sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Diário de campanha - Especial


"Dor... Vergonha... Dor, rubra, morna, desejada.
Fecho os olhos, longe, o flagelo da consciência mantém seu açoite. Depois de tantas noites, tantas perdas, tantas dúvidas. O que é a certeza, senão a negação das dúvidas? O tanto que aprendi, as pessoas que obriguei-me a gostar, a tolerar, a conviver. Tudo pela missão. Tudo pela honra, e agora, ela me abriga no abandono.
Vozes, gritos, magia proferida. Não, tenho que partir. A enganação, o ardil, a vergonha pesam demais sobre mim e meus ancestrais. Vocês não entendem, e nunca entenderiam. Nasci sob o jugo da honra, cresci com ela e agora, morro por ela.
Sinto o frio abraço da morte. Meu trajeto rumo ao reino de meu senhor, enfrentar meus ancestrais. Confrontá-los. Estariam eles sob a sombra do Dragão? A mácula fora perdoada?Novamente gritos, agora irascivos, maldições, maledicências, juras de vingança.
...
Dia, fresco, a brisa acaricia meu rosto. Cerejeiras. Silêncio. Tamu-ra?Não, algo além. Levanto-me, atendendo ao chamado surdo em meu coração. O Dragão me invoca. Caminho, sob olhares indiferentes dos outros mortos, sinto-me marcado. O palácio permeia o horizonte, sobre ele a grande figura dracônica circunda. Saudades de minha terra, como era, pesam em meu coração.
Cruzo as portas do salão real, grande como a cidade, íntimo como a alcova. Sentado em seu trono de glórias, jaz Lin-wu. À sua direita, o imperador-salvador. À sua esquerda, um grande samurai, seu flagelo. Como seria julgado? Pelo que realizei ou pela herança recebida?Ajoelho-me na madeira escura como a noite, tão polida que vislumbro nela meus desejos secretos. Meu lado negro ruge, a herança maldita me tenta.
Sua voz de trovão ecoa, respondendo aos meus anseios secretos. Seu veredito é rápido, justo, afiado. Não mereço permanecer. Não mereço partir. Devo tentar novamente. Caminhar novamente a trilha da vida.Volto à Arton para minha última e única chance. Um erro, uma escolha errada, um ato indigno e tudo acaba.
Reticente, penso sobre meus ancestrais. Sobre a mácula trazida sobre eles pelo indigno. Eles merecem isso, eu desejo isso. Voltar, punir, redimir.
Meus amigos continuam minha trilha, não podem fazê-lo. Não entendem, nunca.
A cadela sem honra merece encontrar-me novamente, seu consorte tem que ser obliterado, seu cúmplice encontrará minha ira. Sem misericórida, sem piedade, sem clemência. Continuem, lutem, aguardem meu regresso. O abraço de Lin-wu me protegerá até seu encontro. Voltarei. Uma última vez.



Nobuatsu, Aoki. "



Ágatha aperta contra seu peito, a impróvavel revelação. Como isso chegou a suas mãos? É sem dúvida, seu manuscrito. Quando? Como?
Lágrimas obstruem sua visão, júbilo enche seu coração, medo permeia sua mente. Ele vai voltar. Ajudar. Um dia. Logo.


3 comentários:

Aldenor disse...

Acho que alguém tem talento para literatura além de números... heuhaeuheauhueea
O retorno do dragão? :O

R-E-N-A-T-O disse...

O_o

Que triste! Buáááá :~~~

Volta Aoki!

Marins disse...

Lendo uma segunda vez (a primeira com a mente sem calculo hehe) ficou realmente legal.

Será q volta? Qndo?

Só com 4 vai ser foda...
ahhauhauuha