "se virar", que o propósito dos autores é mesmo deixar (quase) todas as perguntas sem resposta "de propósito" só corrobora a decisão dele (e de qualquer outrem), afinal acho que esse é exatamente o problema.
Abraços e adièau.

PS.: Eu ainda não entendi o propósito do post. Sempre houve insatisfação, diferença de visões, opiniões e pontos de vista. Mas isso nunca causou um "broxamento". Nos acusar de "falta de visão", postar um conto autoral e dizer que isso é a verdade não faz o menor sentido.
Até porque, se você não é um dos autores, não pode me acusar de interpretação errônea ou falta de visão ampla, assim como não pode me dizer que estou enganado nesse ou naquele ponto. Todos nós jogamos, todos nós mestramos e não fazemos isso a pouco tempo.
Uma vez que somente no comment Marins declarou não mais mestrar em Arton, estou procurando a motivação para essa arbritariedade. Se alguém quiser deixar as coisas mais claras, eu agradeço.

Aldenor disse...

Carai, nunca vi. Acho que me expresso muito mal, não é possível.

Quem disse que a visão sua ou de marins é errada? Quem disse que eu tentei postar "a verdade"? VOCÊ me julgando pretenso revelador de "verdade"? Um absurdo sem tamanho, é como se eu fosse incapaz de saber sobre interpretações. Sim, existem interpretações, os autores não tem a interpretação "correta" de nada. O que é errado é julgar como "furos" certas coisas de um cenário que tem uma proposta diferente e não amarrada. A falta de visão é justamente essa, fechar a cabeça achando que as coisas se resumem a furos e complexidade. Eu gosto, vc e marins aparentemente não gostam, mas não propus julgar errado o seus gostos.
O propósito do post, como vc foi incapaz de interpretar, é justamente mostrar o outro lado, como pode ser útil os ganchos, aproveitando a criatividade do mestre em amarrar do jeito que convir ao grupo a história. E tentar combater a idéia inútil de que é um cenário cheio de furos e erros grotescos que, a partir daí, faz com que o jogador jogue no sacrifício. Ou jogue sem gostar.
Acredito que "gosto" fosse algo que pudesse mudar e ser discutido buscando ampliar visões sobre as coisas, mas pra isso é preciso mente aberta e não fechada, monolítica, "estranha".

E arbitrariedade? O blog é aberto a todos os membros fazerem posts do que acham que devem. Ou não?

S i n n e r disse...

Porra cara, você me cansa sabia?
Eu não gosto, você gosta.
Simples assim.
Já expus detalhadamente os motivos para não gostar.
Você já disse seus motivos pra gostar.
Vamos seguir adiante e usar toda essa energia disponível pra discutir sobre gosto postando alguma coisa, o que acha?
Eu tenho um jogo ativo, você quer reativar outro, Renato quer iniciar um...
Vou usar minha energia mental no momento pra completar o que precisa ser dito em UD, o que aliás já protelei um bocado. Pôr a minha mente "estranha, fechada e monolítica" pra trabalhar um pouco.
Pela segunda vez em pouquíssimo tempo, findo meus comentários a respeito.
Abraços e adièau.

PS.:Já não tenho mais prazer nessas discussões sem sentido a algum tempo, talvez na época do flog...
Nesse exato momento estou On no MSN, querendo conversar, me chama lá ok?

Aldenor disse...

Seria bom analisar essa "falta de paciência", heim. Talvez seja mesmo incapacidade de entender o que eu escrevo como usar com aspas palavras que escrevo para provar um ponto que vc inventou do nada.
Chamar a discussão de sem sentido já corta totalmente a possibilidade de conversa.

Bom, parece que debate não é o forte daqui. A parada é cada um tem um gosto e isso não se discute. Sou muito ingênuo. Alias, como meu monge será em O Novo Deus! hohoho

PS: Um aviso para todos agora: Eu só mestro Tormenta pra quem gosta de Tormenta. Quem não gostar, que atualmente joga pq não tem escolha não vai jogar. Fim.

R-E-N-A-T-O disse...

Nossa, eu durmo e isso acorda assim? PQP. Não se matem por favor.

Concordo com a visão de Aldenor de que a abertura do cenário seja proposital em sua maioria. Porém não sou ingênuo de achar que pra tudo é.

A parada que não me incomodam esses "furos", alguns eu até uso. Como quando mestrei em Galrasia sem nem haver uma descrição decente dos efeitos da ilha, no final cheguei bem perto do que se tornou oficial quando o livro foi lançado.


Só acho também acho que essas tentativas de convencer os que tem restrições ao mundo de campanha de que é bom é causa perdida, não valem esses posts. Poder postar o que quiser sempre pode. Só acho que esse é o tipo de discussão em que ninguém ganha. Acaba que às vezes esses debates desgastam as relações pessoais entre o grupo. Coisa que nunca vale a pena. Antes de postar, uma conversa ao vivo é sempre melhor. Pq ao vivo, em geral, os argumentos não geram interpretações diferentes. É só tomar mais cuidado.

Feliz Natal a todos e sem brigas.

Aldenor disse...

Bom, peço desculpas pelas ofensividades desnecessárias. Ainda que mantenha meu ponto, não é útil brigar sobre isso.

Mas vamos pensar. Somente eu e Renato adoramos o cenário. Porque não jogamos outro? Caputo bem lembrou que democracia não é esmagar a diversão da minoria, mas a diversão dela não deve subjugar a da maioria...

Enfim, fica o pensamento.

Marins disse...

Eu to aqui pensando no que mestrar...
estou realmente ponderando tentar:

um medieval D&D clássico, ajudando Daniel a desenvolver uma parte do cenário dele.

Continuar a mestrar AA.

Começar algo totalmente novo, Senhor dos anéis, 4ª era.

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