sábado, 25 de setembro de 2010

Caminhando sob a deusa


A preocupação levou Farid a sair da sede da Confraria da aventura para falar e aconselhar Jean-Luc em sua casa na parte mais abastada da mega-cidade de Valkaria. Era pareciso tentar proteger a todos e ao mesmo tempo continuar a se mover pelo reinado. Ele sabia e intuia...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Inércia

Colônia de mineradores, Yuvalin
Zakharov - Reinado

A tarde seguia preguiçosa, agourenta, fria.
A luminescência rubra permeava o horizonte, mesmo que Azgher se esforçasse para apagar as marcas da tempestade da visão de todos.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Sangue e Cinzas



Hannah - Reino de Atalaka
União Púrpura, Reinado

Noite.
Quente, úmida, pestilenta.
O grande aglomerado de casebres rústicos, com suas paredes de pau-a-pique e telhados de palha, ocupava quase um quilômetro em qualquer direção que ele olhasse. A "casa" principal dividia espaço com o salão comunitário, um grande salão de teto muito baixo, numa mistura de palha, folhas podres e limo, com paredes de barro vermelho com quase um braço de espessura. Um arremedo de porta, aberto provavelmente à machadadas e coberto de tecido muito fino, separava o salão da casa do líder e patriarca. O chão de terra batida ainda guardava as lembranças do último retorno da caçada: cantos escuros onde os feridos foram tratados, o cheiro ocre de urina e vômito, o círculo negro central onde a fogueira era sempre acesa, o zumbido das moscas, baratas e vermes no canto dos restos.

Salini Alan


Salini Alan, o homem mais rico de Triunphus, é no mínimo uma figura exótica. Suas roupas lembram as de um xeique árabe brancas e douradas, muito luxuosas. Usa turbante e sapatos de ponta curva, trazendo na cintura uma cimitarra. Tem forte sotaque. Quanto perguntado sobre sua origem, Salini conta cada vez uma história diferente - mas alguns garantem que ele é do Deserto da Perdição.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Boca cheia

Arthur e Hector estavam em um templo de homenagem à Marah, a deusa da paz, investigando a possibilidade de haver alguma passagem secreta que revelasse o esconderijo de cultistas de Leen, o deus da morte.
Depois que Hector, o clérigo de Tanna-Toh, em sua perspicácia, acha uma escadaria para baixo, ambos puderam ouvir cânticos canônicos ao deus da morte. Horrorizados, a dupla decidiu que era melhor descer as escadas sem fazer barulho, se aproximar com cautela. Entretanto, sabendo das obrigações de Hector, Arthur olhou para o sacerdote do conhecimento:
- Se eles perguntarem algo, tu terá que responder, não é? Isso vai nos revelar.
- Sim.
- E se tu estiver com alguma coisa na boca?
Silêncio, Hector estreitou os olhos e ergueu uma sobrancelha.
- Eu respondo de boca cheia.

...

domingo, 19 de setembro de 2010

Dualidade



Cidade velha de Triumphus
Sckharshantallas, Reinado

- Cale-se mulher! Como ousa escondê-lo de mim? Depois de todos esses anos? - e o som de uma bofetada estalada atravessou o ambiente dourado.

Post 300


THIS IS FORGOTTEEEEEEEEEEEEEEEN!!!!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Descobertas


A noite já estava madura quando ele avistou o palacete. Lhe parecia que aquele lugar já vivera dias de glória, porém agora sua fachada estava deteriorada pelo tempo. Suas imponentes janelas agora eram abrigo para limo e bolor, pássaros faziam ninhos nas sacadas e a pintura já descascara há muito. Para ele nada disso importava.

- É perfeito - disse ele ao notar que o beco era pouco movimentado e de difícil acesso.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Relic Hunters #1 - A busca


Mithraeum de Castellamonte
Torino, Itália - 10:17h

- Inaceitável! Totalmente inaceitável! - brada um homem acamado, irrompendo num acesso de tosse seca, doente, logo em seguida.
Todo o vasto ambiente era iluminado por archotes bruxuleantes. A inexistência de janelas, a forma de semi-cone e as paredes totalmente em granito bruto contribuíam para dar uma impressão claustrofóbica da gruta. À esquerda e à direita, dez fileiras de bancos de pedra maciços compunham, em conjunto com um sólido altar central de quase quatro metros em pura obsidiana, um cenário quase religioso.

