segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Crônicas Artonianas #17 - Cavernas


Haviam decidido descançar pela noite, procurar abrigo para o frio que aumentava e esperar uma decisão no dia seguinte. Kuala-Lampur, Ilendar, Agouro e Tildror se entreolharam, cansados e deitaram em seus relentos. Agouro estava sério. Súbito, sua poderosa voz ressoa entre os aventureiros: "Vou seguir Kurumada Sano. Vou seguir o cavalo branco." Kuala, sério, parou de mexer em seu saco de dormir por um instante e pensou que esta seria, de fato, uma boa solução para o dilema. Tildror mostrou-se indiferente. Na verdade, estava um pouco contente pela idéia de confrontar aquela bizarria da Tormenta estava descartada. Ilendar pensou em aconselhar o contrário, porém, logo desistiu. Agouro demonstrava determinação de ir sozinho. Era um centauro forte, possuia boas armas e derrotara um ogro sozinho. Certamente, saberia se defender. Soube até hoje, saberá posteriormente. Agouro sempre fora solitário.

Dormiram.

Kuala mal reparou que o dia amanhecera. Ficou um pouco confuso com a névoa que encobria o chão e o céu completamente branco. Sequer as nuvens eram visualizáveis agora. O frio, aterrador, estranhamente não lhe incomodava. Percebeu que Agouro já não estava mais entre eles. Acordou os demais. Tildror sentia muito frio e decidiu não levantar. Kuala franziu a testa e o obrigou a se levantar e preparar o desjejum. Sua paciência estava abalada. O clima, talvez, o tivesse tirado do sério. Ilendar nada comentou sobre e não podia saber o que pensava. Seus olhos exóticos apenas espiavam a cena de relance, enquanto acordava Peter. Tildror o observou por uns instantes comprimindo os olhos. Mas relaxou e foi até o saco de rações. Estava pensando em realmente ser útil e demonstrar que era passível de confiança.

Arrumados, o grupo partiu com sua carroça e seus cavalos vivos e os de pedra. O nevoeiro tornou-se menos denso no início da tarde e todos puderam se confortar um pouco mais com a visibilidade. Entretanto, o frio era mortal. Tildror agora tinha os cílios e sobrancelhas congeladas. Ilendar preocupava-se com os cavalos vivos. Peter demonstrava suportar o frio melhor que Ilendar e Tildror. Estava tão acostumado a viver nas montanhas que parecia ter uma resistência de guerreiro. Kuala sentia-se satisfeito com a evolução de Peter.

O tempo passava. O cavalo negro não parava de andar. Fazia um percurso confuso. Kuala até tentou identificar algum rastro, mas o tempo não ajudava, pois nevava com constância. Um dos cavalos começou a adoecer, para a preocupação de Peter. Ilendar observava o tempo com alguma regularidade, mas foi do jovem escudeiro que veio a notícia: "virá uma tempestade".

Procuraram um abrigo e, novamente, Peter demonstrou grande conhecimento das regiões montanhesas geladas. A essa altura, deviam estar nas Montanhas Uivantes, por conta do frio atordoante. Uma caverna com pouca abertura salvou os aventureiros. Porém, um dos cavalos morreu. Amanheceram e pensaram que o garoto Peter havia morrido de frio, mas fora salvo por Ilendar. Após esta situação, ela decidiu orar para Azgher e pedir seu calor. Usaria praticamente todo seu poder mágico para manter todos aquecidos, ignorando o frio das Montanhas Uivantes. Agora, como obstáculo, apenas a neve e a direção confusa do cavalo negro.

Dia seguinte, partiram, aquecidos. O céu estava aberto naquela manhã e os aventureiros puderam se sentir mais confortáveis. Principalmente Tildror, que já possuia a tarefa de preparar o desjejum e o almoço de todos. Então, o cavalo negro parou frente a uma montanha. Uma das muitas montanhas na região. Ela não era especial em absolutamente nada. Kuala-Lampur desceu de seu cavalo azul e andou até o início de sua parede praticamente íngreme.

Então, caiu.