domingo, 12 de setembro de 2010

PBF


Olá, forgottenianos.
Como vcs bem sabem, eu sou um jogador com muitos personagens e desesperado para jogar vários jogos (de Tormenta). Encontrei uma ferramenta muito interessante para isso que não gasta tempo e tem possibilidades de grandes interpretações e descrições de cenas, cenários, ações, etc.
Trata-se do PBF. Play By Fóruns.
No fórum da Jambô existem milhões de jogos desenrolando e de repente surge mestres aí em busca de jogadores. Então vou divulgar aqui para que vcs, forgottenianos, tenham ciência dessa possibilidade. Quem sabe programar um jogo lá, seja como mestre ou jogador? Testar, pelo menos. Eu já tô lá em busca de grupo.
É isso!

REGRAS:
1- Qualquer membro é bem vindo a mestrar uma campanha/aventura/crônica de RPG Play-by-Forum no Fórum Jambô. Há apenas um pré-requisito para tal: ter um projeto de jogo sólido.

2- O procedimento para a abertura de um PbF é bem simples. Munido do requisito já citado, deve-se enviar uma MP a um moderador com a proposta de jogo.Sendo a proposta aprovada ou não, o administrador irá contatar o usuário que a fez. Caso seja aprovada, o próximo passo do mesmo é criar um tópico na seção “Play-by-Forum (PbF)”, apresentando a proposta de jogo e conseguindo interessados em jogar. De posse da lista de jogadores definitiva, o organizador do jogo deve passá-la ao administrador que aprovou sua proposta de jogo para que ele torne o tópico FIXO, assim será mais fácil encontrar o seu jogo. E também irá organizar o nome do tópico: EX. Holy Avenger: A Grande Jornada.

3- No caso de abandono aparente e sem motivo do PBF, os jogadores poderão eleger alguém disposto para dar continuação ao mesmo como mestre. O antigo mestre perde qualquer direito sobre o PBF e não mais poderá abrir outro. Caso o mestre tenha de se ausentar, permanentemente ou não, ele pode passar o comando de seu PBF a um outro usuário que deseje assumir o cargo. Em ambos os casos, os novos mestres que terão de cumprir os mesmos pré-requisitos citados aqui anteriormente como qualquer mestre.

4- Dentro de um fórum de Play-by-Forum, as regras vigentes são as mesmas que as do resto do fórum. Porém, o mestre tem o direito de instituir algumas regras a mais em um tópico apropriado dentro do fórum de seu jogo. Ele tem total responsabilidade pelo mesmo, e deve agir de acordo.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Maquinações


Sede da Ordem dos Mosqueteiros Imperiais
Valkaria - Deheon - Reinado


- Espero ter ótimas notícias, Eric - interpôs um homem baixo, todo vestido de seda em tons de azul e dourado, sentado no lado "antigo" de uma sala em reformas. Ao seu lado, pilhas de livros, badulaques e apetrechos, memórias antigas de seu perdido dono.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Mordred Agravain Parte I: O abraço da Guerra.

Naquele cômodo sombrio, o silêncio reinava quase soberano, se não fosse a respiração pesada daquela que jazia sentado em uma cadeira simples, junto a uma mesa igualmente simples, e os passos de seu inquisidor, que o circulava, como o leão que se delicia ao ver a presa tão inofensiva, quase implorando por seu ataque.

Aquela que estava sentando trajava vestes clericais, marrons. O símbolo de Tanna-Toh pendia do seu pescoço, protegendo-a. Seus cabelos, um dia arrumados, demonstram o descuido de uma mulher relaxada - seus olhos, um dia vívidos, trazem o reflexo de uma vida em ruína, de alguém que já perdera demais, que já perecera o suficiente. Ombros prostrados, músculos relaxados, cabeça baixa.

Lágrimas silenciosas.

O peso do lugar oprimia sua mente. Khalmyr a vigiava, a impedia de mentir – a impedia de omitir. Tratava-se da humilhação máxima para um sacerdote da deusa do conhecimento. A voz do seu caçador ecoara. O vento invadira a sala, fazendo a chama das tochas sibilarem...

“Conte-nos sobre o demônio, sacerdotisa. Conte-nos como tudo se iniciou.”

“Demônio?” Ana contra-indagara. “Meu irmão não é... não era um demônio. Ele era um bom irmão. Um bom filho.” Sua voz falhara. A lembrança era forte demais, bela demais. Amizade, amor, carinho. Como as coisas conseguiram chegar àquele ponto?

“Prossiga.”

“Nascemos em Gorendil. Ele é mais velho que eu por 4 invernos. Sempre ajudou nosso pai nas tarefas mais pesadas. Ele era velho, e já castigado por batalhas nas Montanhas Uivantes. Passara a vida toda protegendo nossa mãe, para no fim descobrir que ela era frágil demais para retribuir o favor.”

“Mordred, como primogênito, o ajudava em detrimento de seus desejos. Ele sempre quis, quando jovem, tornar-se mago, aprender a ler e a escrever. Mas isto era apenas possível para aqueles que têm posses – e tempo.”

Várias imagens invadiam a mente de Ana, banhando-se em suas memórias. A família, unida em uma sala de jantar rústica, comemorando. As brincadeiras, as piadas, as brigas... O jovem, de pele rosada, olhos azulados como a tundra e um sorriso de desafio. Tudo manchado de sangue.

“Eu não posso continuar mais...” Sussurrou Ana.

“Sacerdotisa, tu deves. O teu irmão é um devoto daquele que trás a sombra do massacre. Quantas vidas ele já tirara ao longo de sua caçada contra Arton?” Sua voz soara fria e racional. Fora um choque de realidade. Ana estaria diante de um conhecimento que verdadeiramente não queria conhecer... Mas Tanna-Toh lhe protegia, sempre a protegera – não seria diferente agora.

“Eu tomei o caminho de Tanna-Toh para ensinar meu irmão a ler e a escrever. Ele fazia tudo, e não tinha tempo para si mesmo” As palavras viam difíceis. Pela primeira vez Ana achara difícil pronunciar palavras, conjugar verbos. Naquele momento, a concordância não fazia sentido algum.

“Ele encontrou uma boa mulher, e teve um filho com ela. Mordred é um bom pai, um bom marido. Eu o ensinei e ensinei ao seu filho... Nas primeiras palavras, suas primeiras palavras eram tão... tão inocentes...”

Ana já não podia mais se controlar, as lembranças eram pesadas demais. Ela chorara. Chorara desejando que cada lágrima levasse sua vida junto.

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Cinco anos antes – Em algum lugar de Arton.

Mordred passara anos a fio procurando aqueles que acabaram com sua vida. O sangue deles não seria o suficiente. A morte deles era pouca. Cada noite Mordred lembrava-se do dia em que perdera tudo. Os gritos e as suplicas, as risadas – a glória daqueles.

Há muitos dias Mordred não conseguia dormir. Ele sentia que estava próximo. Sentia que logo banhar-se-ia no sangue dos malditos.

Estava acordado, protegido pela noite velada. Seu companheiro e tutor, Asiltir, um velho sacerdote de Keenn, descansava ao seu lado. Ele havia ensinado Mordred a lutar e a matar. Guiara o jovem pelo caminho da dor e do sangue, protegendo-o.

Segundo os auspícios de Keenn, na manha seguinte aconteceria guerra – e Keenn teria uma nova mão em Arton.

“Mordred, ainda sem sono?” Asiltir rasgara o silêncio noturno.

“Será amanha, velho...” Mordred estava tenso, sabia que sua vida terminaria amanha, pois não haveria mais nada a cumprir, mais nada a completar. No dia seguinte, ele poderia ausentar-se do mundo.

Talvez morrer tivesse sido o melhor a fazer, a muito tempo atrás...

Para alguns.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Denuncia! Opressão em pleno século XV

Filho do líder dos Mosqueteiros Imperiais, líder da Confraria da Aventura e sua esposa passavam por dificuldades no casamento. Ele tinha problemas de vida e morte e ela acusava a vida de aventureiro de ter criado inimigos. Depois de muito quebra pau, Jean-Luc cedeu aos apelos da mulher e decidiu preparar uma viagem com ela para outro reino. Eis que ela, vitoriosa, fala pra ele:
- Olha seu estado. Antes de tudo vá se banhar e depois desça para a janta.
Jean-Luc Du'Champs vai cabisbaixo, sendo mandado por sua mulher em pleno século XV...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Interlúdio


Fronteira Leste da Favela Goblin
Cidade de Valkaria - Deheon - Reinado

Duas figuras dialogam na penumbra de um beco decrepto.
Uma delas um homem alto, esguio, vergando foscas vestes cinzentas que àquela parca luminosidade praticamente não o divisavam. A outra ainda alta, mas mais baixa e larga que a primeira, vestindo um manto e capuz totalmente feito de tecido furta-cor. As duas silhuetas contra o reboco cinza dos prédios ao redor eram praticamente invisíveis.