A neve havia tapado, aparentemente, uma proteção feita de folhas e madeiras podres. Seis metros abaixo, Kuala logo se levantou. Um grito de "estou bem" tirou a preocupação de Ilendar. Ela já estava do lado do buraco, preparando sua corda. Kuala achara uma entrada, totalmente escura. Todos desceram, inclusive Peter que sempre ficava para trás quando parecia que haveria algum risco. Dessa vez, não podia ficar sozinho do lado de fora. Deixaram os cavalos do lado de fora. Após devidamente iluminada viram uma masmorra escavada de forma não-natural e com uma parede lisa, num formato pouco comum em triângulo. Ilendar visualisou símbolos na parede: Círculos como um redemoinho, um polígono perfeito, um sol, ondas que lembravam água e uma lâmina de machado. Os aventureiros se entreolharam.

Muitas perguntas brotaram em suas cabeças, talvez até na de Peter. Quem teria feito essa caverna? O que Eric Hobsbawm tem a ver com isso, uma vez que o cavalo negro reagiu ao ouvir seu nome e seguiu um caminho que terminava logo aqui? Ilendar começou a pensar. Tildror decidiu vasculhar a sala em busca de algo a mais escondido. Kuala, com sua lança em mãos, aguardava, observava os símbolos na parede.

Então, Ilendar disse que representavam deuses. Eram símbolos de deuses. O primeiro, remetia à Hynnin ou Nimb. O segundo, Khalmyr, pela perfeição geométrica ou Sszzaas, pelo polígono apesar de não haver uma cobra. O terceiro, obviamente, Azgher. O quarto, Oceano. O quinto, Keenn. Descobriu que cada símbolo era, na verdade, um botão. Haveria uma sequência lógica? Tentou. Antes de apertar o último, de sua sequência lógica, sentiu um frio na espinha.

De repente, todos ouviram um mecanismo. Roldanadas se movimentando. Do lado oposto da sala, a parede subiu e todos ouviram um sibilar característico. Uma víbora de mais de seis metros de comprimento surgiu. Todos a postos, uma batalha se seguiu. Peter, fugira para a parte de fora.

Kuala desfiria seus golpes, mas sem sua poderosa lança, destruída, feria pouco ao monstro. Ilendar tentava com sua cimitarra, mas seus golpes rápidos não eram suficiente para cortar a pele dura do monstro. Então, a clériga de Azgher recebeu um golpe poderoso da víbora. Uma mordida que a envenenou. Sentiu seus músculos contraírem e ficarem rígidos. Estava sentindo uma espécie de febre surgir. Rangia os dentes debaixo da faixa que lhe cobria o rosto. A víbora possuia um veneno terrível e logo Kuala provou de seu poder, mas conseguiu manter-se praticamente inatingível, ignorando a dor. Então, Tildror surgiu no outro flanco da criatura e desferiu um golpe com seu modesto sabre. Furou a cabeça do monstro que esguichou sangue e dor. A criatura balançou e quase caiu. Orgulhoso de seu melhor golpe de sua vida, Tildror pensou em se afastar. Deixaria que Kuala ou Ilendar terminassem o serviço. Porém, afastando-se, abriu sua guarda e recebeu uma mordida na perna. Nunca sentira tanta dor em sua vida. Um grande pedaço de carne saiu por entre os enormes dentes que jorravam veneno por todo o lado. Sangue e veneno. Tildror capotava no chão, largava sua arma e apagava. Seus músculos murcharam e adquiriram uma coloração cinza. Estava morto, será? Kuala berrou e futou o olho do monstro. Com um barulho e levantar de poeira, seu corpanzil caiu esparramado pela caverna. Ilendar correu até Tildror e encontrou um resquício de vida. Ele fora salvo. Mas o veneno deveria se curar sozinho. Tildror ainda lutava por sua vida. Kuala, então sentiu o veneno agir mais violentamente em sua corrente sangüínea e dobrou os joelhos. Mais um barulho, mais um corpo ao chão. Peter agora, aparecia para ajudar Ilendar.