- ...apenas um favor, a ser cobrado quando o Indicador achar melhor. Um favor de alcance e validade ilimitados - sibilou o homem alto por entre dentes.

- Sabes que pede demais, Falange. Minha requisição não deveria estar assim em tão alta conta. Ele é apenas um homem. Humano. Mortal. - rugiu o homem furta-cor.

- Mas você deve saber tão bem quanto nós que ele é... especial. Não se tecem profecias e movem-se recursos pra alguém banal e comum.

- Recursos preciosos e importantes demais para serem despendidos sem uma garantia concreta não acha? Uma conversa de beco, com um lacaio imprestável, numa noite escura não me parece suficientemente palpável.

Erguendo a mão de súbito, Falange desfere um sonoro tapa no interior do capuz do homem menor. Seu olhar nublado de fúria mal nota a mudança de postura do interlocutor.

- Sou a 1ª Falange do Indicador, filho do Piramidal, uma das bases da Mão. Nosso alcance é vasto e nosso poder extenso. Poderíamos matá-lo aqui mesmo, nesse beco imundo, e ninguém saberia por semanas, seu afetado de merda. Se digo que faremos pelo preço combinado, então esse é o acordo. Ou seu homem é comum demais pra valer o sacrifício?

- Tens razão ignóbil lacaio. É fato notório que meu alvo não é, nem de longe, alguém comum. Dê minha resposta então. Avise ao Indicador que aceito os termos, com uma ressalva: tem que ser feito logo, de maneira permanente. Ou então eu os caçarei um a um, parte a parte, até decepá-los de uma vez por todas.

- Pois bem, que seja. - e a alta figura lúgrube estendeu a mão ossuda, tencionando selar o acordo.

Fitando o interior do capuz do homem menor, Falange não teve tempo de se arrepender. O homem agarrara sua mão com um movimento rápido, preciso e seu aperto férreo já começara a triturar os ossos mais frágeis de sua mão. Mais sentiu do que viu o movimento que tirou fora a sua mão direita, salpicando o imundo chão lamacento com seu sangue carmesim.
Não gritou. Sequer blasfemou ou jurou vingança.
Os olhos que vislumbrara dentro do capuz do outro o assutaram mais do que uma vida miserável, vagando e mendicando como aleijado pelas ruas sujas e poeirentas da favela. Uma mão foi um preço pequeno demais para aplacar o demônio nos olhos do outro. Mesmo sua vida não teria sido suficiente.

- Levarei então sua mão, Falange, como garantia palpável. Afinal, ela deixou de te pertencer após macular-me com seu toque pútrido. Vão - e disse isso em voz alta, ecoando pelo beco - e façam conforme combinado. Que a mão de Nimb pouse sobre seus ombros! -e começou a acenar a mão recém-tirada de Falange para o beco ao redor.

Com passos apressados, diversos vultos deixam as imediações do beco imundo. Praticamente correndo, Falange, ganha as ruas imundas da favela. O cheiro acre nunca lhe foi tão doce quanto hoje.
O dia em que tocara em um demônio e sobrevivera.
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Deixando o beco imundo, o homem furta-cor serpenteou por diversas ruelas e caminhos, se afastando das imediações daquele amontoado de excremento.
A muito se livrara da mão do magricela, atirando-a a alguns cães famintos que disputavam a carcaça de um gato. Carne fresca a cães famintos, certamente uma grande ironia.
Tinha sido divertido, arrancar a mão daquele merda insolente. A brutalidade e a selvageria desnecessária continuavam encantando-o, mesmo depois de tanto tempo.

- Ragnar seja louvado... - sussurrou enquanto retirava seu manto e atirava-o longe, dentro do abrigo de alguns mendigos. O burburinho começou quase que intantâneamente, em luta pelo pedaço de tecido. A impecável seda azul-turquesa de suas vestes quase que reluziu, ao ser tocada pela luz de um dos muitos lampiões.

Haveria ainda mais sangue derramado aquela noite e esse era um bom auspício.
Sangue. Morte. Ruína.
O mundo ia ruir em breve e ele estava satisfeito em dar seu golpe.