Ela sabia que não podia mais errar. Achava que um novo adversário agora seria totalmente fatal para o grupo. Fez sua nova seqüência. Dessa vez, uma pequena parte da parede lisa, ao lado dos símbolos, subiu, revelando um quarto muito pequeno. Nada havia alí, apenas uma caixa de madeira velha. Tomou todos os cuidados possíveis para não se envenenar, pois já tinha muitas suspeitas em sua mente. Raciocinou que Bernard Jolk lutava com o clérigo de Sszzaas para encontrar algo que era de serventia à Sétima Lâmina de Keenn. O clérigo, aparentemente, havia escondido o objeto nesta caverna, com algumas armadilhas mortais. Portanto, se cercando de cuidados, abriu a caixa. Havia duas pedras em formato de estrelas. Idênticas. Ilendar não possuía um conhecimento vasto sobre pedras, mas certamente aquelas tinham algum valor.

Então, seis dias se passaram. Ilendar tornou-se na curandeira do grupo, com a assistência de Peter. Por longos quatro dias, Tildror permanecera desacordado. Kuala já estava forte novamente após cinco dias. Com o tempo, com a neve, a entrada fora obstruída várias vezes. Porém, graças ao domínio do Sol que Ilendar fora abençoada por Azgher, diariamente a neve era derretida. No sexto dia, Tildror conseguia se levantar. Capenga, torto, mas conseguia. Sua coloração já era normal e seus músculos não estavam mais murchos. Porém, havia perdido muito peso. Os aventureiros sobreviveram economizando a ração, mas usando o cavalo morto como alimento. O único cavalo vivo, que estava esperando a volta dos aventureiros do lado de fora, acabou morto pelo frio e pela fome. Mais carne para emergências possíveis.

Ilendar aproveitou para ensinar os dogmas de Azgher para Peter. Ensinou sobre os deuses que tinham seus símbolos cravados na parede para Kuala-Lampur. O guerreiro khubariano e a clériga de Azgher ensinaram muitas coisas ao pequeno escudeiro do grupo, Peter.

Tildror se levantava, reclamando um pouco sobre suas dores e sobre como sua magresa afetava sua aparência. Mas, mesmo assim, preparou o desjejum daquela manhã.

Após a primeira refeição daquele dia, saíram rapidamente. Não suportavam mais ficar naquele lugar fechado, com iluminação precária. Ilendar era a mais desgastada, mesmo tendo Tildror em estados deploráveis.

Peter sugeriu que voltassem a um lugar, ainda nas Montanhas de Teldiskan, onde ele se lembrava. O grupo concordou e seguiu o escudeiro. Algumas horas depois, o garoto de 15 anos deu uma notícia alarmante: havia se perdido. O cenário das montanhas estava mudado por conta da neve. Acontecera uma nevasca muito forte em certos lugares que mudaram totalmente a paisagem. Porém, o céu estava aberto novamente no final da tarde. No dia seguinte, Azgher podia ser visto no céu. Ilendar não titubeou e orou. Decidiram ir para sudoeste, torcendo para que estivessem ainda em Deheon. Naquela direção estariam indo para Gorendill, uma cidade de médio porte que crescia com o comércio e com os altos investimentos do prefeito. Dalí, poriam ir com mais segurança para seu destino. O Reino da Praga, Lomatubar.

Muito tempo se passou. O grupo conversava pouco e Peter era, na maioria das vezes, o centro do assunto. Tildror sempre servia a comida nos dias, exceto a ceia, quando cada um se virava. Peter treinava com Kuala com alguma lança, apesar do desinteresse do rapaz. Ilendar fazia preces, ensinava um pouco mais sobre os deuses para Peter. De vez enquanto, Tildror fazia comentários irônicos que eram bem atrativos para o escudeiro.

Oito dias depois, os aventureiros avistaram Gorendill...

Duas semanas depois, um guerreiro de Lenórienn avistou Gorendill...

Três meses depois, um viajante exótico acompanhado por um halfling, avistou Gorendill...

4 comentários:

Capuccino disse...

Aee, fico foda ! ^^

Dudu disse...

Roldanadas = Roldanas safadas!

R-E-N-A-T-O disse...

Quero a segunda parte! Gostei da primeira. Kuala é mt fodão!

Marins disse...

=)


ficou bom mesmo.

mas não captei a linha de tempo final